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domingo, setembro 27, 2009

Os foguetes do Bloco

O Bloco de Esquerda deita foguetes pelo número de deputados que vai ter nesta próxima legislatura em relação à anterior: mais do dobro...

Resta saber o que vai acontecer agora ao BE. Se irá mostrar o que é ,ideologicamente, retirando espaço político à esquerda que é do PCP; ou se vai trair o ideário marxista-leninista-trotskista, aggiornando para uma social-democracia que lhe retira identidade e o esvaziará em relação à esquerda. O BE lembra o PRD? Exactamente. E o fim deste também.

Continuar na aldrabice e nos genéricos, tipo Justiça na Economia, e inanidades do género, vai ser mais difícil. E um Fazenda vai ter de fazer um maior esforço na retórica.

18 comentários:

  1. "justiça na Economia" foi o slogan mais anormal que podiam ter inventado.

    Vão mas é para lá os mariconços e jacobinos todos de serviço para o mundo às avessas.

    Mas tem piada o CDS ter passado à frente.

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  2. Alguns apontamentos:

    1 - De todos os Slogans que vi...nem um escapa ao ridiculo...ou será "politica de verdade" ou "há cada vez mais professores a pensar como nós" menos desonesto que "justiça na economia"...

    2 - Enganam-se aqueles que pensam que o Bloco atingiu o máximo...enquanto os partidos do centrão continuarem a "enxovalhar" a politica portuguesa, haverá sempre espaço para o crescimento das extremas, seja à direita, seja à esquerda...

    3 - o CDS não passou à frente do bloco nestas eleições...já ficou à frente nas últimas eleições...com a agravante de o Bloco ter recuperado terreno nestas eleições...

    Já vimos no passado que o menosprezo destas forças politicas pode levar ao seu crescimento...e tenho assistido a essa atitude...aliás, já assisto a esta atitude desde as legislativas de 1999...

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  3. Um dos mistérios da política portuguesa é o de saber a razão exacta por que as pessoas votam na esquerda radical e comunista.

    Seria interessante perguntar a um grupo desses votantes, heterogéneo qb, os motivos concretos da opção ideológica e tentar perceber o que conhecem das ideologias, o que pensam dos regimes de antigo leste, da social-democracia, do liberalismo como doutrina, etc etc.

    O fenómeno português afigura-se atípico na Europa e julgo que tem a ver com o nível de instrução académica, aquilo a que se chama literacia.

    Para mim, o combate fundamental para uma melhor democracia é o esclarecimento e denúncia destes embusteiros que só pretendem o poder pelo poder, para darem largas aos seus mitos e lêndeas.

    Uma vez instalados, seguir-se-ia a grande incógnita que Lenine já tivera: Que fazer?

    Pois é isso que é preciso perguntar a fim de os letrados dos jornais, consigam perceber o logro em toda a extensão.

    Pela minha parte, de há alguns anos que é essa a preocupação máxima: denunciar ideias feitas de esquerda que nada significam e condicionam votos.

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  4. Do comentário do José:

    "o nível de instrução académica, aquilo a que se chama literacia"

    Literacia não é "o nível de instrução académica"; quem use essa definição pode até ter um alto nível de instrução académica mas mostra alguma iliteracia.

    Não é tarefa fácil definir literacia, mas será algo que significa "as competências e a capacidade selectiva e sintetizadora na busca e uso da informação".

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  5. Deixemo-nos de lições de vocabulário que isso está bom para a socretina - Edite Estrela - e passemos à política e ao decifrar ideológico do dito BE.
    Sabem, concerteza, que o dito cujo resulta de uma mescla de trotskistas, com maoistas e marxistas leninistas que ficaram no desemprego (político das ideias) aquando da Queda do Muro de Berlim. Louçã - PSR, Rosas - FEC/ML ou MRPP?, Miguel Portas e João Semedo - PCP,Fazenda - UDP (que saudades do lirismo do Conselheiro Acácio Barreiros - até foi para o PS.
    No dia em que demonstrarem que as suas teorias, tão ao gosto da libertinagem de alguns países nórdicos como a Dinamarca conjuntamente com o passado maoista da China, o revisionismo de Cunhal e URSS, bem como a fantasia albanesa, podem ter aplicação práctica num país europeu, periférico e pobre como Portugal eu até sou capaz de entender.
    Eu cá por mim aconselho-os a ler uma obra editada pela Fundação Konrad Adenauer, com cerca de 28 anos, mas com uma actualidade extraordinária- "Social Democracia na Suécia - aí verão quão enganados andam não só os mais jovens mas também os menos jovens, sobre o conceito de sociedade ideal.
    Já quanto a slogans o que me dizem de um que diz "Consolidar o Futuro" só se fôr na roubalheira.

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  6. Caro Anónimo ( era preferível um pseudónimo qualquer porque dava o mesmo trabalho):

    Não é por acaso que escrevi "aquilo que se chama literacia", para significar algo que apelidei de instrução académica.

    Literacia, aliás como iliteracia, não aparece nos dicionários portugueses mais antigos et pour cause. A palavra recende a estrangeirismo que tresanda e incomoda-me o uso indiscriminado que vejo por todo o lado escrito e falado. Por isso mencionei a assimilação incorrecta, mas corrente, a meu ver.

    No entanto, não quero desistir assim facilmente da ideia que transmiti. Instrução académica, para mim, significa melhor o que queria dizer: a educação que se obtém nos lugares onde se ministra algum saber, como sejam os lugares de academia, nem que seja a Incrível Almadense ou assim.

    Instrução como saber, portanto. E académica, como lugar de ensino de alguma coisa.

    Por isso, continuo na minha ideia original: a tendência esquerdista que nos domina em todos os lugares de relevo social, terá a ver com o grau, o nível da nossa instrução académica geral.
    A meu ver, continua muito baixo e de qualquer modo, inferior ao que se observava pouco antes de 25 de Abril de 1974.
    Regredimos, nesse aspecto e será por isso que medram partidos que já deveriam ter ocupado o lugar da obsolescência.

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  7. Tenho aí em baixo um texto ilustrado do Jornal Novo, sobre o conceito de socialismo e social-democracia que em 1975 se discutia na sociedade portuguesa.

    No caso, uma discussão muito interessante e educativa ( académica) entre Marcelo Rebelo de SOusa e Mário Sottomayor Cardia ( o que fora ministro da Educação e qu´ardeu).

    Essa discussão não se faz agora, mas deveria fazer-se para clarificação de equívocos na sociedade portuguesa.

    É uma discussão actualíssima, importantíssima e os únicos que não estão interessados nela, são os esquerdistas por um motico prosaico: temem ser confrontados com a realidade do que não são nem podem vir a ser...

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  8. mitos e LÊNDEAS: gostei! o famoso "Vírgulas" a ser relembrado.

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  9. Continuamos a ver o mundo em termos de extrema-esquerda, esquerda, centro, direita e extrema-direita.

    O paradigma mudou. Tanto o marxismo, como o keynesianismo , como o liberalismo e o neoliberalismo morreram. Os velhos chavões já nada significam.

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  10. Também concordo com isso, mas o problema não é claro para a maioria e a solução ainda menos.

    Continuam a aceitar as velhas dicotomias e, pior ainda, a propor as mesmos soluções, baseados nos mesmos pressupostos e mitos.

    As lêndeas aparecem logo depois.

    Por isso é que proponho a discussão, para se chegar à conclusão que em Itália já chegaram: a esquerda deve ser outra coisa e a direita também.

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  11. E depois das lêndeas é a piolheira que se vê.
    Eu não me acredito nessa falta de literacia. No norte há muitos iletrados e o PCP não passa. No Sul, parece que votam mais no PCP por tradição.
    No BE o caso é bem diferente. Não falta literacia. E tudo o que o José aqui vem apontando, não faz mossa. No mínimo, acham que faz falta um protestante como o Louçã no parlamento. E falamos de médicos, engenheiros que conheço.
    -- JRF

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  12. E mais chocante ainda... Tenho amigos muito letrados, cultos até. E tenho tido conversas surreais com eles... A teoria da desinformação, das mentiras e de um Sócrates impoluto passou na maior das limpezas. E se digo que não, já me perguntam se vi os documentos e coisas assim (facto que guardei para futura referência). E ainda ouço que não devo subestimar o poder da oposição (sic). -- JRF

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  13. E digo-lhe mais... De um director de agrupamento escolar, entre discussão do Ulisses de James Joyce, tive de ouvir que -- e estou a citar, -- o PCP é um partido que tem evoluído muito.
    Diga-me o que se responde a isto. Com o silêncio respondi eu. Para não me rir. -- JRF

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  14. José Rui:

    O que escreve acerta no coração das nossas trevas.

    Há anos que penso e repenso e leio e releio e volto a pensar nos motivos por que este fenómeno acontece do modo como o descreve e que é real.

    É para mim, o assunto mais interessante em matéria política: saber o que determina a opção político-partidária.
    Não em modo abstrato, mas com fundamento cientificamente aproximado, tanto quanto o concede uma matéria como esta de grande complexidade e que por isso mesmo só permite abordagens empíricas ou que a isso conduzem, ficando a cientificidade pelos instrumentos de análise.

    Não sou sociólogo nem antropólogo e muito menos psicólogo.

    Mas como acredito que disso todos temos um pouco, ando a apalpar teorias, explicações, hipóteses, palpites alheios.

    Assim que concluir algo sustentável, escreverei para ver se tem substância.

    Para já fio-me nas memórias, nos factos que conheci, nas realidades que conheço e surgem algumas surpresas de vez em quando.

    Isto é como tentar descobrir o graaal: é apenas uma busca.

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  15. A situação que se verificou foi simples os Beneficiários do Rendimento social de Inserção, os Arrumadores e outros que tais votaram no "padrinho"... Porque os Professores líricos como são votaram no Louça porque ainda "acreditam no Pai Natal".
    Vejam o que se passa por essa Europa fora. Os Soxalistas estão a ir-se na Alemanha, na França, na Itália. Na Espanha e na Inglaterra não demora muito e em Portugal, tal como profetiza o João Cravinho dentro de 2 anos há eleições e o Sócrates vai fugir como o Guterres....

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  16. Caro José, os motivos porque as pessoas votam nos partidos extremistas (incluo todos), estão amplamente explicadas e documentadas em Ciência Política. Não é nenhum graal, nem o ovo de Colombo. Só agora é que começou a pensar nisto? Já agora, não lhe parece também sociologicamnete muito estranho que os comunistas portugueses (alentejanos) sejam ao mesmo tempo católicos? :)
    Não gosto de ser tão... "incisiva" para quem me merece tanta consideração, mas lamento parecer-me desta vez mal informado.
    Eu sou licenciada, literada (até percebo o que escreve, repare...), e voto nos extremos. Ambos, para sua maior perplexidade! E sinto-me um pouco ofendida com a atitude superior que parece demonstrar.
    Mas acabo por compreendê-lo porque eu, efectivamente, sou de Ciências Sociais, e compreendo, pelo que leio aqui frequentemente, e com todo o gosto, que o seu universo está tão longe do país real que não se consegue resumir-lhe a resposta num comentário.
    Procure temas de Ciência Política sobre o assunto, como pano de fundo, para umas noções mais alargadas. Mas cá espero pela sua tese, com todo o interesse, nem que pareça vir de outro planeta. Quando a nossa língua se começar a aproximar, poderei enfim responder.
    Mais uma vez, lamento se este comentário o melindra, mas olhe que o seu também me melindrou, logo, ficamos quites.

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  17. Mas pronto, deixo algumas pistas. Como disse o comentar Diogo, "Os velhos chavões já nada significam". A somar a isso, temos o fenómeno de que os partidos extremistas portugueses sempre foram também extremamente idiossincráticos. Daí o fenómeno dos comunistas católicos. O meu pai era comunista, verdadeiramente comunista, e ateu, e gozava muito com isso. Onde é que no mundo, tirando os países de Leste com todas aquelas lavagens cerebrais a que foram sujeitos, encontra comunistas crentes?... Dá que pensar.
    E a nossa direita também nunca foi muito dura. Só recentemente apareceu um partido hardcore, o PNR, e esses sim, são meninos para levar a sério e sem brincadeiras.
    Aliás, toda esta idiossincrasia nos partidos pós-25 de Abril radica culturalmente no nosso ditado dos brandos costumes, um laisser faire à portuguesa. Nem a nossa ditadura fascista foi tão dura como o fascismo europeu.
    Depois do debate "nacionaliza-se tudo"/"privatiza-se tudo" vão todos à tasca beber um copo juntos. Os argumentos radicais não são para levar a sério. Afinal, Louçã teve um PPR. Quer mais idiossincrasia que esta, e os comunistas católicos?
    Havia mais, mas um comentário quer-se curto.
    Deixo, todavia, uma pergunta que a mim muito mais intriga. A mim faz-me espécie porque é que em Portugal existe o voto clubístico: "Voto neste porque é o meu partido". Como se fosse o Sporting ou o Benfica. Ou menos, porque geralmente quem diz isto presta mais atenção ao campeonato do que à política. Contaminação do fenómeno futebolístico? Não me admiraria nada mas gostava de ver um estudo fundamentado sobre isto.
    Perturba-me também que a maioria das pessoas acredite que só existem dois partidos em Portugal, mas felizmente que esta perspectiva está a mudar e já existe o voto estratégico das minorias, que é um fenómeno, aliás, amplamente difundido nos países mais avançados. Por exemplo, nos Estados Unidos, veja-se a força dos lobbbies. Aqui é mais lobos em pele de cordeiro. :)
    Mas tudo isto que eu disse não é por demais evidente?!

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