terça-feira, janeiro 22, 2013

Machete, pois claro

Rui Machete é entrevistado pelo jornal i de hoje. Diz nada que interesse verdadeiramente, como é seu timbre tipo artur baptista da silva. No entanto, é sempre um dos ouvidos, quando calha. Há décadas que assim é e no entanto, dificilmente se concebe, na política portuguesa, um indivíduo mais sombrio e cinzento do que este. Rui Machete, dirigente histórico do PSD, foi professor ( até no ISCTE), deputado, dirigente partidário, ministro e administrador de empresas públicas, como é de bom tom em indivíduos deste género. Ah! E é advogado também. Onde? Na PLMJ, onde havia de ser? Esteve até na assinatura do nosso tratado de adesão à CEE, nos Jerónimos, em 1985.

Foi responsável pelo Conselho Geral da SLN que mandava  no BPN e certamente nada do que aconteceu com este banco lhe poderia ter escapado,mas parece que escapou tudo, tudinho...e nunca conseguiu esclarecer isto que parece tão simples de entender. Machete passou pelo BPN como quem passa entre os pingos da chuva, sem se molhar. Grande impermeável devia ter...
Machete foi presidente de uma fundação Luso-Americana e quando a deixou, indicou como sucessora, uma certa Maria de Lurdes Rodrigues, companheira de um certo Pena, do ISCTE.
Machete foi depois indicado para a CGD, para uma espécie de cargo remunerado na mesa da Assembleia Geral a que só certas figuras de estadão tem acesso.Como por exemplo, Manuel Lopes Porto, outro notável do PSD de Coimbra que ensina Direito.
Não obstante tudo isto, o pequeno génio da nossa política da Sombra ainda foi recentemente designado para outro cargo: árbitro em conflito entre o Estado e a PT.

Não será demais, já? Até quando esta bandalheira? Porque é que certos cargos, normalmente bem remunerados, encontram sempre certos indivíduos, tipo Machete, para os ocupar quando não são eles que decidem a ordem das cadeiras mas acabam sempre por se sentar nelas? Que mistério os rodeia para os bafejar sempre com esta sorte grande permanente? Quem manda realmente nisto? Os primeiro-ministros? os ministros tutelares? Os centros de poder ocultos da população numa democracia que se pretende o mais transparente possível?
É só perguntas e mais perguntas que não encontram explicação cabal e parece que ninguém quer saber disto porque os media continuam a convidar esta gente para passar o discurso conveniente. Até quando, afinal?

Porque é que Portugal há-de continuar a ser uma espécie de Itália do tempo de Andreotti ( aliás presente naquela foto, ao fundo), com as suas figuras sempiternas que não se deixam apagar do espaço colectivo porque vivem neste Portugal pequeno, num nicho protegido por razões que verdadeiramente ninguém conhece ao certo?
Esta gente merece realmente estes privilégios autênticos, quase sempre à custa do Estado quando foram eles quem nos conduziu a esta miséria em que estamos?
Até quando as pessoas aguentam isto e não se indignam com estes...? Ia dizer uma asneira, mas fica apenas...indivíduos.

14 comentários:

Floribundus disse...

no topo da pirâmide (maçónica às vezes) só a elite se senta para o festim.
por essa razão se verifica a dansa das cadeiras.

Porto deve ser descendente do Prof de Medicina dos anos 50. era outro ntipo de pessoa.

o iscte é a faculdade da rataria, ligada ao gol e à cgtp.
não posso dizer mais.

segundo José Szabo 'já viram de merda fazer marmelada?'

'e mais não disse por ...'

hajapachorra disse...

Não se deve confundir Manuel Porto, um senhor, com currículo e trabalho feito, com os machetes desta vida.

josé disse...

Manuel Porto é professor em Coimbra, como outros, aliás.
Por que razão é que um professor de Coimbra passa a membro da Assembleia da CGD?

josé disse...

Aliás, em currículo, mesmo académico julgo,Machete suplanta Porto com léguas de avanço.

Anónimo disse...

O que importa destacar, penso eu, é o nível de vacuidades que este senhor produz, porqe temos de ouvi-lho, ou seja, porque andam os papagaios atrás dele para lhe ouviram palavras inocuas?
O homem tem CV mas porque passou a vida bem instalado à sombra de uma qualquer irmandade.
Fala de cima.Petulância em vez de sobriedade.
Estou cansado destes "gajos" ou pseudo elites.

Zéfoz disse...

Por vezes há boas razões para dizer ou fazer, uma mais asneiras. Foi pena não a ter dito. Ficávamos com a certeza que a indignação do José é capaz de tratar os "bois" pelos nomes se tanto for preciso.

muja disse...

José,

conhece isto?

http://www.amazon.fr/Comprendre-lempire-gouvernance-globale-r%C3%A9volte/dp/284628248X/

Acho que ia gostar de ler...

josé disse...

Obrigado. O assunto é mesmo esse e este Machete já faz parte do gotha que se apoderou da tal "gouvernace".
Da governãncia que é característica daqueles que se governam sempre bem em seu proveito.

O livro será, segundo o resumo, a demonstração do fenómeno que passa por um outro: a manipulação da democracia de opinião.

Por exemplo, alguma vez um compadre de banqueiro tipo Sousa Tavares vai pôr em causa o sistema que lhe alimenta a vidinha?

lusitânea disse...

A Cosa Nostra caseira capturou todo o Estado e mais as empresas ditas "privatizadas" porque quem se mete com eles "leva"...e como tudo gira em volta do Estado o melhor é pagar à máfia e ter protecção.Veja-se o caso das "rendas" excessivas ou roubos descarados do erário público.De pedra e cal porque muitos filhos de algo andam a receber vencimentos de luxo sem nada fazerem ou até saberem...
E eram estes gajos defensores do "mérito" quando agora comem tudo e não deixam nada...

josé disse...

A associação à Máfia não é nada despiciente e já me lembrei disso e de mostrar como funcionava na Itália.

muja disse...

Sim, pela rama é mais ou menos isso.

Mas aborda a questão desde o princípio e tenta dar um apanhado de como a França evoluiu do Ancien Régime para o agora, sobretudo o papel que as esquerdas tiveram e têm neste processo, ao mesmo tempo manipuladas e manipuladoras.

Leia se puder. Acho que vale realmente a pena. A si, talvez não diga muito de novo, mas penso que não deixará de ser uma leitura refrescante, considerando o marasmo pol. cor. que hoje domina a literatura.

muja disse...

Curiosamente, no livro também é feito o paralelo com a Máfia.

No sentido em que a máfia dos pobres - Cosa Nostra, Yakuza, etc - é livremente descrita, dissecada, mostrada e exibida por Hollywood e derivados, controlados pela máfia dos (imensamente) ricos que nunca permite que ela própria seja retratada da mesma maneira, sobretudo pelos media, muito embora sejam redes - résaux - perfeitamente análogas e que se tocam e convivem em muitos pontos.

Maria disse...

Os três da capa (o quarto não sei, porque nunca li nada de menos agradável sobre a sua pessoa, que, aliás e até mais ver, tenho como tendo sido uma pessoa decente) são do mais reles, oportunista, velhaco e ainda algo do mais vergonhoso e repugnante cuja designação me abstenho de mencionar, mas que todos os portugueses conhecem de cor e salteado. A seita diabólica a que estas cobras venenosas pertencem, é muito pior e muito mais perigosa do que alguma vez o foi a Máfia siciliana. Esta ao menos respeitava a família e não abusava sexualmente de menores. Aqueles são vampiros que estão há quase quatro décadas a sugar o sangue dos portugueses lentamente, eles são ética e moralmente do mais miserável e rastejante que Portugal jamais viu nascer no seu sagrado solo.

hajapachorra disse...

Manuel Porto não foi para a AG da GCD por ser professor de Coimbra como outros, como outros que não vão. Tem experiência política e de gestão da coisa pública: De 1999 a 2005 – Presidente do Conselho Nacional de Educação
De 1989 a 1999 – Deputado do Parlamento Europeu
De 1987 a 1988 – Membro da Comissão de Reforma Fiscal
De 1986 a 1989 – Presidente do Conselho Nacional do Plano
De 1976 a 1989 - Presidente da Comissão de Coordenação da Região Centro
Conheci-o como presidente da CCR do Centro em tempos de vacas ainda bastante magras e sei que nesses 13 anos fez muito. Quanto a currículo académico não creio que seja preciso comparar. Mas nem é isso que me interessava sublinhar: o que queria dizer era que Manuel Porto não é do mesmo mundo dos senhores da fotografia que estão vivos. É mais do género do que bom gigantge que está lá atrás sem cachimbo e que já partiu. E o José sabe com certeza qual a razão deste necessário distinguo.