quinta-feira, maio 04, 2017

O lugar de oficial de ligação do MAI em Paris está vago...

Há muitas luas atrás, ainda no tempo em que Passos Coelho era PM, houve uma manifestação de polícias junto da AR. No calor das reivindicações, entretanto abafadas, alguns agentes da PSP subiram as escadas do Parlamento, numa atitude de desafio aos órgãos de soberania, ali simbolicamente representados.
Tal gesto, inédito, teve consequências gravíssimas, como se viu:  o então director nacional da PSP, um certo Paulo Valente Gomes pôs a cabeça no cepo que o ministro Macedo na altura exigiu , fazendo de conta que a cortava e recambiando-o para Paris...como  oficial de ligação do Ministério da Administração Interna a ganhar o que por cá nunca ganharia ( três vezes mais. Por grosso, 12 mil euros).  Um castigo severo, como se compreende, num assunto deste calibre melindroso. O desgraçado Paulo Valente Gomes nunca mais se recompôs da desfeita...de lhe terem dado um cargo criado para o efeito.
O ministro entretanto caiu, sem rede alguma,  por causa de coisa bem pior que subir em contramão as escadas do Parlamento e o dito director nacional, desgraçadinho,  lá continuou em Paris até há bem pouco tempo.
Sabe-se agora, com data de Abril deste ano que o dito Valente, armado em oficial de ligação de coisa incerta porque muito recente,  se fartou do lugar  e arranjou outro poiso, como aqui se conta, no Conselho da Europa:
 
Está a exercer funções na Direcção para a Dignidade Humana e Igualdade no Desporto do Conselho da Europa, escolhido em concurso público. Sustenta o gabinete de Constança Urbano de Sousa que é o "responsável pelo acompanhamento da implementação ao nível mundial das Convenções Europeias sobre a segurança associada ao desporto".

O estatuto da PSP apenas prevê colocações externas em regime de comissão de serviço, mas neste caso, ao abrigo de acordos estabelecidos entre o Conselho da Europa e os estados-membros, o recrutamento também é possível como "perito nacional destacado", caso único para um oficial deste nível.

Paulo Gomes foi o primeiro classificado do primeiro curso do Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna, a academia que forma os quadros superiores desta força de segurança e foi o primeiro desta escola a chegar ao topo da PSP, em 2012. A sua experiência foi, contudo, inesperadamente interrompida, em Novembro de 2013, quando pediu a demissão na sequência da invasão das escadarias da Assembleia da República durante uma manifestação de sindicatos de várias polícias. O então ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, nomeou-o oficial de ligação em Paris, um exílio dourado que terminou no início deste ano.

Apesar de a PSP ter falta de superintendentes-chefes, obrigando a que neste momento existam três comandos liderados por oficiais do posto abaixo ao exigido - Lisboa, Madeira e Açores - Paulo Gomes não regressou à sua força de segurança. Além do ex-director nacional, há outros dois "generais" fora: Paulo Lucas e Barros Correia, oficiais de ligação em Moçambique e S.Tomé e Príncipe, respectivamente. Para preencherem os lugares de topo na hierarquia o governo teve de autoriza o designado "recrutamento excepcional" de oficiais de nível inferior para assumir os comandos e serem pagos como se fossem superintendentes-chefes.

"A estrutura orgânica não foi preparada para receber de volta um oficial que atingiu o topo, como director nacional. Não poderia regressar para uma posição inferior", afirma o presidente da Associação Sindical de Profissionais de Polícia (ASPP). Paulo Rodrigues assinala que "esta situação é o resultado de uma superproteção aos oficiais de topo que sempre foi norma nos vários governos. As promoções são sempre no tempo que diz a lei, ao contrário dos agentes, chefes, comissários e subcomissários, e ascendem muito rapidamente ao topo".

Este dirigente sindical critica os recrutamentos excecpionais, notando que "os conteúdos funcionais" dos "generais" e dos superintendentes "são idênticos" e "têm as mesmas capacidades para assumir as funções de comando", defendendo por isso que esses critérios possam ser revistos
.

Estranho, tudo isto? Nem tanto, se tivermos em atenção o nome que será designado para o lugar do Valente, em Paris, a ganhar os 12 mil euros que darão para andar de metro quando quiser.

Veremos quem são os candidatos...mas de repente lembrei-me de um: o director nacional de outra polícia! Vai uma aposta?

Quanto a Valente, está agora como peixe na água:  Direcção para a Dignidade Humana e Igualdade no Desporto do Conselho da Europa.  Ora nem mais. Segundo a actual ministra, filha de um  juiz antigo presidente do tribunal de Contas ( Alfredo de Sousa) , é o "responsável pelo acompanhamento da implementação ao nível mundial das Convenções Europeias sobre a segurança associada ao desporto".  E já tinha experiência na matéria. Já fora Presidente do Comité Permanente de acompanhamento da Convenção Europeia contra a violência associada ao desporto, do Conselho da Europa, em 2012.
Não se sabe é quanto foi ganhar agora, mas de cavalo para burro é que não terá ido...

Portugal é um jardim à beira-mal plantado em que os cravos vermelhos de há um pouco mais de 40 anos se desbotaram em cor de rosa, sinal de felicidade e gratidão. 

2 comentários:

Floribundus disse...

tudo cor-de-rosa

até a asfixia da economia

os turistas vão e vêm, como as modas

muja disse...

Coisas de super"proteções".

A aposta é boa.

Quem os "protessasse" c'um pau pelo par abaixo...

A obscenidade do jornalismo televisivo