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quarta-feira, fevereiro 18, 2009

O desembargador Rangel

No Correio da Manhã de hoje, pode ler-se mais uma arenga idiossincrática do cronista Rui Rangel que se assina como "Juiz desembargador". Escreve sobre o tratamento dos media no caso Freeport.
Como se pode ler, está tudo bem, não houve violações de segredo de justiça, a coisa tem sido mais ou menos controlada, a comunicação social vive tempos difíceis, enfim, coisa e tal. Mas não é a culpada da coisa do Freepor, não, nem pensar nisso. Portanto, tudo como dantes, excepto...excepto isto:
Nunca alinhando nas teses da cabala e das campanhas negras, pode dizer-se, de um modo geral, que a Comunicação Social andou bem e que até fez algum trabalho de investigação. O mesmo não aconteceu com o jornal ‘Público’, com as velhas guerras contra Sócrates, que mancham a sua isenção e credibilidade e com a TVI do casal Moniz. O que a TVI e Manuela Moura Guedes têm feito, no jornal das sextas-feiras, é perseguição pura e dura a Sócrates, não é jornalismo. O casal Moniz serve-se deste órgão de Comunicação Social poderoso para fazer campanha política. É arrepiante o que se passa às sextas-feiras nesta estação, com as peças montadas e articuladas ao sabor dos comentários da pivô do jornal. Este jornal da TVI está transformado numa máquina para triturar Sócrates e para assassinar o seu carácter, sem respeito pelas garantias básicas deste cidadão, que também tem direito ao seu bom-nome. Sem prejuízo da veracidade dos factos sobre o caso Freeport, a informação não pode ser feita a qualquer preço.
Há portanto duas ovelhas ranhosas na comunicação social correcta. E o "juiz desembargador" Rangel está aqui para julgar e ditar a sentença: censura moral.
Ao Público, porque sim. Anda sempre em campanha contra o amado líder e é verrinoso nas reportagens factuais. Pode lá ser, uma coisa dessas, em exercício de liberdade de expressão! À TVI, porque é o "fácies"( sic, salvo seja), "os trejeitos na cadeira" da apresentadora MMGuedes que incomodam e retiram a credibilidade.
Percebe-se bem esta arenga. O que não se percebe de todo em todo, é a razão pela qual um juiz desembargador, que se assina como tal, escreve o que escreve, manifestando a sua opinião politicamentre comprometida, a favor deste amado líder e deste governo que está, em modos de fazer temer algo indesejável: se um dia lhe chega um processo com estes casos, tem de se declarar impedido. Ou alguém o fará na sua vez.
Porque alguém lhe vai mostrar esta crónica, claro. A isenção e imparcialidade mora algures, mas não nas crónicas do desembargador Rangel.

16 comentários:

  1. E eu a julgar que no fim daquelas democráticas palavras que cita iria aparecer alguma coisa sobre o contrapeso RTP, mas foi só ilusão. Uma justiça com gente assim não dá confiança, dá medo e terror.

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  2. O Juiz Rangel, não é o irmão do homem do berbequim e, que foi "raptado" há uns anos atrás ?

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  3. José,

    Acho que fez mal cortar o resto, porque é delicioso:

    "Os olhos, o rosto, o fácies, os trejeitos na cadeira e a incomodação de Manuela Moura Guedes são escandalosamente visíveis. E estes também são elementos estimáveis na apreciação de uma informação séria, isenta e responsável, o que não é o caso. Incomoda este espectáculo."

    Depois do julgamento pelo parecer, sem factos, termina, concluindo assim: "E, quando assim é, Sócrates tem razão."

    Claro que Mr.Rangel nunca viu o jeito de Sócrates a mentir à frente do país inteiro, a começar por Zamora e a acabar na pergunta sobre as secretas respondida com a ofensa do cartaz da JSD, depois de a Acção Socialista publicar imagem de diversos líderes do PSD com o jeito, roupa e cabelo de um conhecido homossexual da praça.

    Não é por nada, mas Portugal está um lixo.

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  4. "se um dia lhe chega um processo com estes casos, tem de se declarar impedido."

    Concordo consigo.
    Mas não é verdade que o desembargador Rangel diz o mesmo (num estilo diferente) que o Procurador Geral da República e que a Procuradora Adjunta dizem?

    E alguém os declara impedidos?

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  5. Mal por mal, prefiro o Rangel a escrever assim. É mais claro e directo.

    Agora, se um juiz, desembargador ainda por cima e da secção criminal, pode e deve escrever assim, isso já é outra música.

    Quanto ao PGR, não despacha processos. E quem os despacha deveria ter suficiente independência hierárquica para não se deixar influenciar pela hierarquia.

    Se é ou não, isso já é outra história

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  6. O que me impressiona no artigo do Dr. Rangel é o recurso a uma impressionante dualidade retórica para escrever as suas opiniões.

    O artigo não é só uma bravata contra o Jornal Nacional de 6ª Feira, projecto jornalístico que ele manifestamente não entende mas segue com a devida atenção, o que já não é mau.

    Primeiro, o Senhor Desembargador espraia-se num preâmbulo em que critica, muito indirectamente, quem quer reduzir o processo Freeport a um "caso" jornalístico:

    "É frequente afirmar-se que são os jornalistas que criam os casos, que perseguem as pessoas, que violam o segredo de justiça, assumindo o papel de abutres. (...) Mas daí a dizer-se que são os culpados das crises, culpados, por exemplo, do chamado caso Freeport, por destilarem notícias que não são verdadeiras, é carga a mais para os seus ombros". (SIC)

    Esta delicadeza do articulista chega a ser comovente. "Diz-se", "é frequente dizer-se". Onde está a coragem para pronunciar claramente os nomes de Proença de Carvalho, Freitas do Amaral, Santos Silva, Correia de Campos ou do próprio José Sócrates, revelada a seguir, com toda a grosseria possível, para se atirar "ao Casal Moniz"?

    Então, Senhor Desembargador, quem diz as coisas que se dizem por aí, "frequentemente"?

    O dr. Rangel tem todo o direito a ter as opiniões que tem, como eu tenho de as achar um completo disparate.

    Mas, para mim - que sou jornalista do Jornal Nacional de 6ª e não renego nada do que assino - é uma decepção ver um magistrado tão corajoso manifestar-se tão reverencial quando esboça, a título de "por exemplo, o chamado caso Freeport", uma modesta crítica a quem está no poder.

    Concordo com ele numa coisa. A comunicação social vive "tempos críticos de independência". Mas o Jornal de 6ª não.

    Mas tenho para o Senhor Desembargador uma notícia: a Justiça também vive tempos críticos de independência. Ele, sinceramente, espero que não.

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  7. Carlos Enes

    Li o seu comentário com muita atenção.

    Os meus melhores
    Cumprimentos
    Manuela Diaz-Bérrio

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  8. Quando o Sócretinismo cair quem não vai estar em crise são os negociantes de casacas.Desembargadores,empreendedores,senadores,comentadores,locutores,comunicadores e tudo o que é banqueiro no País lá terão de ir a correr virá-las tão presto quanto possivel.

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  9. Concordando com a critica ao Sr. Desembargador por expor, desta forma, a sua opinião...não posso deixar de expressar que o Jornal das 6.ª feira é uma caricatura de jornalismo!!! nem é tanto pelo Sócrates (do qual não gosto)...e que agora tem sido o visado. É sobretudo pela figura de MMGuedes...ex-deputada do PP...ex-anunciante do SKIP....se aquilo é jornalismo...muito mal andámos!!!!

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  10. O melhor jornalismo é o da SIC-Notícias?

    Estamos conversados.

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  11. Miguel M. Ferreira
    Esqueça o PP, os anúncios e os discos!
    A meu ver uma coisa não tem nada a ver com a outra, é uma Mulher de garra,boa jornalista e que não se verga ao poder e que tem personalidade.
    Se vir o 60 minutes,eles também não se vergam e dão as suas opiniões...

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  12. E digo-lhe mais,estou sempre à espera do Jornal de 6ª.

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  13. http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=374184

    Ao menos o MP em Portugal não deixa os ladrões dormirem descansados! :-))))

    Estamos a chegar ao fim de algo...

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  14. E se o MP tratasse do que lhe compete?

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  15. Já está no sítio, o comentário adequado.

    Estamos no fundo,mas ainda há espaço para esgaravatar.

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