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sábado, setembro 05, 2009

O jornalismo de compromisso


Imagem do Expresso de hoje ( que comprei), com alguns dos elementos do Jornal Nacional de Sexta, da TVI.


O caso TVI-Jornal de Sexta, continua a dar que falar e escrever. Uma das questões mais interessantes que se desenvolve nos media é a discussão sobre a qualidade intrínseca do jornalismo do Jornal de Sexta.
Para alguns, com destaque para o isentíssimo Emídio Rangel, é um jornalismo vergonhoso. Marinho e Pinto, enquanto jornalista e autor da peça no jornal Diário do Centro sobre Mário S. , não disse mais- nem precisava, porque já sabemos que lado político pretende ocupar no espaço mediático e provavelmente não só. Isenção maior não haverá, por isso mesmo...

Assim, restam várias opiniões negativas como a do director do Expresso, Henrique Monteiro, outro exemplo e modelo de um jornalismo de uma qualidade que ultrapassa fronteiras e já é citado nos corredores do New York Times, para não falar no Guardian ou na BBC.
Henrique Monteiro nem se dá ao trabalho de justificar e fundamentar a sua opinião. Não, é-lhe suficiente debitar que tal jornalismo "é um mau produto" ( sic, et pour cause).

No entanto, outros, como José Manuel Fernandes e Miguel Pinheiro, não topam o tal mau jornalismo e até mencionam exemplos estrangeiros como é o caso de Lou Dobbs da CNN, um jornalista de tv alvo de controvérsia precisamente por causa da opinião misturada com informnação ou Jeremy Paxman da BBC, também alvo de críticas ...que não de censura de corte.

A questão essencial no debate entre jornalistas portugueses, em relação ao caso TVI, assume um outro aspecto que esconde o óbvio: os críticos do jornal de Sexta de Manuela Moura Guedes, são geralmente comprometidos politicamente com o poder que está. Emídio Rangel, quem é e o que pretende? Uma oportunidade de regressar à tv e fazer o que fez na SIC. Embora a água de um rio não passe duas veses sob a mesma ponte, Rangel quer construir um barragem mediática que o leve a provar do mesmo poder que já teve e que uma vez o levou a considerar capaz de eleger um presidente, como quem vende um sabonete ou dentífrico. Vergonha jornalística, isto? Não. Apenas pragmatismo de quem nunca deveria ter sido jornalista na vida mas apenas delegado de propaganda.

E os demais críticos que fundamentos apresentam para classificar o jornalismo da TVI à Sexta, como " execrável", "abaixo de cão", " mau jornalismo", que argumentos substanciais apresentam e, principalmente, que exemplo pessoal têm para mostrar de que são não só arautos de um jornalismo de qualidade mas também o praticam?

Alguns, têm do jornalismo a mesma visão que Mário S. e são geralmente indivíduos que apontam este como exemplo de político. O jornalismo instrumental que praticaram, de moço de recado e com interesses escondidos na pretensão de mostrar agrado, por vezes de sabujo, deveria envergonhá-los. Mas isso seria pedir demais a quem prefere sempre um jornalismo acomodado ao poder que lhes agrada do que um jornalismo que o questiona para bem de todos.
Abaixo fica a imagem do jornal 24 Horas, de outro jornalista cuja qualidade de produto tem sido comprovada ao longo dos anos. Pedro Tadeu é um jornalista correcto? Não é. Acolheu e acolhe nas suas páginas notícias de pendor enviesado a favor de interesses que nem sempre são claros ( no caso da Casa Pia, por exemplo) e mesmo assim, de vez em quando compro-lhe o jornal que até tem algum interesse objectivo. Por isso mesmo, nunca o censuraria por corte. Apenas com o uso das mesmas armas que o tipo usa: as palavras. Para lhe denunciar os compromissos.
No caso de Manuela Moura Guedes, o seu jornalismo detestado por quem detém o poder do momento, deveria ser criticado no estrito campo da sua prática: o uso das palavras e imagens para narrar e descrever factos. Isso, porém, não vejo fazer aos seus críticos. O que vejo é um arreigado desejo de a correr da informação por lhe estragar os arranjos pessoais e politico-partidários. Se Manuela Moura Guedes fosse a favor deles e contra os adversários políticos, seriam os primeiros a inverter a tónica do discurso instrumental e a atacar quem a atacaria.

Um argumento patético é o do director-adjunto do 24 Horas, Martins Pereira, hoje no jornal: " Um jornal que tem sete, oito ou dez notícias seguidas a criticar o Governo ou o primeiro-ministro não é um jornal isento e sério." Isto é de rir e só a pouca idade do escriba pode explicar. Então se fosse uma ou duas, já mudava o critério? E se as restantes não fossem de crítica, então ainda acrescentaria maior isenção e seriedade, pobre Pereira?!

Se colocassem a alguns dinossauros do jornalismo português de salamaleque ao poder, a pergunta sobre se consideram bom jornalismo o que o El Pais, La Repubblica e a Economist andam a fazer sobre Berlusconi, com ataques cerrados, contínuos e virulentos, visando a sua vida pessoal ( o La Repubblica anda há semanas a perguntar todos os dias o que Berlusconi tem a dizer sobre o caso que manteve com uma menor, denunciado pela ex-mulher...) o que diriam esses bonzos do jornalismo pátrio, tipo Bettencourt Resendes e outros?
Pois sim, já sabemos a resposta: um olhar vago e contrafeito para dizer o que não podem: que o jornalismo é sempre contra-poder e que a associação ao poder prostitiu o profissional. Mas isso, eles não podem dizê-lo. E muito menos assumi-lo.

Isto é tão claro como a prática política a que estamos habituados. Por isso, que se amolem.

Imagem do jornal 24 Horas de hoje, com a opinião de alguns jornalistas, responsáveis órgãos de informação. ( clicar para ler)

13 comentários:

  1. Este Henrique Monteiro sempre foi um idiota e tem piorado com a idade.

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  2. O pior é que a imbecilidade de quem manda torna-se contagiosa...

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  3. Mas tem piada ler s comentários ao vídeo do jornalista inglês.

    Por cá o atavismo não o permite.

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  4. Para o fim do video , o jornalista pergunta várias vezes ao entrevistado se ameaçou outro tipo...várias vezes, insistindo que o entrevistado não respondia ao perguntado.

    Por aqui, esse tipo de jornalismo é considerado inadequado.

    Até metem dó, estes vendidos ao poder.

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  5. A comunicação social portuguesa, vista na sua generalidade, tornou-se conservadora, no pior sentido da palavra. Por isso, várias vezes, o povo surpreendeu em eleições a chamada "opinião pública" publicada.

    O jornalismo português, visto na sua generalidade, é manso. Na sua prática diária, institucionalizou-se. A maioria das notícias são pré-fabricadas. Toda a gente percebe que aquelas reportagens de dois minutos, em que um ministro ou um político da oposição dizem uma "novidade" qualquer fazem parte de uma construção contínua, passiva e artificial da realidade.

    A críticas, os filtros, as dúvidas, a desconstrução das encenações e até as pergutas desapareceram da maioria das "reportagens". O confronto político, sem o qual nenhuma sociedade é verdadeiramente livre, com aquilo que lhe é servido todos os dias por peças informativas tão limpas como os anúncios publicitários, foi relegado para os "espaços de opinião".

    E na opinião, o que é que temos? Maioritariamente, políticos sem verdadeira opinião, que apenas representam a opinião do momento - táctica, circunstacial, sem grandes exigências de coerência ou praticabilidade - do seu partido. E uma série de comentadores "engajados", alguns deles postos a controlar jornais, que só não são mais perigosos dada a flagrante irrelevância e incapacidade para convencer alguém.

    A tribo dominante agarra-se pois à "objectividade", um conceito absurdo, como critério único para o jornalismo. A palavra "verdade", que dói mais, é em regra afastada dessas críticas.

    Claro que qualquer manual de jornalismo, para não invocar aqui séculos de filosofia, há muito não só abandonou como denunciou o perigo para a democracia desse conceito.

    O que é a objectividade? Será o Jornal da Uma da RTP, que acabei de ver? Uma hora e tal que reduziu o primo do Freeport a uma carta anónima? Que não tratou o caso do momento, nem para citar o PR? Que apresentou a ministra da Educação a falar duma coisa qualquer irrelevante, várias iniciativas e intervenções do PM sobre assuntos escolhidos por ele e duas peças sobre as opiniões de Mário Soares, o tal candidato que foi repudiado pelo povo nas presidenciais?

    De facto, todas as "reportagens" estavam certinhas e todos eles foram muito bem citados. Eis a objectividade.

    O agendamento de notícias, esse, não se discute. Que notícias são escolhidas, quais ficam de fora?

    Nos últimos anos, há um exmplo que me envergonha como jornalista. António Balbino Caldeira, cidadão de Alcobaça, sozinho, sem os meios ao dispor das redacções, investigou, publicou - foi processado e ganhou em tribunal - a história da licenciatura de JS. Todos os meios de comunicação ignoraram o assunto durante um ano, até se tornar insuportável.

    E que assuntos serão ignorados agora, todos os dias? Que perguntas ficam por fazer?

    Eu, que tenho carteira profissional, digo-vos que António Balbino Caldeira foi o melhor jornalista desta legislatura.

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  6. I o máximo da sem vergonha nacional é a capa de hoje do jornal Sócretino soft onde o Padrinho Mário GáGá vem dizer dizer, no melhor estilo da Camorra, que até gostava da jornalista assassinada.Só falta agora os outros elementos da triade,o Almeida Diabo e o Vito Minímo,virem a terreiro derramando lágrimas de crocodilo pelo cadáver.Quanto ao resto iremos ter depois de 27.9 a lista de todos os pseudo jornalistas e comentadores que são Maçons.Tudo ficará mais claro a partir daí em matéria de liberdade de expressão e de informação.

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  7. Tenho mais ou menos presente a excitação de muita desta gente com a reunião entre Sampaio e Marcelo. E a indignação também.

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  8. Nunca vi o Jornal Nacional da MMG, vejo pouca televisão e nunca me interessou. Mas se ouço o senhor Rangel a falar de mau jornalismo, penso logo no inverso. -- JRF

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  9. Os Media são empresas privadas, propriedade de alguém. Logo, as opiniões expressas reflectem a opinião do dono. Os «jornalistas» limitam-se a papaguear aquilo que o dono lhes dita.

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  10. Lamento, mas o defeito maior dos nossos desgraçados 'jornalistas', não é serem comprometidos, nem conservadores, nem situacionistas; o problema é serem imbecis. Antigamente eram apenas ignorantes, agoram tanbém têm que ser destituídos. E não me peçam exemplos.

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  11. Porra, a segunda vírgula está a mais. A desvirgulação pega-se. Cáspite! Já agora, aqui fica a previsão que ouvi hoje a um experto: com esta confusão o pobre do doutor Sócrates depois do dia 27 já não vai para a Prisa com maiúscula...

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  12. A situação do jornalismo é simples de explicar:Quem está com o poder come.Quem não está cheira.
    É ver qual é o maior "défice" das EP
    O gajo do expresso é que sabe

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  13. "E que assuntos serão ignorados agora, todos os dias? Que perguntas ficam por fazer?"

    Quanto à sua pergunta Carlos Enes já o Tomás Taveira, no "24horas" em Maio de 2003, avisava o PS para cuidar das "histórias da cochinha"!

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