José Gil, o professor de filosofia, ensaísta que se formou em França, dá uma entrevista a Pública de hoje, conduzida por Anabela Mota Ribeiro.
O que diz Gil, de essencial? Algumas coisas interessantes e a meu ver, isto:
A entrevistadora refere-lhe que no seu livro Portugal, medo de existir, o autor escreve que "o espaço público deixou de existir e que foi substituido pela comunicação social. É esta que dita que o movimento se faça numa direcção ou noutra." José Gil responde: "Acho que é cada vez mais isso. A comunicação suga essas pequenas forças, que não estão ainda institucionalizadas."
O que significa este entendimento? Simplesmente, que a comunicação social é a força política mais importante no país. E se formos a ver com atenção, é isso que acontece: a opinião pública tende a confundir-se cada vez mais não apenas com a opinião publicada expressamente como tal , mas com os interstícios dos media, os modos de noticiar, de começar o dia com notícias, com a redacção das ditas, com a ênfase ou o desinteresse nos assuntos, com a focagem particular em determinados temas em detrimento de outros, com a actualidade e oportunidade que os media denotam etc etc.
Sobre a Justiça, o fenómeno é ainda mais interessante. Depois de meia dúzia de anos de atenção dos média a meia dúzia de processos que envolvem figuras públicas de poder político e de facto, a imagem da Justiça é a pior possível, actualmente. Os intervenientes na máquina judicial são os mais vilipendiados nas sondagens de opinião e toda a gente, quase sem excepção, desanca na Justiça e nos seus "operadores" como quem malha em centeio verde.
Tudo isso porquê? Porque será a realidade nua e crua ou apenas uma realidade construida metaforicamente em desconstrução permanente como imagem caótica?
E se assim for, como me parece que é, a quem imputar a responsabilidade por esta (des)construção laboriosa, anónima e de efeitos perversos? Aos media? Aos que mandam neles? Ao jornalismo caseiro, de uma ignorância atroz e de afligido por uma representação errada do real?
Neste contexto, ganha imenso valor a indagação sobre o esforço de quem governa, para controlar efectiva e permanentemente os media. E compreende-se o esforço constante e notório, na perspectiva dos seus interesses particulares.
O que não se compreende muito bem é a pequena resistência dos assediados...
O que diz Gil, de essencial? Algumas coisas interessantes e a meu ver, isto:
A entrevistadora refere-lhe que no seu livro Portugal, medo de existir, o autor escreve que "o espaço público deixou de existir e que foi substituido pela comunicação social. É esta que dita que o movimento se faça numa direcção ou noutra." José Gil responde: "Acho que é cada vez mais isso. A comunicação suga essas pequenas forças, que não estão ainda institucionalizadas."
O que significa este entendimento? Simplesmente, que a comunicação social é a força política mais importante no país. E se formos a ver com atenção, é isso que acontece: a opinião pública tende a confundir-se cada vez mais não apenas com a opinião publicada expressamente como tal , mas com os interstícios dos media, os modos de noticiar, de começar o dia com notícias, com a redacção das ditas, com a ênfase ou o desinteresse nos assuntos, com a focagem particular em determinados temas em detrimento de outros, com a actualidade e oportunidade que os media denotam etc etc.
Sobre a Justiça, o fenómeno é ainda mais interessante. Depois de meia dúzia de anos de atenção dos média a meia dúzia de processos que envolvem figuras públicas de poder político e de facto, a imagem da Justiça é a pior possível, actualmente. Os intervenientes na máquina judicial são os mais vilipendiados nas sondagens de opinião e toda a gente, quase sem excepção, desanca na Justiça e nos seus "operadores" como quem malha em centeio verde.
Tudo isso porquê? Porque será a realidade nua e crua ou apenas uma realidade construida metaforicamente em desconstrução permanente como imagem caótica?
E se assim for, como me parece que é, a quem imputar a responsabilidade por esta (des)construção laboriosa, anónima e de efeitos perversos? Aos media? Aos que mandam neles? Ao jornalismo caseiro, de uma ignorância atroz e de afligido por uma representação errada do real?
Neste contexto, ganha imenso valor a indagação sobre o esforço de quem governa, para controlar efectiva e permanentemente os media. E compreende-se o esforço constante e notório, na perspectiva dos seus interesses particulares.
O que não se compreende muito bem é a pequena resistência dos assediados...
Razão sobeja tinha Popper quando reflectia sobre o tremendo poder da televisão. Ver, por exemplo, aqui.
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