Por causa disto...
( jornal i de 7.9.2017)
em que se revela que a Cofina, tal como a Impresa, também está à rasca.
(Vidas do CM de hoje)
E ainda disto...deste habitual palerma:
(Público de hoje)
Subscrevo isto, de Alberto Gonçalves, no Observador de hoje:
O excelentíssimo senhor publisher da CMTV, do Correio da
Manhã, da Sábado, do Record e da TV Guia exigiu, cito, um “plano de
emergência” para a “comunicação social”. Por outras palavras, implorou
ao governo que patrocine os media tradicionais sob pena de falência geral. Por onde quer que lhe peguemos, é uma óptima ideia.
Pegue-se, em primeiro lugar, nos famosos “conteúdos”. O sr. Octávio
Ribeiro cometeu as notáveis declarações acima durante um programa da sua
televisão chamado “Sexy 20”, provável maravilha cuja falta, por força
de bancarrota, deixaria decerto os cidadãos transtornados. E quem diz o
“Sexy 20” diz as reportagens com ocultistas, videntes, tarólogas e
demais personalidades que povoam a CMTV quando a CMTV não passa
fascinantes “rubricas” sobre famosos que ninguém conhece, incêndios,
violadores e criancinhas desbaratadas pelo destino. E quem diz a CMTV
diz a generalidade dos canais indígenas, logo que, sem desvantagens
aparentes, se troque o bruxo de Fafe pelo dr. Pacheco Pereira, os
violadores por bandos de socialistas assumidos ou dissimulados e as
criancinhas por casos de sucesso deste Portugal que nada, incluindo o
bom senso, é capaz de segurar. E quem diz a generalidade dos canais diz,
salvo abomináveis excepções, a generalidade da imprensa, hoje um
imprescindível albergue de ilustres analfabetos parciais, magníficos
activistas por inteiro e meros resignados, que, juntos, produzem
folhetos tão interessantes quanto uma unha encravada. E quem diz a
imprensa diz as rádios, que nem sei se ainda sobra alguma, mas que, à
cautela, choro todos os dias com medo de perder.
Pegue-se, em segundo lugar, no irritante “mercado”. Por razões
diversas, a maioria das quais ligadas à realidade e maçadas similares,
as pessoas deixaram de reparar na existência de publicações em papel e,
não tarda, farão o mesmo com a televisão convencional, largada em prol
de modernices que, embora lembrem a milhões de criaturas, não lembram ao
diabo. Por sorte, a cada título que fecha ou encolhe ergue-se um clamor
colectivo a louvar o dito, inevitavelmente indispensável à humanidade
em peso. Por azar, os sujeitos que clamam não compravam um exemplar do
dito título para aí desde 2007. A benefício do equilíbrio, a solução
passa por forçar o contribuinte a pagar aquilo que o público não
consome. O público, que é burro, literalmente não sabe o que quer.
Pegue-se, em terceiro lugar, no abençoado Estado. Adicione-se o
“plano”, vocábulo com agradáveis reminiscências históricas. E
polvilhe-se com a “emergência”, para dar supressão da lucidez e sabor.
Leve-se a lume brando e obtém-se, sem erro possível, qualquer coisa de
formidável: os media na dependência formal dos senhores que
mandam. Não vejo a hora. A noção de jornalismo enquanto “contrapoder” é
típica de países subdesenvolvidos e regimes nefastos. Se o poder é bom e
generoso e sadio como aquele que nos ilumina, não há motivo para que os
jornalistas não recebam directamente de um ministério dedicado a tal
desígnio. E a hipótese de o saudável arranjo interferir na informação
divulgada não se coloca, visto que no actual cenário de prosperidade e
folia as notícias negativas para o poder só poderiam derivar da má-fé. E
a má-fé não é jornalismo.
Pegue-se, em quarto lugar, nos media tradicionais que temos.
Descontando, de novo, duas ou três embirrantes excepções, os restantes
“órgãos” estão mais do que prontos para abraçar o próximo estádio
civilizacional. Na verdade, ignoro se, além da RTP, RTP2, RTP3, RTP
África, RTP Internacional, RTP Poesia, RTP Saudade, RTP Madeira, RTP
Açores, RTP Azulejos, RTP Bicicletas e as diversas Antenas da telefonia,
algum canal ou diário já recebe remunerações governamentais. Se não
recebem, parece, e acho sinceramente que quase todos mereciam
recebê-las, à peça ou por atacado. O empenho com que servem a oligarquia
não devia ser desprezado. Não é fácil recrutar centenas e centenas de
indivíduos desprovidos de vértebras a ponto de, em colunas de “opinião” e
“debates”, “reportagens” e artigos “de fundo”, “entrevistas” e
“editoriais”, prestarem com regularidade tamanhas vénias aos donos da
pátria. Ou, a julgar pela abundante amostra, é fácil. O que é difícil, e
cruel, é manter essas multidões de fiéis serviçais em risco de
desemprego. Arranje-se um plano, de emergência, para enforcar o
jornalismo antes que ele morra.
Pegue-se, enfim, na súplica do excelentíssimo senhor publisher da Cofina, mal se encontre ponta por onde se lhe pegue.
Tudo isso porque me lembro disto, de O Jornal de 28.5.1976 quando o tal palerma ainda só jurava pelo marxismo-leninismo-maoismo e agora aparece a dar lições de democracia e de jornais de referência, os quais aliás, lhe pagam parte do salário bem arredondado, através do mecenato do capitalista-mor do país:
A Realidade nunca perdoa e é muito sóbria. A sua negação permanente, de há 43 anos a esta parte, é uma tragédia nacional: três bancarrotas, o país ainda mais atrasado da Europa e incompetentes e corruptos a mandar, sem escrutínio mediático algum. Comem da mesma gamela.
Ahahaha! Há anos que o venho dizendo. O complexo político-jornalístico criou um Matrix onde vivemos há 43 anos. Uma ficção de que todos têm direito a tudo sem esforço e que o dinheiro cai das árvores. É com esta cenoura que a casta abrileira vai enchendo os bolsos sem escrutínio nem oposição.
ResponderEliminarOs telejornais são autênticas descargas de malware que entra na cabeça dos espectadores e os deixa disfuncionais demais para perceber a realidade.
A ideia de que os jornalistas deviam ser sustentados pelo OE creio que não é nova. Se não estou em erro, uma jornalixa do Público já a expressou quando se falou nas dificuldades do referido pasquim belmírico.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarO AG é dos poucos que se aproveita no meio da pasmaceira
ResponderEliminarAinda vão atribuir a culpa a não haver uma esquimó no governo...
ResponderEliminarJá o Pacheco se pode considerar um falhado.Se comparado com os antigos compagnos de route com milhões...
ResponderEliminarque todos tenham um lindo funeral
ResponderEliminar'nada se perde
tudo se transforma'
É preciso notar: são três bancarrotas desde 28 de Abril de 1928.
ResponderEliminarCumpts.
1. Sobre a (in)dependência dos MCS (neste caso a tv) e sobre outra personagem (muito) parda do regime, imprescindível Eduardo Cintra Torres no CM hoje.
ResponderEliminar2. E ainda sobre essa independência, o artigo 38°, n° 4 e 6 da CRP, que assegura a independência dos MCS, e, especificamente, "a independência [dos MCS do sector público] perante o governo", ainda está em vigor? E ainda está integrado no Título II, com a epígrafe "Direitos, liberdades e garantias? A nomeação da personagem referida no artigo de ECT compatibiliza-se com estas normas constitucionais como?
Bem observado, Bic.
ResponderEliminarDe resto, está-se mesmo a ver que é isso que vai acontecer - o contribuinte paga.
Já é assim em França.
BOLSA NA MÃO sem MÃO NA BOLSA.
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