segunda-feira, setembro 03, 2018

Aurea mediocritas, por Opção

Artur Portela Filho, um jornalista do tempo do antigamente e do que se lhe seguiu, arribou ao Público de hoje, muito bem conservado nos seus 81 anos. E que disse? As palermices de sempre de um socialista encostado sempre à tendência MES, embora agora goste do Costa. Deve ter gostado do Sócrates, também.

É ler:


Portanto, a seguir ao 25 de Abril foi o primeiro director do jornal diário Jornal Novo, criado pelos capitalistas que ainda existiam e subsistiam em Portugal, numa altura de nacionalizações a eito e incentivadas a preceito por estes arautos de um socialismo em cuecas, ou seja despido de preconceitos.

O que foi este Jornal Novo? Comprei-o mesmo no tempo em que saiu e tenho ainda alguns números, como o 9, de 28 de Abril de 1975, logo a seguir às primeiras eleições "livres" ( mas sem a presença de algumas forças políticas...escorraçadas desse convívio democrático peculiar. Ou seja, agora como dantes.)
Também se pode ler a opinião do actual presidente da República sobre as eleições, a "esquerda" e a "direita". Quem se admira do que este presidente faz, faria bem em ler estas coisas, particularmente a noção de que "o dia 25 de Abril de 1974 foi o início da libertação do povo português". Foi apenas o início...supondo-se por isso que actualmente se encontrará liberto. Depois de três bancarrotas...para as quais este presidente contribuiu com o seu saber e influência. Há maior liberdade agora que antes de 25 de Abril de 1974? A pergunta merece uma resposta e não é simples de dar.

Neste número dá-se as boas vindas a um outro jornal- precisamente O Jornal que sairia dali a dias e teria a mesma área política de intervenção informativa.


 Para Artur Portela Filho esta aventura do Jornal Novo foi algo contra o capitalismo, subsididado pelo capitalismo. "Um jornal de combate contra a direita, a extrema-direita e contra o gonçalvismo", diz agora, para se justificar da contradição.

No tempo do "caso República", em pleno PREC fizeram uma "mesa-redonda", com a presença de um certo Jardim Gonçalves. Sim, esse mesmo.


Já no número 133 de 23 de Setembro de 1975 a preocupação era saber o que seria o socialismo e a social-democracia. Questão  magna para a qual o actual presidente da República também deu o seu óbulo. E deu muitos outros, ao longo destes anos democráticos. Demasiados e consistentes para solidificar a aurea mediocritas instalada.


Em determinada altura de 1976, tendo saído do jornal porque os investidores apostavam mais num outro personagem de relevo indelével ( Daniel Proença de Carvalho...) para prosseguirem os objectivos, Artur Portela Filho entrou noutra aventura: uma revista novinha em folha. Opção foi o nome e saiu em Abril-Maio de 1976.

A seguir vieram outras mas a revista acabou também, sem história. Artur Portela Filho fala num gráfico que fazia as capas à la Newsweek. Nem tem a noção do ridículo quando diz uma coisa destas.



Em tempos já escrevi sobre esta aventura de APF:

A revista Opção surgiu em 29 de Abril de 1976 e tinha como director Artur Portela Filho. No editorial não fazia segredo ao que vinha, como jornalista: o mesmo que os do O Jornal. Um jornalismo de causa, no caso o socialismo que nesse caso seria uma espécie de outro MES porque o "democrático" estava tomado pelo PS.

No primeiro número o editorial era assim:

E no número 4 em cuja capa aparecia Freitas do Amaral havia artigos surrealistas tendo em conta os autores do escrito. Por exemplo este que depois abandonou o "socialismo" e converteu-se ao capitalismo mais puro, o da vidinha à sombra do Estado, onde perdura agora, no BERD. O percurso de Cravinho é muito interessante de estudar porque foi talvez um dos maiores bluffs da democracia "democrática". Ele e Vítor Constâncio. É ver onde estão ambos.


 Ou este ainda mais incrível do desvario da época. É ainda mais incrível como é que pessoas aparentemente estudadas puderam ser tão...tão...

Sobre o director da publicação Artur Portela Filho, passados anos escrevia ainda disto:

A OPÇÃO era, não apenas o jornalismo pontual, embora analítico e crítico, mas também um conjunto lato de perspectivas, de propostas. Na sua estratégia editorial geral. Nas suas reportagens. Nas suas entrevistas e mesas-redondas. Nos seus inquéritos. Eram seus colunistas mais ou menos regulares: Eduardo Lourenço, Remy Freire, João Cravinho, António Lopes Cardoso, António Reis, Eduardo Prado Coelho, Kalidás Barreto, Sena da Silva, Maria Belo, Luís Sttau Monteiro, César Oliveira, Jorge Fagundes, José Augusto Seabra, Gonçalo Ribeiro Teles, José Manuel Galvão Teles, Aurora Murteira, Diniz Machado e outros. Numa palavra, um banco de opções.
Propunha-se a OPÇÃO pensar Portugal e a revolução. Adiantar interpretações, discutir e propor medidas. Num empenhamento global de modernização e de democratização social, cultural, económica.

O currículo, apontado pelo mesmo:


Membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social, eleito
pela Assembleia da República  (1994-2001).

Membro, vice-presidente e presidente do Conselho de
Comunicação Social, eleito por maioria qualificada de mais de dois
terços pela Assembleia da República ( 1983-1989 )

Director-fundador do semanário "OPÇÃO" (1976 -1978 )
Director-fundador do diário "Jornal Novo" ( 1975-1976)
Chefe de redacção do semanário cultural "EUROPA"
Redactor do "Diário de Lisboa", onde também coordenou
as páginas de "Vida Literária" ( 1956-1961)
( Sendo esta a sua iniciação no jornalismo, cabe aqui referir,
como seus mestres/colegas, desde logo, compreender-se-á,
seu pai, Artur Portela, e também Norberto Lopes, Mário Neves,
Carlos Ferrão, José Ribeiro dos Santos e outros)

Colunista no "Jornal do Fundão"( onde igualmente dirigiu
uma página cultural, premiada pela Associação Portuguesa
de Escritores ), em "A Capital", "República", "Diário de Notícias",
"Diário Popular", "A Luta", etc.

Cronista radiofónico (TSF) e, brevemente, entrevistador
de televisão (RTP)

Entre outras, publicou entrevistas com Agostinho Neto, Samora
Machel, Olaf Palme, Felipe Gonzalez, Santiago Carrillo,
Tierno Galván, D. Helder Câmara, Tenessee Williams e numerosas
figuras de primeiro plano da vida política e cultural portugues. 


Não fala na Funda...

Em 1976, Artur Portela Filho era quase quarentão. João Cravinho já era. Remy Freire não sei mas seria mais velho.

Todos eles tinham idade mais que suficiente para terem juizo perfeito, em 1976. Portanto, escreviam como se pode ler e acreditavam no que se pode ver. Que desgraça.

Deu no que tinha que dar: mediocridade, miséria mantida e atraso garantido. É isso o socialismo e continua a ser, nos dias de hoje.

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