Páginas

terça-feira, abril 21, 2009

A entrevista do primeiro-ministro à tv do Estado

Os entrevistadores não são os melhores. São apenas o que há e convém a este poder que está.

O primeiro-ministro ( PM) começou nervoso e em tom da retórica robótica do costume. Não interessa comentar isto, porque isto não interessa senão ao propagandista do costume que anda a vender banha da cobra política por tudo quanto é sítio.

"Responder à crise com olhos postos no futuro".

E já entrou na agressividade ao lançar a Judite de Sousa que "é abusivo da sua parte fazer essa obervação." , ao referir-se ao papel interinstitucional com o Presidente da República.
E a Judite calou. Logo que interrompeu um pouco, novamente "deixe-me acabar! Deixe-me acabar". É óbvio que isto não é uma entrevista, mas uma sessão de debate parlamentar na Tv. Vergonhoso. Coisa que não existe no entrevistado.

"Quando estava a falar do bota-abaixo, estava a falar de quem?" - pergunta o outro entrevistador José A. Carvalho. Ah, pois e tal, são os da oposição. Coisa e tal não é mais, é a oposição. "Não era essa a minha intenção". E tal. Pois, a gente já percebeu. O PM quer afastar o cálice da má-educação da frente. Atira tudo para "a oposição".
Em política o que parece não é, para este PM. Aliás, o que parece nunca é, parece-me a mim.

E continua a falar da oposição com a retórica parlamentar, mas sem os opositores presentes. Belíssima forma de fazer propaganda política. O costume, como de costume.

Judite interrompe a tirada propagandística apenas para assistirmos a uma retoma da mesma, com outro tema. Todo e qualquer tema serve. "Deixe-me acabar", já é a terceira vez que lança a Judite de Sousa ( que deve estar pior que estragada com esta pesporrência de PM).

Obras públicas, agora. Está nas sete quintas, mas remete para o site do Governo. "Mas se quer saber, esses estudos foram feitos agora e também do governo anterior." " O meu ponto é este: não devemos adiar projectos estruturantes para o futuro apenas porque estamos em crise". É o discurso de Ricardo Salgado do Espírito Santo...

Acha que tem impacte na economia real? pergunta o outro, José Alberto..."Claro que tem", resposta engatilhada e disparada. Pudera! Estava-se mesmo à espera que dissesse o contrário...este Carvalho é o máximo em entrevistas.


Judite está do contra. E o PM contraria quem é contra. Com o paleio do costume, de vendedor banhacobrístico.
Há trânsito para todas as estradas? pergunta o Ó José Alberto Carvalho. "Mais uma vez os convido a irem ao site do Ministério das Obras Públicas e lá estão todos os estudos." O Ó José Alberto nem pergunta e o PM já está em cima da resposta à pergunta que nem se fez..."Eu já lá vou a essa...eu já sei o que vai dizer..."
É assim o tipo de entrevista que não interessa para nada. falar de auto-estradas com entrevistadores que andam sempre em atalhos.

Estes entrevistadores não conhecem um único facto para lhe contrapor! Nem uma única objecção à demagogia, à aldrabice. É aqui que o PM «brilha".

Judite sai do tema e reentra no assunto principal: o discurso do PR. O PM atira-lhe logo que já respondeu e a entrevistadora responde que só agora fizera a pergunta...

Entrevistas com este PM são assim: aldrabices em directo.


Em relação ao PR: " não temos a mesma mundovisão". Pois nem será tanto assim...e é esse o nosso drama.

E continuam as perguntas sobre a crise...

Datas, números para tentar convencer o PM que não sabia da crise e que adiou soluções. Mas isso é canja, para este PM! No Parlamento, não fazem outra coisa e o tipo sai de lá sempre a rir da performance.

Nem que lhe mostrem o vídeo das aldrabices sobre datas e números, reconhecerá a autoria. E insistem no jogo.

E deixam-no entrar na mais ampla propaganda. "Deixem-me dar alguns..." dados da nossa maravilha de governo, só faltou acrecentar.
Nem uma única objecção dos entrevistadores, nem uma única observação simples.
"Senhor PM deixe-me falar do presente..." balbucia a entrevistadora, interrompendo. Mas quem a interrompe no monólogo é o PM. Judite cala-se. E lá vai o PM na demagogia mais chã por ali fora...

"Eu encaro a situação com muita humildade..." Pois, pois, tal e qual a que revela na entrevista.

Enfim, fico por aqui nesta parte sem qualquer interesse para uma entrevista deste género: um acto de pura propaganda política e de frete ao governo.

Uma vergonha mais, perante a total passividade dos entrevistadores.

Assim que falar dos casos, regresso.









1 comentário:

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.