sexta-feira, janeiro 17, 2020

Um caso de género não racista em Bragança...

Observador:

O homicídio terá acontecido na sequência de uma altercação de um contexto de discoteca e do consumo de bebidas alcoólicas, disse ao Observador fonte da PJ, que adiantou que “há questões de género associadas”. Isto porque umas das versões apresentada apontava para um desentendimento com a namorada de um dos envolvidos. 

(...)

Também o presidente do Instituto Politécnico de Bragança afastou motivações racistas na morte do estudante cabo-verdiano Luís Giovani e considerou que o caso foi inicialmente desvalorizado pelas autoridades.

“Não foi isso que aconteceu. Isso não existe de forma nenhuma“, afirmou Orlando Rodrigues, esta sexta-feira em entrevista à Lusa, na cidade da Praia, sobre a tese de possibilidade de as agressões que se revelaram fatais terem tido uma motivação racista.

Garante que o que aconteceu “foi claramente” motivado por “jovens desintegrados socialmente”. “Provavelmente alguns deles [agressores] habituados a pequenos furtos, numa noite de mais copos e numa situação de rixa veio a ter esta consequências”, disse.


Descarto por completo essa possibilidade [crime de ódio]”, insistiu Orlando Rodrigues.

“Obviamente há pessoas boas e más em todos os sítios. Mas em Bragança temos a certeza absoluta que não há qualquer tipo de movimento sustentado em base ideológica racista ou de ódio racial. Isso não existe“, acrescentou o dirigente do IPB, instituição que conta com 9.000 alunos, dos quais 1.200 são cabo-verdianos.


A informação institucional, ou seja, da PJ ( com o próprio director Luís Neves à frente do microfone e a assumir todas as despesas da explicação) e o director da escola, Politécnico de Bragança foi isto:

Há uma componente de "género" porque afinal parece indiciar-se que a altercação se deveu a  um desentendimento com a namorada de um dos envolvidos. Isso segundo uma versão...mas já chega para dizer que há "género" envolvido. Enfim.

Depois não há racismo algum. Nenhum. Zero. Nicles. 

Ainda não se sabe bem quem agrediu mas logo ou amanhã já se saberá. Para agora são uns desgraçados quaisquer que estão "habituados a pequenos furtos, numa noite de mais copos e numa situação de rixa veio a ter esta consequências".

Capito? É esta a informação que temos. Feita de medos, de receios de enfrentar uma verdade comum e consensual, mas não publicamente admitida por ser tabu.

É uma informação falsa, portanto. Não se deve confiar nesta informação e isso é o pior que se pode dizer de alguém que faz disso profissão.

Não são incompetentes. Apenas têm medo de ser competentes. Um medo já atávico de serem atacados por dizerem a verdade...

Não sentirão vergonha?

Já agora corrijam a notícia nesta parte: Na conferência de imprensa, Luís Neves descreve este cinco suspeitos como “o núcleo duro que perpetuou as agressões”...porque fica mal, não fica?!

Ainda por cima escrita por quatro jornalistas e ainda a "Agência Lusa".

Arre!

ADITAMENTO. Leia-se agora isto que é absolutamente surreal:

Morte de Luís Giovani. Ex-inspetor e líder de comissão das vítimas atribuiu crime a "ciganos". PJ desmente.
Carlos Anjos, presidente da Comissão de Proteção de Vítimas de Crimes, ex-PJ, afirmou num programa de TV que "aparentemente foi um grupo de ciganos" responsável pela morte de Luis Giovani. PJ desmente: "Não há um grupo de ciganos. Ponto."

O pobre do Carlos Anjos já não sabe onde se há-de meter. Percebendo a gaffe, já se desdiz:

Carlos Anjos, que foi investigador da PJ e ainda faz parte dos seus quadros, estando em comissão de serviço no atual cargo, para o qual foi nomeado em março de 2011 pelo então ministro Alberto Martins, fez a afirmação sobre a identidade étnica dos agressores de Giovani ao ser questionado na CMTV pela astróloga e apresentadora Maya, que lhe perguntou:  "Carlos, diz-se nas redes sociais, circula nas redes sociais que o grupo de 15 jovens que entraram na rixa era um grupo de ciganos. Isto é verdade?" A resposta foi: "Aparentemente sim. Mas não é por ser um grupo de ciganos os agressores ou por os agredidos serem cabo-verdianos que o Estado e a polícia olham para o caso de forma diferente."
Ao DN, Carlos Anjos esclarece: "Fizeram-me uma pergunta e eu disse "de acordo com as informações que tenho, são ciganos, tudo leva a crer que sim.""

Questionado nesta quinta-feira, antes ainda do anúncio pela PJ da detenção dos cinco suspeitos, sobre o que será o "tudo" que o leva a crer tal, e ex-investigador, que é comentador residente do Correio da Manhã, invoca "o que corre nos media e dentro da própria PSP e PJ. Fontes ligadas ao processo disseram o que eu disse." Mas tempera, afinal, a confiança nessas fontes: "Se eu tivesse a certeza absoluta dizia. Eu não fiz uma afirmação, deixei no ar. Sobre as minhas declarações ninguém pode dizer que eu disse que são ciganos. Fizeram-me uma pergunta e eu disse "de acordo com as informações que tenho, são ciganos". Não inventei, não especulei."

Enfim, que mal tem dizer que foi um grupo ou se não foi um grupo que foram alguns ciganos? Tal significa algo de especial se for verdade? 


Esta gente com pruridos racistas à outrance quer mudar a realidade? Alguém com dois dedos de testa vai atribuir à comunidade cigana a responsabilidade pela morte do infeliz cabo-verdiano? 

Porque é que as coisas não podem ser ditas como são, sem complexos, como dantes acontecia, sem problema algum e sem medo algum de se ser apodado de racista? 

Carlos Anjos ainda vai ser corrido do cargo que tem por causa desta coisa. E se tal acontecer devemos concluir que a sociedade portuguesa está doente. A PJ, essa, já está contaminada...

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A obscenidade do jornalismo televisivo