sábado, dezembro 15, 2012

Os rabejadores

Daniel Oliveira, o bloquista sem rumo definido e que debita inanidades num programa pretensamente humorístico que passa na SIC, conjuntamente com um par de inanes e uma single inanalisável, escreveu hoje no Expresso uma crónica que um comentador/a resolveu deixar na respectiva caixa abaixo publicada para demonstrar o indemonstrável.
Diz assim, a crónica:

As buscas à residência e escritório de Medina Carreira, por o seu nome ter sido usado por suspeitos para ocultar a verdadeira identidade de outros envolvidos no branqueamento de capitais e fuga aos impostos, no caso Monte Branco, pode ter resultado de um engano. Um engano grave pelo qual os investigadores devem responder. Mas a capa do "Sol" não foi engano nenhum. A rapidez com que qualquer busca ou escuta que envolva figuras públicas acaba nos jornais já não é defeito da Polícia Judiciária e do Ministério Público. É feitio.
Depois do caso de Medina Carreira, foi o de Teixeira dos Santos Almerindo Marques e o ex-secretário de Estado Costa Pina. As buscas às suas residências e escritórios também acabaram, ao fim de poucas horas, nos jornais e televisões. Em causa está uma investigação às Parecerias Público-Privado. E se no caso de Medina Carreira foi fácil provar imediatamente a sua inocência, o mesmo não acontece com estes três. A divulgação destas buscas transformou-os, aos olhos da opinião pública, em condenados políticos sem direito a defesa.
Nunca escondi as minhas profundas discordâncias com Medina Carreira, que considero ter sido, como comentador, um dos principais advogados de defesa da austeridade, antes dela chegar - parece que entretanto mudou de opinião - e um populista de todos os costados. E considero que Teixeira dos Santos foi, dentro do governo anterior, o principal defensor de uma intervenção externa e o seu maior facilitador. Mas as minhas discordâncias com os dois anteriores ministros das finanças são políticas. E é no campo da política, e não em julgamentos mediáticos, que o confronto com os dois se deve fazer.
O que a justiça portuguesa fez a estas duas pessoas, que não tenho qualquer razão para suspeitar de falta de honestidade, é uma nojeira. Não são os primeiros. Não serão os últimos. De Sócrates a Passos Coelho, o poder político vive sob ameaça do Ministério Público e da PJ. Vivem eles e vivemos todos nós. Todos podemos ver a nossa vida devassada, as nossas conversas telefónicas publicadas em jornais, sem que sejamos culpados de coisa alguma.
Toda a gente que seja suspeita de ter cometido um crime deve ser investigada. Dentro da lei e com todas as garantias. Seja um cidadão comum, seja um detentor de um cargo público, seja um comentador. Mas também todos temos direito o ver o nosso nome protegido da calúnia.
O problema é sabermos que, como sempre, estas investigações não darão em nada. E não darão em nada porque não são para dar. Se fossem, não víamos escarrapachada nos jornais cada diligência judicial, cada escuta, cada busca. Se fossem, teríamos menos suspeitos e mais condenados. Se fossem, não ficávamos com a estranha sensação de que as buscas são feitas para serem noticiadas, que as escutas são efectuadas para serem publicadas. E que, por de trás de cada fuga de informação, estão sinistros jogos de poder em que as corporações da justiça se envolvem.
A cada episódio destes - e já foram tantos - cresce o temor de que a justiça, em vez de nos proteger, nos põe em perigo. Em vez de investigar a corrupção e os crimes de colarinho branco, atira lama sobre as pessoas sem nunca chegar a qualquer conclusão. Em vez de usar o seu poder para fazer justiça o usa para ajustes de contas. E uma justiça assim assusta. Não assusta os criminosos. Assusta, acima de tudo, os inocentes que tenham o azar de se cruzar no seu caminho.
Esta justiça, tão expedita na forma de investigar e sempre tão parca nos resultados finais, não serve ninguém. Só acaba por servir, na forma como descredibiliza, os que, com tanto ruído, se vão safando de pagarem pelos seus crimes.


O que este tipo de crónicas tem de mais curioso, no que é partilhado por outras de outro inane, compadre de banqueiro e que no mesmo jornal escreve, é muito simples de entender: defendem quase sempre o poder real do dinheiro, do vício, do esquema, da corrupção e afinal aliam-se àqueles que habitualmente e noutras circunstâncias juram combater, apresentando-se no entanto perante o público espectador ou leitor como paladinos de uma  justiça particular que só eles entendem.
 Tal acontece sempre que  determinados suspeitos excelentíssimos se cruzam nos caminhos de uma investigação criminal com a Justiça que procura descobrir onde estiveram e o que fizeram. Aconteceu  no caso da pedofilia, aconteceu no caso das investigações a Sócrates e sus muchachos e acontece agora. Só não acontece, incidentalmente em casos como o BPN no qual os suspeitos já estão condenados desde o início mesmo que nada se tenha apurado de concretamente criminoso. Resumem tudo, nesses casos particulares que afeiçoam, a um chavão: "é um caso de polícia", querendo com isso dizer que a polícia nesses casos poderia fazer o que bem entendesse que nunca levantariam um dedo de indignação postiça para a vituperar. 
Como não têm coragem de escrever explicitamente o seu sentido desagravo e  defesa dos suspeitos que lhes são afectos por este ou outro motivo não descortinado, rodeiam o assunto pegando pelo rabo, salvo seja.
Este rabejadores de profissão aparecem sempre no fim destas touradas judiciárias e atiram-se ao animal sitiado, segurando-o pelo pelo rabo pegajoso do segredo de justiça violado.
Como não têm mais nada a que se agarrar e as farpas cravejadas no bicho os incomodam sobremaneira é mesmo por esse lado que actuam, com preferência suspeita.

No caso concreto do inane Daniel, bastaria ao mesmo saber, ou pensar se o soubesse,  que um princípio de legalidade estrita, vigente na nossa lei penal, obriga a que ninguém possa ser investigado sem que tal se mostre processualmente justificado, mormente através de uma diligência tão literalmente invasiva como uma busca domiciliária ou uma escuta intrusiva.
As diligências de busca em casas das pessoas visadas destinam-se a um objectivo que tem de ser justificado e explicado aos próprios num papel escrito que lhes é entregue em mão e no momento. Esses papéis são distribuídos, no caso dos advogados, pelos representantes da respectiva ordem para disso tomarem conhecimento prévio.
Depois de tal diligência ocorrer, naturalmente que esses papéis distribuídos em profusão relativa ficam até em posse de advogados e outras pessoas e podem ser passados com toda a naturalidade aos ávidos repórteres que farejam este tipo de touradas, à distância. São os inteligentes das empresas mediáticas que dominam as corridas de tv para alcançar audiências maiores na luta para pagar aos tais rabejadores de profissão, como é aqui o caso.

Ou seja, nestas touradas, como nas outras em geral, se não fossem os inteligentes não havia lugar a estes rabejadores porque não haveria touro na arena.
E há outro papel legalmente ululante mas que os mesmos não alcançam porque o lugar que ocupam lhes turva a visão e só cheiram o que cheiram:  
Quando alguém com autoridade para tal faz uma busca não a realiza para apanhar incautos, suspeitos ou presumidos culpados, apenas . Fá-la também e por maioria de razão para recolher provas que podem atestar a real inocência dos ditos e que é sempre presumida ab initio, por princípio ainda que a suspeita quando é devidamente fundada, a possa suplantar.  
Se estes rabejadores soubessem que a investigação em Portugal se faz à charge e à décharge, contra e a favor do suspeito,  não davam conta do espectáculo deprimente de mostrarem que andam a cheirar sempre a mesma coisa, eventualmente a décharge religando-a à charge...
A violação de um segredo de justiça em casos mediáticos e de importância notória para o público em geral, só releva verdadeiramente se prejudicar a investigação, a qual até pode ser em benefício dos visados...
Pretender que se deve manter a todo o transe um segredo que é de polichinelo e se distribuiu já por várias fontes plausíveis de o violarem revela apenas a real faceta destes agentes: farsantes.

11 comentários:

zazie disse...

E o palermita foi pago por publicar esta pessegada?

Floribundus disse...

esta esquerda 'arrasta-se' a nível de verme pelos campos das magistraturas. por vezes beneficiam o lado oposto.

estas vacadas 'à vara larga' têm donos e é por isso que são necessários os peões de brega.

'a TYroica é sempre que o ps quiser'

'boliqueimem-se' uns aos outros qu isto já não tem concerto

lusitânea disse...

Rabejador no partido dos paneleiros...e das fufas!
Que atacam na direcção para onde estiverem virados...

Mirza disse...

Demonstrar o indemonstrável, diz bem. A regularidade processual também era invocada pela Inquisição , uma prestimosa instituição que prosseguia igualmente fins muito próprios. Obscuros, mas próprios. Como agora, ainda a investigação não tinha começado e já estavam condenados. Como agora, quem levantava a voz era inimigo da religião. Só que na altura a coisa se passava às claras, dispensava a promiscuidade e as fugas de informação.

josé disse...

A Inquisição não foi disso. Foi outra coisa. Insistir em ideias jacobinas dá no que dá: asneiras correntes para consumo habitual.

zazie disse...

Já tinha lido mas nem merece a pena. Ficam felizes a debitarem estes chavões mongos.

Mirza disse...

Há tempos um amigo disse-me para espreitar a portadaloja, que era um caso de escola:

"Tens lá tudo: extrema-direita de província saudosista (nota pessoal: nada contra), catolicismo integralista, magistratura "justiceira" com uma agenda política, cheia de auto-justificações para os excessos, que acha que as regras são para os outros, tudo coisas de fazer lamber os beiços ao Le Pen. E, cereja em cima do bolo, tens o equivalente ao Aguiadois do Expresso, um tal Floribundus que, mal é publicado um post, se precipita a debitar umas raivas."

Pois tenho vindo a observar, a comentar, a apreciar, e sobretudo a confirmar a justeza das apreciações. A descrição é exacta, e é dispensável continuar.

Apenas uma nota pessoal: o post relativo ao Manuel António Pina está cheio de mentirolas sobre factos de que tenho conhecimento directo.

josé disse...

Pois sobre o Pina já falecido agradecia o esclarecimento porque me pesa escrever "mentirolas" sobre o assunto.

Agora sobre o resto é um prazer verificar como a esquerda troglodita ainda pensa: fossilizada em preconceitos que não admitem contraditório algum que não se enquadre nos parâmetros do pensamento correcto, ou seja, o manipulado ao longo de décadas.

Há porém uma coisa que me apraz: discutir com alguma elevação.

Estou pronto para defender as minhas ideias se V. estiver pronto para as suas.

Não tenho preconceitos e só lamento que me situem num campo que não é o meu. Isso é sinal de pouco bestunto.

josé disse...

Mas hoje como está a chover vou aproveitar para chamar o assunto à página principal.

Pode ser que alguém lhe ganhe ainda mais raiva e se ponha a pensar porquê...

josé disse...

Estive a reler o que escrevi sobre Manuel Pina. Contei um episódio pessoal que testemunhei. Peço meças para mo desmentirem.

Principalmente a tal expressão "cheio de mentirolas". Como só contei um facto- o de ter concorrido a jurista-linguista para a então CEE para o Luxemburgo, coisa que presenciei porque fui dos que também lá foi e prestou provas orais nas circunstâncias narradas, peço apenas que não me desminta.

E sobre o facto de terem sido os administradores que então estavam em Bruxelas a ocupar os lugares que nos prometeram ( e há outra testemunha dos factos que era um indivíduo do PS que depois até foi governador civil em Coimbra) tenho a dizer que tal me foi explicado pessoalmente por um político do PSD professor em Coimbra: Luís Pais Antunes, o filho do dono da pensão Antunes de Coimbra também.

Portanto, antes de me chamar mentiroso é preciso saber do que falamos...

josé disse...

Sobre a conversa em Singeverga há testemunhas do facto. Foi por ocasião da oferta ao convento de um quadro de Tintoretto ( na altura atribuído a e não desmentido) feita por legado de uma família do Porto.

Manuel Pina esteve presente e aproveitei para lhe falar nisso e explicar porque é que o concurso para jurista-linguisa tinha corrido mal.