Nestas três notícias do Correio da Manhã de hoje há um elo de ligação: milhões de euros do erário público geridos por governantes conhecidos, nos últimos anos. E outro ainda: a sindicância dos organismos de supervisão detectou anomalias que suscitam perplexidade pelo montante e importância dos valores envolvidos e geridos por quem deveria ser o mais rigoroso, isento, parcimonioso, sério, competente e transparente possível, ou seja aqueles que nos governam por mandato democrático e quem os mesmos nomeiam para exercerem funções públicas ou que lidam com dinheiros públicos.
Na primeira notícia dá-se conta que uma firma de consultadoria económico-financeira -Perella Weinberg Partners, com um sócio português, Paulo Pereira - assessorou o governo ( Parpública) na operação de privatização da REN e EDP e por "ajuste directo" efectuado pela Caixa BI ganhou mais de dez milhões de euros ( seria interessante verificar a nota de despesas...).
O Tribunal de Contas, entidade de supervisão, apontou tal facto e criticou severamente tal operação que se lhe apresenta como um sério abuso de "facilidades": a Caixa BI foi contratada por ajuste directo e por sua vez subcontratou por ajuste directo também, a referida firma, numa operação desta envergadura.
Se isto cheira a esturrro? Para já é apenas o fedor da opacidade e irregularidade detectada..
Depois, o negócio que a mesma CGD do tempo glorioso de Armando Vara ( condenado num processo pendente em cinco anos de prisão efectiva por crimes similares ao de corrupção).
Lendo, fica-se a perceber o fedor e o esturro que ainda se encontra em análise no MºPº
Por fim, outro assunto envolvendo a "gestão autárquica" na Câmara de Gaia, pela dupla de magníficos Menezes&Marco. É ainda o tribunal de Contas a dizer que foi uma pouca-vergonha o buraco financeiro detectado nas contas da autarquia, cavado por aqueles autarcas, um deles agora no governo e com posição hierárquica de topo e o outro retirado e com as barbas de molho.
O descalabro nas contas detectado pelo TC deveria ser sinal impeditivo de qualquer oportunidade de participação na gestão de coisa pública destes dois indivíduos. Qual quê!
Portugal não é a Grécia, mas estes três exemplos colocam-nos ao melhor nível dos países da América Latina de antanho que eram os costumados países "terceiro-mundistas", sinal de que a democracia por lá ainda era uma quimera e que perigosamente nos lembra que por cá andamos perto dessa miséria.
Em Portugal, os avisos do Tribunal de Contas, com a seriedade dos indicados é coisa tomada como menor e não tem qualquer reflexo prático na responsabilidade política.
Não admira por isso muito que alguns entalados excelentíssimos
proclamem inocência, perante a perplexidade geral. Um dos visados, o
excelentíssimo Meneses, já comentou o acórdão do TC dizendo que "é uma
opinião de mercearia"...
Este indivíduo em tempos quis ser líder do PSD.
Tudo isto fica no limbo reservado da "responsabilidade política" que é tratada do modo indicado, pelos meneses de Portugal: coisas de mercearia.
Quanto à criminal, ainda menos atenção merece porque os crimes de administração danosa parece que são apenas para designar a actuação dos responsáveis pelo BPN ou o BES ou coisa assim e que , aliás, nem os podem praticar...
Esta forma de entender os negócios públicos e o modo de actuar da parte de quem governa é absolutamente vergonhosa e com laivos de crime escondido com milhões de fora e ninguém fala disto seriamente em on, preferindo esconder os off, pondo a falar os louçãs, jorges coelhos e demais bagões em quadraturas de círculo e prós e contras sobre o segredo de justiça.
É que eles sabem o que valem estas ocasiões e os milhões que estão em jogo...e quem os aproveita. E se nestes casos tais negócios são "limpos" e sem mácula, o melhor seria então evitar os reparos das instâncias de supervisão. O contrário revela no mínimo uma incompetência que devia ser absolutamente incompatível para governar e ser escolhido como governante, mesmo e principalmente de autarquia.
Se as opiniões de mercearia são apanágio dos tribunais nestas contas de sumir, então deveria evitar-se que estes indivíduos tivessem ocasião de vender azeite fora da tabela ou passar mercadoria por baixo do balcão. A ocasião faz o ladrão, como diz o povo...
Tal como dizia o advogado Júdice há uns meses, aquando da detenção do recluso 44, pelos factos já então conhecidos dos milhões emprestados, se tal se revelasse verdadeiro seria sinal de uma enorme estupidez. Por uma razão que aliás explicou claramente: há outras formas de fazer as coisas que não dão nas vistas desse modo.
Ninguém na tv ( uma Lourença qualquer) teve o cuidado básico de lhe perguntar como é que se fazia e ele dava mostras de saber muito bem...
no que respeita aos tribunais de contas e constitucional
ResponderEliminar'venha o Diabo e escolha'
tanto tribunal e
'quanto mais mexe, mais fede'
tudo a posterior
diz-se que uns seguram e abrem o saco
e os outros ensacam
o mal são os politicos, sindicalistas, analistas profissionais ...
As leis permitem ajustes directos, vendas de empresas públicas em leilão restricto. Este é o buraco por onde recorrem os decisores para eventualmente ganhar algum.
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Isto não é passado. É coisa do presente. Veja bem como se procedeu às 'privatizacoes' últimas. Nenhuma delas foi clara. Foram todas decididas por ministros. Nenhuma delas foi uma operação em bolsa onde todos podiam dar ordens de compra e assim formar-se um preço. Não, foram todas decididas em conselho de ministros. Tu ganhas e tu perdes. Os motivos para eleger o ganhador arranjam-se à medida e circunstanciados aos interesses. Tamanha desconfiança na transparência de uma OPV em bolsa nunca assisti.
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Casos? Só depois de saírem é q se descobrirá. Para já fica o método escolhido q propicia ser corrompido. Só um anjolas não vê q, por estes métodos de leilão restrito e ajuste directo, a quantidade de propostas para luvas deve ter sido fantástica. Deve ter havido um fartote de agentes a levar ofertas a ministros.
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Em angola as ofertas vem revestidas de contribuições para a fundação dos direitos das criancas q cada ministro diz q tem. Em Portugal deve ser coisa semelhante, mais sofisticada porém. Por ex, a massa de luvas dos submarinos foi lavada no brasil. E quem a lavou é número dois do governo. Altura em q o partido do lavador recebeu umas ajudas de custo.
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Rb
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Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarO que vai acontecer então?
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É simples. Vão andar atrás de um ou dois corrumpidos, prende-los, liberta-los, usar recursos imensos. Mexer nas leis para alterar métodos é que não.
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Vamos andar todos à cabeçada. Uns a dizer q são inocentes, outros a jurar q são culpados. Os jornais a vender e inventar estórias. Dessa vez aqueles q juram inocência vão ser os da tribo da direita. Os q juram culpabilidade, da tribo da esquerda.
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Os negócios, porém, continuarão de vento em popa.
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Rb
Lá vem este com a esquerda e a direita e a direita e a esquerda e sem saber para que lado o há-de arrumar.
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