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quinta-feira, janeiro 30, 2025

Ao cuidado dos observatórios de violência doméstica...

 Observador:


Não havia registos de violência doméstrica. Eppure...isto aconteceu. 

Vão agora saber qual a razão. Mas não será por falta de atenção à vítima, com certeza. 

Descubram então porque será. 

sábado, janeiro 25, 2025

Trump e outras histórias

 Artigos de Jaime Nogueira Pinto e Rui Ramos no Observador e que aqui ficam para mais tarde recordar. Há muitos nas páginas virtuais deste blog, já com mais de vinte anos (!)  cada vez mais esparso em artigos deste género e dedicado a temas que também vão ser "descontinuados" um dia destes e de resto tenho outros interesses e assuntos que me absorvem cada vez mais tempo que felizmente vou ainda tendo e que me dão maior gozo pessoal e por isso os cultivo.

Estou algo cansado em andar a escrever há vinte anos sobre os mesmos assuntos e a chover num molhado que parece não secar. Como já disse, quase tudo fica tudo dito, enfim. Ainda por cima com ilustrações. Isto dava para um livro que se poderia manusear com mais facilidade de utilização mas...para quê? Não pretendo dizer nada a ninguém ou ensinar seja o que for, antes pelo contrário. 

A minha opinião, essa, não mudou muito. Só um bocadinho e é por esse bocadinho que isto vale a pena, ou seja escrever para encontrar tal "bocadinho" de evolução no pensamento sobre os assuntos. E tal evolução, num sentido ou noutro, é real e decorre da reflexão, mesmo breve que estes escritos e leituras provocam. 

Por isso é que ainda vale a pena ler e pensar, nos limites da inteligência de cada um porque ninguém pode dar o que não tem...

Enfim, aqui ficam os dois artigos sem comentários.















sexta-feira, janeiro 10, 2025

A violência doméstica a entrar o ano

 Público de hoje, com uma notícia acerca de um homicídio ( femicídio...segundo o politicamente correcto que nem vem no C.P.).  

O modo como ocorreu é descrito num cenário de violência conjugal, tal como relatado pelas autoridades policiais, havendo a circunstância de dois filhos menores terem assistido à tragédia do "homem que terá matado na última madrugada a mulher, no Barreiro, com recurso a uma tesoura".

O resto do artigo de duas páginas é composto pelo depoimento de dois especialistas do assunto, ambos magistrados jubilados do MºPº, e ao mesmo tempo com responsabilidades em organismos que estudam o fenómeno da violência doméstica. Há anos...



O Correio da Manhã só traz uma página, e com fotos,  embora a informação seja superior e no final de contas bem mais interessante:


O que distingue este jornalismo do mostrado acima? Os factos, sem opinião de especialistas, mas com depoimentos de testemunhas da ocorrência que informam mais do que o de cima. 

E que dizem os especialistas de cima? Essencialmente que estas coisas acontecem porque o sistema ainda não está aperfeiçoado, sendo certo que foram pessoas que deram contributos para o mesmo sistema se aperfeiçoar e até foram responsáveis por medidas concretas para tal efeito. 

É certo também que a estatística parece implacável: ao longo dos anos o sistema não permite diminuir o número constante dos homicídios conjugais ou associados a violência doméstica. 

O especialista Rui do Carmo, pessoa estimável aliás, acha que tudo se resume a coisas que deveriam estar a fazer-se e não se fazem e até elenca dez medidas nesse sentido, todas relacionadas com a protecção de vítimas pelas instituições do Estado e não só, no que é acompanhado pela opinião da outra especialista, igualmente pessoa estimável: tudo centrado nas vítimas. 

Já o escrevi aqui ao longo dos anos em que tenho escrito sobre este assunto: é estulto pensar que o problema se irá resolver por essa via e para tal bastaria ler o que se relata sobre os factos deste caso concreto: este episódio fatal já era repetição de outros episódios e um deles até tinha dado origem a comunicação oficial às autoridades, o que não evitou o arquivamento do procedimento. 

O que diria uma análise retrospectiva ao caso? Que era imprevisível o que sucedeu e que portanto haverá outros casos como este ao longo do ano. 

Assim, ao mesmo tempo que se dá atenção à vítima, e isso parece que se faz de algum modo como não se fazia antes ( houve, pelos vistos, mais 1450 casos de pessoas colocadas em Casas de Abrigo no 3º trimestre do ano anterior, o que o especialista Rui do Carmo considera até "excessivo") resta tentar perceber porque é que um cônjuge, ou parceiro/parceira, namorado/namorada, pais e filhos e outros parentes se matam entre si num ambiente de violência doméstica.

Alguém se deu ao cuidado de tentar perceber as razões, para além do mero palpite e achismo? Ou será que tal nem é possível porque a complexidade da sociedade em que vivemos tal impede, nesta altura? 

É muito mais fácil elencar meios que parecem eficazes para protecção às vítimas do que tentar entender que se calhar tais meios são, por si mesmos, potenciais formas de espoletar a violência extrema. E isto por uma razão simplicíssima de entender: um animal acossado, real ou de modo imaginário, torna-se perigoso e agressivo e pode chegar a extremos de racionalidade definitiva. Não são impulsos de momento que em certos casos determinam os homicídios... 

Não será isto que sucede com o escalamento de medidas de protecção das vítimas, sem o acompanhamento dos agressores?! Quando um agressor decide pôr termo à sua própria vida o que significa tal gesto? 

Que chegou ao fim de uma linha que dantes não existia assim, tão visível e intransponível, porque havia maior flexibilidade na vida, nos costumes e no relacionamento entre as pessoas. 

Seja lá isso o que for, é esse, a meu ver,  o factor determinante para a extrema violência de um homicídio e/ou suicídio. E isso não vem nas medidas elencadas.