segunda-feira, junho 22, 2015

O Correio da Manhã merece uma comenda.

Se não existisse o Correio da Manhã e CMTV com a linha editorial que apresentam, o que saberíamos do caso do "processo do marquês"?
Talvez não seja difícil a projecção hipotética se nos lembrarmos do que sucedeu há cerca de dez anos com o caso da Casa Pia. Não quero com isto dizer que seja muito bom todo o bruábruá mediático à volta destes casos, mas como se torna inevitável tropeçar nos mesmos, perante o paradigma informativo que existe ( e por vezes deixa saudados da Censura de antigamente) o melhor é saber algo com um mínimo de rigor informativo.
Nessa altura os media ainda não estavam preparados e apetrechados com jornalistas e redacções capazes de perceberem o mínimo sobre o funcionamento da Justiça e a maior parte das redacções, com particular destaque para as direcções, foi manipulada por "líderes de opinião"  que ainda andam por aí a fazer as mesmíssimas tristes figuras ( caso do Sousa Tavares, por exemplo) e por interesses politico-partidários, logo que entraram em jogo tais interesses, particularmente do PS.

O caso da Casa Pia é um case study dessa manipulação e bastaria pegar num único jornal- Jornal de Notícias- e ouvir a propósito dois jornalistas- Tânia Laranjo e Carlos Tomás- para se perceber o que sucedeu e até o que se modificou entretanto ( no caso da Tânia Laranjo).

Hoje em dia, felizmente, essa situação não é a mesma em todo o lado, apesar de se ter refinado na maior parte dos media, sendo mais sofisticada, perigosa e subtil tal manipulação noticiosa.

Em 2004 e 2005 quem quisesse saber algo mais do que as  notícias veiculadas pelos jornais, na sua esmagadora maioria sem grande credibilidade em assuntos deste teor,  teria que se socorrer de meios de informação alternativos, digamos assim.
Por exemplo um Portugal Diário, um sítio na net onde começaram a escrever jornalistas que hoje trabalham para os tradicionais, integrados numa máquina que não mudou de estilo nem aperfeiçoou critérios de isenção e objectividade ( caso do Diário de Notícias, Jornal de Notícias e outros Expresso).
Hoje em dia temos uma proliferação de lugares noticiosos e de opinião, nos meios tradicionais e net que frequentemente propagam ruído e nada mais.
A informação útil, objectiva e de algum modo isenta porque reflectindo uma realidade tangível, plausível e muito aproximada à verdade factual, rareia outra vez nos dias de hoje mas menos do que há dez anos.
O Correio da Manhã e grupo editorial insere-se neste pequeno grupo que tenta de algum modo prosperar mostrando  as facetas dessa realidade percebida mas ainda oculta pelo ambiente deletério da corrupção efectiva e real ( Portugal continua muitíssimo mal colocado nas sondagens de opinião que reflectem a imagem que as pessoas têm desse fenómeno) que campeia em Portugal apesar  das declarações peremptórias de algumas pessoas com poder de influência mediática, algumas delas directos beneficiários desse clima.

O jornalismo do CM não é perfeito porque não é de rigor imaculado ou de profundidade filosófica e analítica. Reflecte além disso um populismo, seja lá isso o que for, que capta a atenção de quem não exige muito da informação. E por isso vende muito papel e tem audiências seguras. Mas tem a "recta intenção", como dantes se dizia e isso é o mais importante e perdoa tudo o resto.

Ora é esta linha editorial que confere de algum modo uma garantia de certa independência no tratamento das notícias que outros não conseguem indagar, mostrar e revelar porque estão amarrados a interesses particulares de grupos económicos apostados numa linha política de corrupção permanente e numa ligação umbilical a interesses partidários muito precisos e concretos que só não são evidentes porque os escondem.
Os jornalistas que trabalham nesses media pouco ou nada podem fazer que alinhar pela corrente de panurgo que os orienta tacitamente, sob pena de perderem o emprego. Ou seja, não são independentes porque o não podem ser.

O Diário de Notícias, Jornal de Notícias e TSF, além do mais, tendo as administrações e direcções que têm, são órgãos de informação condenados à subserviência vergonhosa a interesses em não provocar ondas noticiosas que afectem o grupo politico-partidário que sempre apostou numa actuação de repartição do bolo orçamental e de influência partidária condizente.

Os escândalos de corrupção como é o de José Sócrates não lhes interessam minimamente, como não interessou o caso do Freeport ou da Cova da Beira ou até o da licenciatura do então primeiro-ministro em "estado de graça" que permitiu o que agora se vai descobrindo e poderia ter sido descoberto na altura e por isso mesmo evitado.

As tv´s, verdadeiro poder mediático em Portugal e que formam efectivamente o grosso da opinião pública que vota, têm sensivelmente o mesmo perfil de isenção e independência, ou seja, quase nulo. Com uma agravante: não se metem em detalhes a não ser que os mesmos se tornem fait-divers de imagens apelativas ( um carro penitenciário a fugir de repórteres é um must noticioso para essas tv´s que reparam no acessório e esquecem o essencial).

A RTP, a SIC, a TVI alinham todas pelo mesmo diapasão de costumes: não fazer demasiadas ondas mediáticas com os casos que envolvem estes fenómenos que lidam directamente com quem lhes dá o pão para a boca, seja empresa privada ou governante futuro, presente ou passado cujo poder de manipulação da rede de poder permanece inalterável.

É por estas e por outras que temos sorte em ter um Correio da Manhã e por isso coloco aqui três recortes da edição de hoje que mostram o que mais ninguém quer mostra.

Em primeiro lugar um pequeno editorial de Octávio Ribeiro, director do jornal e que diz o essencial que certos magistrados não entenderam ainda: 


Depois o da denúncia de um trampolineiro que teria tudo para ser tudo em Portugal e merece ser apenas um nada, sem credibilidade sequer para ser líder de opinião. Quem tem como fontes em assuntos desta natureza, os programas Quadratura do Círculo e Eixo do Mal não merece qualquer crédito. Ainda por cima, depois de asneirar com prejuízo para as instituições, não reparar a asneira e por isso mesmo sendo relapso e perigoso.



Em tempo, e em 29.6.2015: o CM de hoje noticia que MRS corrigiu a informação que dera há duas semanas. Afinal " quem passou as escutas telefónicas à Sábado não foi o MºPº".  Se foi assim continua a emendar o soneto. O que deveria ter dito era apenas: não sei quem terá sido e quando disse que fora o MºPº baseado nas minhas fontes disse uma asneira porque não sei se foi ou não.

Por fim o editorial de um jornalista que percebeu o essencial e não foi há meia dúzia de anos.


O Correio da Manhã e a CMTV, onde em assuntos judiciários têm como comentadores pessoas que sabem do que falam ( Carlos Anjos e Rui Pereira, por exemplo) e não dizem asneiras a eito, merecem o encómio de serem um oásis no panorama deletério dos media nacionais.

7 comentários:

Floribundus disse...

dizia o treinador de futebol José Szabo nos anos 50

'já viu de merda fazer marmelada?'

Bic Laranja disse...

O correio é da manha e o director é Otávio, não Octávio.
Se o assunto não fosse de faca e alguidar político que é o que vende a folha de couve, não lhe pegavam.
Correio da manha, eu bem digo.

Cumpts.

Luis disse...

Por mais manha que tenha este OCS, nunca chegará à manha do chulo 44.
Sim, este sempre tem dito que vivia à grande chulando o CSS. É a sua defesa: "o dinheiro não é meu, é de CSS e eu sou o chulo do mesmo."
Pelos vistos, tem muitos seguidores que consideram ser a coisa mais natural chular "amigos".

josé disse...

Tem sido um correio da manha, muitas vezes. Da manha que se entranha nos casos que relata...

josé disse...

O maior manhoso que temos agora, nem é preciso dizer quem é...

Bic Laranja disse...

Pois bem, temos o Correio e o proxenetismo, é o que é. Nada de espantar.

Unknown disse...


Estou consigo, José.

Este Bic Laranja é mais da manha do que da manhã. Será um manhoso, como o outro ?

João Pedro

A obscenidade do jornalismo televisivo