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quarta-feira, agosto 18, 2010

A investigação jornalística de ocasião

O Diário de Notícias de hoje traz uma cópia integral da carta que Duarte Lima, enquanto advogado da cidadã portuguesa Rosalinda Ribeiro, assassinada no Rio de Janeiro, entendeu remeter à polícia brasileira, logo após o desaparecimento daquela.
Tal carta com facsimile no jornal só poderia ter sido entregue ao jornal pela polícia brasileira ou pelo advogado.
O processo de investigação do homicídio daquela portuguesa decorre no Brasil, em suposto segredo de justiça. Não obstante, todos os dias os jornais trazem notícias sobre os desenvolvimentos da investigação, com particular ênfase nos pormenores discrepantes do depoimento de Duarte Lima e os resultantes dessa investigação. Não se trata de uma investigação jornalística, mas policial.
Além de outos jornais, o Correio da Manhã, o Diário de Notícias o i e o Público têm dado ampla cobertura noticiosa ao assunto de tal modo que o DN de hoje até auncia que "Duarte Lima ainda não explicou se recebeu 5,2 milhões de euros".

Será isto legítimo? Ou seja, noticiar desenvolvimentos de uma investigação criminal em segredo de justiça, com base nos elementos colhidos na mesma e em consequência de flagrante violação desse segredo? Ou será que sendo o caso investigado pela polícia brasileira não se aplicam esses princípios por não existir tal coisa naquele país?

Para que serve o segredo de justiça? Duas coisas: proteger o sigilo da investigação com vista à sua melhor eficácia e ao mesmo tempo proteger a honra dos visados na respectiva violação.
Será admissível, em Portugal, que se relatem os pormenores dessa mesma investigação, com uma indisfarçável tendência para salientar os que entalam o advogado português, nas putativas "contradições", ausência de explicações, omissões que sendo-lhe imputadas abertamente criam no leitor o espírito receptivo às suspeitas mais infamantes?
Haverá necessidade deste jornalismo de empréstimo policial, com muito pouca investigação própria e de tendência um pouco voyeurística e de certo modo doentia?

Porque não esperar melhores resultados, investigar por conta própria e apresentar factos que façam sentido em coerência com resultado de investigação profissional e sólida?

Estes jornalistas alguma vez leram o Nome da Rosa? É que um suspeito pode não ser nada culpado e para se determinar tal verdade é preciso saber interpretar os factos, afastar as suposições erróneas e procurar a verdade escondida por vezes em pormenores de circunstância que esses jornalistas não conhecem.

5 comentários:

  1. Se Duarte Lima fosse do PS todas estas revelações seriam consideradas insuportáveis, uma infâmia, uma cabala, etc, etc, com um exército de apaniguados a defenderem o camarada.

    Como Duarte Lima é do PSD e no PSD não existe o espírito de seita que caracteriza o PS, bem pode ser frito em lume brando que ninguém lhe dá a mão.

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  2. Este asunto,é uma delicia, para os moços de recados, cá do burgo, mais ainda por ser do psd.
    A concepção marxista da justiça, indica que o segredo de justiça, só existe, para proteção própria ou dos comissários politicos.
    O assunto é travado e ignorado ( censurado) pelos "mérdia".
    Há " jornalistas", a ver pelos erros que dão, a escrever, frases mal construídas,que a escola, em que andaram, só pode ser a pública, nos últimos quinze anos.
    A única rosa que devem conhecer, é a Luxemburgo.

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  3. Ehehe!

    http://www.youtube.com/watch?v=v_Cb5uUpLqI

    http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1182705

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  4. Nada sei sobre este caso. Mas lembro-me de umas falcatruas de Duarte Lima que ficaram em águas de bacalhau.

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  5. «Será isto legítimo? Ou seja, noticiar desenvolvimentos de uma investigação criminal em segredo de justiça, com base nos elementos colhidos na mesma e em consequência de flagrante violação desse segredo? Ou será que sendo o caso investigado pela polícia brasileira não se aplicam esses princípios por não existir tal coisa naquele país?»

    Freeport, Face Oculta, Casa Pia. Alguma vez José disse isto?

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