Em Economia, vertente macro, palpitar opinião sobre qualquer fenómeno é risco acrescido. Tanto que até parece existir um relativismo nas opiniões sobre os assuntos. E de tal modo que aquilo que dizem os meros curiosos e diletantes, muitas vezes, tem maior acerto do que os artigos elaborados de especialistas. O problema, no entanto, reside sempre no timing. Em Economia, vale sempre o dito joaopintiano: no fim, é que os prognósticos se devem fazer. A título póstumo, claro.
No Público de hoje, o professor Luís Campos e Cunha, uma das vozes lúcidas na Economia teórica, escreve sobre o capitalismo e os capitalistas, com referência à intervenção do Estado, no caso o Governo, no sector bancário.
Começa por descascar nos pretensos especialistas que escreveram " as coisas mais inacreditáveis, sobre as intervenções no sector bancário".
E particulariza a seguir, para o BPN e o BPP. Sobre este último, confirma afinal que "os detalhes ainda não são integralmente conhecidos", mas isso não o impede de dar uma opinião, em favor do apoio governamental ao banco falido.
E para tal, sustenta que " a sua falência implicaria efeitos dramáticos no sistema financeiro e drástico para muitas empresas e famílias. Não era possível deixar ir à falência o BPP e, prova disso, vários bancos juntaram esforços para salvar o banco em causa".
Falta dizer, a acompanhar isto, que a tal conjugação de esforços, foi obtida na sequência da intervenção primo-ministerial e depois de o próprio ministro das Finanças, sucessor de Campos e Cunha, no Governo, ter dito publicamente que o caso do BPP não implicava riscos sistémicos.
Ou seja, precisamente o contrário do que afirma agora Campos e Cunha e o Governo, oito dias depois também sustentou, começando por explicar que o problema era de imagem e credibilidade do Estado português, no exterior.
A questão, por isso, permanece em pé: o Governo ajudou deliberadamente os maiores accionistas e depositantes, com maior capacidade financeira ou ajudou apenas os depositantes da geral, confundindo-os com a abstracção das "famílias e empresas"?
O Governo ajudou deliberadamente Pinto Balsemão e a Mota-Engil e outros grandes accionistas, ou ajudou os outros pequenos accionistas anónimos, quase todos do Norte e com depósitos a render juros?
Estas respostas, Campos e Cunha, não dá. Nem pode dar, penso eu de que. E nem entendo porquê.
Por outro lado, a revista francesa Marianne, esta semana, titula assim: "Não há apenas a vigarice Madoff. E se todo o sistema fosse uma vigarice?"
O sistema neo-liberal, entenda-se. Porque durante mais de trinta anos, o capitalismo financeiro visou apenas o enriquecimento infinito de alguns, em detrimento de todos.
Esta conversa, já soa a revolução. Mas ainda não chegou à faculdade de Economia do Porto.
José, andei a ver gráficos que comparavam o crescimento económico a partir da 1ª Guerra, juntamente com o crescimento a partir do FED. E é papel químico.
ResponderEliminarPor outras palavras, a judiaria e os governos americanos andaram a brincar com a malta. E os outros passaram a imitá-los.
Ainda vou pedir os gráficos para os postar.
É isso que diz, literalmente e o mais grave é que os gurus conselheiros são sempre ideólogos.
Aquilo foi pegar na fotocopiadora, imprimir e injectar nos bancos. E assim se disfarçavam os défices e se pagavam as guerras.
ResponderEliminarDepois dava crescimentos na ordem de mil e tantos por cento. O mundo todo a atingir o paraíso por dinheiro inventado do ar. E a economia agarrada a esta droga.
Poderá dizer-se que o neo-liberalismo foi inventado por judeus?
ResponderEliminarÉ que se for, têm um preço a pagar.
E talvez seja preciso recuar um pouco nos tempos e verificar as causas reais de ódio ao judeu.
Por cá também houve disso mas menos. Noutros lados, foi duro.
Isto vai aquecer.
É que a banca maior internacional é deles...
Puta que pariu esse conceito de "judeus". Mas todos os judeus são responsáveis pelos actos de um, ou grupo deles? Caramba é só o caralho de uma religião. Ou aquilo é uma seita em se reunem periodicamente e partilham informações secretas, com objectivos obscuros? E são só os judeus ricos e bancários? E os judeus das artes e ciencias como, sei lá, o Einstein ou o Woody Allen, também fazem parte do grupo?
ResponderEliminarTeorias da conspiração da treta tipo "Zeitgeist"? Caralho que vos fodam todos.
ResponderEliminarClaro que não são todos iguais. Esses que acaba de citar até fazem parte da shit list.
ResponderEliminarEstá a perceber? não se pode querer tudo e depois ficar-se pela metade. Ou bem que são povo eleito, com as prerrogativas históricas que todos sabemos, ou bem que são como qualquer pessoa de acordo com a nacionalidade do país em que nasce.
Mas, se assim fosse, também já tinham desaparecido por mera integração. E não desapareceram- precisamente porque são um povo apátrida que sobreviveu milenarmente por nunca abrir mão dessas diferenças.
E essas diferenças têm uma História e uma religião que se tornou ideologia- E por aqui falava-se apenas disto- da ideologia do lobby judaico, tal como ele próprio se reivindica e exclui qualquer judeu que o critique.
De resto a sua pergunta não faz sentido- sempre que se existe um colectivo que se projecta num terceiro termo ninguém precisa de o explicar cabeça a cabeça. Precisamente porque um colectivo é uma abstracção derivada de um pensamento, de uma ideologia e esta não tem cara nem se conhece pessoa a pessoa.
ResponderEliminarFora isso, atreva-se a dizer isso a um judeu- que não são um povo e que não faz sentido caracterizarem-se por serem "judeus".
ResponderEliminarAgora a historieta do neo-liberalismo de raiz judaica é ideia que o Arroja defendeu.
ResponderEliminarÉ bem capaz de ter uma grande percentagem de verdade. Pelo menos, na bolsa tem-na. E é da finança que estamos a tratar e não da economia que minga quanto mais esta cresce.
Mas olhe, José. Uma coisa é certa: o Soros levou a libra à falência e o Greenspan passou a bola randiana ao Bernanke.
ResponderEliminarNão se trata de zeitgeist algum.
ResponderEliminarTrata-se apenas de saber a quem pertencem os maiores bancos e quem inventou o sistema neo-liberal com as suas alavancagens miraculosas, baseadas em vigarices pegadas.
os judeus, são vistos como peritos na finança. Não é conspiração: é facto.
Para este tipo de atoardas com pouco nexo...mais valia ter ficado pela GLQL...ai sim, concordava com 90%...agora 10% é mt....
ResponderEliminarDe qq forma concordo com pk gente...devo ser da tal cooperativa....:)
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarA propósito das ditas "atoardas"- recomenda-se a leitura da vida dos Rotschild.
ResponderEliminarEssa e uma boa revisão da História, a partir da Grande Depressão até à 2a Grande Guerra.
Miguel:
ResponderEliminarA verdade quando é dura, costuma doer.
A verdade, é mais inclinada para o que eu escrevi do que outra coisa.
E nada tem de zeitgeist. Tem mais de "que gaita!". Os judeus, para o bem e para o mal, são uma grande força de influência das sociedades ocidentais.
Nada tem de mal. Tem apenas que se reconhecer isso e dar-lhe o devido desconto.
Aqui há dias, li, algures, um artigo de um judeu que começava assim: " um judeu, perante um facto interroga-se: isto é bom para os judeus?" E depois desenvolvia a história com algum sentido de humor que tornava leve o que escrevia e ao mesmo tempo permitia afastar os zeitgeists.
A questão agora é a mesma: foram os judeus quem operaram a maior parte dos fenómenos neo-liberais?
É uma simples pergunta que nada remete para os zeitgeists.
Afastar esta pergunta, atirando logo para a linguagem de terrorismo intelectual, pouco adianta.
O que adiantaria era responder: sim ou não.
Por mim, estou inclinado para o sim...
Só isso.
E não sou anti-semita, entenda-se-
ehehe
ResponderEliminarEssa do anti-semita é que tem a sua piada. Já é preciso fazer-se declarações destas antes que venham as patrulhas da linha da denúncia.
Eu não compreendo como é que se podem eleger determinadas paranóias em detrimento de outras.
Porque é que existe esse perigo de ser anti-semita e não outro qualquer como anti-islâmico ou assim.
Há sempre "fobias" que sabem fazer-se pagar mais caras que outras.
Os judeus são ciganos ricos. E pronto. É mais ou menos isto. Não é coisa que se explique por religiões ou classes sociais ou local de nascimento- é raça.
ResponderEliminarHá quem goste e há quem não goste e até houve quem se tenha inspirado em jogos de espelhos arianos.
Mas esses são outro estigma mau- há racismos bons e racismos maus. Mais uma vez, porque uns sabem fazer-se pagar melhor que outros. E a História é sempre feita pelos vencedores.
O MEC, na crónica do Público de hoje, diz que há pouca gente verdadeiramente anti-semita. Mesmo que haja muita que critica os judeus.
ResponderEliminarÉ isso mesmo.
Para além disso, subsiste a idiossincrasia cultural.
Um filme sobre a vida de Jesus Cristo, feito por um judeu e um católico, diferem necessariamente.
Por mim, prefiro ao filme de Mel Gibsonm ao de Norman Jewinson.
Gostos.
Mas, quanto a mim, ainda em relação à finança o problema principal nem é esse- o de ter ficado na mão do tal "internacionalismo de interesses bem particulares".
ResponderEliminarÉ que a finança sofre dos mesmos mitos das famosas Ciências. Se há a pancada do "domínio das leis da economia", ainda há outro pior, que são os modelos matemático-financeiros, perfeitamente desligados da própria economia e realidade.
E por aí é que se pode entender este simulacro de fé em crescimento desmedido. A partir do ar. E não só, a partir da fezada que dominavam leis científicas (passe o pleonasmo) da finança.
DE sempre que me aparece um livro sobre cultura, interrogo-se sempre sobre o autor.
ResponderEliminarSe é judeu, tem logo desconto da credibilidade.
Sabe qual o título da revista Fortune desta semana ( da Time-Life, certamente com muitos judeus lá metidos)?
ResponderEliminarSending Wall Street to jail.
Este título é o dealbar de uma revolução no capitalismo. E que pouco tem a ver com a alternativa socialista. Parece-me.
A coisa vai mudar, de fundo. Ainda não se sabe como, mas vai mudar. Para defesa do próprio sistema de mercado livre.
Logo, se tiver tempo vou escrever o que me parece sobre isto.
Ainda não o li. E também não vi nenhum dos filmes.
ResponderEliminarEssa historieta de se ser anti-semita tem de ser uma ficção. E começa logo pelo facto de nem se conseguir distinguir um judeu de um não judeu, salvo se se entrar em demasiadas intimidades...
eheh
Claro que não existe. E então em Portugal ainda menos. Na verdade, a generalidade da população é bem capaz de nunca ter visto um judeu na vida (salvo pela tv ou cinema).
José: os próprios que trabalham na finança dizem isso. Eles sabem perfeitamente de onde veio o erro.
ResponderEliminarSó mesmo os desbocados dos ideólogos é que aparam os golpes com medo que venha aí o comunismo em troca.
Na verdade, o sistema neo-liberal até é bem mais filho do marxismo que outra coisa...
Enganei-me: claro que vi o Violino no Telhado. Não vi foi o filme do Mel Gibson.
ResponderEliminarO erro veio da ganãncia desmedida.
ResponderEliminarAdivinhe-se agora quem são os destacados gananciosos...
Madoff é apenas um deles.
O Norman Jewinson tem um filme tirado de um musical: Jesus Christ Superstar.
ResponderEliminarMel Gibson, apresenta a versão católica da Paixão. O Papa disse: é como foi.
E os judeus, naturalmente, são mostrados como são...
Sim, a ganância é a base mas ela não explica um sistema de interesses que passou a funcionar em parceria entre governos e bancos centrais.
ResponderEliminarE a partir daqui, da criação do FED é que tudo aumentou de escala. De resto a historieta básica é bem antiga e já existia nas comunas renascentistas italianas.
Agora os grandes tentáculos dessas corporações que não são carne nem peixe e funcionam em bastidores de poder é que é a grande mudança.
Com a agravante de agora se passar tudo a escala planetária, com a globalização.
E é um facto que esse internacionalismo de interesses só podia ter como protagonistas os mesmos internacionalistas sem pátria- ou com a pátria nos genes.
ResponderEliminarDaí que o neo-liberalismo, se não foi invenção judaica, foi do diabo por eles
ehehe
O erro fundamental, já tinha sido anunciado no filme Wall Street, com Michael Douglar e que é dos anos...90, acho.
ResponderEliminarEstá lá tudo o que importa reter sobre a função social do greed.
A doutrina neo-liberal, do monetarismo e do moderno laissez-faire, criou o caldo de cultura necessário á expansão planetária do fenómeno.
Aqui, até o Pina Moura ( e o Vital lá ia atrás, mas agora recuou), era neo-liberal.
O Sócrates andava na mesma onda. Agora, mudou.
Isto, sim,é que é o fenómeno
Para falar verdade, até acho que eles nem dizem que são essas coisas numa de parecerem modernos.
ResponderEliminarSão políticos interesseiros e basta. Hão-de ter lido tanto teórico do liberalismo como eu...
retirar o "nem".
ResponderEliminarGreed is good já tinha sido o lema de outro filme bem mais antigo- o do Etric von Stroheim.
E como é que se chamava aquele outro que também ia sendo banido, bem premonissor?
Judex! Voilà
Estou para ver como é que o Passos Coelho, um neo-liberal, vai falar na conferência da Economist.
ResponderEliminarO Passos Coelho, em matéria económica, vai ter de dar uma grande volta ao bilhar grande se quiser continuar a ser uma esperança para a liderança do PSD.
Aquela ideia de privatizar a CGD é capaz de não ser a melhor, hoje em dia.
E a privatização da água dos rios, defendida pelo Pedro Arroja, parece que também já foi chão que deu uvas.
Esta crise tem pelo menos uma vantagem: permite por em dúvida certos dogmas da mão invisível, para realçar a necessidade premente de visibilidade dos fenómenos essenciais da economia.
Parece-me que o Pedro Arroja já percebeu isso melhor que ninguém.
O Judex tem uma histórica de remakes bem curiosa.
ResponderEliminarQuem o aproveitou para muita fantasia foi o Max Ernst na série Une semaine de bonté. Coisa forte para quem viveu o nazismo e conhecia bem o retrato mais cruel dessa "economia de corpos e sadismo" do velho marquês.
Tudo premonições artísticas que dizem mais que muita "teoria".
O Arroja tem essa vantagem. Foi neo-liberal antes deles todos e já conseguiu livrar-se da maior parte dos dogmas.
ResponderEliminarMas agora também anda demasiado caladinho e bem-comportadinho com esta crise financeira.
Todos temos as nossas "meninas dos olhos".
Ou esqueletos no armário. É que vou fazer post acerca desta expressão.
ResponderEliminar":O))