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sábado, setembro 11, 2010

Os factos, o fenómeno e as crenças dos jornais

Henrique Monteiro, o maçónico que dirige o Expresso, acha que " a nossa investigação é má, não presta!" Refere-se à investigação criminal do Casa Pia e passa o tempo de uma pequena coluna no Expresso de hoje a perorar umas linhas sobre...a convicção e a crença. Da Justiça, por suposto.

A meio da coluna pergunta se a convicção dos julgadores do caso não se terá ficado antes a dever a uma crença, coisa diversa da convicção que anda atrelada à verdade, sendo aquela um fenómeno ideológico. Coisa assim a modos semelhante aos artigos de opinião do articulista que dirige o jornal.

Henrique Monteiro acha a investigação do caso "uma enorme vacuidade". Monteiro, evidentemente, conhece toda a investigação, leu o processo, acompanhou o julgamento e sabe. Por isso mesmo, será uma vacuidade sem comparação à do seu pequeno artigo a ressumar a crença, claro. Por isso passa ao parágrafo seguinte, para resumir em meia dúzia deles a essência do caso Casa Pia, segundo a sua crença convicta de jornalista.

Essa fé cega é a de que havia "uma enorme rede pedófila a actuar na Casa Pia". Quem divulgou essa convicção, afinal? Segundo Monteiro, " a investigação". Alguém deu conta desse facto para fundamentar uma crença convicta? Não, mas isso agora não interessa nada. O que interessa é focar a "investigação" esquecendo outra vertente da para-investigação tipo pasquim, com crenças em muito mentirosos e afins. Foram jornais como o Expresso de Monteiro, com notícias como aquela sobre Ferro Rodrigues, Jaime G. e outros. Notícias captadas na essência do "fenómeno" e com factos insindicáveis pelo tempo decorrido que ajudaram à convicção, sobre certos factos. Factos políticos, entenda-se.

A "investigação" alguma vez se pronunciou sobre a tal "rede" enorme e de características pedófilas, cuja cabeça nunca foi encontrada? Ninguém deu conta a não ser a convicção de Monteiro que esportula factos como quem espalha crenças. A Maçonaria não sabe o que se passou, porventura? A Maçonaria foi indiferente ao resultado "político" que capou uma certa vertente factual do fenómeno, aquela com implicações políticas directas? Porque é que ainda temos de ler artigos cretinos como o do novel articulista do Expresso, um tal Adão e Silva? Porque castigo temos de aturar tal coisa?
A Maçonaria não se preocupou com esse fenómeno que atingiu transversalmente a sociedade política lisboeta dos anos oitenta, noventa e por aí?

Não obstante isso tudo, os factos acreditados pela convicção de Monteiro, chegam-lhe para concluir em modo de pergunta retórica que o Estado, através da sua investigação e polícia criminal, não protegeu as crianças da Casa Pia. Não investigou devidamente crimes prescritos, factos renegados e pessoas politicamente imprescindíveis para manter um partido à tona de água. Monteiro considera isso um fenómeno que evidencia que a investigação criminal em Portugal não presta.

Talvez tenha razão de fundo, porque se não fossem os jornais, nem esses factos saberíamos. Mas falha na razão da crença: a "rede pedófila", afinal, poderia ser apenas um "pântano".
E a investigação criminal não investiga pântanos. Dará conta deles, eventualmente. O resto caberá aos jornais que se alimentam desses fenómenos para vicejar.

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