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sexta-feira, julho 10, 2009

A arte da leitura

Este número da revista Ler, de Julho de 2009 vale pela entrevista a VPV, por Carlos Vaz Marques que costuma fazer perguntas certas e bem encadeadas.
VPV começa por falar nos livros que lê e relê, sobre "cinco ou seis interesses em que estou, normalmente, a par dos grandes livros que se publicaram nessas áreas. Quando sai algo de novo releio as coisas que já tenho em casa a esse respeito ou, se o livro traz sugestões novas, vou atrás delas."
Este modo de "ir atrás das sugestões" que a leitura apresenta, sugere-me exactamente o modo de aprendizagem informal que sempre preferi: is atrás das "sugestões".

Os tais cinco ou seis temas de interesse são a História portuguesa desde o séc XVII- XVIII, e "leio o máximo sobre o nazismo". São ainda as origens do cristianismo, o que implica o conhecimento da Bíblia, do Império Romano. Ainda é tema de interesse a Revolução Francesa e, claro, a literatura associada.
Sobre o nazismo e a Segunda Guerra Mundial ( " o que não é a mesma coisa"), e "o fascismo, como um apêndice disso", VPV manifesta um interesse curioso que me remete para a minha prè-adolescência.

Em Junho de 1969, comprei este livro que segue, por causa desse mesmo interesse dependurado de outras leituras, nomeadamente dos livrinhos de "cóbóis", onde se incluiam os da série Falcão ( Major Alvega) e Mundo de Aventuras ( episódios de guerra do ponto de vista aliado): saber o que foi a Segunda Guerra Mundial e conhecer os seus protagonistas.




Na época, finais dos anos sessenta, a editorial Aster, ligada eventualmente ao Patriarcado ( tal como a Rádio Renascença) publicava várias obras sobre o assunto.

A biografia de Rommel, por Lutz Köch era uma delas. Assim como era o livro de Willem Prüller, Diário de um soldado alemão e ainda a História da Segunda Guerra Mundial, de André Latreille, livros que comprei dois anos depois, em 1971, numa feira do Livro em Maximinos, Braga. Essa história era apenas um sucedâneo, porque a obra que me fascinava naquela época e ano não era bem essa: eram os três volumes cartonados e de luxo, da Grande Crónica da Segunda Guerra Mundial, de autor então desconhecido, publicados pelas Selecções do Reader´s Digest. Ou então, pouco depois, o fascínio ainda maior com a vista da obra em sete volumes " de cerca de 400 páginas por volume, tendo o último 608, com centenas de fotografias, sobrecapa a duas cores, gravações a prata e extractos das biografias dos principais chefes militares e políticos" em que "um neutro ( suíço) comenta-a" ( transcrições do catálogo do editor). O "neutro" era o autor, Eddy Bauer e a edição, de 69/70, era da Europa-América a 140$00 cada volume. Essa sim, era "a obra".

Os livros das colecções da Aster, sobre este assuno, eram vários e sobre diversos temas da guerra e do nazismo, numa perspectiva, digamos diversa, daquela que actualmente assenta no politicamente correcto, tipo Lanzmann.

Aqui está outro ponto de interesse que gostava de saber se VPV segue: qual a perspectiva histórica mais adequada a conhecer o fenómeno do nazismo, do fascismo e da guerra associada?
O das vítimas da "shoa", o das vítimas do lado católico, o dos algozes ( tipo Bienveillantes de Little), o dos militares prussianos, o dos austríacos anexados e complacentes ou outros ainda?

Carlos Vaz Marques não lhe perguntou, mas valia a pena saber. Talvez num artigo de jornal, um dia destes...

8 comentários:

  1. «O das vítimas da "shoa"» é uma boa ponta da meada para compreender tudo o resto.

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  2. "Iron Kingdom
    The Rise and Downfall of Prussia, 1600-1947" do Prof. neo-zelandês
    Christopher Clark oferece uma perspectiva bem interessante.

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  3. A Grande crónica da 2ª Guerra Mundial não tinha autor. Era na realidade um "digest" (Excertos) dos livros escritos, a maior parte dos quais pelos próprios protagonistas.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. ehehehe eu tenho essa edição das selecções. O meu pai comprou uma aparelhagem e esses livros vieram de brinde. isto em 90, 91 para aí. também davam volumes da história de portugal, dos descobrimentos e do portugal contemporâneo. bons tempos.

    o nazismo é uma confusão que nunca percebi: marxismo, neopaganismo, darwin, spencer, aquela ideia do espaço vital... enfim, dá-lhe Vasco.

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  7. "Qual a perspectiva histórica mais adequada a conhecer o fenómeno..."
    A questão não poderia estar melhor formulada.
    O problema prende-se com as possíveis respostas. Haverá uma apenas que deva ser válida e universal ?!...
    Acredito que se existe, a humanidade ainda não a encontrou ou teria retirado todas as ilacções do fenómeno, não se assistindo ainda hoje a realidades associadas, perfeitamente incompreensíveis num mundo civilizado.

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  8. O Spengler topou a coisa. Ele tem um capítulo na Decadência do Ocidente, o Socialismo Ético, em que termina com uma listinha de obras, que basicamente dão nisto: economia aplicada à biologia. E, se não me engano, cita lá um grande inspirador do nazismo, um tal Duhring.

    Eu, se fosse maluco para estudar o nazismo, ia por aí.

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