O jornal semanário Sol na edição de hoje, continuação da anterior, relata factos da investigação inglesa ao caso Freeport.
O facto mais relevante é a existência de uma gravação em dvd, relativa a uma conversa entre um empresário inglês e um administrador do Freeport. O empresário inglês, Charles Smith, admite que foram pagas "luvas" a políticos portugueses, para viabilizar a construção do empreendimento. Smith nomeia mesmo um ministro do Governo de António Guterres, como recebedor dessas luvas, bem como um importante escritório de advogados.
Relata ainda o Sol que o Freeport tinha como advogado Vasco Vieira de Almeida, não fazendo, no entanto, a ligação.
Depois adianta que a gravação foi oculta e nela se poderia ver um engenheiro, João Cabral. O qual colocou dúvidas na versão das "luvas". O que os ingleses não queriam era pagar IVA, diz o engenheiro.
Perante isto, a repórter do jornal, Felícia Cabrita, esclarece que esta gravação em dvd não tem validade jurídica em Portugal, ao contrário do que acontece em Inglaterra que pode servir de prova.
Independentemente da validade jurídica do facto, resta um outro de maior dimensão e importância: a de que terá existido corrupção, ao mais alto nível, incluindo até ministerial, no negócio do Freeport.
Em resumo: um ministro do governo de António Guterres, terá recebido dinheiro para facilitar a legalização do Freeport. Um dos problemas com a legalização, o que se referia a um estudo de impacto ambiental, seria afinal resolvido pela aprovação do mesmo, em Conselho de Ministros, três dias antes de o PS ter perdido as eleições.
São estes os factos relatados, para além da dificuldade sentida pelos investigadores portugueses que desde 2005 estão à espera de uma resposta das autoridades inglesas acerca de contas bancárias do Freeport e da firma Smith e Pedro, entidade pagadora das tais luvas. Por seu turno, os ingleses esperavam a colaboração activa das autoridades portuguesas e até agora sabe-se que o dinheiro saiu de Inglaterra para Portugal, passando por offshores da Suíça e Gibraltar, acabando eventualmente nos bolsos de corruptos.
O caso está a ser investigado pelo DCIAP. E também está a ser investigado pelos ingleses .
Como é que se faz uma investigação destas, envolvendo políticos de topo, em Portugal?
É uma pergunta que ainda ninguém fez como deve ser. Que meios podem ser usados. Como é que a lei processual penal permitirá ou não, uma investigação destas, consequente e com altíssimos voos, no seio do poder político.
Tal como ninguém fez demasiadas perguntas, no tempo do célebre fax de Macau, com Melancia e outros políticos de topo envolvidos.
Só se espera que neste caso o resultado não seja o mesmo que no caso de Macau. Resultado? Sim, aquele que Rui Mateus relatou na altura ao Independente, em resposta directa a Rodrigues Maximiano, já falecido e casado com Cândida de Almeira, precisamente a responsável , agora, pela investigação.
A resposta do DCIAP hoje, à notícia do Sol, no entanto faz temer o pior. «os autos não contêm, até ao momento, indícios juridicamente relevantes que mostrem o envolvimento de qualquer ministro do Governo português actual ou de governos anteriores em eventuais crimes de corrupção ou quaisquer outros».
Quer dizer, o jornal adianta a existência de uma conversa em que se torna evidente a suspeita de corrupção, pelos factos relatados. Não é o dvd ou a validade da prova que está em causa. É o facto de alguém, importante e directamente implicado no caso, ter afirmado a existência de corrupção, através de afirmação de factos. Não é uma denúncia anónima. Não é uma suspeita completamente infundada e fantasiosa, na medida em que provém de quem tem o domínio dos factos. Pode ser falsa? Pode. Mas antes de tal poder ser afirmado com grau próximo da certeza, é preciso investigar. A fundo e em forma.
Se continuarmos nesta senda de estratégia de avestruz, de comunicados habilidosamente redigidos para negar suspeitas que se tornam evidentes na sua acusação básica e fundamental, vamos mal. De mal a pior.
Um político português de topo, que até já foi ministro, é suspeito de ter recebido grossa maquia, para facilitar um negócio privado. Um político que é acusado, ainda sob forma de suspeita, de grande corrupção. Acusado por um dos directamente implicados no negócio e que sabe como ele se fez. Tal como no caso do fax de Macau...
Não é assunto que o DCIAP possa denegar assim tão facilmente, com comunicados de circunstância auto-suficiente e de escapatória a escrutínio público.
É assunto para investigar até às últimas consequências, doa a quem doer e dê no que dê.
É assim que se pode ver a independência do MP face aos políticos e a isenção de quem tem a obrigação estrita de investigar factos criminosos com esta relevância.
Não é certamente o mesmo que investigar um pretenso diploma falsificado na UnI.
Se o assunto se passasse nos EUA, já havia um procurador especial a tratar do assunto. E escutas a decorrer. E buscas e ainda mais meios e modos de investigação. Por cá, temos comunicados deste género, onde se diz o óbvio, quando nada mais se pode dizer. E que por isso mesmo fica sem saber se há ou não investigação às denúncias tornadas públicas. E se essa investigação, merece a atenção devida e competente, com os meios necessários e suficientes ous e fica pela rotina dos procedimentos rogatórios.
Este caso é o maior teste à independência do MP, face ao poder político.
Aditamento ( com correcções pontuais), em 18.1.09:
Nos jornais de hoje, Domingo, pouca relevância se dá ao caso. No Correio da Manhã, nada. O assunto é tratado no Público, com a displicência de um relato do que o Sol escreveu e com o enredo de uma banda desenhada moderna, sem grande interesse.
Porém, no Correio da Manhã, Campos e Cunha, afirma em entrevista: "Não hesitava um segundo em acabar com as offshores. É algo que tem de ser banido e fechado".
Campos e Cunha, revelou-se desde que saiu do Governo, um dos maiores opositores a certas medidas do mesmo. Não sei o que responderia se lhe colocassem a questão do Freeport.
Como já foi escrito, este problema criminal, pode contender com financiamento partidário. No entanto, aparentemente e a crer no teor da informação veiculada pelo Sol, não se trata apenas disso, mas de corrupção pessoal de alguns políticos Não se trata apenas de corrupção institucional, em que uma empresa estrangeira paga o pizzo habitual das "luvas" que parecem ser comuns, nos grandes negócios. Seja em submarinos, seja em aviões, seja em helicópteros, seja em sistemas de comunicação. Pizzo quase institucional e com destino ao bem comum...e permite aos envolvidos lavar as mãos, apresentando-as limpas.
A investigação deste tipo de criminalidade que envolve corrupção e participação de personalidades políticas de topo, neste caso da sociedade portuguesa, tem sido sempre um logro.
Porquê?
Em primeiro lugar porque é muito difícil estabelecer ligações seguras e directas com os políticos de topo, aos untadores. A técnica das offshores, dos escritórios de consultores, de intermediários e ainda mais intermediários, serve geralmente de écran protector com resistência de vidro à prova de bala.
Os políticos e investigadores, sabem disto. A diferença é que os investigadores, lá fora, não se atemorizam com estas coisas. Por cá, não é em assim e faz-se de conta que se investiga, por vezes.
Por outro lado, um político venal, se quiser exercer essa venalidade, fá-lo quase sem rasto, enriquecendo com dinheiros provenientes de nenhures e que poucos questionam, a não ser nas noites de má-língua. A ausência de inversão de ónus de prova de riqueza, ainda lhes permite ameaçar com processos os da má-língua. Neste caso, não vai tardar nada a proclamação solene da abertura da campanha de boatos. Esta semana, vai ser a tónica da indignação habitual e oficial.
Por causa desses problemas acumulados, as instituições do Estado encarregadas especificamente da investigação criminal, em casos deste género, experimentam inúmeras dificuldades. A maior nem sequer será a complexidade do esquema de corrupção, mas os escolhos llogísticos, egais e processuais, que atentam contra a eficácia destas investigações, em Portugal.
A consulta de dados bancários, cruzamento de informações fiscais e descoberta de documentos comprovativos das falcatruas e esquemas corruptivos, não adiantam muito se não houver a prova de existência de ligações seguras e concretas. Estas só podem ser determinadas por prova testemunhal, adquirida em escuta telefónica válida ou por sinais evidentes de malfeitoria, como seja o depósito de massa, vindo de origem inequivocamente inquinada.
Ainda assim, como se tem visto em processos mediáticos, com toda essa prova e indícios seguros de malfeitoria, os acusados, são absolvidos em julgamento, por vários motivos: ineficácia dos meios processuais, com um apertado rigor e controlo da validade das provas, potenciada por uma ausência de investigação blindada contra essas artimanhas. e ainda dificuldades processuais de produção de prova capaz, em julgamento. Isso para não falar, o problema da convicção dos magistrados qeu julgam e que não é um problema menor.
A investigação, por vezes, torna-se muito difícil de realizar, por motivos que se prendem com a delicadeza dos suspeitos e a complexidade dos factos em análise e coordenação das estratégias certas de actuação.
Provavelmente, será esse o caso, agora. E por isso, é preciso o cuidado necessário, para não pronunciar o nome dos suspeitos que facilmente viram virgens ofendidas até ao mais alto grau da desfaçatez.
Até por uma razão suplementar à evidente presunção de inocência: pode ser que o DCIAP não seja mesmo capaz de fazer a investigação como deveria fazer-se e tudo ficar nas habituais águas de bacalhau que apodrece nos arquivos.
Esta investigação pode ser um teste a essa capacidade. E talvez seja a altura de perceber como se faz, como se deve fazer e como se poderia fazer, e se as leis e costumes rotinciros o permitem.
Esse esclarecimento impõe-se à comunidade. Todos precisam de saber se em Portugal é possível fazer uma investigação destas.
Se tal não acontecer, mais uma vez a sombra do descrédito pairará sobre o nosso triste país de faz-de-conta. Mais uma vez, as pessoas comuns, do povo que não pensa muito nisto, acompanhado pela horda de cínicos do costume, dirão: ora, ora, já se sabia que isso não dava nada.
O DCIAP, neste caso, está na berlinda como nunca esteve. Espero sinceramente que seja capaz de chegar ao fim e poder dizer: está aqui a investigação realizada. Fizemos tudo o que era legalmente possível, para chegar a uma conclusão e a conclusão foi esta. E apresentá-la em conferência de imprensa, com direito a perguntas de jornalistas sabedores.
Se isso acontecesse, seria um dia grande para o nossos sistema democrático.
Mas se calhar isto é um país sonhado. O real pode muito bem ser outro.
O facto mais relevante é a existência de uma gravação em dvd, relativa a uma conversa entre um empresário inglês e um administrador do Freeport. O empresário inglês, Charles Smith, admite que foram pagas "luvas" a políticos portugueses, para viabilizar a construção do empreendimento. Smith nomeia mesmo um ministro do Governo de António Guterres, como recebedor dessas luvas, bem como um importante escritório de advogados.
Relata ainda o Sol que o Freeport tinha como advogado Vasco Vieira de Almeida, não fazendo, no entanto, a ligação.
Depois adianta que a gravação foi oculta e nela se poderia ver um engenheiro, João Cabral. O qual colocou dúvidas na versão das "luvas". O que os ingleses não queriam era pagar IVA, diz o engenheiro.
Perante isto, a repórter do jornal, Felícia Cabrita, esclarece que esta gravação em dvd não tem validade jurídica em Portugal, ao contrário do que acontece em Inglaterra que pode servir de prova.
Independentemente da validade jurídica do facto, resta um outro de maior dimensão e importância: a de que terá existido corrupção, ao mais alto nível, incluindo até ministerial, no negócio do Freeport.
Em resumo: um ministro do governo de António Guterres, terá recebido dinheiro para facilitar a legalização do Freeport. Um dos problemas com a legalização, o que se referia a um estudo de impacto ambiental, seria afinal resolvido pela aprovação do mesmo, em Conselho de Ministros, três dias antes de o PS ter perdido as eleições.
São estes os factos relatados, para além da dificuldade sentida pelos investigadores portugueses que desde 2005 estão à espera de uma resposta das autoridades inglesas acerca de contas bancárias do Freeport e da firma Smith e Pedro, entidade pagadora das tais luvas. Por seu turno, os ingleses esperavam a colaboração activa das autoridades portuguesas e até agora sabe-se que o dinheiro saiu de Inglaterra para Portugal, passando por offshores da Suíça e Gibraltar, acabando eventualmente nos bolsos de corruptos.
O caso está a ser investigado pelo DCIAP. E também está a ser investigado pelos ingleses .
Como é que se faz uma investigação destas, envolvendo políticos de topo, em Portugal?
É uma pergunta que ainda ninguém fez como deve ser. Que meios podem ser usados. Como é que a lei processual penal permitirá ou não, uma investigação destas, consequente e com altíssimos voos, no seio do poder político.
Tal como ninguém fez demasiadas perguntas, no tempo do célebre fax de Macau, com Melancia e outros políticos de topo envolvidos.
Só se espera que neste caso o resultado não seja o mesmo que no caso de Macau. Resultado? Sim, aquele que Rui Mateus relatou na altura ao Independente, em resposta directa a Rodrigues Maximiano, já falecido e casado com Cândida de Almeira, precisamente a responsável , agora, pela investigação.
A resposta do DCIAP hoje, à notícia do Sol, no entanto faz temer o pior. «os autos não contêm, até ao momento, indícios juridicamente relevantes que mostrem o envolvimento de qualquer ministro do Governo português actual ou de governos anteriores em eventuais crimes de corrupção ou quaisquer outros».
Quer dizer, o jornal adianta a existência de uma conversa em que se torna evidente a suspeita de corrupção, pelos factos relatados. Não é o dvd ou a validade da prova que está em causa. É o facto de alguém, importante e directamente implicado no caso, ter afirmado a existência de corrupção, através de afirmação de factos. Não é uma denúncia anónima. Não é uma suspeita completamente infundada e fantasiosa, na medida em que provém de quem tem o domínio dos factos. Pode ser falsa? Pode. Mas antes de tal poder ser afirmado com grau próximo da certeza, é preciso investigar. A fundo e em forma.
Se continuarmos nesta senda de estratégia de avestruz, de comunicados habilidosamente redigidos para negar suspeitas que se tornam evidentes na sua acusação básica e fundamental, vamos mal. De mal a pior.
Um político português de topo, que até já foi ministro, é suspeito de ter recebido grossa maquia, para facilitar um negócio privado. Um político que é acusado, ainda sob forma de suspeita, de grande corrupção. Acusado por um dos directamente implicados no negócio e que sabe como ele se fez. Tal como no caso do fax de Macau...
Não é assunto que o DCIAP possa denegar assim tão facilmente, com comunicados de circunstância auto-suficiente e de escapatória a escrutínio público.
É assunto para investigar até às últimas consequências, doa a quem doer e dê no que dê.
É assim que se pode ver a independência do MP face aos políticos e a isenção de quem tem a obrigação estrita de investigar factos criminosos com esta relevância.
Não é certamente o mesmo que investigar um pretenso diploma falsificado na UnI.
Se o assunto se passasse nos EUA, já havia um procurador especial a tratar do assunto. E escutas a decorrer. E buscas e ainda mais meios e modos de investigação. Por cá, temos comunicados deste género, onde se diz o óbvio, quando nada mais se pode dizer. E que por isso mesmo fica sem saber se há ou não investigação às denúncias tornadas públicas. E se essa investigação, merece a atenção devida e competente, com os meios necessários e suficientes ous e fica pela rotina dos procedimentos rogatórios.
Este caso é o maior teste à independência do MP, face ao poder político.
Aditamento ( com correcções pontuais), em 18.1.09:
Nos jornais de hoje, Domingo, pouca relevância se dá ao caso. No Correio da Manhã, nada. O assunto é tratado no Público, com a displicência de um relato do que o Sol escreveu e com o enredo de uma banda desenhada moderna, sem grande interesse.
Porém, no Correio da Manhã, Campos e Cunha, afirma em entrevista: "Não hesitava um segundo em acabar com as offshores. É algo que tem de ser banido e fechado".
Campos e Cunha, revelou-se desde que saiu do Governo, um dos maiores opositores a certas medidas do mesmo. Não sei o que responderia se lhe colocassem a questão do Freeport.
Como já foi escrito, este problema criminal, pode contender com financiamento partidário. No entanto, aparentemente e a crer no teor da informação veiculada pelo Sol, não se trata apenas disso, mas de corrupção pessoal de alguns políticos Não se trata apenas de corrupção institucional, em que uma empresa estrangeira paga o pizzo habitual das "luvas" que parecem ser comuns, nos grandes negócios. Seja em submarinos, seja em aviões, seja em helicópteros, seja em sistemas de comunicação. Pizzo quase institucional e com destino ao bem comum...e permite aos envolvidos lavar as mãos, apresentando-as limpas.
A investigação deste tipo de criminalidade que envolve corrupção e participação de personalidades políticas de topo, neste caso da sociedade portuguesa, tem sido sempre um logro.
Porquê?
Em primeiro lugar porque é muito difícil estabelecer ligações seguras e directas com os políticos de topo, aos untadores. A técnica das offshores, dos escritórios de consultores, de intermediários e ainda mais intermediários, serve geralmente de écran protector com resistência de vidro à prova de bala.
Os políticos e investigadores, sabem disto. A diferença é que os investigadores, lá fora, não se atemorizam com estas coisas. Por cá, não é em assim e faz-se de conta que se investiga, por vezes.
Por outro lado, um político venal, se quiser exercer essa venalidade, fá-lo quase sem rasto, enriquecendo com dinheiros provenientes de nenhures e que poucos questionam, a não ser nas noites de má-língua. A ausência de inversão de ónus de prova de riqueza, ainda lhes permite ameaçar com processos os da má-língua. Neste caso, não vai tardar nada a proclamação solene da abertura da campanha de boatos. Esta semana, vai ser a tónica da indignação habitual e oficial.
Por causa desses problemas acumulados, as instituições do Estado encarregadas especificamente da investigação criminal, em casos deste género, experimentam inúmeras dificuldades. A maior nem sequer será a complexidade do esquema de corrupção, mas os escolhos llogísticos, egais e processuais, que atentam contra a eficácia destas investigações, em Portugal.
A consulta de dados bancários, cruzamento de informações fiscais e descoberta de documentos comprovativos das falcatruas e esquemas corruptivos, não adiantam muito se não houver a prova de existência de ligações seguras e concretas. Estas só podem ser determinadas por prova testemunhal, adquirida em escuta telefónica válida ou por sinais evidentes de malfeitoria, como seja o depósito de massa, vindo de origem inequivocamente inquinada.
Ainda assim, como se tem visto em processos mediáticos, com toda essa prova e indícios seguros de malfeitoria, os acusados, são absolvidos em julgamento, por vários motivos: ineficácia dos meios processuais, com um apertado rigor e controlo da validade das provas, potenciada por uma ausência de investigação blindada contra essas artimanhas. e ainda dificuldades processuais de produção de prova capaz, em julgamento. Isso para não falar, o problema da convicção dos magistrados qeu julgam e que não é um problema menor.
A investigação, por vezes, torna-se muito difícil de realizar, por motivos que se prendem com a delicadeza dos suspeitos e a complexidade dos factos em análise e coordenação das estratégias certas de actuação.
Provavelmente, será esse o caso, agora. E por isso, é preciso o cuidado necessário, para não pronunciar o nome dos suspeitos que facilmente viram virgens ofendidas até ao mais alto grau da desfaçatez.
Até por uma razão suplementar à evidente presunção de inocência: pode ser que o DCIAP não seja mesmo capaz de fazer a investigação como deveria fazer-se e tudo ficar nas habituais águas de bacalhau que apodrece nos arquivos.
Esta investigação pode ser um teste a essa capacidade. E talvez seja a altura de perceber como se faz, como se deve fazer e como se poderia fazer, e se as leis e costumes rotinciros o permitem.
Esse esclarecimento impõe-se à comunidade. Todos precisam de saber se em Portugal é possível fazer uma investigação destas.
Se tal não acontecer, mais uma vez a sombra do descrédito pairará sobre o nosso triste país de faz-de-conta. Mais uma vez, as pessoas comuns, do povo que não pensa muito nisto, acompanhado pela horda de cínicos do costume, dirão: ora, ora, já se sabia que isso não dava nada.
O DCIAP, neste caso, está na berlinda como nunca esteve. Espero sinceramente que seja capaz de chegar ao fim e poder dizer: está aqui a investigação realizada. Fizemos tudo o que era legalmente possível, para chegar a uma conclusão e a conclusão foi esta. E apresentá-la em conferência de imprensa, com direito a perguntas de jornalistas sabedores.
Se isso acontecesse, seria um dia grande para o nossos sistema democrático.
Mas se calhar isto é um país sonhado. O real pode muito bem ser outro.
As autoridades têm a obrigação de, perante todo e qualquer indício, investigar o que se passa, como se faz quando uma senhora rouba um shampoo no supermercado. É tudo uma questão de isto alguma vez ter sido um estado de direito ou não.
ResponderEliminarEmbora se continue a não mencionar o nome do tal ministro....todos desconfiámos que é o nosso actual PM.
ResponderEliminarTalvez mais tarde surja para aí o vídeo....ainda por cima num ano de eleições é preferível que o vídeo apareça mais próximo das urnas...
O vídeo é secundário, a meu ver. O essencial é a existência de uma afirmação dessa gravidade proferida por um indivíduo que tem de ser ouvido para ver se a repete e de que modo.
ResponderEliminarNão é o vídeo que pode alguma vez provar o crime. É a afirmação comprovada pela investigação que tem de ser feita.
Doa a quem doer, como eles costumam dizer ( Jorge Lacão, no Prós % Contras, contra Oliveira e Costa).
Vamos a ver se a investigação se faz como deve ser.
É esse o sentido único do postal. Nem sequer é o de apontar e ampliar supeitas infundadas.
Apenas se destina a alertar para a obrigação estrita de uma investigação competente.
Nestas alturas è que se comprova, sem sombra de dúvida, que a nossa "democraciazinha" nos fica "curta nas mangas" , parafraseando o ilustre Zé Maria...
ResponderEliminarHum, este PGR não gosta de megaprocessos... Para alguma coisa lá o puseram, não se sabe é exactamente para quê. Mas percebe-se por que razão tanto incómodo havia no tempo de José Souto Moura. Quanto vale ser livre.
ResponderEliminarE não vão parar José.
ResponderEliminarCumprimentos
Manuela Diaz-Bérrio
PS. a verdadeira
Tendo como referência os grandes escândalos que abanaram Portugal desde o golpe,as expectativas não podem ser animadoras.
ResponderEliminarHavia por aí um político de topo cujo património era muito superior ao que ganharia em duas vidas,se tivermos em consideração o que declarava às Finanças.
Isso foi público e notório.
Nenhuma entidade procurou conhecer a origem de tal fortuna.
Isto não vai lá com esta gente.
Políticos das novas oportunidades dá nisto.Africanização para o povo e imposto revolucionário para eles...
ResponderEliminarVai acontecer alguma coisa. Isto não se aguenta assim tão complicado até às legislativas de Outubro e no PS o incómodo já deve ser muito e não é de agora. Cravinho disse há muito pouco tempo que isto ia acontecer. Uma possibilidade é ser levantado o processo de defesa habitual, arranjando um caso do outro lado.
ResponderEliminarJosé,
ResponderEliminarJuridicamente tem razão quando nos refere que o video é secundário. E quanto à eventual investigação não é preciso ter muita visão para lhe vaticinar um insucesso. Mas todos sabemos que eleitoralmente esse video não deixará de ter uma importância decisiva....a ver vamos.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarO autor do comunicado do DCIAP revela a mesma chico-espertice do receptor das luvas. Ambos são mestres em fazer desmentidos que não desmentem. Apenas difere no facto de não falar em cabalas e ataques pessoais.
ResponderEliminarDo DCIAP ao governo, esta corja chafurda toda na mesma estrumeira.
Em inglaterra nem um secretário-geral da segurança o safa.
ResponderEliminarAs offshores não podem acabar. Onde é que os deputados guardavam o dinheiro?
ResponderEliminarPela obra e graça do Espírito Santo (sem referência teológica).
O Correio da Manhã costuma trazer uma coisa engraçada, uma coluna com os rendimentos de um autarca ou deputado. Vi um presidente de Câmara, ou lá o que era, que teve um rendimento anual em vencimentos de 110 mil euros, fora os extras de que agora não me recordo. Qualquer coisa como 10 mil euros mensais. E chamam a isto transparência? Como é que um analfabruto consegue ganhar o que a maioria dos executivos não ganha?
ResponderEliminarEssa dos rendimentos dos políticos, vindos da declaração no TC, costuma ser feita no 24 Horas. Tenho algumas guardadas.
ResponderEliminarUma das mais interessantes é a de Luís Nazaré, o mago da PT.
OS JOGOS DO PODER:
ResponderEliminarNo caso do PS parece que neste momento há o caso Freeport...
No caso do PSD há o caso BPN....
Ambos são casos escaldantes....
O ideal seria um acordo de "cavalheiros ", ou melhor dizendo de " vigaristas ": tu não me destapas a minha careca e eu não destapo a tua....
Por isso, aliás, é que a comunicação SERVIÇAL pouco tem falado daqueles assuntos.
O gd. problema, e isto é uma merda, é que no caso Freeport estão metidas as autoridades inglesas que, ao que parecem, querem levar o caso até às ultimas consequências...
F. D. P. dos Ingleses...
Que bom seria que isto só ficasse intra-muros que ou prescrevia, ou era abafado ou outra coisa qualquer e, ainda por cima, o Estado Portugu^ªes teria de pagar uma indemnização choruda...
Bom, quando li que estava envolvido no caso um engenheiro deu-me logo um baque no coração, mas depois reparei que as conversas tinham sido em inglês, aí já fiquei mais descansado, afinal o nosso engenheiro, inglês, só técnico.
ResponderEliminarDurante a última campanha eleitoral para as legislativas, se bem me lembro, comentava-se por aí que um "engenheiro" andava a "alargar" a via do infante e que um "engenheiro" teria algo a ver com as alterações que permitiram a implantação do Freeport naquela área.
ResponderEliminarAqui d'el-rei que estão a fazer baixa política, já vale tudo e outras lamentações e o "calimero" consegue a maioria absoluta.
Passados 4 anos, não vi nenhuma foto em lado algum do dito cujo junto de uma fêmea digna desse nome (só ao lado da M. Educação), os chatos dos "bifes" continuam a falar do Freeport e agora a novidade do nosso 1º vai ser o "casamento gay" (não sei o porquê da utilização da palavra casamento - quando muito é uma união...)
Vamos ver quantos dias faltam para o tipo começar a fazer outra vez o discurso do "coitadinho e perseguido pela baixa política" .... e já agora gostava que os ingleses ou o Sol comecem a chamar os bois pelo nome e duma vez por todas dizerem quem foi o tal ministro do Guterres que recebeu umas "massas" valentes por baixo da mesa...
Imaginem se em vez de um ex-ministro de Guterres, talvez o do Ambiente, um afamado engenheiro, se tratasse de um ex-ministro de Barroso ou de Santana.
ResponderEliminarImaginem se a RTP, o JN, o DN, a TSF e outras instituições similares teria feito o mesmo silêncio...
No caso dos submarinos, por exemplo, o problema é o mesmo, menos as suspeitas concretas com provas concretas de denúncia de envolvidos.
ResponderEliminarQue se saiba, a investigação, empancou algures. Anda neste momento, movida a sonar...
A dos aviões, no tempo de Cavaco, essa despenhou-se no tempo de uma eleição.
ResponderEliminarOutro desastre.
A dos sistemas de informação SIRESP, essa, desorientou-se completamente com um inquérito sem consequência. O GPS nada indicou de errado e o processo foi aparcado no arquivo geral. Parece que se foi lá buscar outra vez. Gostava de saber para quê.
ResponderEliminarIsto é o panorama geral que temos.
O DCIAP que vamos tendo e as investigações que vamos fazendo de conta qe fazemos. Sempre com grandes entrevistas encriptadas com declarações esconsas que às vezes dão vontade de rir.
Em resumo: isto só lá vai com uma grande reviravolta em quem orienta o DCIAP.
Não há outra solução.
Não foi o All Capone a quem só conseguiram condenar por crimes fiscais?
ResponderEliminarMesmo que não seja possível provar q houve corrupção porque o DVD não é meio de prova e o camandro, que tal seguirem o rasto do dinheiro e perguntarem depois ao tal ministro onde estão os respectivos impostos pagos?
Não foi isso que fizeram com o Isaltino, por exemplo?
Isto enoja realmente.
O problema reside no facto de as "comissões" pagas, se a coisa for bem feita, serem pagas a membros ou militantes do PS e do PSD (daí o valor ser tão alto, já que é pago a dobrar ) e aí meus amigos venha quem vier e esteja quem estiver no "poleiro" o inquérito morre , porque é essa a vontade deles.... (Não me parece que nenhum dos outros partidos tirando estes 2 tenha possibilidades de ser governo)
ResponderEliminarSem pretender acusar ninguém do que quer que seja, nem fazer juízos de intenção, faz-me lembrar uma conversa de restaurante (já com 4 ou 5 anos) onde me foi peremptóriamente afirmado por mais de um jurista, que os grandes escritórios de advogados (pelo menos os de Lisboa) entre os seus associados estariam com interesses "divididos" entre o PS e o PSD, já que assim garantiriam trabalho qualquer que fosse o partido que estivesse no governo.
É um País cheio de singularidades e coincidências ......
O PROBLEMA é mesmo esse:
ResponderEliminarOs grandes escritórios de advogados.
O PROBLEMA surge e desemboca aí. As leis são feitas para isso.
Não tenho a menor dúvida.
Logo, é preciso atirar a esse núcleo de corrupção, porque é essa a cabeça do polvo.
Sempre foi, aliás.
Não é por acaso que os escritórios de advogados são um reduto mais inexpugnável do que o sacrário.
ResponderEliminarNão é por acaso que os advogados não tem qualquer incompatibilidade ética em serem deputados e ao mesmo tempo terem clientes das leis qúe é precisao fazer, com destino certo.
As próprias leis penais, mais recentes, sairam dos escritórios de advogados.
Et pour cause.
Se considerarmos que por detrás do Freeport está a C&W/H&B e que esta é a subsidiária na Europa de um dos maiores impérios imobiliários do mundo, a Cushman & Wakefield, então facilmente concluiremos que nunca por nunca apareceria uma prova tão espectacular como um vídeo (!), por aí, assim como que por mero acaso, perdido e altamente comprometedor. Este tipo de "negócio" exclui por definição qualquer espécie de prova física. A não ser talvez nos filmes de série B, ou a não ser, neste caso, que os ingleses queiram agora chatear os ianquis. É que, evidentemente, onde há corrupção existe - além do corrupto - também o corruptor, e ambos são juridicamente responsabilizáveis.
ResponderEliminarUm pouco estranho, de facto. Há alguém do actual PSD que tenha estado na última reunião dos Bildenbergs?
ResponderEliminarPedro,
ResponderEliminarJunto um extracto do livro "Toda a verdade sobre o Clube Bilderberg" de Daniel Estulin, página 55 :
"Segundo uma fonte bem informada, na reunião Bilderberg de 2004 em Stresa, Itália, montou-se uma promoção por grosso aos Bilderberg Portugueses. Na sequência dessa sessão, ocorreram grandes alterações na liderança em Portugal :
- Pedro M. Santana Lopes, o pouco conhecido presidente da Câmara Municipal de Lisboa, foi subitamente nomeado Primeiro-Ministro pelo Presidente da República.
- José M. Durão Barroso, anterior primeiro-ministro, foi nomeado Presidente da Comissão Europeia.
- José Sócrates, deputado, foi eleito líder do Partido Socialista depois de Eduardo Ferro Rodrigues se demitir a 25 de Maio de 2003, numa crise social e política decorrente de uma investigação policial, que comportava 15 casos e que alegadamente o implicava, de abuso sexual de menores em orfanatosdo Estado entre 1999 e 2000 (as fontes próximas da investigação confirmaram-me que a crise foi encenada dos bastidores por membros do Clube Bilderberg). Sócrates tornou-se primeiro-ministro de Portugal em 2005. " ....
Ainda não acabei o livro, não tenho tido muito tempo.
Se alguém tem curiosidade em saber o que se passou em 2008 - Bilderberg 2008: Chantilly, Virginia near Washington DC, June 5th-8th e não for "inginheiro" (isto é souber inglês para além do inglês técnico ...) deixo aqui este link :
https://secure.gn.apc.org/members/www.bilderberg.org/phpBB2/viewforum.php?f=19
não se esqueçam depois de partilhar a informação relevante que encontrarem ...
cumprimentos
O António Costa também lá eateve e não está na lista.
ResponderEliminarNunca põem todos sei de alguns que lá estiveram, mas por portas travessas...
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ResponderEliminarPara cultura geral aqui vai a lista de participantes portugueses nos encontros Bilderberg entre 1982-2000 :
http://www.bilderberg.org/g/Bild-Portugal.html
se conseguir listagens mais recentes depois informo.
Por acaso está um listagem gira no blog doportugalprofundo.
ResponderEliminarNas o José Eduardo Moniz também lá esteve e, não está na lista e, está lá o Marcelo, nas ele nunca lá foi, nem precisa, pertence à TRILATERAL ;-)
É como o Sean Conery,esse mesmo, Bond, my name is James Bond ...
Já para não falar da Angelina Jolie!
http://en.wikipedia.org/wiki/Council_on_Foreign_Relations
ResponderEliminarhttp://en.wikipedia.org/wiki/Trilateral_Commission
ResponderEliminarhttp://sol.sapo.pt/blogs/antimaconaria/archive/2008/12/09/A-democracia-que-n_E300_o-lhe-_E900_-dita-pelos-grandes-cr_E200_nios.aspx
ResponderEliminarLinks interessantes Karocha.
ResponderEliminarPena que agora não estou com muito tempo para leituras....
Mas já os guardei para leitura futura.
Este Pinto Balsemão está em todas ... também é da Trilateral ! Bolas... só espero que não seja do Benfica..
Looolllllll
ResponderEliminarColmeal, se calhar até é, dai o LFV estar de pedra e cal...
Colmeal
ResponderEliminarLembrei-me agora, só pode ser do Benfas, então o gica das fotocópias não deu de frosques para o UK?
Ainda bem que lhe dei os links ontem Colmeal, então não ó que agora o ABC,anda a apagar comentários?
ResponderEliminarA lista que foi posta ontem, sobre Bilderberg, foi retirada!
Não faz mal, eu guardei-a.
Karocha,
ResponderEliminarrealmente é estranho o ABC retirar a lista, mas o blog é dele e lá terá as suas razões ... nunca tinha dado por nada excepto da remoção de alguns comentários insultuosos.
Colmeal
ResponderEliminarMas retirou!
Quanto aos comentários insultuosos, embora eu raramente lá comente, pois para mim,anda por lá ,uma gente a insultarem-se e ao ABC que não fazem o meu género, se ele não considera isso um insulto, é lá com ele.
Normalmente leio e foi assim que dei por falta da lista hoje.
Nada como um momento lúdico :
ResponderEliminar" As minhas Luvas Novas "
http://sol.sapo.pt/blogs/joaocrm/archive/2009/01/17/As-minhas-Luvas-Novas.aspx
Outro
ResponderEliminarhttp://braganzamothers.blogspot.com/
Já ponho mais.
http://democraciaemportugal.blogspot.com/
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