RR:
A eventual acusação contra José Sócrates terá de estar concluída até 15 de Setembro. Uma nota divulgada esta quarta-feira pela Procuradoria-Geral da República (PGR) lembra que Amadeu Guerra dera em Novembro três meses ao procurador responsável pela “Operação Marquês” para facultar elementos que lhe permitissem fixar um prazo para a conclusão do inquérito. Após o fim do inquérito, poderá haver arquivamento ou acusação. Na nota enviada para as redacções, a PGR adianta que se aguarda ainda a resposta a três cartas rogatórias, justificando também o tempo que tem levado a investigação pela “vasta prova a analisar e relacionar”
(...)
Em declarações à Lusa, João Araújo, outro advogado de Sócrates, vai mais longe e diz que "esta fixação de datas é absolutamente ilegal e ridícula”.
Para João Araújo, o facto de a defesa tomar conhecimento da data fixada pela comunicação social, e não pelo DCIAP, mostra que "o deboche continua".
A defesa deste arguido excelentíssimo continua a pautar-se pela arrogância desmedida, pela má-educação e pela frequência da estrebaria dos conceitos.
Devem achar que é assim que se defendem os arguidos contra os que consideram malfeitores, no poder judiciário. Resta saber onde aprenderam tal doutrina.
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quarta-feira, março 30, 2016
segunda-feira, março 28, 2016
O código zip: como é que isto foi possível?
Um dos motivos porque escrevo neste blog, em público, é o de saber a razão profunda de terem existido tantos comunistas que lutaram contra o regime de Salazar enquanto propunham e acreditavam num regime cuja natureza era infinitamente mais perversa para a população do que jamais o de Salazar o fora. Censura no regime de Salazar e Caetano? Os regimes de Leste tinham disso em decuplicado. Repressão policial e política, da PIDE? Os regimes de Leste tinham isso em centuplicado, com assassínios necessários e gulags convenientes durante décadas. Ausência de liberdades individuais? Os regimes de Leste tinham disso em permanência e refinamento inimagináveis. Ausência de desenvolvimento económico? Os regimes de Leste caíram talvez por causa disso...
Em suma: qualquer um dos defeitos graves apontados ao regime anterior a 25 de Abril de 1974 tinha o respectivo contraponto, de uma evidência gritante, nos regimes de Leste que os comunistas de cá pretendiam imitar, propagandeavam clandestinamente e por isso eram presos, julgados e condenados perante a legalidade vigente.
Por isso mesmo uma interrogação se agiganta: porquê?!
Em 1969, já em plena Primavera marcelista, o regime apresentava uma abertura aos tempos novos que não era apenas de fachada.
A expansão da televisão, no final dos anos sessenta do séc. XX tinha conferido uma visibilidade a certos fenómenos que iriam condicionar o futuro do país. Em 1960 haveria cerca de 30 mil aparelhos de tv no país, mas dez anos depois já seriam quase 400 mil.
Em 24 de Maio de 1969 a tv apresentou um programa orientado por Raul Solnado, Fialho Gouveia e Carlos Cruz, chamado Zip Zip, gravado num teatro com público anódino e que aparecia e entrava até lotar a sala.
Em 18 de Julho de 1969 o programa era um sucesso retumbante e tinha a participação de vários músicos e artistas "progressistas", leia-se comunistas.
A Flama dessa semana trazia um artigo desenvolvido sobre o mesmo, com duas páginas em que aparecia um certo José Jorge Letria, na qualidade de segundanista de Direito, cantor e compositor de baladas e antigo colaborador do Diário de Lisboa que dizia assim:
Esse mesmíssimo número dessa revista de grande divulgação e que então pertencia ao Patriarcado, publicou quatro páginas de um artigo da revista italiana Epoca, sobre o...comunismo na URSS.
Aquele José Jorge Letria, então um jovem de 18 anos já era suficientemente adulto e esclarecido para ler o artigo da Epoca e será difícil acreditar que não o viu, então.
Porém, em 2013 explicava no livro E tudo era possível, esse tempo...
E nem a viagem a esses países, anos depois, desfez a ilusão ou esclareceu melhor a utopia. Anos depois, uma boa parte destas pessoas integraram o PS ou votam no PS, e continuam de "esquerda"...
Como é que isto foi possível? Não sabiam? Continuam sem saber? São como os alemães em relação ao nazismo, em permanente estado de negação, por causa da ideia "völkisch"?
É um mistério dos grandes porque só se entende pela ideia de que pode haver razões que a razão desconhece.
Por outro lado, aquele programa de tv na "primavera marcelista" incluía nomes de artistas exclusivamente de uma esquerda que era comunista e socialista e assim continuou a ser depois de 25 de Abril de 1974.
Basta ver o elenco dos que gravaram o disco Zip Zip, em Setembro de 1969 para perceber claramente tal fenómeno:
José Barata Moura, J.C. Ary dos Santos, Padre Fanhais, pelo menos. Os demais, compagnons de route que fizeram la route ensemble.
Em 1969 a elite cultural era de esquerda comunista apesar de o regime ser anti-comunista por princípio declarado sempre pelo presidente do Conselho de então, Marcelo Caetano.
A mensagem cultural comunista era veiculada por aqueles artistas sem qualquer rebuço a não ser a escolha das palavras certas para iludir a Censura de então.
Tal artifício era improvável nos países comunistas de então que não permitiam a mínima abertura política ou ideológica ae quem se atrevia a afrontar o sistema, mesmo em tom crítico moderado. Tais personagens eram afastadas, presas, eliminadas, no limite. O hospital psiquiátrico era uma paragem para a impossível reeducação dos transviados que naturalmente só podiam ser doidos ao contrariarem o ideário comunista da perfeição utópica.
Por cá, presas seriam se se atrevessem à propaganda das ideias comunistas em modo proibido por lei. Eram "subversivos". E com toda a razão, mas não em gulags ou com penas indeterminadas para além de certo tempo. A legalidade vigente não se comparava em crueldade ou rigor à dos países de Leste e essas pessoas sabiam ou deviam sabê-lo muito bem. Mas não ligavam a tal coisa o que se revela estranho e incompreensível.
Marcello Caetano explicava oportunamente o que era o comunismo e o que significava tal eventualidade para a liberdade das pessoas num livro de propaganda do regime, editado pelo Governo de então e que recolhia o pensamento essencial e os tópicos da acção governativa.
Em Junho de 1972 explicava em discurso publicado nesse livro - Governo de Marcello Caetano, quarto ano de actividade- tais noções:
Aparentemente ninguém ligava a isto e aqueles que tentavam fazer a Revolução, nos grupelhos de extrema-esquerda, com gente que agora se pronuncia nas tv´s como democratas de sempre, ainda menos ligavam.
Neste ambiente mediático e cultural, dominado por uma elite de esquerda, a mudança política era uma questão de tempo e Marcello Caetano não teve o tempo suficiente para a fazer- e queria fazer- porque a guerra no Ultramar o impediu e ao mesmo tempo o precipitou.
O que é que Marcello Caetando dizia desta guerra? Era muito claro no discurso que não era o da esquerda, de modo algum. A linguagem é a que conheço e reconheço para falar no problema e deveria ser lembrada aos esquecidos e ensinada aos que nunca a conheceram:
E como era encarado este problema no tempo de Salazar? Aparentemente, do mesmo modo, ou seja, resistir até morrer em declaração pública para inglês ver. No entanto, segundo o relato de um insuspeito Kaulza de Arraiga, no livro de Jaime Nogueira Pinto, Salazar visto pelos seus próximos, de 1993 e agora reeditado ( Bertrand Editora) cuja leitura aconselho vivamente, o assunto não era assim tão linear:
E qual era a solução da Direita portuguesa para esse problema? Maior integração com o Ultramar e uma emigração maciça de colonos brancos para povoar as terras africanas.
Alguém acredita que esta solução daria bons resultados? Para quem acredita basta ver o que aconteceu na África do Sul...e Portugal apesar de não ter boers não seria diferente, no contexto dos "ventos da História".
É nesta intersecção que se cruza o código Zip. É esta a nossa essência como Nação: o que aconteceu nos últimos 50 anos deveria ser melhor estudado e a Esquerda portuguesa não devia ser a mestre-escola, como tem sido de há 40 anos a esta parte.
É uma péssima professora...
Em suma: qualquer um dos defeitos graves apontados ao regime anterior a 25 de Abril de 1974 tinha o respectivo contraponto, de uma evidência gritante, nos regimes de Leste que os comunistas de cá pretendiam imitar, propagandeavam clandestinamente e por isso eram presos, julgados e condenados perante a legalidade vigente.
Por isso mesmo uma interrogação se agiganta: porquê?!
Em 1969, já em plena Primavera marcelista, o regime apresentava uma abertura aos tempos novos que não era apenas de fachada.
A expansão da televisão, no final dos anos sessenta do séc. XX tinha conferido uma visibilidade a certos fenómenos que iriam condicionar o futuro do país. Em 1960 haveria cerca de 30 mil aparelhos de tv no país, mas dez anos depois já seriam quase 400 mil.
Em 24 de Maio de 1969 a tv apresentou um programa orientado por Raul Solnado, Fialho Gouveia e Carlos Cruz, chamado Zip Zip, gravado num teatro com público anódino e que aparecia e entrava até lotar a sala.
Em 18 de Julho de 1969 o programa era um sucesso retumbante e tinha a participação de vários músicos e artistas "progressistas", leia-se comunistas.
A Flama dessa semana trazia um artigo desenvolvido sobre o mesmo, com duas páginas em que aparecia um certo José Jorge Letria, na qualidade de segundanista de Direito, cantor e compositor de baladas e antigo colaborador do Diário de Lisboa que dizia assim:
Esse mesmíssimo número dessa revista de grande divulgação e que então pertencia ao Patriarcado, publicou quatro páginas de um artigo da revista italiana Epoca, sobre o...comunismo na URSS.
Aquele José Jorge Letria, então um jovem de 18 anos já era suficientemente adulto e esclarecido para ler o artigo da Epoca e será difícil acreditar que não o viu, então.
Porém, em 2013 explicava no livro E tudo era possível, esse tempo...
E nem a viagem a esses países, anos depois, desfez a ilusão ou esclareceu melhor a utopia. Anos depois, uma boa parte destas pessoas integraram o PS ou votam no PS, e continuam de "esquerda"...
Como é que isto foi possível? Não sabiam? Continuam sem saber? São como os alemães em relação ao nazismo, em permanente estado de negação, por causa da ideia "völkisch"?
É um mistério dos grandes porque só se entende pela ideia de que pode haver razões que a razão desconhece.
Por outro lado, aquele programa de tv na "primavera marcelista" incluía nomes de artistas exclusivamente de uma esquerda que era comunista e socialista e assim continuou a ser depois de 25 de Abril de 1974.
Basta ver o elenco dos que gravaram o disco Zip Zip, em Setembro de 1969 para perceber claramente tal fenómeno:
José Barata Moura, J.C. Ary dos Santos, Padre Fanhais, pelo menos. Os demais, compagnons de route que fizeram la route ensemble.
Em 1969 a elite cultural era de esquerda comunista apesar de o regime ser anti-comunista por princípio declarado sempre pelo presidente do Conselho de então, Marcelo Caetano.
A mensagem cultural comunista era veiculada por aqueles artistas sem qualquer rebuço a não ser a escolha das palavras certas para iludir a Censura de então.
Tal artifício era improvável nos países comunistas de então que não permitiam a mínima abertura política ou ideológica ae quem se atrevia a afrontar o sistema, mesmo em tom crítico moderado. Tais personagens eram afastadas, presas, eliminadas, no limite. O hospital psiquiátrico era uma paragem para a impossível reeducação dos transviados que naturalmente só podiam ser doidos ao contrariarem o ideário comunista da perfeição utópica.
Por cá, presas seriam se se atrevessem à propaganda das ideias comunistas em modo proibido por lei. Eram "subversivos". E com toda a razão, mas não em gulags ou com penas indeterminadas para além de certo tempo. A legalidade vigente não se comparava em crueldade ou rigor à dos países de Leste e essas pessoas sabiam ou deviam sabê-lo muito bem. Mas não ligavam a tal coisa o que se revela estranho e incompreensível.
Marcello Caetano explicava oportunamente o que era o comunismo e o que significava tal eventualidade para a liberdade das pessoas num livro de propaganda do regime, editado pelo Governo de então e que recolhia o pensamento essencial e os tópicos da acção governativa.
Em Junho de 1972 explicava em discurso publicado nesse livro - Governo de Marcello Caetano, quarto ano de actividade- tais noções:
Aparentemente ninguém ligava a isto e aqueles que tentavam fazer a Revolução, nos grupelhos de extrema-esquerda, com gente que agora se pronuncia nas tv´s como democratas de sempre, ainda menos ligavam.
Neste ambiente mediático e cultural, dominado por uma elite de esquerda, a mudança política era uma questão de tempo e Marcello Caetano não teve o tempo suficiente para a fazer- e queria fazer- porque a guerra no Ultramar o impediu e ao mesmo tempo o precipitou.
O que é que Marcello Caetando dizia desta guerra? Era muito claro no discurso que não era o da esquerda, de modo algum. A linguagem é a que conheço e reconheço para falar no problema e deveria ser lembrada aos esquecidos e ensinada aos que nunca a conheceram:
E como era encarado este problema no tempo de Salazar? Aparentemente, do mesmo modo, ou seja, resistir até morrer em declaração pública para inglês ver. No entanto, segundo o relato de um insuspeito Kaulza de Arraiga, no livro de Jaime Nogueira Pinto, Salazar visto pelos seus próximos, de 1993 e agora reeditado ( Bertrand Editora) cuja leitura aconselho vivamente, o assunto não era assim tão linear:
E qual era a solução da Direita portuguesa para esse problema? Maior integração com o Ultramar e uma emigração maciça de colonos brancos para povoar as terras africanas.
Alguém acredita que esta solução daria bons resultados? Para quem acredita basta ver o que aconteceu na África do Sul...e Portugal apesar de não ter boers não seria diferente, no contexto dos "ventos da História".
É nesta intersecção que se cruza o código Zip. É esta a nossa essência como Nação: o que aconteceu nos últimos 50 anos deveria ser melhor estudado e a Esquerda portuguesa não devia ser a mestre-escola, como tem sido de há 40 anos a esta parte.
É uma péssima professora...
domingo, março 27, 2016
Sem pudor
A ofensiva mediática de Carlos Cruz continua, agora no DN, com uma entrevista de Ana Sousa Dias. Para além do problema de base e de sempre- a credibilidade do que diz- acrescenta-se agora um dado novo que complementa um antigo : uma afirmação que é pura e simplesmente uma ameaça, retirada da entrevista de duas páginas, sem contexto e por isso autorizada a interpretações dúbias. É este o jornalismo do DN...
Esta afirmação, aliás, complementa uma outra já com alguns anos em cima sobre a circunstância de o mesmo então se sentir como o boi que se atira ao rio para as piranhas se entreterem enquanto a manada passa, em paz e sossego. Por muitas interpretações que se possam emprestar à expressão, só uma releva no contexto. Aliás, como agora.
São estas pequenas coisas que retiram credibilidade ao que diz e este circo mediático nada ajuda na medida em que apenas subsiste uma voz: a do interessado, sem contraditório, sem interrogações lógicas. Numa palavra, sem pudor.
O que eu gostaria mesmo era de ouvir o embaixador Ritto se o mesmo se dispusesse a falar.
Por outro lado ponho aqui uma redacção muito bem feita de um catedrático ( sans blague) que escreveu assim, aqui, na altura em que o processo de desencadeou ( o blogue tem a data de 2010).
Coloco aqui porque os intervenientes de um programa inenarrável chamado "eixo do mal" continuam na mesma como há 10 anos atrás... nada aprenderam, nada esqueceram e nada querem mudar porque vivem daquilo, se calhar. É na SIC do senhor Balsemão.
Como não podia deixar de ser, Carlos Cruz continua a ter um papel destacadíssimo na comunicação social, usando-a a seu bel-prazer, para tentar alcançar na praça pública o que não logrou conseguir em tribunal. Ainda esta noite, no programa “Prós e Contras”, Carlos Cruz - na opinião de Marinho uma das “vítimas amarradas há oito anos ao pelourinho da ignomínia” – voltou a dispor de todo o tempo para clamar a sua inocência.
Não está em causa, evidentemente, que ele use um dos meios em que dizem ser mestre, para tentar a sua absolvição. O que está em causa é a constante mistificação que ele vem fazendo, de há oito anos a esta parte, do ambiente que rodeia o processo em que ele está envolvido.
A memória das pessoas é fraca, mas os factos aí estão para relembrar os mais esquecidos. Pouco antes de ser preso, mas logo que teve conhecimento de que estava sendo investigado e que, inclusive, se poderia saber que já antes tinha havido, sobre o mesmo tema, um processo arquivado – que até então não era do conhecimento público –, Carlos Cruz “visitou”, salvo erro na mesma noite, as três televisões, na hora de maior audiência, para em declarações emocionadas proclamar a sua inocência. Conseguiu até esta coisa inédita de um Procurador Geral da República – de facto, a nomeação para certos lugares deveria passar por exames multidisciplinares muito apertados! – vir declarar publicamente que, contrariamente aos rumores que corriam, a “Justiça nada tinha contra o Sr. Carlos Cruz”! Pouco tempo depois foi preso…
Uma vez preso desencadeou-se na maior parte das televisões e em muitos jornais uma campanha sem precedentes em defesa da sua inocência. Conhecidas personalidades, algumas delas com grande impacto mediático, outras “especialistas” em questões criminais, advogavam sem qualquer hesitação a sua libertação e faziam juras de vida sobre o “erro judiciário” em que se estava a incorrer. No clímax desta campanha, um seu assistente de produção, em tom grandiloquente, declarou às televisões: “É uma ignomínia o que estão a fazer a este homem! Se o Carlos Cruz é pedófilo, eu também sou pedófilo!”. E não é que se veio a saber depois que ele andava lá muito perto…e não se soube mais porque fugiu!
Fazendo coro com esta campanha, o seu advogado, que entretanto se juntou àquele que inicialmente se encarregou da defesa, passou a actuar – pelo menos, de acordo com os meus conhecimentos – não como um causídico, mas como um verdadeiro “mandatário eleitoral”. Havia em curso uma campanha, que, como a generalidade das campanhas, se tinha de ganhar na comunicação social. E desde então até hoje sempre assim vem actuando.
Depois, queixou-se da morosidade do processo, das audiências sem fim e esqueceu-se de acrescentar o número infindável de incidentes que levantou, os recursos interlocutórios que interpôs e as centenas de testemunhas que apresentou. Sobre isso nem uma palavra para que a culpa da morosidade recaísse inteirinha sobre a vilipendiada Justiça!
Mas também se esqueceu de referir por que razão os advogados de Carlos Silvino foram sendo sucessivamente substituídos, Silvino que até Hugo Marçal chegou a ter como advogado. Esqueceu-se de referir o que a irmã de Silvino disse publicamente em várias televisões!
Simultaneamente, foi-se passando para a opinião pública a ideia de que os “rapazes” – é assim que Carlos cruz os trata, como ainda hoje se viu e ouviu na RTP – eram prostitutos profissionais, com muita “escola”, capazes de mentir por dinheiro ou vingança e dispostos a entrar nas mais odiosas cabalas.
Apertados, ontem como hoje, sentiam-se na obrigação de reconhecer que alguns dos “rapazes” eram vítimas inocentes e que indiscutivelmente havia violações…mas nenhuma delas tinha autoria ou, quando muito, eram genericamente imputadas a Silvino desde então arvorado em “fornicador universal”.
Penosamente, o julgamento foi-se fazendo com Carlos Cruz e o seu advogado sempre na crista da onda, de uma onda que eles mediaticamente “surfavam” com a mestria que dizem ter, até que a sentença chegou, inevitável e condenatória.
Logo no tribunal, o advogado de Carlos Cruz desafiou a juíza – Marinho Pinto, que utiliza como bitola do comportamento humano sempre a acção mais reprovável, nem como bastonário se indignou …porque já viu quem tenha feito pior - e o condenado, um pouco mais tarde, “montou tenda” para através das televisões reclamar a falta de provas e de fundamentação e, logo a seguir, no seu site, para que o povo em geral tivesse acesso a algumas peças do processo, ao que ele supõe criteriosamente escolhidas.
Esta noite no já referido programa da RTP manteve o mesmo registo das intervenções anteriores - o registo da “monstruosidade jurídica” por falta de provas – e tentou ainda fazer uma interpretação deturpadora das declarações de uma das vítimas, logo abortada pela pronta intervenção de um psiquiatra presente.
Como não conheço o processo, não sei se, relativamente aos crimes por que Carlos cruz foi condenado, apreciaria as provas e formaria a minha convicção no mesmo sentido ou sentido diferente daquele a que o tribunal chegou. O que sei é que Carlos Cruz dispôs de meios que até hoje nenhum arguido, em qualquer outro processo, pôde usar para pôr a opinião pública do seu lado. Se não conseguiu…demérito seu e do seu advogado.
E também sei que num processo desta natureza, tendo em conta o tipo de crimes que estavam a ser julgados, a prova, nomeadamente a que vai para além da existência do facto, se faz – salvo situações excepcionais – mediante recurso a testemunhos. E que a prova testemunhal é livremente apreciada pelo tribunal: o juiz forma a sua convicção tendo em conta todos os elementos juridicamente relevantes. E a melhor doutrina até entende que o juiz (seja individual ou colectivo) do processo, salvaguardados os princípios do Estado de direito, dispõe de um poder discricionário na avaliação dos testemunhos, inalterável na sua concretização, pela proximidade e especial situação em que se encontra perante os factos. A título de exemplo: as imagens filmadas dos depoimentos prestados em Elvas, que Carlos Cruz colocou no seu site, não têm necessariamente o sentido que ele lhes pretende atribuir. Podem até significar o contrário do que ele supõe dever ser a interpretação do juiz. E também é bom que se diga que a concordância dos depoimentos pode não ser suficiente para formar a convicção do julgador, assim como a sua eventual divergência o não impede de a formar com base naquele que considera mais credível. Pode haver erros: avaliações deficientes ou interpretações erradas. O que não pode é haver condenação com dúvidas: se o juiz tiver dúvidas, não condena; se não tiver, condena.
Isto são coisas que – já não digo Marinho e Pinto, que é um caso perdido - Daniel Oliveira nunca vai perceber, já que das suas intervenções parece poder induzir-se que os actos de pedofilia apenas podem ser provados por documento escrito (eventualmente autenticado em notário) ou através de registos, de preferência cinematográficos ou televisivos, susceptíveis de deixarem um rasto tão indelével como os do “Eixo do Mal”.
Esta afirmação, aliás, complementa uma outra já com alguns anos em cima sobre a circunstância de o mesmo então se sentir como o boi que se atira ao rio para as piranhas se entreterem enquanto a manada passa, em paz e sossego. Por muitas interpretações que se possam emprestar à expressão, só uma releva no contexto. Aliás, como agora.
São estas pequenas coisas que retiram credibilidade ao que diz e este circo mediático nada ajuda na medida em que apenas subsiste uma voz: a do interessado, sem contraditório, sem interrogações lógicas. Numa palavra, sem pudor.
O que eu gostaria mesmo era de ouvir o embaixador Ritto se o mesmo se dispusesse a falar.
Por outro lado ponho aqui uma redacção muito bem feita de um catedrático ( sans blague) que escreveu assim, aqui, na altura em que o processo de desencadeou ( o blogue tem a data de 2010).
Coloco aqui porque os intervenientes de um programa inenarrável chamado "eixo do mal" continuam na mesma como há 10 anos atrás... nada aprenderam, nada esqueceram e nada querem mudar porque vivem daquilo, se calhar. É na SIC do senhor Balsemão.
Como não podia deixar de ser, Carlos Cruz continua a ter um papel destacadíssimo na comunicação social, usando-a a seu bel-prazer, para tentar alcançar na praça pública o que não logrou conseguir em tribunal. Ainda esta noite, no programa “Prós e Contras”, Carlos Cruz - na opinião de Marinho uma das “vítimas amarradas há oito anos ao pelourinho da ignomínia” – voltou a dispor de todo o tempo para clamar a sua inocência.
Não está em causa, evidentemente, que ele use um dos meios em que dizem ser mestre, para tentar a sua absolvição. O que está em causa é a constante mistificação que ele vem fazendo, de há oito anos a esta parte, do ambiente que rodeia o processo em que ele está envolvido.
A memória das pessoas é fraca, mas os factos aí estão para relembrar os mais esquecidos. Pouco antes de ser preso, mas logo que teve conhecimento de que estava sendo investigado e que, inclusive, se poderia saber que já antes tinha havido, sobre o mesmo tema, um processo arquivado – que até então não era do conhecimento público –, Carlos Cruz “visitou”, salvo erro na mesma noite, as três televisões, na hora de maior audiência, para em declarações emocionadas proclamar a sua inocência. Conseguiu até esta coisa inédita de um Procurador Geral da República – de facto, a nomeação para certos lugares deveria passar por exames multidisciplinares muito apertados! – vir declarar publicamente que, contrariamente aos rumores que corriam, a “Justiça nada tinha contra o Sr. Carlos Cruz”! Pouco tempo depois foi preso…
Uma vez preso desencadeou-se na maior parte das televisões e em muitos jornais uma campanha sem precedentes em defesa da sua inocência. Conhecidas personalidades, algumas delas com grande impacto mediático, outras “especialistas” em questões criminais, advogavam sem qualquer hesitação a sua libertação e faziam juras de vida sobre o “erro judiciário” em que se estava a incorrer. No clímax desta campanha, um seu assistente de produção, em tom grandiloquente, declarou às televisões: “É uma ignomínia o que estão a fazer a este homem! Se o Carlos Cruz é pedófilo, eu também sou pedófilo!”. E não é que se veio a saber depois que ele andava lá muito perto…e não se soube mais porque fugiu!
Fazendo coro com esta campanha, o seu advogado, que entretanto se juntou àquele que inicialmente se encarregou da defesa, passou a actuar – pelo menos, de acordo com os meus conhecimentos – não como um causídico, mas como um verdadeiro “mandatário eleitoral”. Havia em curso uma campanha, que, como a generalidade das campanhas, se tinha de ganhar na comunicação social. E desde então até hoje sempre assim vem actuando.
Depois, queixou-se da morosidade do processo, das audiências sem fim e esqueceu-se de acrescentar o número infindável de incidentes que levantou, os recursos interlocutórios que interpôs e as centenas de testemunhas que apresentou. Sobre isso nem uma palavra para que a culpa da morosidade recaísse inteirinha sobre a vilipendiada Justiça!
Mas também se esqueceu de referir por que razão os advogados de Carlos Silvino foram sendo sucessivamente substituídos, Silvino que até Hugo Marçal chegou a ter como advogado. Esqueceu-se de referir o que a irmã de Silvino disse publicamente em várias televisões!
Simultaneamente, foi-se passando para a opinião pública a ideia de que os “rapazes” – é assim que Carlos cruz os trata, como ainda hoje se viu e ouviu na RTP – eram prostitutos profissionais, com muita “escola”, capazes de mentir por dinheiro ou vingança e dispostos a entrar nas mais odiosas cabalas.
Apertados, ontem como hoje, sentiam-se na obrigação de reconhecer que alguns dos “rapazes” eram vítimas inocentes e que indiscutivelmente havia violações…mas nenhuma delas tinha autoria ou, quando muito, eram genericamente imputadas a Silvino desde então arvorado em “fornicador universal”.
Penosamente, o julgamento foi-se fazendo com Carlos Cruz e o seu advogado sempre na crista da onda, de uma onda que eles mediaticamente “surfavam” com a mestria que dizem ter, até que a sentença chegou, inevitável e condenatória.
Logo no tribunal, o advogado de Carlos Cruz desafiou a juíza – Marinho Pinto, que utiliza como bitola do comportamento humano sempre a acção mais reprovável, nem como bastonário se indignou …porque já viu quem tenha feito pior - e o condenado, um pouco mais tarde, “montou tenda” para através das televisões reclamar a falta de provas e de fundamentação e, logo a seguir, no seu site, para que o povo em geral tivesse acesso a algumas peças do processo, ao que ele supõe criteriosamente escolhidas.
Esta noite no já referido programa da RTP manteve o mesmo registo das intervenções anteriores - o registo da “monstruosidade jurídica” por falta de provas – e tentou ainda fazer uma interpretação deturpadora das declarações de uma das vítimas, logo abortada pela pronta intervenção de um psiquiatra presente.
Como não conheço o processo, não sei se, relativamente aos crimes por que Carlos cruz foi condenado, apreciaria as provas e formaria a minha convicção no mesmo sentido ou sentido diferente daquele a que o tribunal chegou. O que sei é que Carlos Cruz dispôs de meios que até hoje nenhum arguido, em qualquer outro processo, pôde usar para pôr a opinião pública do seu lado. Se não conseguiu…demérito seu e do seu advogado.
E também sei que num processo desta natureza, tendo em conta o tipo de crimes que estavam a ser julgados, a prova, nomeadamente a que vai para além da existência do facto, se faz – salvo situações excepcionais – mediante recurso a testemunhos. E que a prova testemunhal é livremente apreciada pelo tribunal: o juiz forma a sua convicção tendo em conta todos os elementos juridicamente relevantes. E a melhor doutrina até entende que o juiz (seja individual ou colectivo) do processo, salvaguardados os princípios do Estado de direito, dispõe de um poder discricionário na avaliação dos testemunhos, inalterável na sua concretização, pela proximidade e especial situação em que se encontra perante os factos. A título de exemplo: as imagens filmadas dos depoimentos prestados em Elvas, que Carlos Cruz colocou no seu site, não têm necessariamente o sentido que ele lhes pretende atribuir. Podem até significar o contrário do que ele supõe dever ser a interpretação do juiz. E também é bom que se diga que a concordância dos depoimentos pode não ser suficiente para formar a convicção do julgador, assim como a sua eventual divergência o não impede de a formar com base naquele que considera mais credível. Pode haver erros: avaliações deficientes ou interpretações erradas. O que não pode é haver condenação com dúvidas: se o juiz tiver dúvidas, não condena; se não tiver, condena.
Isto são coisas que – já não digo Marinho e Pinto, que é um caso perdido - Daniel Oliveira nunca vai perceber, já que das suas intervenções parece poder induzir-se que os actos de pedofilia apenas podem ser provados por documento escrito (eventualmente autenticado em notário) ou através de registos, de preferência cinematográficos ou televisivos, susceptíveis de deixarem um rasto tão indelével como os do “Eixo do Mal”.
sábado, março 26, 2016
A essência esquerdista loff
O comunista-historiador Manuel Loff anda a contar uma História alternativa no Público.
Nessa versão apócrifa da realidade circundante, o vilão da História é a Direita, seja isso o que for e Loff designa segundo a óptica da luta de classes, o método mais adequado para classificação. A Esquerda é tudo o resto que se define como "defensores dos trabalhadores". Ou seja, a velha e relha cartilha marxista, fossilizada e que permanece entre nós como museu vivo de uma das maiores tragédias do séc. XX.
Estes acólitos da revolução permanente enquanto não surja a oportunidade do golpe, escravizaram milhões de pessoas e falam de libertação dos povos. Reduziram outras tantas a uma miséria colectiva cujo último exemplo assentou arraiais na Venezuela e tentam fazer o mesmo por cá, enquanto vivem à custa de um Estado que os suporta como se fossem uma consciência colectiva de um povo condescendente.
Falam de democracia ocultando gulags, repressões sanguinárias, assassínios em massa pela fome e inacção, desprezo completo pelos direitos individuais, tudo em nome do colectivo socialista-comunista que erigem em modelo único de organização política e social.
Pois é este modelo de democrata que o Público acolhe para o mesmo expor as mesmas ideias que conduziram à desgraça colectiva de povos inteiros e que mesmo fossilizadas pelos ventos da História não desistem de propor como modelo único para a felicidade vindoura.
A vítima preferida actualmente para a exposição fóssil é Cavaco Silva e o "cavaquismo" na sua tentativa de desfazer o que o comunismo-socialismo tinha feito ao país, durante os dez anos que se seguiram a 25 de Abril de 1974.
A destruição da Economia, com duas bancarrotas, o empobrecimento real e o desfasamento perante a Europa mais evoluída, não foram motivos suficientes para se abandonarem essas ideias fósseis, antes pelo contrário.
Os loffs que pululam nessa Esquerda continuam a apostar nessa pileca como se fosse o puro-sangue que nos irá conduzir à vitória e por esse motivo todos os que não acreditam nas virtualidades do jerico são corridos a "fascismo" e outros epítetos que servem de vergasta à pileca.
O que me traz a este comentário é por isso mais do mesmo: a capacidade dos loffs em desvirtuar a História, mesmo dizendo-se historiadores.
No artigo há uma categorização do regime anterior ao 25 de Abril como perfeitamente odioso e sem qualquer remissão. Nisso não concedem um milímetro de antifassismo primário e Marcello Caetano é um fassista que colaborou com os grandes grupos económicos. Estes "grandes grupos económicos" são e foram sempre os inimigos desta classe comunista e que por antonomásia impingem a todo um povo, mesmo que se apoiem em menos de 10% dos votos democráticos.
A democracia destes loffs não aceita naturalmente os fassistas que se reúnem em grupo alargado a partir de certas franjas do PS. Tivessem o poder suficiente e tiravam-lhes o pio e em alguns casos literalmente, como aconteceu nas democracias populares mais conhecidas.
Como tal, nem mesmo as tentativas de abertura do regime anterior, iniciadas logo em 1968 quando Marcello Caetano chegou ao poder, lhes servem de lenitivo para apaziguar o antifassismo de que padecem.
Na perspectiva dos loffs, Sá Carneiro nunca foi democrata e Cavaco Silva também não.
É tempo de perguntar a estes loffs que raio de democracia defendem...se bem que a pergunta seja mera retórica e se dirija mais a quem lhes dá guarida. Anti-democratas deste género a defenderem a democracia é sinal de estupidez de quem os convoca para tal discurso.
E é preciso voltar a lembrar que a democracia de tipo ocidental que Álvaro Cunhal, um dos patronos ideológicos dos loffs, jurou nunca ser possível em Portugal, teve o seu embrião na antiga Assembleia Nacional fassista. Isso para mostrar a verdadeira História e para confundir os loffs que pululam por aí.
As imagens são da Flama de 4 de Dezembro de 1970. Nessa altura ainda havia gulags na União Soviética...pátria dos loffs de então.
Nessa versão apócrifa da realidade circundante, o vilão da História é a Direita, seja isso o que for e Loff designa segundo a óptica da luta de classes, o método mais adequado para classificação. A Esquerda é tudo o resto que se define como "defensores dos trabalhadores". Ou seja, a velha e relha cartilha marxista, fossilizada e que permanece entre nós como museu vivo de uma das maiores tragédias do séc. XX.
Estes acólitos da revolução permanente enquanto não surja a oportunidade do golpe, escravizaram milhões de pessoas e falam de libertação dos povos. Reduziram outras tantas a uma miséria colectiva cujo último exemplo assentou arraiais na Venezuela e tentam fazer o mesmo por cá, enquanto vivem à custa de um Estado que os suporta como se fossem uma consciência colectiva de um povo condescendente.
Falam de democracia ocultando gulags, repressões sanguinárias, assassínios em massa pela fome e inacção, desprezo completo pelos direitos individuais, tudo em nome do colectivo socialista-comunista que erigem em modelo único de organização política e social.
Pois é este modelo de democrata que o Público acolhe para o mesmo expor as mesmas ideias que conduziram à desgraça colectiva de povos inteiros e que mesmo fossilizadas pelos ventos da História não desistem de propor como modelo único para a felicidade vindoura.
A vítima preferida actualmente para a exposição fóssil é Cavaco Silva e o "cavaquismo" na sua tentativa de desfazer o que o comunismo-socialismo tinha feito ao país, durante os dez anos que se seguiram a 25 de Abril de 1974.
A destruição da Economia, com duas bancarrotas, o empobrecimento real e o desfasamento perante a Europa mais evoluída, não foram motivos suficientes para se abandonarem essas ideias fósseis, antes pelo contrário.
Os loffs que pululam nessa Esquerda continuam a apostar nessa pileca como se fosse o puro-sangue que nos irá conduzir à vitória e por esse motivo todos os que não acreditam nas virtualidades do jerico são corridos a "fascismo" e outros epítetos que servem de vergasta à pileca.
O que me traz a este comentário é por isso mais do mesmo: a capacidade dos loffs em desvirtuar a História, mesmo dizendo-se historiadores.
No artigo há uma categorização do regime anterior ao 25 de Abril como perfeitamente odioso e sem qualquer remissão. Nisso não concedem um milímetro de antifassismo primário e Marcello Caetano é um fassista que colaborou com os grandes grupos económicos. Estes "grandes grupos económicos" são e foram sempre os inimigos desta classe comunista e que por antonomásia impingem a todo um povo, mesmo que se apoiem em menos de 10% dos votos democráticos.
A democracia destes loffs não aceita naturalmente os fassistas que se reúnem em grupo alargado a partir de certas franjas do PS. Tivessem o poder suficiente e tiravam-lhes o pio e em alguns casos literalmente, como aconteceu nas democracias populares mais conhecidas.
Como tal, nem mesmo as tentativas de abertura do regime anterior, iniciadas logo em 1968 quando Marcello Caetano chegou ao poder, lhes servem de lenitivo para apaziguar o antifassismo de que padecem.
Na perspectiva dos loffs, Sá Carneiro nunca foi democrata e Cavaco Silva também não.
É tempo de perguntar a estes loffs que raio de democracia defendem...se bem que a pergunta seja mera retórica e se dirija mais a quem lhes dá guarida. Anti-democratas deste género a defenderem a democracia é sinal de estupidez de quem os convoca para tal discurso.
E é preciso voltar a lembrar que a democracia de tipo ocidental que Álvaro Cunhal, um dos patronos ideológicos dos loffs, jurou nunca ser possível em Portugal, teve o seu embrião na antiga Assembleia Nacional fassista. Isso para mostrar a verdadeira História e para confundir os loffs que pululam por aí.
As imagens são da Flama de 4 de Dezembro de 1970. Nessa altura ainda havia gulags na União Soviética...pátria dos loffs de então.
sexta-feira, março 25, 2016
Anúncio do que aí vem...
Expresso de hoje, (dirigido por Pedro dos Santos Guerreiro, não pelo outro cretino), entrevista de duas páginas a José Maria Ricciardi, sem grandes papas na língua. É ler e descodificar...
José Maria Ricciardi é presidente-executivo do banco Haitong Bank, cujo accionista principal é chinês. Diz que não lhes falta dinheiro ao contrário do nosso país em que tal falta é aflitiva : "em Portugal não há capital, não vale a pena enganarmo-nos".
Sobre o que aconteceu nos últimos doze anos em Portugal é esperar para ver melhor. A Lava-Jato vai emprestar-nos uns óculos especiais e então talvez se entenda como foi possível enganar muitos durante muito tempo, mas não o tempo todo, como diz o ditado.
José Maria Ricciardi é presidente-executivo do banco Haitong Bank, cujo accionista principal é chinês. Diz que não lhes falta dinheiro ao contrário do nosso país em que tal falta é aflitiva : "em Portugal não há capital, não vale a pena enganarmo-nos".
Sobre o que aconteceu nos últimos doze anos em Portugal é esperar para ver melhor. A Lava-Jato vai emprestar-nos uns óculos especiais e então talvez se entenda como foi possível enganar muitos durante muito tempo, mas não o tempo todo, como diz o ditado.
quarta-feira, março 23, 2016
O problema árabe em 1969 visto por uma revista do Patriarcado...
Em 6 de Junho de 1969 a revista Flama, então dirigida por António dos Reis, Carlos Cascais, M. Beça Múrias, J. Silva Pinto ( estes últimos, segundo julgo, fundadores de O Jornal, meia dúzia de anos mais tarde) publicou um pequeno texto não assinado explicando o problema dos "refugiados árabes".
Curiosamente, a perspectiva analítica é de apoio directo à causa árabe, no caso dos palestinianos. O sionismo era denunciado abertamente como o responsável pela situação de guerra no Médio-Oriente.
De quem provinha esta ideologia? Certamente que não dos franceses cujos media ( LExpress e Le Nouvel Observateur) defendiam claramente a causa judaica, porque os seus proprietários e directores a eles estavam ligados.
Então como é que um redactor anónimo da Flama se informava com tamanha desenvoltura histórica?
Há uma explicação: provavelmente era essa a posição política da esquerda, particularmente do PCP na clandestinidade...
A capa da revista tinha outro destaque: o programa Zip Zip, com Solnado, Fialho e Carlos Cruz.
Este apresentou ontem a sua auto-biografia. Vou folhear e comentar. O problema com Carlos Cruz é sempre o mesmo: a credibilidade que merece. E sobre isso pode bem esforçar-se porque basta o depoimento de uns tantos para se desfazer em liquefacção. Apesar disso, Carlos Cruz é um dos indivíduos percursores do que sucedeu em 25 de Abril de 1974. A tal esquerda...
Curiosamente, a perspectiva analítica é de apoio directo à causa árabe, no caso dos palestinianos. O sionismo era denunciado abertamente como o responsável pela situação de guerra no Médio-Oriente.
De quem provinha esta ideologia? Certamente que não dos franceses cujos media ( LExpress e Le Nouvel Observateur) defendiam claramente a causa judaica, porque os seus proprietários e directores a eles estavam ligados.
Então como é que um redactor anónimo da Flama se informava com tamanha desenvoltura histórica?
Há uma explicação: provavelmente era essa a posição política da esquerda, particularmente do PCP na clandestinidade...
A capa da revista tinha outro destaque: o programa Zip Zip, com Solnado, Fialho e Carlos Cruz.
Este apresentou ontem a sua auto-biografia. Vou folhear e comentar. O problema com Carlos Cruz é sempre o mesmo: a credibilidade que merece. E sobre isso pode bem esforçar-se porque basta o depoimento de uns tantos para se desfazer em liquefacção. Apesar disso, Carlos Cruz é um dos indivíduos percursores do que sucedeu em 25 de Abril de 1974. A tal esquerda...
terça-feira, março 22, 2016
Uma entrevista do juiz Carlos Alexandre
À volta com papéis antigos deparei-me com uma entrevista do juiz Carlos Alexandre à revista de Domingo do Correio da Manhã de fim de ano de 2009.
Aqui fica porque me parece que continua bem actual, passado mais de meia dúzia de anos.
Aqui fica porque me parece que continua bem actual, passado mais de meia dúzia de anos.
Francisco Louçã arrasado em voo picado
No jornal O Diabo de hoje, Brandão Ferreira, (Tenente-Coronel Piloto Aviador) sobrevoa a indigência ideológica de Francisco Louçã e deixa-o arrasado com os disparos certeiros à essência marxista, internacionalista e proletária do caviar beluga.
No jornal, única manifestação pública de uma direita esquecida, há ainda um artigo do Professor Martinez sobre Nietzsche. Em poucas frases coligidas, destaca-se uma sobre a essência do socialismo:
" O socialismo é o irmão mais novo e caprichoso do despotismo agonizante, do qual pretende colher a herança. Os seus esforços são, por isso, no sentido mais profundo, reaccionários. Porque ele aspira a uma plenitude do poder do Estado que o despotismo nunca teve, e ultrapassa mesmo tudo quanto se conhece do passado. porque visa a destruição formal do indivíduo, que se lhe apresenta como um luxo injustificado da natureza...O socialismo prepara-se, silenciosamente, para o domínio pelo terror e crava nas massas semi-cultivadas, como um prego na cabeça, a palavra "justiça", a fim de lhes retirar toda a inteligência, já bastante afectada pela semi-cultura, e de lhes proporcionar, para o jogo vil que lhes está destinado, uma boa consciência. O socialismo poderá servir para apontar, de modo brutal e enérgico, o perigo de todas as acumulações de poder no Estado,e, por essa via, suscitar a desconfiança em relação ao mesmo Estado" - Humano, demasiado Humano ( Menschliches, Allzumenschliches) 1878.
50 antes de Estaline e do PCP, estava bem definida a essência do comunismo. Por cá, estas ideias nunca foram bem escalpelizadas e por isso o PCP ainda vive no cristal fóssil.
No jornal, única manifestação pública de uma direita esquecida, há ainda um artigo do Professor Martinez sobre Nietzsche. Em poucas frases coligidas, destaca-se uma sobre a essência do socialismo:
" O socialismo é o irmão mais novo e caprichoso do despotismo agonizante, do qual pretende colher a herança. Os seus esforços são, por isso, no sentido mais profundo, reaccionários. Porque ele aspira a uma plenitude do poder do Estado que o despotismo nunca teve, e ultrapassa mesmo tudo quanto se conhece do passado. porque visa a destruição formal do indivíduo, que se lhe apresenta como um luxo injustificado da natureza...O socialismo prepara-se, silenciosamente, para o domínio pelo terror e crava nas massas semi-cultivadas, como um prego na cabeça, a palavra "justiça", a fim de lhes retirar toda a inteligência, já bastante afectada pela semi-cultura, e de lhes proporcionar, para o jogo vil que lhes está destinado, uma boa consciência. O socialismo poderá servir para apontar, de modo brutal e enérgico, o perigo de todas as acumulações de poder no Estado,e, por essa via, suscitar a desconfiança em relação ao mesmo Estado" - Humano, demasiado Humano ( Menschliches, Allzumenschliches) 1878.
50 antes de Estaline e do PCP, estava bem definida a essência do comunismo. Por cá, estas ideias nunca foram bem escalpelizadas e por isso o PCP ainda vive no cristal fóssil.
domingo, março 20, 2016
As ideias em conserva do PCP
Observador:
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, defendeu hoje o controlo público da banca, para se poder “decidir soberanamente sobre o nosso sector financeiro”.
“Andam para aí notícias hoje onde se discute a questão do futuro do BPI, se vai para os espanhóis, se vai para os angolanos, pois nós queremos dizer que o problema não está no capital angolano, nem no capital espanhol, ou seja de quem for, o problema é que tratando-se da banca, temos que afirmar a nossa soberania”, referiu o líder comunista.
A ideia fossilizou há 41 anos, assim:
Durante dez anos foi o desenvolvimento notório da Economia, o progresso evidente da bancarrota de 1976 e da que se seguiu, em 1984.
Por isso mesmo, nessa altura nem o PS tinha dúvidas acerca do que tinha que ser feito, a partir desse ano de 1984:
No PCP, porém, nada se perde, nada se cria e nada se transforma: está tudo cristalizado.
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, defendeu hoje o controlo público da banca, para se poder “decidir soberanamente sobre o nosso sector financeiro”.
“Andam para aí notícias hoje onde se discute a questão do futuro do BPI, se vai para os espanhóis, se vai para os angolanos, pois nós queremos dizer que o problema não está no capital angolano, nem no capital espanhol, ou seja de quem for, o problema é que tratando-se da banca, temos que afirmar a nossa soberania”, referiu o líder comunista.
A ideia fossilizou há 41 anos, assim:
Durante dez anos foi o desenvolvimento notório da Economia, o progresso evidente da bancarrota de 1976 e da que se seguiu, em 1984.
Por isso mesmo, nessa altura nem o PS tinha dúvidas acerca do que tinha que ser feito, a partir desse ano de 1984:
No PCP, porém, nada se perde, nada se cria e nada se transforma: está tudo cristalizado.
sábado, março 19, 2016
PCP, a seita fóssil na procissão de ideias defuntas
O PCP comemora agora 95 anos de actividade destinada a subverter o regime ocidental de democracia burguesa, substituindo-o por outro entendido como revolucionário e tributário das democracias populares do Leste europeu. Segundo o ideário fossilizado e de papiro semântico estes 95 anos foram de "luta ao serviço dos trabalhadores, do povo e do país, e ter sempre presente o seu Programa e o seu projecto de superação revolucionária do capitalismo e e edificação em Portugal de uma sociedade socialista e comunista". Não enganam e nunca enganaram ninguém, naquilo que proclamam em escritos para consumo interno. Enganam nos cartazes e pancartas que publicitam a linguagem instrumental para não assustar criancinhas.
Aquelas democracias caíram todas perante uma realidade implacável, a partir de finais do século XX, mas o PCP continua vivo na imagem cristalizada das ideias marxistas-leninistas de sempre.
A mais recente publicação do roteiro do museu apresenta o PCP como um partido de futuro...
Esta imagem fixa numa fantasia reinventada a cada discurso recorre agora a outro artifício elementar: a mostra de uma juventude fictícia que alinha nas ideias fossilizadas, mortas há décadas. Esta juventude acredita naquele ideário revolucionário como o crente na salvação da alma sem carecer de prova cabal da sua fé. É uma fé cega.
Não obstante, ao contrário do crente que não tem meios de prova tangível a não ser a crença em si mesma, estes fósseis cristalizaram todas as fezadas, incluindo a obliteração das provas da perversão dessa fé que destruiu as outras seitas similares nas democracias de Leste. Por cá vicejam no reflexo fóssil e isso os alimenta na fantasia de múmia.
Enquanto no Leste a Realidade lhes entrou pela casa dentro, cá, essa mesma Realidade ficou escondida e foi varrida pelo zelo funcionário de quem nada mais tem a perder do que a própria crença. Por isso reflectem o Tempo perdido e acalentam a esperança de uma ressurreição das ideias mortas.
Ultimamente os reflexos avivaram-se com a perspectiva de uma nova revolução em modo de farsa, após a frustrada de há 40 anos. Daí a proclamada juventude de ideias mortas e conceitos enterrados.
Como a inteligência Humana terá uma explicação lógica torna-se interessante saber como é que seres racionais do séc. XXI acreditam piamente em ideários revolucionários abandonados por todos e os querem extrair do quartzo ideológico cristalizado.
Nessa tarefa insana a linguagem continua a ser fundamental porque não têm outra arma de superação da força esmagadora de uma realidade adversa. Não admira por isso nada que a linguagem de hoje seja precisamente a mesma de há 40, 50, 60 anos e mais. É o "fascismo", o "fassismo" e a "reacção" e ainda o "imperialismo" e sempre o capitalismo e a luta de classes que a revolução um dia substituirá para bem dos povos e da fraternidade universal da paz comunista onde todas as necessidades serão satisfeitas com o maná do Partido então dissolvido numa utopia de felicidade. Até lá, "viva la muerte" se preciso for. E a Mentira. E a Táctica para enganar os inimigos dessa revolução à espreita.
Por isso, todos os movimentos de natureza "reaccionária" são denunciados como ataques à pureza ideária fossilizada e indiscutível por natureza.
O organismo letárgico espasma então secreções de bílis ideológica cristalizada, atacando os infiéis e filisteus que se atrevem a mirar o cadável adiado. É o caso agora da denunciada "violenta campanha contra o Partido"...
Um dos ataques mais visíveis e destemidos ocorreu há ppouco tempo numa coluna do Diário de Notícias e assinada por António Barreto, o arqui-inimigo que tendo militado e conhecendo por dentro o fóssil, abandonou o âmbar há décadas quando descobriu a pestilência que exalava depois da invasão da Hungria e da Checoslováquia para manutenção da ordem ideológica, nos anos 50 e 60. Por cá não se deu destaque ao assunto, para além do habitual noticiário que a Censura da época permitia. Afinal, foi o fassismo quem melhor protegeu esta organização terrorista et pour cause, impedindo-lhe a visibilidade e combatendo os próceres.
Os herdeiros desta herança jacente fossilizada e que são os jovens velhíssimos, não conhecem nem querem conhecer o passado distante que levou à perdição dos congéneres exactamente por isso.
Assim, não sabem nem querem saber que foi esta pessoa e muito menos a sua história:
Não sabem nem querem saber a História real do comunismo e da sua perversão permanente.
Provavelmente acreditam na fé como outros mas ainda não a perderam como aqueles perante as evidências da tragédia e do horror.
Assim, na ausência de informação e de esclarecimento continuam no obscurantismo ideológico fossilizado como se fossem os mais modernos do universo, com os seus heróis, mitos e lendas no panteão que outros frequentam por nostalgia.
Quem denuncia esta farsa permanente da adoração mitológica de ideias fossilizadas é relegado para a giena ( ou geena, se alguém se importar) da irrelevância reaccionária e fassista, palavras fatais do léxico do código penal ideológico no tempo de inquisição em que vegetam.
Quem se atrever a tocar nos inimigos do fóssil leva uma roda de fassista, reaccionário e troglodita que não se levanta publicamente por meses ou anos a fio, perante o aplauso dos que frequentam o panteão apodrecido.
Tal como Jaime Nogueira Pinto nota no prefácio do livro reeditado recentemente, Salazar visto pelos seus próximos.
Um dos problemas actuais da sociedade portuguesa é o crédito que ainda se dá a estes sectários fósseis que arregimentam vestais através de códigos de linguagem morta. E ninguém os ousa contestar e dizer que este rei vai nu.
Aquelas democracias caíram todas perante uma realidade implacável, a partir de finais do século XX, mas o PCP continua vivo na imagem cristalizada das ideias marxistas-leninistas de sempre.
A mais recente publicação do roteiro do museu apresenta o PCP como um partido de futuro...
Não obstante, ao contrário do crente que não tem meios de prova tangível a não ser a crença em si mesma, estes fósseis cristalizaram todas as fezadas, incluindo a obliteração das provas da perversão dessa fé que destruiu as outras seitas similares nas democracias de Leste. Por cá vicejam no reflexo fóssil e isso os alimenta na fantasia de múmia.
Enquanto no Leste a Realidade lhes entrou pela casa dentro, cá, essa mesma Realidade ficou escondida e foi varrida pelo zelo funcionário de quem nada mais tem a perder do que a própria crença. Por isso reflectem o Tempo perdido e acalentam a esperança de uma ressurreição das ideias mortas.
Ultimamente os reflexos avivaram-se com a perspectiva de uma nova revolução em modo de farsa, após a frustrada de há 40 anos. Daí a proclamada juventude de ideias mortas e conceitos enterrados.
Como a inteligência Humana terá uma explicação lógica torna-se interessante saber como é que seres racionais do séc. XXI acreditam piamente em ideários revolucionários abandonados por todos e os querem extrair do quartzo ideológico cristalizado.
Nessa tarefa insana a linguagem continua a ser fundamental porque não têm outra arma de superação da força esmagadora de uma realidade adversa. Não admira por isso nada que a linguagem de hoje seja precisamente a mesma de há 40, 50, 60 anos e mais. É o "fascismo", o "fassismo" e a "reacção" e ainda o "imperialismo" e sempre o capitalismo e a luta de classes que a revolução um dia substituirá para bem dos povos e da fraternidade universal da paz comunista onde todas as necessidades serão satisfeitas com o maná do Partido então dissolvido numa utopia de felicidade. Até lá, "viva la muerte" se preciso for. E a Mentira. E a Táctica para enganar os inimigos dessa revolução à espreita.
Por isso, todos os movimentos de natureza "reaccionária" são denunciados como ataques à pureza ideária fossilizada e indiscutível por natureza.
O organismo letárgico espasma então secreções de bílis ideológica cristalizada, atacando os infiéis e filisteus que se atrevem a mirar o cadável adiado. É o caso agora da denunciada "violenta campanha contra o Partido"...
Um dos ataques mais visíveis e destemidos ocorreu há ppouco tempo numa coluna do Diário de Notícias e assinada por António Barreto, o arqui-inimigo que tendo militado e conhecendo por dentro o fóssil, abandonou o âmbar há décadas quando descobriu a pestilência que exalava depois da invasão da Hungria e da Checoslováquia para manutenção da ordem ideológica, nos anos 50 e 60. Por cá não se deu destaque ao assunto, para além do habitual noticiário que a Censura da época permitia. Afinal, foi o fassismo quem melhor protegeu esta organização terrorista et pour cause, impedindo-lhe a visibilidade e combatendo os próceres.
Os herdeiros desta herança jacente fossilizada e que são os jovens velhíssimos, não conhecem nem querem conhecer o passado distante que levou à perdição dos congéneres exactamente por isso.
Assim, não sabem nem querem saber que foi esta pessoa e muito menos a sua história:
Não sabem nem querem saber a História real do comunismo e da sua perversão permanente.
Provavelmente acreditam na fé como outros mas ainda não a perderam como aqueles perante as evidências da tragédia e do horror.
Assim, na ausência de informação e de esclarecimento continuam no obscurantismo ideológico fossilizado como se fossem os mais modernos do universo, com os seus heróis, mitos e lendas no panteão que outros frequentam por nostalgia.
Quem denuncia esta farsa permanente da adoração mitológica de ideias fossilizadas é relegado para a giena ( ou geena, se alguém se importar) da irrelevância reaccionária e fassista, palavras fatais do léxico do código penal ideológico no tempo de inquisição em que vegetam.
Quem se atrever a tocar nos inimigos do fóssil leva uma roda de fassista, reaccionário e troglodita que não se levanta publicamente por meses ou anos a fio, perante o aplauso dos que frequentam o panteão apodrecido.
Tal como Jaime Nogueira Pinto nota no prefácio do livro reeditado recentemente, Salazar visto pelos seus próximos.
Um dos problemas actuais da sociedade portuguesa é o crédito que ainda se dá a estes sectários fósseis que arregimentam vestais através de códigos de linguagem morta. E ninguém os ousa contestar e dizer que este rei vai nu.
Acabou a farsa?
Observador:
Supremo Tribunal Federal suspende em instância superior a posse de Lula da Silva. O ministro Gilmar Mendes suspendeu a nomeação de Lula da Silva para o ministério da Casa Civil e devolveu ao juiz Sérgio Moro a investigação do ex-presidente na Operação Lava Jato.
Por cá a Komentadoria ainda não se decidiu sobre o fenómeno, mas há indícios de condenar sumariamente a "interferência" da Justiça na Política...como se esta, em democracia, fosse a nobilíssima actividade que afinal, sondagens atrás de sondagens, dizem precisamente o contrário.
sexta-feira, março 18, 2016
As tintas de Lula e o Aleijadinho
RR/Sapo:
Lula em carta aberta: “A minha intimidade tem sido violentada”.
O ex-Presidente do Brasil Lula da Silva escreveu, na quinta-feira à noite, uma carta aberta aos brasileiros, na qual diz confiar no Supremo Tribunal Federal e onde se assume como vítima de actos de violência, contra si e a sua família, que considera injustificáveis.
No documento divulgado pelos órgãos de comunicação social, Lula critica a divulgação de escutas telefónicas e a divulgação de notícias na imprensa antes de a informação ser transmitida aos visados.
Lula tem toda a razão acerca da "intimidade violentada" . Até parece incrível...como se chegou tão longe a este Aleijadinho:
Durante as buscas a casa de Lula, a polícia encontrou uma referência a uma sala-cofre no Banco do Brasil. Aí estavam joias, obras de arte e um crucifixo que teria desaparecido do Planalto.
Um cofre com 23 caixas lacradas e depositadas no Banco do Brasil desde 2011, altura em que Lula saiu da presidência do país, foi encontrado e aberto pela polícia brasileira no seguimento da investigação ao antigo Presidente da República. Entre os bens encontrados estão joias, esculturas, canetas e outros bens que terá recebido enquanto liderou o país. Pelo menos um dos objetos encontrados é algo que, segundo a revista Veja, não pertenceria a Lula da Silva.
Trata-se de um crucifixo barroco, obra de António Francisco Lisboa, o “Aleijadinho“, que desapareceu do Planalto depois da saída do Presidente Lula da Silva, em 2011, segundo indica a revista Veja. A existência deste cofre foi descoberta pelo polícia no decorrer das buscas à casa de Lula da Silva durante as investigações que ligam o político ao caso Lava Jato.
Os parágrafos perdidos de Ferreira Fernandes, tal & qual.
Ferreira Fernandes, sem parágrafos, no Diário de Notícias:
De um lado, Lula, investigado e em vias de ser acusado, que foge para ministro para adiar a sua ida a tribunal. Do outro, um juiz que grava um telefonema da presidente Dilma e a lança aos jornais e telejornais. E os brasileiros, no meio. De um lado, Lula que diz : "Vou para ministro porque, se não for, sou apanhado pelo golpe armado pelo juiz." Do outro, o juiz que diz: "Faço isto porque é a única forma de desarmar as politiquices de Lula." Os fazeres de ambos são, no mínimo, indecentes. E os brasileiros são interpelados como se tivessem de aceitar, pela tramoia de um, ser cúmplices de outro. Ora, o que se exige é cada macaco no seu galho. Um político não pode abusar da garantia de independência que lhe é emprestada para ser ministro, transformando-a num truque público para o proteger da justiça. Um juiz não pode abusar de um poder que lhe é confiado para investigar, quebrando levianamente o sigilo telefónico de uma chefe de Estado, o que, por ser uma questão de segurança nacional, não pode ser decidido por ele. E tendo ambos os macacos falhado no seu respetivo galho, tornando-se mau político e mau juiz, não podem empurrar os cidadãos a agarrar, também eles, um galho errado. Esse seria o supremo crime do político e do juiz. Porque com tão fraca gente a ter poder, enfraquecer aqueles que não o têm seria fatal para o Brasil. Eu, que tanto admiro os cronistas brasileiros, não perdoarei a nenhum que seja, a partir de hoje, vesgo.
Eduardo Dâmaso, no Correio da Manhã:
Entre estas duas prosas jornalísticas sobre o mesmo assunto vai a mundivivência que as distingue.
Do jornalista Eduardo Dâmaso sabemos o que tem escrito e a coerência que mostra, já ao longo de vários anos. É um jornalista que merece o nome.
De Ferreira Fernandes e da sua prosa engraçadinha que suplanta em estilo a de muitos outros, sabemos o que lemos, mas agora sabemos mais o que ouvimos.
Consta por aí em escutas malditas que Ferreira Fernandes era um dos preferidos de José Sócrates para liderar um jornal como o DN, com prosas de Camões...
Outra escuta revelada pelo semanário ‘Sol’. Com Camões a dirigir os dois jornais, eram precisos homens de confiança enquanto executivos. E para o ‘DN’ a escolha era óbvia: Ferreira Fernandes. "A solução é o homem da última página, com reputação e aceitação da redação", desabafava o ex-governante a Afonso Camões.
No catálogo de idiossincrasias de FF temos vários exemplos que explicam aquela primeira prosa. Por exemplo esta, já um bocado datada:
Intrujão, pantomineiro, aldrabão, farsolas, sicofanta, maltês, embusteiro, impostor, falso, peteiro, trapaceiro. Enfim, Sócrates. Sócrates, o Pinóquio. A última: perguntado sobre Eusébio, ele reconstruiu a História. Disse que no Portugal-Coreia do Norte, em 1966, saiu de casa, na Covilhã, já Portugal perdia e quando "ia para escola" ouvia os golos de Portugal. Chegado à escola, já Portugal ganhava. Relato vulgar. Só que, neste país de grande jornalismo de investigação e de sucessos de PJ que deixam boquiaberto o Mundo (o país onde os mentirosos não são coxos, são tetraplégicos), logo o intrujão, pantomineiro, aldrabão, farsolas, sicofanta, maltês, embusteiro, impostor, falso, peteiro, trapaceiro, enfim, o Pinócrates, foi apanhado: o dia do jogo, 23 de julho, calhou nas férias grandes, quando não havia aulas. E como entre nós as investigações são como as cerejas, logo outra profunda averiguação revelou: 23 de julho foi sábado! E sábado à tarde (um analista em Tempo Médio de Greenwich conseguiu a hora do começo do jogo: 15.00)! Eh,eh,eh, o gabiru ficou cercado pela verdade dos factos... Mas, vão ver, o manhoso vai escapar como de costume: logo aparecerá um colega a dizer que os garotos de oito anos na Covilhã se reuniam no pátio da escola, até aos sábados e nas férias. Malandro, o Pinócrates, por isso disse que "ia para a escola", não "para as aulas"... Sempre com esquemas e álibis. Mas não é isto prova de farsante?!
Sob uma capa diáfana de fantasias engraçadinhas vai um mundo de descrédito que devia envergonhar qualquer pessoa, já nem digo jornalista. E para estes, esse capital é o principal activo.
Entretanto, o jornalismo que Dâmaso frequenta e Ferreira Fernandes aparentemente aborrece, parece começar a dar os seus frutos...
De um lado, Lula, investigado e em vias de ser acusado, que foge para ministro para adiar a sua ida a tribunal. Do outro, um juiz que grava um telefonema da presidente Dilma e a lança aos jornais e telejornais. E os brasileiros, no meio. De um lado, Lula que diz : "Vou para ministro porque, se não for, sou apanhado pelo golpe armado pelo juiz." Do outro, o juiz que diz: "Faço isto porque é a única forma de desarmar as politiquices de Lula." Os fazeres de ambos são, no mínimo, indecentes. E os brasileiros são interpelados como se tivessem de aceitar, pela tramoia de um, ser cúmplices de outro. Ora, o que se exige é cada macaco no seu galho. Um político não pode abusar da garantia de independência que lhe é emprestada para ser ministro, transformando-a num truque público para o proteger da justiça. Um juiz não pode abusar de um poder que lhe é confiado para investigar, quebrando levianamente o sigilo telefónico de uma chefe de Estado, o que, por ser uma questão de segurança nacional, não pode ser decidido por ele. E tendo ambos os macacos falhado no seu respetivo galho, tornando-se mau político e mau juiz, não podem empurrar os cidadãos a agarrar, também eles, um galho errado. Esse seria o supremo crime do político e do juiz. Porque com tão fraca gente a ter poder, enfraquecer aqueles que não o têm seria fatal para o Brasil. Eu, que tanto admiro os cronistas brasileiros, não perdoarei a nenhum que seja, a partir de hoje, vesgo.
Eduardo Dâmaso, no Correio da Manhã:
Entre estas duas prosas jornalísticas sobre o mesmo assunto vai a mundivivência que as distingue.
Do jornalista Eduardo Dâmaso sabemos o que tem escrito e a coerência que mostra, já ao longo de vários anos. É um jornalista que merece o nome.
De Ferreira Fernandes e da sua prosa engraçadinha que suplanta em estilo a de muitos outros, sabemos o que lemos, mas agora sabemos mais o que ouvimos.
Consta por aí em escutas malditas que Ferreira Fernandes era um dos preferidos de José Sócrates para liderar um jornal como o DN, com prosas de Camões...
Outra escuta revelada
pelo semanário ‘Sol’. Com Camões a dirigir os dois jornais, eram
precisos homens de confiança enquanto executivos. E para o ‘DN’ a
escolha era óbvia: Ferreira Fernandes. "A solução é o homem da última
página, com reputação e aceitação da redação", desabafava o
ex-governante a Afonso Camões.
Ler mais em: http://www.cmjornal.xl.pt/tv_media/detalhe/20160220_2248_socrates.html
Ler mais em: http://www.cmjornal.xl.pt/tv_media/detalhe/20160220_2248_socrates.html
Outra escuta revelada pelo semanário ‘Sol’. Com Camões a dirigir os dois jornais, eram precisos homens de confiança enquanto executivos. E para o ‘DN’ a escolha era óbvia: Ferreira Fernandes. "A solução é o homem da última página, com reputação e aceitação da redação", desabafava o ex-governante a Afonso Camões.
No catálogo de idiossincrasias de FF temos vários exemplos que explicam aquela primeira prosa. Por exemplo esta, já um bocado datada:
Intrujão, pantomineiro, aldrabão, farsolas, sicofanta, maltês, embusteiro, impostor, falso, peteiro, trapaceiro. Enfim, Sócrates. Sócrates, o Pinóquio. A última: perguntado sobre Eusébio, ele reconstruiu a História. Disse que no Portugal-Coreia do Norte, em 1966, saiu de casa, na Covilhã, já Portugal perdia e quando "ia para escola" ouvia os golos de Portugal. Chegado à escola, já Portugal ganhava. Relato vulgar. Só que, neste país de grande jornalismo de investigação e de sucessos de PJ que deixam boquiaberto o Mundo (o país onde os mentirosos não são coxos, são tetraplégicos), logo o intrujão, pantomineiro, aldrabão, farsolas, sicofanta, maltês, embusteiro, impostor, falso, peteiro, trapaceiro, enfim, o Pinócrates, foi apanhado: o dia do jogo, 23 de julho, calhou nas férias grandes, quando não havia aulas. E como entre nós as investigações são como as cerejas, logo outra profunda averiguação revelou: 23 de julho foi sábado! E sábado à tarde (um analista em Tempo Médio de Greenwich conseguiu a hora do começo do jogo: 15.00)! Eh,eh,eh, o gabiru ficou cercado pela verdade dos factos... Mas, vão ver, o manhoso vai escapar como de costume: logo aparecerá um colega a dizer que os garotos de oito anos na Covilhã se reuniam no pátio da escola, até aos sábados e nas férias. Malandro, o Pinócrates, por isso disse que "ia para a escola", não "para as aulas"... Sempre com esquemas e álibis. Mas não é isto prova de farsante?!
Sob uma capa diáfana de fantasias engraçadinhas vai um mundo de descrédito que devia envergonhar qualquer pessoa, já nem digo jornalista. E para estes, esse capital é o principal activo.
Entretanto, o jornalismo que Dâmaso frequenta e Ferreira Fernandes aparentemente aborrece, parece começar a dar os seus frutos...
quarta-feira, março 16, 2016
A corrupção endémica no Brasil e o protagonismo judiciário
O problema de Lula e demais apaniguados explicado na revista Veja desta semana:
Quem desvalorizar esta acção do Judiciário na sociedade brasileira actual, apontando a corrupção generalizada na classe política como factor impeditivo de aplicação de uma Justiça equilibrada está a esquecer-se do que ocorreu em Itália e noutros países ocidentais em determinadas épocas.
Quando subsiste uma sensação geral, real e palpável de corrupção generalizada na sociedade política a descrença tende a sobrepor-se à esperança de regeneração social.
Logo que surja uma nesga de oportunidade real de reposição desse equilíbrio que permita uma convivência mais sã na sociedade, as pessoas em geral tendem a apoiar os protagonistas de tais iniciativas que podem surgir por um conjunto de circunstâncias variadas mas que me parecem ter um denominador comum: um copo cheio e a gota de água fatal que o faz transbordar.
O Brasil, tal como a Itália não acabará com a corrupção de um dia para o outro e por força apenas do Judiciário. Aliás, o próprio juiz Moro o disse, comentando recentemente isso mesmo e que se infere do seu discurso: seria preferível que fosse a sociedade a solucionar o problema. Quando o não é, surgem os "heróis" a contra-gosto.
Na Itália foi o juiz Di Pietro, com uma imagem maior que a sua craveira. Antes tinham sido os lutadores anti-mafia, Falcone e Borselino. Em França Eva Joly e Ruymbecke, juízes de instrução que tentaram conter a corrupção francesa dos anos oitenta.
No Brasil tocou a Moro. Boa sorte e todo o apoio que é devido.
Por cá temos também o juiz Carlos Alexandre, figura similar e com a mesma génese: perante a anomia social e do próprio Ministério Público de antanho, teve coragem de assumir o dever de agir.
Estou convencido que nenhum destes heróis a contra-gosto pretendiam o protagonismo que tiveram e têm. Estou igualmente convencido que são cada vez mais necessários nas sociedades que engendramos nas geringonças da vida.
Os magistrados são pessoas que vivem na sociedade e sentem os problemas de toda a gente, quando não forem corruptos moralmente. Ou seja, quando sentem o copo da corrupção cheio e a clamar que seja esvaziado, tendo poder para tal, actuam em conformidade. Só o não fazem se forem cobardes, igualmente corruptos ou desprovidos de sentimento de Justiça e da noção do dever.
E falta-me acrescentar algo: em Portugal ninguém verdadeiramente se importa com a corrupção dos maiores partidos políticos e por isso, se calhar, os seus líderes actuam como no Brasil os endémicos que assumem com naturalidade o fenómeno como sendo habitual e com a maior margem de impunidade.
Ninguém no Ministério Público nacional parece ser capaz de entrar da sede de um partido político, seja no Rato, seja noutro sítio e ao mesmo tempo investigar quem guarda o dinheiro e onde. Ninguém porque tal seria quase entendido como uma atentado à democracia.
Ora quando tal acontecer isso significa que somos mais civilizados e se se quiser, mais democráticos, porque a democracia implica isso mesmo, não sendo porém apanágio de tal sistema.
Acho que ninguém duvida que o sistema do regime anterior era mais honesto e menos corrupto que o actual...mas isso são contas de outros rosários.
Quem desvalorizar esta acção do Judiciário na sociedade brasileira actual, apontando a corrupção generalizada na classe política como factor impeditivo de aplicação de uma Justiça equilibrada está a esquecer-se do que ocorreu em Itália e noutros países ocidentais em determinadas épocas.
Quando subsiste uma sensação geral, real e palpável de corrupção generalizada na sociedade política a descrença tende a sobrepor-se à esperança de regeneração social.
Logo que surja uma nesga de oportunidade real de reposição desse equilíbrio que permita uma convivência mais sã na sociedade, as pessoas em geral tendem a apoiar os protagonistas de tais iniciativas que podem surgir por um conjunto de circunstâncias variadas mas que me parecem ter um denominador comum: um copo cheio e a gota de água fatal que o faz transbordar.
O Brasil, tal como a Itália não acabará com a corrupção de um dia para o outro e por força apenas do Judiciário. Aliás, o próprio juiz Moro o disse, comentando recentemente isso mesmo e que se infere do seu discurso: seria preferível que fosse a sociedade a solucionar o problema. Quando o não é, surgem os "heróis" a contra-gosto.
Na Itália foi o juiz Di Pietro, com uma imagem maior que a sua craveira. Antes tinham sido os lutadores anti-mafia, Falcone e Borselino. Em França Eva Joly e Ruymbecke, juízes de instrução que tentaram conter a corrupção francesa dos anos oitenta.
No Brasil tocou a Moro. Boa sorte e todo o apoio que é devido.
Por cá temos também o juiz Carlos Alexandre, figura similar e com a mesma génese: perante a anomia social e do próprio Ministério Público de antanho, teve coragem de assumir o dever de agir.
Estou convencido que nenhum destes heróis a contra-gosto pretendiam o protagonismo que tiveram e têm. Estou igualmente convencido que são cada vez mais necessários nas sociedades que engendramos nas geringonças da vida.
Os magistrados são pessoas que vivem na sociedade e sentem os problemas de toda a gente, quando não forem corruptos moralmente. Ou seja, quando sentem o copo da corrupção cheio e a clamar que seja esvaziado, tendo poder para tal, actuam em conformidade. Só o não fazem se forem cobardes, igualmente corruptos ou desprovidos de sentimento de Justiça e da noção do dever.
E falta-me acrescentar algo: em Portugal ninguém verdadeiramente se importa com a corrupção dos maiores partidos políticos e por isso, se calhar, os seus líderes actuam como no Brasil os endémicos que assumem com naturalidade o fenómeno como sendo habitual e com a maior margem de impunidade.
Ninguém no Ministério Público nacional parece ser capaz de entrar da sede de um partido político, seja no Rato, seja noutro sítio e ao mesmo tempo investigar quem guarda o dinheiro e onde. Ninguém porque tal seria quase entendido como uma atentado à democracia.
Ora quando tal acontecer isso significa que somos mais civilizados e se se quiser, mais democráticos, porque a democracia implica isso mesmo, não sendo porém apanágio de tal sistema.
Acho que ninguém duvida que o sistema do regime anterior era mais honesto e menos corrupto que o actual...mas isso são contas de outros rosários.