domingo, dezembro 17, 2017

Os intelectuais rococós

No livro de Tom Wolfe, Hooking Up, de 2000 ( e traduzido por cá em 2002) há um capítulo sobre os marxistas rococó, com particular destaque para os "intelectuais" que o autor considera que apareceram pela primeira vez no espaço público, mediático, com o caso Dreyfus, em França.

O "intelectual " , para Wolfe, não carece de formação específica em nada de especial, formação académica ou científica de espécie alguma, para além da cultura geral adquirida nas leituras avulsas de publicações periódicas. Carece, sim, de uma outra coisa sem a qual não se poderá classificar como tal: o exercício da indignação militante. Parafraseando um dito de um político já falecido ( Mário Soares, um desses tipos de intelectuais) tem necessariamente que exercer o seu dever de indignação para o ser. Indignação contra o poder e quem o apoia, ou seja, a burguesia ambiente.

O melhor é ler as páginas em que Wolfe descreve este espécime de indígena que também pulula por cá, em número cada vez maior e sem risco de desaparecimento súbito.

Em primeiro lugar um artigo do Expresso de 29 de  Março de 2002 que recenseia a tradução do livrinho, num estilo que já nem se usa por cá:









27 comentários:

Floribundus disse...

estes lobos sociais-fascistas pertencem ao conto onde até o capuchinho é vermelho

zazie disse...

Este texto do Wolfe está uma coisa deliciosa.

Obrigada, José.
Os marxistas rococó fazem lembrar os "eruditos a la violeta" do Cadalso

Bic Laranja disse...

Certeiro. Acutilante.

francisco disse...

Excelente texto. Intelectuais a fazer pela vida, fica a questão: a quem serve este modo de ser?
Ter membros da Igreja em que a única exigência que fazem é na fraternidade entre os Homens, desistindo de anúnciar a Verdade, vai pelo mesmo sistema, dá imenso jeito a certas ideias.

francisco disse...

joserui, desculpe voltar a referir o tema mas ser católico e atrasar o baptismo para mais tarde não faz sentido, é seguir o protestantismo abandonando a Verdade. É sinal de influência do modernismo, é deixar de reconhecer Deus para escolher um entre vários que seja mais à nossa maneira.
Como valoriza o conhecimento e a curiosidade, o que é excelente e sinal de bom catolicismo, por favor procure conhecer a Verdade como é explicada na Tradição Católica, valorize o seu saber, a sua alma e a sua eternidade.
Não deixe na mão de outros o seu valor, na mão de intelectuais da religião.

zazie disse...

O que ele diz da Annah Harendt é de chorar a rir e do mais iconoclasta possível.

Faltou foi referir que a Revista Partisan e toda essa malta eram judeus trotskistas refugiados.

E é a melhor explicação do que são os tais "intelectuais", de onde vieram e como ainda pegaram na América.

joserui disse...

Hã? Jebuz. Eu tenho sete anos de Externato Marista do Porto, preciso de estudar mais para estar à altura da sua elevada exigência?
Mas qual um entre vários? Que vários? Então os filhos vão para a catequese católica, aprendem os preceitos católicos, são baptizados, fazem a comunhão no mesmo dia e escolheram um entre vários? Até podiam, andam num colégio protestante!
Como leu o meu comentário, deve ter lido que a minha mulher não é baptizada, logo não é católica. Eu como macho da família decidia tudo sozinho… Então para que a quero? Para fazer filhos?
Anda tão obcecado pela Verdade que tropeça na Mentira a cada passo.
E ainda tenho de aturar o meu sogro, que nem na igreja entrou das duas vezes! E tenho de aturar o francisco! É dura a vida de um pobre católico da actualidade!

joserui disse...

Porque é que um baptismo haveria de ser considerado atrasado? Nem entendo esse conceito! Se a minha mulher resolvesse ser baptizada, ia atrasada ou ia a tempo francisco?

francisco disse...

joserui, "Porque é que um baptismo haveria de ser considerado atrasado?" por dois motivos:
- o primeiro é que o baptismo não é uma matricula numa associação, é receber uma vida nova como filhos de Deus, por isso é o maior bem que podemos dar aos filhos, se não conseguir ver como o maior pode ver pelo menos ao mesmo nível de darmos alimentação, higiene, educação e instrução escolar: são coisas que não se adiam para mais tarde, por isso adiar é atrasar desnecessariamente um bem.
- o segundo é a eternidade, queremos que os nossos filhos passem a eternidade junto de Deus? Com baptismo estão encaminhados para isso, sem baptismo não ou pelo menos é colocarmos um obstáculo nesse destino. Deixar para mais tarde é colocar desnecessariamente em risco a eternidade dos nossos filhos, como queremos que estejam no caso de uma infelicidade?

"Se a minha mulher resolvesse ser baptizada, ia atrasada ou ia a tempo?"
várias comunidades protestantes têm baptismos válidos, não há motivo para atrasar.
Se baptizar vai a tempo se não baptizar coloca em risco a eternidade junto de Deus.

O conceito é dificil de compreender por causa do modernismo que coloca Deus como algo que nos ajuda neste mundo em vez de ser uma realidade com a qual nos relacionamos.

francisco disse...

"É dura a vida de um pobre católico da actualidade", é bem verdade, não é fácil, nunca foi e agora ainda mais porque a sociedade vive de uma forma bastante diferente do catolicismo e muito do catolicismo que vemos está mais próximo de ser um protestantismo.

joserui, desculpe referir o tema, como é católico, tem espirito cientifico e curiosidade dou apenas a sugestão de que veja o que é o modernismo e a tradição católica.
Não existe salvação universal, Cristo não veio para nos dizer para sermos felizes como somos e Deus não é uma opção de enriquecimento espiritual, estas ideias dão imenso jeito a alguém, a nós não.

joserui disse...

francisco, não sei se se apercebe que mesmo dentro da igreja há quem tenha ideias um pouco diferentes das suas. Quando fui às reuniões na igreja, eu claro que era o único com uma filha que não era bebé. Mas o padre apresentou no quadro más razões para baptizar e garanto-lhe que se aqueles católicos fossem coerentes saíam todos menos eu. E mais, referiu concretamente o baptismo e a vida eterna e disse claramente que se uma criança falecer antes de ser baptizada, não lhe será recusada por Deus a vida eterna. E que ele, não se acredita num Deus que fizesse isso. E de facto seria estranho. Um mero ritual que não deixa de ser humano, possibilitar ou impossibilitar a alguém inocente a entrada no reino dos céus.
Agora, pode chamar a isto modernismo, que aceito. Mas é o conceito que tenho de Deus. A bondade é infinita, as crianças entram sempre.

zazie disse...

O baptismo é um rito que até era feito com leite nos cultos órficos.

Mas tem um sentido muito bonito de protecção que se deseja para o recém-nascido e compromisso de pais e padrinhos perante Deus.

Os ritos têm uma importante função na união social.
Mais do que isso é com cada um.
Uma das razões- creio que a principal- pela qual não me consigo aproximar mais da Igreja é esta. O pavor que tenho às matilhas-incluindo a dos "crentinhos" sempre de dedinho esticado e prontos para o julgamento e teatro da crueldade.

Já agora, para completar o que o francisco disse, até o momento de baptismo variou ao longo dos séculos. Ainda no século XVI se usavam seringas baptismais com uma cruz na ponta. E serviam para enfiarem pela vagina e aspergir o bebé quando o parto estava a correr mal e podia morrer. Assim morria mas tinha a salvação eterna.

Eu entendo sim o padre e a benção à cabeceira do moribundo.

zazie disse...

Gostava de conhecer um padre inteligente e culto para tentar maior aproximação à Igreja.
Mas sem "reuniões" com crentinhos. Porque disso tenho pavor e temo mesmo que podia ter efeito contrário.

Não me aproximo mais para preservar. Grupos, não aguento. Moralismos, idem. Processos de intenção, pior. Patrulhadores de consciência, nem se fala...

francisco disse...

joserui e zazie ao ter indicado "atrasar o baptismo para mais tarde não faz sentido, é seguir o protestantismo abandonando a Verdade. É sinal de influência do modernismo, é deixar de reconhecer Deus para escolher um entre vários que seja mais à nossa maneira." estava a referir-me à situação que é influência do modernismo e não a uma avaliação e consideração do caso pessoal, desculpem-me se possa ter sido considerado dessa forma.

joserui o que indica e a explicação do padre é realmente modernismo, o baptismo não é apenas ritual, não é uma formalidade ou inscrição, é um sacramento e isto quer dizer entrar e partilhar do bem de Deus.
Quanto a dizer "claramente que se uma criança falecer antes de ser baptizada, não lhe será recusada por Deus a vida eterna" também quero acreditar que sim mas a Igreja não tem uma indicação clara disso, existe a dúvida de como será, é claramente modernismo essa afirmação. Assim, havendo dúvida o que é melhor fazer?

Como indicam os intelectuais o marxismo é claro e certo, amigo dos pobres, promove o bem e a paz com o fim das classes, assim também o indicam os intelectuais da religião, é tudo amor, paz, alegria, festa e misericórdia, não há dúvidas e todos vão para o Céu.
Devia deixar-nos com um pé atrás quando ouvimos novamente «Não, não morrereis...abrir-se-ão os vossos olhos e sereis como Deus» (Gn3,4).

zazie disse...

Pois, mas não respondeu ao que eu disse:

1- baptismo sempre foi um rito em todos os cultos com aspersão deágua ou outros línquidos- como o leite, nos órficos

2- Mesmo a Igreja Católica, em relação a esse sacramento teve noções diferentes da "altura apropriada" e eu dei-lhe o exemplo das seringas baptismais para serem usadas quando o parto estava a correr mal.

Eu defendo o baptismo e acho extremamente importante que seja bem cedo e com padrinhos porque o sentido de compromisso familiar é mais que um mero rito que pode ser feito a qualquer altura.

Os prot é que só têm baptismo e Graça.
Fora isso, não consigo ir muito mais longe. Há formas de acreditar que são mais maravilhosas que outra coisa- a eucaristia é uma delas. Ainda assim, levo esse momento a sério. E já senti por brevíssimos instantes o sagrado e o seu efeito nessa altura.

O que não aguento é a palhaçada das palminhas e aeróbica.

zazie disse...

Uma vez, num debate com alguém de filosofia, foi dito que não podia haver crença sem doutrina.

Eu creio que pode. E é por acreditar que a crença é que é natural que ninguém nasce ateu. Não há crianças ateias. E não é necessariamente a doutrina que inventa a fé.

Com isto não estou a tomar partido por nenhum gnosticismo. Estou a dizer que em estudando as religiões e mitos, ou em estudando filosofia, as coisas alteram-se e não basta o que diz o padre.

Não basta mesmo. As religiões são infinitamente mais ricas e a Católica, quanto a mim, a mais rica de todas.

francisco disse...

zazie,
1-o rito é a forma como se faz mas o que se faz é muito mais do que isso, é um sacramento, neste caso é renascer, remover o pecado original e entrar no bem de Deus, a forma pode variar.
2-como indiquei anteriormente ainda existem dúvidas, por isso é melhor baptizar o mais cedo possível. Sobre terem-se usado seringas baptismais não sabia, ao mesmo tempo que pode parecer um exagero também me parece não ser nada anormal no caso de estar a correr mal. O raciocinio que nos leva a rotular como exagero e relativizar a situação é o mesmo que irá relativizar a prática do aborto, por isso acho melhor tentar-se dar um bem ao bebé que poderá não será necessário do que lhe negar um que lhe faria bem.

"Os ritos têm uma importante função na união social. Mais do que isso é com cada um.", o que se faz na Igreja não são apenas ritos ou funções sociais é receber algo de Deus, por isso não pode depender de cada um, depende apenas da Fé, esta não é um sentimento como indica o modernismo, é antes sim a adesão da razão à Verdade revelada por Deus. Os sacramentos têm sobretudo uma função sobrenatural, por isso os erros do materialismo e evolucionismo têm grande influência em como vivemos e acreditamos, de uma relação real com Deus passa-se a uma mera função social ou espiritual.

"Eu defendo o baptismo e acho extremamente importante que seja bem cedo e com padrinhos porque o sentido de compromisso familiar é mais que um mero rito que pode ser feito a qualquer altura.", concordo consigo.

"O que não aguento é a palhaçada das palminhas e aeróbica.", concordo consigo, isso é colocar o foco apenas em nós e na comunidade esquecendo o principal. No caso da missa devo explicar que o que se faz de gestos e posições tem sobretudo a função de nos ajudar, não pode ser apenas um fazer, uma espécie de coreografia, a forma como rezamos influência a forma como acreditamos e esta influência a forma como vivemos.

francisco disse...

"não podia haver crença sem doutrina", até pode haver mas no caso da católica estão ambas ligadas, a Fé é aderir à Verdade e esta tem implicações doutrinais e morais. No fundo a Verdade é estarmos com Deus e para isso é necessário nós sermos e acreditarmos de deteriminada maneira, como podemos estar ou vir a estar com Deus continuando a sermos nós mesmos? Para isso não era necessário Cristo vir ao mundo, morrer e ressustitar.

"a crença é que é natural", o acreditar e procurar algo é natural, é a busca da felicidade do paraíso inscrita em nós. Aqui devemos ter cuidado de não cair no erro da imanência vital que vai fazer esquecer a revelação da Verdade.

"não basta o que diz o padre", concordo plenamente, não se fala sobre a Verdade, fala-se sobre doutrina mas é mais no sentido da fraternidade entre os Homens.

"As religiões são infinitamente mais ricas e a Católica, quanto a mim, a mais rica de todas." sem dúvida, como disse Chesterton existem vários motivos para ser da religião católica mas o único motivo é porque é a verdadeira.

zazie disse...

Estamos mais ou menos de acordo.

Apenas o rito católico não foi inventado do nada. Sempre existiram baptismos.

E as pessoas têm diferentes formas e etapas de se aproximarem de uma religião.
Pode ser complicado para uns, em termos familiares (basta o marido ou mulher não serem católicos para a coisa se complicar) e até o próprio pode ter aproximação sem ser absoluta

É por isso que eu digo que não é a doutrina que faz alguém ter fé. E sim, por muito qu chateie os mais ortodoxos, pode-se sentir católico sem acreditar em tudo ou praticar tudo.

O inverso também acontece. Depende do percurso de cada um.

Eu apenas estou baptizada. Nem comunhão fiz. Nunca tive catequese, ainda que os meus pais não fossem ateus.

Ao meu pimpolho dei mais, para além do baptismo fez counhão e teve catequese.
Agora o que lhe queria explicar é que fiz isto sem ser por a doutrina dizer ou por o padre dizer, porque eu até fico sempre um tanto atrapalhada quando vou à missa pois nem sei se me vão pedir mais ou fazer perguntas. Da parte de padre nunca nenhum me perguntou nada.

E até poderia tê-lo feito e poderia ser importante. Agora de crentes, que fazem a mesma vida profana que eu faço, não. Não aceito.

Eu considero-me uma "católica badalhoca" para não me chatearem. Se me chateiam e começam com as cenas inquisitoriais temos o caldo entornado.

zazie disse...

Por exemplo- deixo-lhe outra pergunta.

Em Londres vou a missas ortodoxas pelo facto de ser a igreja mais próxima. E já fui a protestante. Prefiro a ortodoxa.

Isto é modernismo marxista ou acha que é folclore.

Eu não vou lá como quem vai a uma "instalação artística" ou a uma performance da Marina Abramovic. Essa é que vende o profano com ares de sagrado e já vi muito ateu a gozar com a missa e a comportar-se com o respeito sagrado numa treta que podia acontecer no comboio fantasma de feira.

zazie disse...

Aindfa assim, a estética e o sagrado têm grandes aproximações. E considero-os vias positivas.

francisco disse...

zazie, respondendo directamente à questão digo que é modernismo mas que a zazie consegue intuir que a missa ortodoxa contém algo mais do que a protestante, esse algo é o sobrenatural e a relação com a Verdade de que falo.

vejo que a zazie consegue ver na missa esse algo mais do que o natural, consegue ir para além do modernismo.

ir à missa não é para nos sentirmos melhor ou espiritualmente enriquecidos, isso pode ser uma consequência do objectivo principal. Vamos à missa para oferecer a Deus um sacrifício de louvor,acção de graças,reparação dos pecados e petição, esse oferecimento é realizado tornando presente no Altar o Sacrifício da Cruz, uma re-apresentação na qual tomamos parte para receber dela os seus méritos. Por isso não é indiferente se a missa é católica, protestante ou ortodoxa. Sentirmo-nos melhor ou espiritualmente enriquecidos pode ser um dos resultados do oferecimento que fazemos.
Isto é relacionarmo-nos com a Verdade, a nossa vida passa a ser vivida na vida de Deus dentro do possível, como indica São Paulo «não sou eu que vivo é Cristo que vive em mim». Com o modernismo o sobrenatural desaparece, a missa passa mais a convívio e Deus passa para um enriquecimento espiritual. Em vez de termos um Pai real passamos a ter apenas uma ideia de Pai.
Isto de que falo é o que há 50 anos atrás os nossos pais e avós sabiam e faziam mesmo na ignorância teológica e analfabetismo, tinham uma relação real com Deus e não apenas um sentimentalismo natural.

quanto aos ritos indico só que não se podem confundir com os sacramentos, uma coisa é o que se faz (natural e sobrenaturalmente) outra é como se faz, existe um fundamental que é o sacramento, os ritos é como se faz e isso pode receber de várias fontes, onde a estética e o sagrado são fundamentais para nos ajudar a viver e realizar o sacramento.

francisco disse...

"crentes, que fazem a mesma vida profana que eu faço" e "cenas inquisitoriais" compreendo e tem razão, o problema é termo-nos afastado do catolicismo e aproximado do protestantismo e muitas vezes o modelo de crente que recebemos é do crente protestante, aqui é onde aparece o moralismo e fundamentalismo, dado que a relação com Deus é apenas sentimentalismo o que sobra é ver se os outros estão certos ou errados, se fazem o bem ou o mal.

repare, a doutrina e a moral vêm depois, e aqui parece já ter intuído isso, o principal, e isso é que é catolicismo, é renascermos para uma vida nova em Deus, removemos o pecado original e partilhamos da vida divina (no que é possível aqui) com o desejo de a partilha em plenitude no Céu.
Cristo veio ao mundo, e é isto que celebramos no Natal, para revelar a Verdade: Deus existe e quer que vivamos com Ele como no plano original do paraíso, para isso Cristo que é o Caminho, Verdade e Vida mostra-nos o que devemos crer (Verdade) como devemos viver (Caminho) e como é a vida em Deus (Vida), nessa revelação com o Sacrifício da Cruz realiza a satisfação pelo pecado original da humanidade permitindo-nos entrar nessa vida de Deus.

como vê não indiquei nenhum moralismo e expliquei o fundamental do que vem no catecismo.
É uma oferta que Deus nos faz, aceitando passamos a viver para Deus como Cristo libertando-nos do pecado e das seduções do mundo, aqui é que aparece a moral, Deus como é perfeito e santo para termos a vida n'Ele temos de ser como Ele (com as devidas dificuldades e limitações na terra). A moral assim aparece de forma natural, mais do que regras ou imposições é a forma normal de viver a vida em Deus, logo em vez de dizermos aos outros que moralmente estão errados devemos é encaminhá-los para conhecer a vida em Deus.
Como a zazie bem indicou primeiro vem a crença, a Fé que é a adesão à Verdade revelada e depois é que vem a doutrina.

francisco disse...

"as pessoas têm diferentes formas e etapas de se aproximarem de uma religião." isto é verdade, o problema é não termos quem mostre claramente a Verdade para ajudar essas pessoas a chegar à aproximação completa.

"pode-se sentir católico sem acreditar em tudo ou praticar tudo." não praticar tudo pode ser normal pois somos pecadores e todos temos dificuldades, mas devemos ter a noção do que deviamos praticar.
sentir-se católico sem acreditar em tudo, uma coisa é não compreender bem todos os artigos da Fé outra é não acreditar em alguns deles, na primeira forma continua-se a ser católico na segunda não porque negar um artigo da Fé é negar a Fé, existe uma Verdade revelada em que se acredita ou não, não se pode escolher pode-se é não compreender bem algumas coisas.

pelo seu caminho que indica até parece semelhante ao meu, não foi a doutrina que me levou a acreditar, foi conhecer a Verdade revelada de forma completa, perceber o como, porquê e para quê.
Como indicou há dias o Muja em relação a São Tomás e à escolástica o catolicismo é imensamente rico no saber, no compreender o mundo e é fascinante mesmo por aí, pela intelectualidade, filosofia e espiritualidade. É muito mais do que doutrina e moral é a Verdade que explica muita coisa e puxa por nós para irmos mais além de nós mesmos.

francisco disse...

ainda sobre "as pessoas têm diferentes formas e etapas de se aproximarem de uma religião." outro problema é termos a maioria das pessoas a ficarem apenas pela aproximação espiritual, devido ao modernismo, é um complemento para a nossa vida em que até pode ser normal escolher a religião ou comunidade que melhor se adapta a nós.
Em vez de sermos nós a ir ter com Deus a partir do que nos revelou é Deus que vem se adaptar a cada um de nós. Isto é a Soberba de que já falou o José.

como no cântico dos anjos "glória a Deus nas alturas e paz na terra aos Homens de boa vontade" na prática escondemos a glória a Deus ou tornamo-la privada para termos a paz entre os Homens, pois não dá jeito darmos publicamente glória a Deus com uma só Verdade dado os Homens serem diferentes, com religiões e comunidades diferentes.

zazie disse...

Concordo com tudo o que diz.

No meu caso, mesmo sem formação religiosa sempre tive essa noção do sagrado. Desde muito pequena.
Depois avancei por mim. Não avancei muito mais pelo tal problema do colectivo- do grupo. Pode ser até problema meu de dificuldade de compromisso.
A primeira vez que comunguei foi em Londres e foi apenas nessa altura porque senti que havia verdade da minha parte. Sem ser "em troca de nada". Sem "negócio".

Apenas porque antes desse dia seria falsidade fazê-lo.

Mas tenho vontade de me aproximar mais. E sim, na missa ortodoxa há mais Verdade.

zazie disse...

Essa questão dos que não são padres ou, como disse, com vida tão profana quanto a minha, é o ponto para o qual não tenho opinião total, acerca do celibato dos padres.

Os pastores protestantes, de facto, até podem considerar que serão exemplo de vida. Mas, o celibato é um sacrifício e, excluindo os desvios e oportunismos criminosos, até, como o abuso de crianças, em sendo verdadeiro é algo que eleva essa pessoa a um nível diferente do "nosso".
Daí eu dizer que de um padre sim, por respeito, aceito o juízo; de um igual profano, temos o caldo entornado.

A obscenidade do jornalismo televisivo