segunda-feira, março 28, 2011

Um Estado chico-esperto

Suspeita-se fortemente que as contas do Estado estejam cheias de buracos. Aldrabices e talvez pior que isso- crimes de catálogo. Por causa disso houve uns voluntariosos que seguindo o discurso do presidente da República- "É preciso dizer a verdade aos portugueses!"- alvitraram o óbvio: uma auditoria às contas para ver onde estão os buracos e que dimensão têm. Porque os há.
E precisamente por isso, o mesmo presidente que aconselhou a dizer a verdade, aconselha agora a mentir, por omissão. Não quer que se façam auditorias nenhumas e os partidos que estão no arco do poder também não estão muito interessados nisso. O PS por motivos evidentes. O PSD pelas evidências que se vão colhendo.

Resta um ponto: tudo isto tem a ver com a confiança dos famigerados "mercados". Estes já perceberam que há marosca nas contas. E por isso, qual será melhor: esconder e continuar a minar a confiança; ou mostrar já os buracos todos para vergonha de quem governa e exemplo de quem governar a seguir?

Acharão porventura que poupam o povo a mais sacrifícios com essa estratégia de chico-esperto?

Não temos emenda, é o que é.

8 comentários:

JC disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
JC disse...

Já no século III a.C., um general romano escrevia, aquando da conquista da Península Ibérica:

«Há, na parte mais ocidental da Ibéria, um povo muito estranho: não se governa nem se deixa governar!»

A maldição continua, só interrompida a espaços na nossa já longa história...

Karocha disse...

Verdade JC!

Zé Luís disse...

Talqualmente, diria o Odorico Paraguaçu.

Carlos disse...

Meus caros,

Os que lá estão, são o espelho do povo que somos(enquanto colectivo).

E, como diz o povo: "com uma mão, lavamos a outra. E, com as duas, nos governamos".

C.S.

zazie disse...

Está na moda esta de culpar o povo pela vilania que o desgoverna.

Na volta, até os grandes heróis eram estrangeiros.

Carlos disse...

E, em democracia, quem deveríamos culpar?

Quanto à vilania, compete também ao povo, exigir à justiça que é exercida em seu nome, que doa a quem doer, faça o que tem a fazer (já cantava José Mário Branco - é só para criar urticária em alguns comentadeiros).

C.S.

joserui disse...

Se fosse na Alemanha, citava Rilke e Goethe... mas acho que não eram cantores. -- JRF