terça-feira, março 31, 2020

Mata-Bicho 15: um Buescu feito cassandra

Observador:


Entretanto, os "especialistas" reunidos em conclave concluiram o seguinte para desfeita do Buescu:


Estas pessoas lembram-me um disco dos anos oitenta, com uma capa muito interessante  e um tema curioso: she blinded me with science. Cegou-me com a ciência...



O disco é este:




Mata-Bicho 14: o director do Público não é a DGS cá da terra...

No outro dia o director do Público, um indivíduo em quem cheguei a acreditar por me parecer razoável e minimamente inteligente, desiludiu-me de vez. Com a proposta de censura por causa de um autarca de Ovar, do PSD, ter desmentido e acusado a Direcção-Geral de Saúde de desinformação, o director do jornal encrespou-se contra o mesmo e defendeu publicamente a censura porque não se deveria pôr em causa esse poder do Estado ao "pôr em causa a seriedade das autoridades de saúde".

Descobriu agora que afinal é preciso mesmo pôr em causa, sempre que merecem. Este indivíduo depois de tantos anos de jornalismo ainda não percebeu o básico e essencial da profissão: informar. Que é diverso de tentar formar de acordo com uma visão do mundo e da sociedade, obrigando-se ao exercício diário de manipular o que coloca no jornal para conformar tal visão. Tal implica a adopção de noticiar sempre de  modo enviesado, através da escolha de títulos, de colaboradores e de artigos de opinião em barda que enlameiam as notícias com a visão idiossincrática de quem as escreve.
É isso que o director do Público tem feito, imitando o jornalismo de partido, grupo, facção ou ideologia. É o anti-jornalismo e a opção pela propaganda, muitas vezes ( no caso das  causas, fracturantes) em modo panfletário. Miserável!

 Na edição de hoje aparece com isto que o desmente e transforma em mais um palerma que anda por aí por ver andar os outros:


Na mesma edição um artigo de um especialista, um "cientista" que já andou nas inteligências artificiais e agora é da área de ficção científica. Obviamente tem carradas de razão naquilo que escreve e é um bom alerta:


Depois desta incursão na ficção científica voltemos à terra e ao mais recente caso de incompetência, diletantismo e incrível manifestação de ignorância em quem não se deveria admitir tal coisa,  num caso destes que causa manifesto alarme social. Nem contar sabem, com os sistemas informatizados...





Entretanto, notícias fascinantes do mundo da Ciência, no caso da Inteligência Artificial:



segunda-feira, março 30, 2020

Mata-Bicho 13: música para ler



Quem quiser ouvir música, hoje em dia, na Internet tem um acervo impressionante de vídeos cuja diversidade e quantidade é de tal ordem que facilmente se consegue ouvir quase tudo o que se deseja.
Até programas de rádio, antigos, em pocast ou em gravações colocadas por curiosos e amadores.
Há uns anos lembre-me de procurar algo que o falecido dj do rádio inglês, John Peel tivesse disponível para audição.
Em 1975, durante o PREC afanosamente procurava estações de rádio estrangeiras que pudesse sintonizar por cá e apanhei em ondas remotas o programa de John Peel, Top Gear de que já tinha visto a menção nos jornais musicais ingleses como Melody Maker e New Musical Express.
Num desses dias, precisamente em 19 do mês de Dezembro desse ano,  apanhei um programa em que foram passados os 15 melhores singles do ano, na música anglo-saxónica.
Prontamente apontei a progressão até ao top, a partir do nono lugar, que era no caso Peter Frampton e o que viria depois a figurar no álbum ao vivo, Show me the way, com o gimmick do tubo a modificiar robótica e electronicamente a voz do cantor, um efeito estranho na época.
O resultado foi este, actualizado e corrigido há una anos quanto a nomes cuja pronúncia na altura não apanhei.


É simplesmente impressionante poder ouvir novamente talemissão, resumida em alguns minutos de passagem de tais músicas, registada no You Tube e completa. Tem ainda o indicativo do programa, um tema dos Grinderswitch, pickin the blues.


Impressionava-me ainda  o modo como o dj desenvolvia a apresentação num tom aparentemente monocórdico e frugal, sóbrio, tal como por cá então se fazia num ou noutro programa, como o Página Um, na Rádio Renascença de 1974-75, por aqui já evocado em tempos.

Era assim que tomava conhecimento das novidades musicais de então, na era prè-internet e sem outro modo de informação para além desse e das publicações periódicas que apareciam por cá e comecei a coleccionar no início dos anos setenta.
Uma revista que comprei desde Setembro de 1974 era a francesa Rock & Folk que preenchia todos os meses a falta de informação que por cá existia e fazia-a de um modo exemplar e em permanente epifania. Todos os meses descobria coisas novas cuja qualidade musical se tornou assinalável, mesmo depois destas décadas.

Portanto, hoje em dia é fácil redescobrir tudo isso, no You Tube, desde que se tenha o conhecimento suficiente e interesse necessário para tal.

Um dos grupos e artistas que mantém todo o interesse, para mim, depois destas décadas é o grupo americano Hot Tuna e o seu mentor Jorma Kaukonen mais o parceiro musical do baixo, Jack Casady. Ambos fizeram parte do grupo de rock dos sixties, Jefferson Airplane mas o interesse pela música do duo cinge-se, neste caso ao que fizeram na década a seguir, com tal grupo e a solo.
Jorma Kaukonen, neto de finlandeses que vieram emigrados para os Estados Unidos publicou em 2018 uma biografia que intitulou Been so Long, reminiscência de uma das suas canções e tem um sítio na Internet onde se podem ver a actuar ainda nos dias de hoje e com uma qualidade que já não é vulgar ver em artistas do passado, como ele.



Como é que conheci este músico e a sua obra?

Em Setembro de 1976 a revista Rock&Folk tinha esta capa dedicada aos festivais musicais em França, particularmente em Orange.




Intrigou-me que do conjunto de artistas de renome que poderiam figurar na capa tivesse aparecido a foto dos Hot Tuna, grupo que só conhecia de nome, na altura e por ter lido algo na revista, antes.
Hoje em dia é fácil ouvir tudo, logo e imediatamente se se tiver uma ligação à internet.  Na altura podiam passar meses ou anos antes de surgir uma possibilidade de audição.
Para além disso a música mais interessante dos Hot Tunha já tinha sido publicada em discos antes de 1976, ao longo da década.
E…música dos Hot Tuna em Portugal, no rádio, meio de divulgação por excelência? Nem me recordo de ouvir nada, nesse ano e no seguinte.
Em 1978 a mesma revista Rock&Folk passou em recensão completa os discos dos Hot Tuna, com Jorma Kaukonen. 



Nove discos, lançados entre 1971 e 1978,  todos de qualidade para ouvir integralmente e de preferência na versão em vinil, original porque só assim se apreende toda a subtileza sonora do country-blues acústico e eléctrico que deles emana em composições que nunca deixaram de me fascinar em modo sonoro.

Em 1978, porém, o grupo lançou o derradeiro disco, ao vivo e chamado Double Dose. E ouvi-o no programa de António Sérgio, Rotação, salvo o erro.  
O som era de reverberação quente e grave como a voz e programa do apresentador. Lembro-me da apresentação do disco porque a gravei, numa cassete que andará por aí: “no início das suas actuações ao vivo Hot Tuna costumava aquecer o ambiente com algumas canções acústicas”, mais ou menos isto.  E lançava o som…cujo disco comprei apenas no início dos 2000, um lp descoberto algures numa loja de discos usados, no estrangeiro de Monastiraki.
Era uma prensagem original, americana, como as demais que ao longo dos anos fui adquirindo, dos discos dos Hot Tuna, aqui mostradas em progressão diacrónica.


 No início dos anos oitenta ouvi por acaso outro disco que não conhecia, de Jorma Kaukonen, chamado Quah! e do ano de 1974, realizado em parceria com outro artista, Tom Hobson.
Foi uma surpresa e durante muito tempo as canções não me saíam do ouvido, particularmente as  iniciais, Genesis e Song for the North Star. 
Esta última tem uma letra de poesia contagiante, pela evocação de sonoridades antigas que se repercutem nos meus ouvidos sempre que a ouço e faço-o muitas vezes por causa disso e vou cantarolando por isso mesmo. 


A versão aqui mostrada é a de Genesis que abre o disco, mas este pode ser ouvido integralmente no you tube.
 No entanto, este pequeno video reproduz uma das canções de 1974 cantadas e tocadas pelo artista há poucos anos, no seu recanto particular e caseiro, em  Ohio, chamado Fur Peace Ranch onde o artista vive com a família. 



Ah! E tem agora uma mensagem e recomendação sobre o que se passa com a guerra ao bicho...

Mata-Bicho 12: leia-se quem sabe melhor...

Observador, entrevista a um responsável pelo Imperial College ( são os que percebem de saúde pública a um nível diverso do de um Jorge Torgal...):



Haja alguma esperança na Ciência médica para ajudar a combater o bicho.

domingo, março 29, 2020

Mata-Bicho 11: a Censura está aí, indesmentível.

Na TVI do inenarrável Sérgio Figueiredo, acusado e pronunciado pelo MºPº e JIC de comportamentos muito graves em matéria de criminalidade económica, há censura. E da sua responsabilidade. Em prol da propaganda governamental e na linha editorial do Público e do Diário de Notícias.
Em tempo de guerra contra o bicho os inimigos da liberdade de informação já alinharam na desinformação e omissão informativa.
Nenhum destes media merece credibilidade indubitável que é um dos activos mais importantes de qualquer órgão de informação, pelo que a atitude certa perante estes comissários de certa política é o cepticismo.

CM de hoje:


 O Público mostra em duas páginas assinadas por Cristina Ferreira, uma espécie de Ana Leal um pouco desajeitada e incipiente, o panorama da advocacia " de negócios", dos maiores escritórios do país.
O artigo tem muito pouca informação, para além de notícias sobre o "mercado de transferências" nestes escritórios de várias centenas de profissionais. As conexões relevantes e sistemas de contactos são ignorados e as manobras de transferências são apresentadas como decorrendo de certos fenómenos conjunturais sem grande explicação genética.

Ainda assim temos um resumo do estado da arte nestas sociedades muito opacas e sem grande vontade de transparência, pois não costumam publicar contas para toda a gente ver a quantas andam.

Mandam-nas para a Ordem dos Advogados que as guardam a sete chaves e o Fisco fica a ver navios por esse lado do sigilo profissional.

Há contudo a indicação de algumas contas, já antigas e sabe-se que uma das sociedades mais alargadas, - a MLGTS, a de Morais Leitão- com cerca de 240 membros, entre sócios e advogados séniores, júniores e zés-ninguém mas as várias marias que vão com as outras, terá ganho qualquer coisa como 55 milhões de euros em 2018.
Ora como indicam ter encargos com vencimentos da ordem dos 50% das receitas, temos que será a metade de tal redimento a dividir pelos 240. Isso se fosse uniforme que evidentemente não é.

Se o bolo do salário for da ordem dos 22 milhões de euros teremos que contabilizar e subtrair como beneficiários das fatias maiores os quase 40 estagiários, os tais zé e marias ninguém que ganharão o pão com o suor do rosto do rendimento mínimo, se tanto. Nem contam e por isso restam cerca de 200 profissionais a que se deverá subtrair o número de sócios e gente de muito vulto na sociedade- Lobo Xavier, Galvão Teles Sénior, Rui Patrício, o inefável sparring partner sabe Deus de quem..., mais o Osório do futebol do tipo Ronaldo, mais os Anacoreta, Lowndes e outros que tais, como os Pinto Leite.
São 64 os privilegiados,  ao todo e por isso o bolo geral fica em pouco mais de 140 que recebem à tabela, porventura confortavelmente mas nada de muito substancial. Alta função pública? Talvez um pouquinho mais, mas só um pouquinho. Neste lote está o filho de António Cluny, mais o liberal Francisco Mendes da Silva e outros.

Fazendo contas:

Se cada um destes 140 ganhar anualmente 80 mil euros, com tudo incluído, mesmo os descontos devidos, dá uma conta calada anual de cerca de 12 milhões de euros mais coisa menos coisa, para esta "ralé" de luxo, em compita com os privilegiados dos gabinetes com indicação de "sócio" à porta.

Tirando ao bolo geral, ficam para distribuição aos felizardos da nata do sistema, sócios de capital, indústria e empenho nas tarefas necessárias da actividade de manter sistemas de contactos,  cerca de 10 milhões de euros, o que dá cerca de 160 mil euros, muito por alto. Mas neste caso contando com os "encargos" teremos que metade irá para o fisco e segurança social. Ora então sobram, sei lá, 80 mil euros para gastar na vida que todos levam. 7 mil euros por mês. Menos que o presidente da República?!  Comprar carros, viagens à neve e às ilhas e até a Itália no tempo em que se podia lá ir e sem ajudas de custo...

Fónix! Não pode ser! Será que o Fisco faz estas contas?! Se não faz, devia fazer...

Os encargos serão mesmo da ordem dos 50% das receitas? E tais encargos incluirão os devidos ao fisco e Segurança social dos membros efectivos da sociedade? Não sei. Se incluírem as contas estarão erradas e terão que subir.
Porque é que a jornalista pespineta não se abalançou às contas, mesmo por alto, entrevistando quem a poderia informar? Enfim...

Só o Lobo Xavier deve ganhar mais que isso na SONAE...mas aquele inefável Patrício não deve ser muito mais que isso...
O Figueiredo da TVI ganha muito mais que isso. Garantido. E não vai chegar para pagar a indemnização que lhe é pedida pelo frete criminoso de que está acusado e pronunciado. Se for condenado com trânsito em julgado, naturalmente e daqui a uns anos, quando a TVI já o tiver despachado pelos magníficos serviços prestados e com a justíssima causa da praxe.

Aqui fica o artigo:



Quanto ao escritório que foi do Júdice, agora na "arbitragem", a PLMJ, ...as contas não serão muito diferentes.

sábado, março 28, 2020

Mata-Bicho 10: as tentativas científicas de extermínio

Science & Vie de Abril 2020: a gente da ciência anda em busca de um matador.


Mata-Bicho 9: a China, essa desconhecida.

No jornal Sol de hoje, numa edição mais bem feita que o Expresso, sem interesse nenhum, aparece uma entrevista alargada a Guilherme Vicente, indivíduo já com quase oitenta anos e que esteve na China nos anos da Revolução Cultural e depois disso. Casou com uma asiática e tem escrito por vezes artigos que já tenho citado aqui. É um original que vale a pena ler. E reparar no que diz a sua experiência, mormente sobre a China.

Em 1973 um francês- Alain Peyrefitte- escreveu um livro sobre a China cuja menção na altura me impressionou: "Quando a China acordar...o mundo tremerá!"

Em 7 de Maio de 1974 a revista francesa Le Nouvel Observateur dava conta do sucesso literário da época:


Nunca mais esqueci tal título que aliás nunca li. Ao longo dos anos diversas publicações, incluindo a mesma Le Nouvel Observateur consagraram artigos à China, nomeadamente através do "sinólogo" de serviço K. S. Karol que fui lendo.

Agora aparece esta entrevista muito interessante que vem dar uma perspectiva diferente da que estava habituado e esbate um pouco a ideia do duende do CM, João Pereira Coutinho e outros:


Esta entrevista é de alguém que conhece a China e a mentalidade asiática e isso interessa-me porque se aproxima mais da realidade que julgo ser a verdadeira.

Aqui há uns tempos li um livro cujo início me impressionou por mencionar a China do tempo dos  nossos exploradores marítimos que lá chegaram,  na passagem do século XV para o XVI e aí ficaram décadas, séculos, numa pequena parcela do território chinês: Macau.

O livro é Os Conquistadores, de Roger Crowley e que conta a história da nossa gesta, enquanto portugueses,  nas viagens marítimas e a ocupação de algumas terras no Extremo-Oriente.

No início fala-se da China, então uma super-potência que tinha desistido de explorar os mares...deixando a via aberta aos portugueses que o fizeram.


Esta explicação do que aconteceu parece-me extraordinária e alertou-me para o que serão verdadeiramente os chineses.

Ando por isso à descoberta e a entrevista de Guilherme Vicente é mais um elemento nessa busca de conhecimento. De "ciência" histórica...


sexta-feira, março 27, 2020

Urbi et Orbi

Vaticano, agora ( 17:09)

Mata-Bicho 8, tríplice

Do famigerado Polígrado de hoje:


O médico em causa, catedrático em Saúde Pública (!) é Jorge Torgal, o tal que tem ar de ter engolido o garfo da praxe e é apresentado nas peças jornalísticas laudatórias da actual directora-geral de Saúde como sendo o seu mentor e responsável pela notoriedade, malgré elle.

Enfim, é com estes cientistas que temos que contar...

Mata-Bicho 8, dose reforçada: jornalistas amigos do poder, vencerão!

O jornalista Ferreira Fernandes, um antigo esquerdista, fundador dos SUV de 1975 e apoiante notório de causas de esquerda, actual empregado de Proença de Carvalho, um notório advogado de uma esquerda ainda mais notória ( a dos negócios com o apoio do Estado), escreveu assim, ontem, numa folha de couve chamada "diário de notícias":


A gente sabe que há muitos anos que Ferreira Fernandes não gosta de anónimos que escrevem em blogs.
Por isso mesmo é que vale a pena lembrar a sua condição de antanho, como fundador dos SUV,  os bravos "soldados unidos vencerão". Nessa altura assumiu a condição de anónimo e encapuçado , sem pejo de qualquer cobardia...



Mata-bicho 8: os testes do algodão para tolos

Público de hoje:


Ontem, o director do Instituto Ricardo Jorge explicava um pouco mais que esta entrevista no Público, sobre os testes "rápidos":


Fernando Almeida, presidente do Conselho Diretivo do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), explica que os testes rápidos ao coronavírus ainda não têm luz verde para ser utilizados em Portugal por serem incapazes de detetar o vírus em fases iniciais de contágio.

"Tem havido tentação de se avançar para testes rápidos. O Instituto Ricardo Jorge tem sido ponderado e aconselhado o Ministério da Saúde e DGS a usar os testes clássicos, em que identificamos claramente o gene e o vírus. Há outros três tipos de teste que nenhum teve o parecer positivo do INSA nem do Infarmed", começa por dizer o presidente do INSA, hoje presenta na conferência de imprensa diária de atualização de informação relativa à infeção pelo novo coronavírus

A incapacidade de detetar o vírus nos primeiros dias após contágio é o motivo para a não utilização dos testes.

"Temos de ser muito criteriosos na utilização destes testes porque só detetam os anticorpos entre sete a dez dias depois da infeção. Podem ser válidos para uma fase subsequente, que não vai demorar muito a chegar, para perceber o nível de imunidade da população portuguesa", explica.

Fernando Almeida diz que Portugal precisa de testes que sejam claros na deteção do vírus para se evitar falsos negativos. "Precisamos que os testes que digam negativo sejam mesmo negativos"
.
Quem ler a entrevista no Público ao especialista Vasco Barreto, se não perceber nada da matéria, fica em branco e desinformado. É este o jornalismo do Público: apanha um especialista, coloca-lhe algumas perguntas sobre um assunto de que o jornalista não percebe patavina e sai um pastelão jornalístico.

Ou uma figura destas, a de um Difool...personagem mítico da banda desenhada de ficção científica que começou a publicar-se em Dezembro de 1980, no nº 58 da revista Métal Hurlant, francesa, numa historieta que se encontra entre as melhores que jamais li no género.

A história desta revista merece ser contada e fica para um dia destes. Por agora o Difool e as suas desventuras com os filisteus. No caso do entrevistado que sabe muito bem quem era o Difool, os perpetradores de desgraça são os jornalistas, mas o destino é o mesmo: o abismo da incompreensão e desinformação.


E já agora, para se ver a continuação e o método de salvamento in extremis deste Difool: entidade externa, com a polícia de costumes sempre à coca...


Como isto é mais ou menos uma private joke, sem joker, aqui fica o apontamento de Miguel Esteves Cardoso no Público de hoje, sobre os "Cientistas"...e que fala nas perplexidades que a mim também me impressionam:


quinta-feira, março 26, 2020

Mata-Bicho 7: a defesa da mentira em editoriais

Na Sábado de hoje, este editorial soa a alarme:


Costumo comprar a revista Sábado pelo que me julgo autorizado a escrever sobre o assunto como leitor.

Desde o início que esperava uma revista algo diversa daquela que é. Mais dinâmica, inventiva, inovadora. Mais afoita no tratamento de certos temas e com o passar dos números fui-me habituando ao formato quase sempre frustrante e desmotivador da compra.
A revista, para sobreviver economicamente tem que fazer uma coisa muito simples e muito difícil: conseguir que haja um número suficiente de pessoas dispostas a gastar 3 euros e meio do seu rendimento ( agora) para a comprar.  Segundo números do ano passado, a revista tira cerca de 40 mil exemplares para venda. Não sei se isso chega para a manter economicamente porque serão coisas da gestão.

Num universo de poucas dezenas ou escassas centenas de milhar de leitores de periódicos, a Sábado gaba-se de ir à frente dos demais do género, como a Visão. Também não precisa de se esforçar muito porque a tal Visão é medonha, actualmente. Grafica e editorialmente um susto, mas todo à esquerda, como o grupo editorial que a sustém. Vive de um passado remoto de esquerdistas reciclados.

A Sábado é por isso o que é e nada mais. De vez em quando lá surge um artigo interessante, uma reportagem que vale a pena mas é raro e o interesse sobrevive pelos fait-divers e artigos de ocasião.  Logo no início escorraçaram um inconoclasta, Alberto Gonçalves e substituiram-no pelo pequeno duende dos artigos de coluna infame, o Pereira Coutinho, raras vezes com verdadeiro interesse.
Hoje, por exemplo, avisa-nos sobre o regime de infâmia que é a China, pejado de mentirosos profissionais do marxismo e maoismo antigos e que esconderam deliberadamente a gravidade da pandemia local permitindo o alastramento mundial.

O editorialista propõe medidas drásticas para estancar a hemorragia mediática e afirma que "é nos momentos de crise que o jornalismo responde". Um dos factores que destaca é o do empenho da classe na propaganda sobre a "coesão nacional"...e digo propaganda porque disso se trata.

Se não vejamos o que escreve o Público de hoje em editorial:




 Repare-se na gravidade da proposta, consentânea aliás, com o escrito de Eduardo Dâmaso: o autarca de Ovar, um PSD ( fui ver...) disse ontem numa tv, repetidamente e em tom de alarme justificado pelo estado calamitoso em que se encontra o seu concelho,  que a DGS não diz a verdade sobre o número de infectados naquele concelho. E a disparidade é de ordem significativa: em vez dos 55 anunciados, o autarca assegurou ter registos, com nome e tudo, do dobro das pessoas atingidas e-importante- que tais números locais tinham sido oportunamente comunicados à estrutura da Direcção-Geral de Saúde, desmentindo ipso facto os números de tal entidade oficial.

O que defende o inacreditável director do Público? A censura? Exactamente. Em nome do mesmíssimo princípio pelo qual tal fenómeno existia no tempo do salazarismo.  Inacreditável a volubilidade deste indivíduo, quando escreve em nome de uma causa. E ataca o autarca por ter desmentido a entidade governamental, o que evidentemente nunca deveria ter sido reportado publicamente. O Público nunca o faria...

Estamos a ver portanto onde chega esta mentalidade, no Público: à desinformação e fake news que tanto vituperam nos outros que não lhe agradam politicamente. O Público transformou-se num panfleto político inacreditável porque já nem é jornalismo sequer. Cada vez se afunda mais neste lodo de carácter perverso.

Qual a diferença entre o Público e a Sábado? Poderemos vê-la neste retrato da actual directora-geral de Saúde, hoje feito na Sábado e no outro dia feito no Público e já aqui comentado:


Ambos os artigos são laudatórios não transparecendo nos mesmos ponta de apreciação crítica à visada. Nenhum deles realça qualquer coisa de fundamental e que explique por exemplo isto:

Um retrato jornalístico de alguém com a responsabilidade da actual directora-geral de Saúde exige uma atenção crítica a aspectos menos favoráveis e como ambos são demasiado laudatórios soam a falso e oco. Frete, sem necessidade nenhuma.

O artigo da Sábado, porém, tem a vantagem de estar mais bem escrito que o do Público, ter mais informação e susceptível de mostrar que a visada é uma espécie de ingénua que apareceu ali, naquela direcção geral quase por acaso e por via de um concurso público, mas promovida por um indivíduo chamado Jorge Torgal, o que aparece por trás destas coisas na Saúde e já mostrou um saber inacreditável nestes assuntos.

De resto a directora geral, dr.ª Graça Freitas é inegavelmente uma pessoa simpática e comunica de modo real e sem subterfúgios, como o outro que aparece por vezes ao lado, que é de fugir.

Mas...penso se seria capaz de lhe comprar um carro usado e respondo a mim mesmo que não. Teria receio de ela nem sequer conseguir saber como estava o carro e por isso não me merece a confiança necessária...

A obscenidade do jornalismo televisivo