António Costa, ministro da Administração Interna, sabia, uma semana antes da detenção de Paulo Pedroso, por alegados actos de pedofilia (no âmbito do processo Casa Pia), que este e Ferro Rodrigues, seus camaradas no Partido Socialista, se encontravam referenciados pelas autoridades. Esta é a conclusão que resulta do depoimento, feito a 14 de Julho de 2003, pelo então director da Direcção Central de Combate ao Banditismo (DCCB) da Polícia Judiciária (PJ), Orlando Romano, que na altura jantou acompanhado do governante, então líder da bancada parlamentar do PS, e ainda do à época director nacional da PJ, Luís Bonina.
O então director da DCCB - na tutela do Ministério da Justiça, a que António Costa já presidira - e actual director nacional da PSP - polícia tutelada pelo Ministério da Administração Interna cujo actual ministro é António Costa - foi chamado a prestar declarações na 2ª secção do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP), na tarde de 14 de Julho de 2003. Orlando Romano, de acordo com o auto de inquirição a que o PÚBLICO teve acesso, começa por dizer que, em Maio desse ano, numa data que oscila entre os dias 13 e 15, jantou, como fazia diversas vezes, com António Costa e o director da PJ, Luís Bonina.
O auto de inquirição, presidido pelo magistrado João Guerra, titular do processo Casa Pia, refere, citando Orlando Romano, que a conversa dos três intervenientes, sendo de "circunstância e desorganizada, sem obedecer a qualquer temática" foi parar, a determinada altura e por iniciativa de António Costa, ao alegado envolvimento de figuras do PS no caso Casa Pia. "O dr. António Costa começou a dizer que o dr. Paulo Pedroso e o dr. Ferro Rodrigues se encontravam referidos no processo sobre pedofilia na Casa Pia de Lisboa e que tais referências eram mais consistentes relativamente ao dr. Paulo Pedroso do que as relativas ao dr. Ferro Rodrigues, as quais seriam mais supérfluas", conforme consta do documento do DIAP.
O actual director nacional da PSP refere ainda que, até aquela data, nunca havia tomado conhecimento dos factos, ficando a saber dos mesmos através de António Costa.
Orlando Romano diz no auto de inquirição que as declarações de Costa foram por si escutadas, tal como por Bonina, como "meros auditores e sem qualquer conhecimento do que se passasse quer no processo, quer na realidade".
Alusões a Moita Flores
O procurador do Ministério Público que inquiriu Orlando Romano conduziu ainda o interrogatório para outro ponto quente, aquele que, na época, sugeria que alguém ligado às investigações do caso Casa Pia estaria a passar informações para a imprensa, através do colunista Moita Flores, ex-inspector da Polícia Judiciária e actual presidente da Câmara Municipal de Santarém.
Orlando Romano disse então ao pocurador João Guerra saber quem eram os inspectores da PJ rersponsáveis pelas investigações em curso (a coordenadora Rosa Mota e o inspector Dias André). Sobre a primeira disse conhecê-la, enquanto em relação segundo afirmou que só o conhecia de nome. Sobre uma eventual relação de amizade entre Dias André e Moita Flores, que anteriormente haviam trabalhado na Directoria de Lisboa da PJ, não adiantou, por não saber, se a mesma era ou não de proximidade.
"Perguntado se Moita Flores poderia influenciar o inspector Dias André, disse que desconhece a capacidade do inspector Dias André se deixar influenciar porque não conhece bem a pessoa. No entanto, quanto a Moita Flores, disse ter a pior opinião possível e ser capaz de tudo, sendo certo que não tem conhecimento do que ele possa ou não saber sobre este caso concreto [investigações sobre pedofilia na Casa Pia]", conforme consta ainda do depoimento de Orlando Romano no NUIPC 1718/02.9JDLSB (o número dado ao processo).
O PÚBLICO desconhece se o procedimento do DIAP em relação a Orlando Romano foi ou não tomado com Luís Bonina, o outro interveniente no jantar onde António Costa, uma semana antes de Paulo Pedroso ter sido detido, falou de referências a este e a Ferro Rodrigues no processo Casa Pia.
As diligências efectuadas pelo DIAP, ao inquirir responsáveis policiais que lidavam de perto com António Costa, visavam, entre outras, apurar se existiam ou não pressões para que o suposto envolvimento de dirigentes do PS no caso Casa Pia fosse abafado judicialmente. Paulo Pedroso, que seria detido uma semana após o jantar de Costa com Romano e Bonina, esteve preso preventivamente durante seis meses, acabando por ser libertado e posteriormente não ter sido acusado no âmbito do processo cujo julgamento ainda hoje prossegue.
Num país a sério e com instituições prestigiadas, estas pessoas aqui mencionadas jamais teriam os cargos públicos que têm.
Esta vergonha continuada que envolve todo um partido que pura e simplesmente se devia desfazer por causa disto, ( com os envolvidos presos ou punidos penalmente) ainda vai prosseguir porque os últimos capítulos ainda não foram apresentados a público.
Por estas e por outras se percebe o acolhimento triunfal de um arguido correligionário nas escadarias do Parlamento, na maior e mais indigna farsa de que há memória em toda a nossa história contemporânea, incluindo o tempo do regime de Salazar/ Caetano.
O então director da DCCB - na tutela do Ministério da Justiça, a que António Costa já presidira - e actual director nacional da PSP - polícia tutelada pelo Ministério da Administração Interna cujo actual ministro é António Costa - foi chamado a prestar declarações na 2ª secção do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP), na tarde de 14 de Julho de 2003. Orlando Romano, de acordo com o auto de inquirição a que o PÚBLICO teve acesso, começa por dizer que, em Maio desse ano, numa data que oscila entre os dias 13 e 15, jantou, como fazia diversas vezes, com António Costa e o director da PJ, Luís Bonina.
O auto de inquirição, presidido pelo magistrado João Guerra, titular do processo Casa Pia, refere, citando Orlando Romano, que a conversa dos três intervenientes, sendo de "circunstância e desorganizada, sem obedecer a qualquer temática" foi parar, a determinada altura e por iniciativa de António Costa, ao alegado envolvimento de figuras do PS no caso Casa Pia. "O dr. António Costa começou a dizer que o dr. Paulo Pedroso e o dr. Ferro Rodrigues se encontravam referidos no processo sobre pedofilia na Casa Pia de Lisboa e que tais referências eram mais consistentes relativamente ao dr. Paulo Pedroso do que as relativas ao dr. Ferro Rodrigues, as quais seriam mais supérfluas", conforme consta do documento do DIAP.
O actual director nacional da PSP refere ainda que, até aquela data, nunca havia tomado conhecimento dos factos, ficando a saber dos mesmos através de António Costa.
Orlando Romano diz no auto de inquirição que as declarações de Costa foram por si escutadas, tal como por Bonina, como "meros auditores e sem qualquer conhecimento do que se passasse quer no processo, quer na realidade".
Alusões a Moita Flores
O procurador do Ministério Público que inquiriu Orlando Romano conduziu ainda o interrogatório para outro ponto quente, aquele que, na época, sugeria que alguém ligado às investigações do caso Casa Pia estaria a passar informações para a imprensa, através do colunista Moita Flores, ex-inspector da Polícia Judiciária e actual presidente da Câmara Municipal de Santarém.
Orlando Romano disse então ao pocurador João Guerra saber quem eram os inspectores da PJ rersponsáveis pelas investigações em curso (a coordenadora Rosa Mota e o inspector Dias André). Sobre a primeira disse conhecê-la, enquanto em relação segundo afirmou que só o conhecia de nome. Sobre uma eventual relação de amizade entre Dias André e Moita Flores, que anteriormente haviam trabalhado na Directoria de Lisboa da PJ, não adiantou, por não saber, se a mesma era ou não de proximidade.
"Perguntado se Moita Flores poderia influenciar o inspector Dias André, disse que desconhece a capacidade do inspector Dias André se deixar influenciar porque não conhece bem a pessoa. No entanto, quanto a Moita Flores, disse ter a pior opinião possível e ser capaz de tudo, sendo certo que não tem conhecimento do que ele possa ou não saber sobre este caso concreto [investigações sobre pedofilia na Casa Pia]", conforme consta ainda do depoimento de Orlando Romano no NUIPC 1718/02.9JDLSB (o número dado ao processo).
O PÚBLICO desconhece se o procedimento do DIAP em relação a Orlando Romano foi ou não tomado com Luís Bonina, o outro interveniente no jantar onde António Costa, uma semana antes de Paulo Pedroso ter sido detido, falou de referências a este e a Ferro Rodrigues no processo Casa Pia.
As diligências efectuadas pelo DIAP, ao inquirir responsáveis policiais que lidavam de perto com António Costa, visavam, entre outras, apurar se existiam ou não pressões para que o suposto envolvimento de dirigentes do PS no caso Casa Pia fosse abafado judicialmente. Paulo Pedroso, que seria detido uma semana após o jantar de Costa com Romano e Bonina, esteve preso preventivamente durante seis meses, acabando por ser libertado e posteriormente não ter sido acusado no âmbito do processo cujo julgamento ainda hoje prossegue.
Num país a sério e com instituições prestigiadas, estas pessoas aqui mencionadas jamais teriam os cargos públicos que têm.
Esta vergonha continuada que envolve todo um partido que pura e simplesmente se devia desfazer por causa disto, ( com os envolvidos presos ou punidos penalmente) ainda vai prosseguir porque os últimos capítulos ainda não foram apresentados a público.
Por estas e por outras se percebe o acolhimento triunfal de um arguido correligionário nas escadarias do Parlamento, na maior e mais indigna farsa de que há memória em toda a nossa história contemporânea, incluindo o tempo do regime de Salazar/ Caetano.
E qual é o papel do detective Flores nesta estória?
ResponderEliminarEntretanto hoje inauguram-se fábricas que só existirão em 2013. Estamos mesmo a entrar numa era virtual...
ResponderEliminarJá o referi diversas vezes em comentários que F.Rodrigues,com as acusações que sobre ele pendiam,nunca poderia ter sido candidato a PM num país civilizado.
ResponderEliminarO facto é que perdeu por poucos...
"António Costa, ministro da Administração Interna, sabia, uma semana antes da detenção de Paulo Pedroso, por alegados actos de pedofilia (no âmbito do processo Casa Pia), que este e Ferro Rodrigues, seus camaradas no Partido Socialista, se encontravam referenciados pelas autoridades."
ResponderEliminar***
O pior é que facilmente se defende este PS desta situação usando uma premissa do estado de direito que dá para tudo e até dá jeito em alguns casos :
Referenciados, ou mesmo arguidos, presumiam-se inocentes até prova em contrário...
Ainda hoje é assim com titulares de cargos públicos que também podiam ter a decência de os dignificar pela ausência...
Mas como todo o arguido se presume inocente, vale para todos...
Desta vez encarnei a voz do "velho do restelo" e lancei uma pequenina provocação. Mas o propósito não é mau, apenas lançar um rastilhozinho para o diálogo.
:-)
Saudações.
Maria
Costa esteve metido até ao pescoço na conspiração multifacetada para "abafar" o envolvimento de dirigentes do PS no processo da pedofilia na Casa Pia.Basta ler as escutas telefónicas que estão no processo.Faça o que fizer dessa participação não se livra e toda a informação relativa ao Costa neste particular deve ser exaustivamente investigada e divulgada publicamente antes das autárquicas.Da informação já disponível resulta contudo claro que a Casa Pia é o Freeport do Costa e que este não pode continuar a ser Presidente da Câmara de Lisboa.
ResponderEliminarGosto muito de ouvir o António Costa na Quadratura do Círculo. Principalmente quando ele fala em reuniões ocorridas numa casa a propósito do Freeport. Para além da esquisita referência ao direito de reunião em si, faz-me lembrar outras reuniões, de outros processos, com gente ainda mais importante e poderosa a tentar chegar a outra, numa casa. Uma casa portuguesa, com certeza. E por falar em casas, este homem é um autêntico palácio na história da arquitectura do estado a que chegámos; representa um tempo, uma corrente e um estilo que tem de ser apreciado.
ResponderEliminarE claro está....
ResponderEliminarA culpa é do..... Bibi!
Pode ser sensacionalista,mas há aqui um fundo de razão.
ResponderEliminarO assunto merecia destaque,a fonte,segundo o jornal,foi a própria investigação da PJ.
Nesta recta final,o ditador tem tudo controlado.
http://jornalprivado.blogspot.com/2009/07/o-fio-da-navalha_27.html
essas ultimas coisas referem-se a quem?
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