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terça-feira, outubro 13, 2009

O jornalismo caseiro

No Prós & Contras de hoje reune-se a fina flor do jornalismo pátrio. Os mentores dos nossos órgãos de informação estão ali, num palco e plateia, a discutir problemas da liberdade de informação. Parece que o principal problema é o das "escutas" a Belém, noticiadas pelo Público.

Henrique Monteiro, José Manuel Fernandes, João Marcelino, e ainda outro, Paulo Baldaia da TSF. O único assunto que lhes interessa debater é o caso do mail que o Diário de Notícias de João Marcelino publicou e andam ali há meia hora a debater a credibilidade das fontes e assim.

Henrique Monteiro pergunta "se deve um jornal publicar uma notícia de uma fonte de assessor de Belém, antes de fazer o cruzamento de várias fontes". João Marcelino sobre o assunto, diz que cruzou várias fontes para publicar a coisa...o tal mail.
Henrique Monteiro pergunta se é lícito publicar uma convicção " sem temos a certeza que essa convicção possa ser verdadeira".

João Marcelino continuou a explicar que era notícia a tradução das suspeitas da presidência da República e acaba por dizer que Louçã tivera conhecimento do conteudo do mail, antes dele...

João Marcelino acha que não violou correspondência privada entre colegas porque acha que aquele mail é correspondência de trabalho entre colegas...

Bom, João Marcelino ainda diz que "as coisas não tem valor absoluto", para explicar o valor do mail: relativo.
Henrique Monteiro faz-lhe ver que por vezes há conflitos de valores...

João Marcelino dizia antes que "não se atreveria a publicar uma notícia que estivesse apenas no espírito da fonte"...e portanto sem confirmar. Não publicaria se não estivesse devidamente sustentado.
José Manuel Fernandes, sobre a questão da publicação do mail, pelo DN, diz-lhe então não tem a mesma noção de jornalismo e até acrescenta que "não é capaz de continuar uma conversa com uma pessoa que tem este tipo de valores." E cita a lei da selva.
Henrique Monteiro faz-lhe perguntas sobre o mesmo assunto e diz-lhe que aceita ser responsável pelas fontes de outro jornalista, em determinados casos, respondendo a uma pergunta sobre isso, directa, do João Marcelino.

Entra o jornalista José Alberto Carvalho, da RTP1 que da plateia, interpela para dizer algo que se torna incompreensível, sobre as fontes.
João Marcelino refere que só publicou o que era "substantivo para as pessoas perceberem o que estava em causa".

José Alberto Carvalho refere o problema da palavra escutas, usado pelos jornalistas e que não se justifica como tal.

Henrique Monteiro confirma mais uma vez que o mail ( conversa entre jornalistas) que o Expresso recebeu vem de uma fonte política e não de um jornalista...

José Alberto Carvalho continua a dizer coisas pouco perceptíveis e faz uma pergunta sobre se "é verdade ou mentira" o problema da desconfiança entre órgãos de soberania. E acrescenta com o acordo de Henrique Monteiro que algo não suficientemente comprovado, não é notícia.

José Manuel Fernandes confirma que não sabe ainda como é que o mail do jornal saiu para o exterior e só há duas hipóteses: ou alguém lá de dentro o deu a outrém ou alguém entrou no sistema informático. E afirma que confia nos seus oito jornalistas.

João Marcelino entra novamente para dizer que todas as fontes têm o seu interesse naquilo que fornece. E põe em causa o timing e a discussão sobre a oportunidade das notícias. Acha que o jornalista deve publicar, se souber que a notícia é verdadeira e relevante.
E ainda diz outra coisa: que os jornalistas acham que podem publicar tudo sobre os outros, mas quando o assunto lhes diz respeito, aí, "somos todos irmãos"...

Já se percebeu onde leva esta discussão do Prós & Contras: a um retrato da nossa imprensa, rádio e tv.
Está ali o retrato do nosso atraso e a causa do nossa mediocridade. É um espelho da sociedade o que temos ali, naqueles quatro ou cinco directores de media, incluindo a moderadora.

Sobre o caso da TVI e da MMG, isso...já nem se lembram! Sobre o paralelo com a Itália, Berlusconi e o El País, pois sim...

Porca miseria! E ainda mais um pequeno acrescento: o jornalismo português aqui representado é um nojo. Problemas dos jornais? Vendas abaixo de cão? Pois sim.

Por falar nisso, o director do jornal que mais vende, Correio da Manhã, Octávio Ribeiro não está ali. Não sei porquê.

14 comentários:

  1. Estou a ver isso... Digo-lhe uma coisa... Continue a comprar jornais... De mim é que não vêem tosta. Nem um cêntimo!
    Só a sua expressão fina flor já diz tudo. O que mete mais impressão é a normalidade disto tudo. Da "colocação" de notícias e tudo o resto.
    Este Marcelino é nada menos que repugnante. E o que está ao lado não lhe fica atrás.
    Olhe uma coisa... Num dia aparecem umas notícias sobres uns iPhones explosivos. O telefone mortal. No dia seguinte, por coincidência, é lançado o windows não sei o quê para telemóveis vendidos pela TMN, que por acaso não vendem iPhones... -- JRF

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  2. O economista e Professor Pedro Arroja, numa entrevista que deu à revista Visão de 02.01.2008, perguntado sobre o tema da crise da social de hoje, respondeu de forma sintomática: “a culpa tinha de ser dos jornalistas. São os piores, juntamente com os universitários. Não têm respeito nenhum pela evidência. Têm é preconceitos que querem passar à população. Um dos preconceitos é dizer que Portugal é um país muito mau, muito atrasado e que lá fora é que é bom. Mas estamos em 28º lugar numa lista de 200”.

    Não pretendo ser tão assertivo como o Professor Pedro Arroja, mas reconheço que a sociedade portuguesa está transformada uma sociedade de comunicação sem contraditório assegurado. As ditaduras começaram assim. A ditadura da comunicação social, nomeadamente das televisões, transforma os espectadores em seres passivos, acríticos, mediaticamente manipulados e geralmente pouco informados.
    Numa carta a um jornal diário de expansão nacional, um leitor anónimo escreveu: "Lamento ter de o dizer, mas penso que a classe jornalística foi a mais responsável pela degenerescência e generalizada degradação ocorrida, mais ainda que a classe política. Foi, a meu ver, a mais culpada por ser a mais poderosa e omnipresente. São, as duas, os maiores agentes e instigadores da crescente perversidade que domina o País”.

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  3. Estas coisas das análises sociológicas valem o que valem e valem pouco, geralmente.

    São palpites que se vão dando, ao sabor do empirismo que cada um apreende.

    Da minha parte faço o mesmo papel que os analistas e comentadores fazem: dou o meu palpite que tem o mesmo valor do de outros.

    Estou convencido que posso ter alguma razão, sempre que argumento com coerência e conhecimento de facto. Só que os factos escapam aos analistas, nestas matérias.

    Por isso posso dizer que julgo os jornalistas consoante o país que temos e somos: são um retrato que nos é devolvido sempre que olhamos para ele, pondo-nos na situação de analistas do país.

    Também concordo que a classe jornalística portuguesa é muito pobre de formação intelectual. Não digo de inteligência de quem é profissional da classe, mas basta ver a prestação de um Henrique Monteiro, director do prestigiado (?) Expresso, para aferir o satus quo dessa inteligentsia.

    É muito, mas mesmo muito básico. Espanta-me como é tão básico.

    Já o Vicente Jorge Silva é do mesmo basismo atroz. Ainda hoje. E no entanto, dirigiu o Expresso, vindo do Comércio do FUnchal e depois até foi o primeiro directo escolhido para o Público.

    Pergunto-me como é que é possível isto. Como é que é possível termos um João Marcelino a dirigor um DN, um Pedro Tadeu a dirigir um 24 Horas e até um José Manuel Fernandes no Público.

    Ou um inenarrável Paulo Baldaia na TSF ou até um José Alberto Carvalho ( ontem teve uma prestação incrível de confusão de conceitos e ideias e só me lembro do que a Manuela Moura Guedes dizia do tipo) da RTP1 ou uma Judite de Sousa.

    Será isto o melhor que temos na matéria?

    Não pode ser. É demasiada mediocridade junta para podermos dizer que está ali o melhor que temos.

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  4. José, concordo com tudo e em resumo todos ficaram mal na fotografia. E revelaram como estão dependentes ddas fontes a que, circunstancialmente, ou relativizando tudo como expressou o JM, dão ou não acolhimento.

    É currioso que eu também lembrei a MMG. E por isso parece que a gritaria e maus modos entre os beligerantes andaram ao nível de ruído e "deseducação" da tão criticada MMG - e criticada ela pelo JM, off course...

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  5. Meus amigos não se esqueçam que em Portugal só temos meia dúzia de jornalistas decentes o resto são jornaleiros. Isenção, competência e responsabilidade são valores que não têm porque são subservientes ao poder político e económico. depois são una complexados e frustrados porque têm preconceitos ideológicos. A escumalha que ontem foi protagonista ainda gostava de saber como chegaram a tanto protagonismo? O Mário Crespo é bom profissional porque se prepara muito bem. o JM passou de Director do Record a Director do DN porque se presta aos fretes ao patrão Joaquim Oliveira. Há tempos assisti aos comentários eleitorais do dito cujo na RTPN e de uma intervenção para a outra entrou em contradição porque a opinião que deu estava fora do contexto dos outros participantes. por isso é que não teve escrúpulos em publicar o que publicou sem curar de filtrar a informação. Mais vale ouvir o Luis Delgado com os seus radicalismos.
    No dia em que aparecer um jornalista com opinião própria sem cedências a quem quer que seja a informação será o que deve ser.

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  6. Vejamos.

    Percebemos no Prós e Contras de ontem que o DN recebeu o e-mail numa quinta à tarde e publicou a notícia na manhã seguinte. Donde é correcto presumir-se que o Marcelino mentiu quando disse que tinha investigado a notícia com recurso a várias fontes, tanto mais que o Expresso afirma nunca ter tido confirmação da notícia por outras fontes que não aquela que enviou o mail.

    Fomos informados de que a fonte do Expresso era política, o que faz presumir que a do DN também seja. Donde a tese da "encomenda" assenta melhor ao DN do que ao Público, que só publicou a sua notícia 17 meses depois de ter sido contactado pela fonte de Belém e, ainda assim, depois de o conteúdo da mesma ser confirmado por uma outra fonte da mesma origem.

    Finalmente, ficou também a saber-se que, para o Marcelino, a correspondência electrónica entre dois jornalistas de uma outra empresa não é correspondência privada (sic) por não envolver conteúdo privado (sic). À frente de um jornal, outrora respeitável, está um tipo que aceitou tomar parte num crime e que procura deitar poeira para os olhos das pessoas com os argumentos mais inacreditáveis.

    Portanto, José, há diferenças entre as figuras. São todos maus, mas há um vilão que sobressai nesta história.

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  7. Já não falando dos comentadores políticos. O papagaio Marcelo, o manhoso Vitorino, o desonesto intelectual MSTavares, a trapalhona Constança e o desmiolado Vasco PV. é só lobbies.

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  8. Já agora a MMG pode ser acusada de tudo e mais alguma coisa mas ele e a sua equipa faziam investigação a sério. Ainda não vi ninguém dizer que era mentira o que foi revelado sobre o Freeport a não ser a anedota servil do bastonário da OA, o PGR que está mais entalado na "Loja" que eu sei lá o quê e a Procuradora CA que tem que justificar o "tacho" após a morte do marido. Isenção, honestidade competência por onde andais...

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  9. Para mim ficaram classificados quando se abordou o problema dos jornalistas mal pagos, ou pagos com recibos verdes e em compromisso precário. assobiaram todos para o lado.
    Rebotalho do piorio!

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  10. Bem visto, Wegie. Dá-me vontade de escrever sobre isso e por causa de outra coisa que ouvi lá: alguns passam para "agências" de imagem, publicidade e marketing e mais não sei o quê de assessorias por conta do Estado.

    Disseram que viam-se os mesmos partir para lá mas nunca se viam em percurso inverso...

    De resto há bastante a dizer sobre isso e vou dizer, daqui a bocado.

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  11. Fazes bem José. O jornalismo é um dos sectores de actividade em que a precariedade se faz sentir em toda a sua brutalidade. Por cadaum que transita para as tais "agências" e assessorias existem dezenas a recibos-verdes ou contratados à peça. Um autêntico cancro que domina as redacções e asfixia a liberdade de imprensa.

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  12. Pois, o mail é privado e o CD do Sócrates público.

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  13. Tinha má ideia do Marcelino, mas de facto os outros 2 disseram muito mais asneiras.

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