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terça-feira, novembro 18, 2008

O espectro do fassismo

Manuela Ferreira Leite, hoje, falou "no final de um almoço promovido pela Câmara de Comércio Luso-Americana, Manuela Ferreira Leite elegeu a reforma do sistema de justiça «como primeira prioridade» para ajudar as empresas portuguesas. "

Acrescentou ainda, algo sobre o modo de governar e disse:

«Quando não se está em democracia é outra conversa, eu digo como é que é e faz-se», observou em seguida a presidente do PSD, acrescentando: «E até não sei se a certa altura não é bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia».

Tanto bastou para que se soltasse o fiel amigo das reacções pavlovianas.

O deputado Alberto Martins, cuja realização máxima de vida pública, ainda hoje se mitifica numa célebre não-intervenção pública num cine-teatro de Coimbra, perante o ministro da Educação de então ( como os tempos mudam...), salivou imediatamente o discurso oficial dos perseguidos pelo antigo regime, das sombras e penumbras da PIDE e dos esbirros das feras dos mundos negros do salazarento regime de opróbrio que confinava os portugueses a uma imensa, infinda e imunda ...ditadura.
E no meio da sua indignação, pelo relembrar viscoso dos tempos da repressão mais hedionda , alvitrou que o dito de Manuela Ferreira Leite era uma enormidade sem precedentes e uma provocação a todos aqueles que sofreram na pele os horrores inauditos e sem paralelo, das masmorras da polícia política do celerado regime que ele e os demais democratas derrubaram no 25 de Abril.

Ufa!

Lufa, lufa! Santos Silva, o afoito ministro dos assuntos do Governo para o Parlamento, também se juntou ao coro dos escravos antigos.
Já exigiu à líder do PSD, declaração e atestado democráticos, inequívocos . Com corda ao pescoço e burel antigo, à moda do que se fazia nos tempos de Mao Tse Tung . Santos Silva, aliás, é perito nessa época histórica. É por isso que a liberdade lhe diz tanto à alma.

Continuando a actualizar os ditos dos assustados, repico aqui a declaração final de Carvalho da Silva, ao Jornal das 22h, na Sic-Notícias. "um dia de ditadura", seria insuportável, diz o grande líder da classe trabalhadora, reunida na CGTP, há muitos anos a esta parte.
Tantos que até se confundem com aqueles em que apoiava viva e seguramente, a maior e mais duradoura ditadura que jamais existiu : a da antiga URSS, pátria de Estaline, Kroutschev, Brejhnev e, durante anos, também a de ...Álvaro Cunhal.
Carvalho da Silva devia ter um pouco mais de pudor. Ou os jornalistas que os entrevistam.

13 comentários:

  1. Estes tipos só entendem o que lhes interessa (parto do princípio que possuem alguma inteligência...) ou então lá haverá um qualquer assessor que lhes fará um desenho ...
    É triste que não consigam perceber que MFL se estava irónicamente a referir ao nosso (des)governo e à sua forma ditatorial de nos (leia-se SE) governarem.
    O problema está na falta de qualificações (como eles gostam de dizer), a começar pelo nosso primeiro com um curso da farinha "amparo" concluído num solarengo domingo .....

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  2. Parece evidente que a Dra. MFL não domina a técnica da ironia e devia evitá-la.
    O seu comentário sobre os 6 meses sem democracia é de uma grande infelicidade e por isso susceptível de aproveitamento e de desgaste mediático, que é o que o PS anda a fazer, com a ajuda imediata de alguma comunicação social que foi buscar tal afirmação para fazer os “sound bytes” do dia.
    Mas o aproveitamento é evidente, tal como é evidente a falta de seriedade das vestais escandalizadas com o comentário – e para essa conclusão, basta ler aquilo que a Dra. MFL declarou logo a seguir à blague dos 6 meses:
    "Agora em democracia efectivamente não se pode hostilizar uma classe profissional para de seguida ter a opinião pública contra essa classe profissional e então depois entrar a reformar - porque nessa altura estão eles todos contra. Não é possível fazer uma reforma da justiça sem os juízes, fazer uma reforma da saúde sem os médicos", completou Manuela Ferreira Leite – vide Público, em http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1350420
    Não é próprio da democracia governar contra os administrados, em especial contra os que mais directamente são afectados pelas medidas da governação – foi exactamente isso que me parece que a Dra. MFL quis dizer.
    É significativo que este vector do seu discurso – que é um vector principal estruturante do mesmo – seja desvalorizado ou mesmo ignorado pela comunicação social, que prefere zurzir na senhora tirando partido da sua falta de jeito mediático.
    O meu voto é o de que a blogosfera não caia na mesma tentação.
    100anos

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  3. Esta frase é equivalente à do Otelo, sobre o Campo Pequeno.

    Otelo nunca disse o que lhe foi atribuido, que eu lembro-me bem.

    Mas o que ficou foi o que ficou.

    MFL, devia esclarecer já e retirar o gás a este restolho dos presos políticos do 25 de Abril, que se valeram desse estatudo, para subir no partido.

    Ainda falta o Bernardes da Justiça dizer da sua...

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  4. Para lá do oportunismo ridículo de distorcer as palavras de MFL,socorrem-se artificiosamente dos mitos que eles próprios deram à luz há uns anos atrás.

    Ainda recordo o jornal oficioso do PC apoiar a democracia dos Khmers Vermelhos do Camboja.
    Saldou-se essa grande conquista dos trabalhadores cambojanos liderados pelo camarada Pol Pot por cerca de 3 milhões de assassínios.
    Esta gente não tem um pingo de vergonha ou imagina que vive num país de amnésicos?

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  5. Só dou uma interpretação a esta verdadeira canalhice:
    Tentam desespradamente virar a atenção dos portugueses para uma brincadeira,para desenfocá-la dos sucessivos escândalos recentes,como as gafes do Socratino,o caso BPN,o terminal de contentores,as manifestações de professores,o caso Freeport com os desenvolvimentos dados pela polícia inglesa,etc.

    Esta tem sido a táctica recorrente,só não vê quem não quer.

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  6. O problema é que é exactamente isso e com a conivência dos principais media.

    É incrível, como estas coisas sucedem, mas a MFL dá estas borlas.

    Por exemplo, o caso de Manuel Pinho e Sebastião é muitissimo mais grave, mas parece que ninguém liga.

    É enternecedor, ouvir o Pinho a dar a conclusão acerca da sua própria polidez ética. É de rir.

    E aqui não há nenhuma cabala, é assim mesmo que as coisas funcionam.

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  7. Quem lê jornais e ouve fazedores de opinião sabe que a avaliação dos jornalistas está muito bem implantada.

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  8. Felizmente ainda existem jornalistas desalinhados da "manada" ...
    http://dn.sapo.pt/2008/11/19/opiniao/prefiro_a_frase_indignacoes.html

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  9. obviamente o que está aqui em causa é uma completa inaptidão da senhora para liderar um partido político que se pretende - e tem obviamente de ser - candidato a governar este país.
    agora se compreende o longo silêncio a que a senhora se havia votado nos últimos meses...

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  10. Não me espanta que os opositores políticos da Snrª Ferreira Leite tenham feito uso dessa sua frase, retirada do contexto.
    O que me causa admiração e mesmo indignação é ver os jornalistas e os media a fazerem eco desse episódio, a passarem essa afirmação da Srª. Ferreira Leite retirado do contexto, como se tivesse sido mesmo esse o significado do que ela pretendeu dizer.
    A SIC notícias, por exemplo, deu grande destaque a esse episódio ainda há pouco, no noticiário das 9h00m da manhã, com a frase isolada da Srª Ferreira Leite logo seguida do comentário digno e sério do Sr. Carvalho da Silva, assegurando que "ditadura nem por um dia".
    Por cá, claro, que em Cuba, China, URSS, Vietname e Coreia do Norte já não faz mal.

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  11. A senhora MFL está a preparar o caminho de Marcelo Rebelo de Sousa.

    São tantas as declarações desastradas que ela não se esforça por clarificar que me leva a crer que não lê jornais nem vê televisão ou está a preparar o caminho do seu sucessor.

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  12. Não creio na minha humilde opinião é claro!
    Penso que a Srª está a ser desastrada e a maior parte da CS é o que todos nós sabemos.
    Marcelo? Deus nos livre (e não, não estou a falar do Nuno Rogeiro)!
    Ele já lá vão muitos anos, era presidente do PSD e o Paulo Portas obrigou a demitir-se em directo...

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  13. Lamento profundamente, mas também me parece que MFL foi especialmente infeliz no modo como se expressou desta vez.
    Como é comum dizer-se da "mulher de César, a quem não basta ser séria, tem que parecer", em política a aparência cria uma imagem junto da comunidade. Essa imagem num líder tem que ser galvanizadora. A dizer coisas destas é que espera substituir o PS nas eleições que tão próximas se avizinham? ...
    É claro que ninguém com seriedade crê que MFL seja anti-democrata.
    Mas um verdadeiro líder deve saber que há matérias atinentes à vida e características específicas do seu Povo, com as quais não pode brincar.
    Sobretudo, com tão aparente falta de jeito.

    Por isso compreendendo embora a censura que expressa ao aproveitamente abusivo do sucedido, não posso deixar de considerar que ela não esteve bem .

    Maria

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