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sexta-feira, outubro 15, 2010

Oa magistrados e os blogs

Da revista InVerbis:

O processo relativo à queixa crime apresentada contra o procurador-geral da República foi, hoje, distribuído no Supremo Tribunal de Justiça (STJ) ao juiz conselheiro Eduardo Maia Costa, da terceira secção criminal.

O Conselheiro Maia Costa assina uns artiguitos de opinião no blog Sine Die. Aliás, tal como o seu colega de blog e de STJ, Artur Costa e outros magistrados, alguns deles de tribunais superiores.

O que escrevem revela a respectiva idiossincrasia e Maia Costa é definitivamente um indivíduo que se posta na esquerda política, com todo o gosto de o dizer e escrever. Tal como Artur Costa.

Deve um juiz conselheiro do STJ, com nome posto em blog, afinar ideias políticas nesse lugar, mesmo em tom por vezes chocarreiro e de acinte para com o outro lado do espectro político? À primeira vista e leitura...porque não? Sempre será preferível saber qual a ideologia e inclinação político-partidária de quem julga pleitos do que não saber. E daí, talvez não seja bem assim.

Ou é mesmo? Estou em reflexão. E haverá alguma diferença entre um juiz do STJ que julga em última instância e outros magistrados que não têm essa qualidade e também dão o corpo da escrita ao manifesto?
E se um juiz conselheiro do STJ escreve sobre alguém que agora tem que ouvir ( em princípio porque não se acredita que quem teve dúvidas no arquivamento liminar do expediente do Face Oculta, agora vá fazer o mesmo...) como arguido, como compagina essa liberdade de expressão com a obrigatoriedade de isenção, objectividade e rigor profissional que agora se lhe exige?

Este é apenas o primeiro dos artigos para debate. Sem opinião formada.

16 comentários:

  1. TODOS ELES DEVEM ESTAR A APRENDER A LIÇÃO COM AS PROFUNDAS AMPUTAÇÕES SALARIAIS QUE ESTÃO A SOFRER.SÓCRATES,O PS E A CAMARILHA QUE O SUSTENTOU E SUSTENTA CONDUZIRAM OS FUNCIONÁRIOS,INCLUINDO OS MAGISTRADOS,À MISÉRIA.É TEMPO DE ARREGAÇAR AS MANGAS E ESQUERDA OU DIREITA DAREM A SÓCRATES E CAMARILHA O TRATAMENTO QUE MERECEM.

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  2. Não sei.
    Pode-se também fazer outra pergunta.
    Para além de escrever num blogue não manifesta publica e mediaticamente as suas ideias?

    Ou seja, não escreve em jornais, revistas e assim?

    E se não o fizesse de todo, acaso poderia ser mais isento ou estas dúvidas é que não se colocavam a quem nem sequer saberia quem era a pessoa se não conhecesse a blogosfera?

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  3. A outra pergunta:

    Mas calhou-lhe a ele em sortes, atiradas ao ar ou como se fazia na Idade Média em que o Rei alterava o tombo, caso não lhe agradasse o que tinha calhado, "em sorte"?

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  4. Resposta à "outra pergunta":

    O sorteio é mesmo assim: sorteio entre todos os conselheiros da secção criminal.

    A resposta à primeira pergunta é que carece de maior reflexão porque é pertinente o assunto.

    O problema da isenção não depende, subjectivamente do conhecimento que cada um possa ter do decisor.

    Mas também é verdade que para quem é alvo da decisão há algo que merece muita atenção: o respeito que deve sentir da parte de quem decide e que se pode manifestar pelo recato e pela demonstração objectiva da ausência de partis-pris, político ou ideológico.

    Para quem é alvo de uma decisão não é indiferente que o decisor seja alguém cuja idiossincrasia conhecida permita dizer que é alguém irreflectido e de ideias apressadas ou formatadas em manuais de mérito duvidoso, sobre fenómenos políticos.

    Um juiz faccioso politicamente não dá garantias de ser imparcial no julgamnento de outras matérias.

    E só isso.

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  5. Logo um juiz do STJ deve ser cuidadoso no que escreve.

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  6. Tem razão. Tem razão que a isenção é a qualidade número um.

    Então pode-se é perguntar se o facto de ter um megafone faccioso mediático pode agravar uma tendência facciosa que já existe.

    Agora, quanto a quem é alvo da decisão, acha que se ficava mais tranquilo se não se soubesse?

    Se calhar as duas coisas estão interligadas.
    Eu penso que só se fica mais tranquilo se o juiz tiver as verdadeiras qualidades que a profissão exige e o engajamento político partidário ou as obrigações de segredo por seita não fazem parte delas.

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  7. Percebo o que quer dizer e tenho pensado nisso.

    Estou a concluir que é melhor a liberdade de expressão mesmo com o risco de se mostrar demais a idiossincrasia e tendências.

    Mas continua-me atravessado o problema da isenção do ponto de vista de quem é alvo da decisão.

    Por muito que queiramos não somos baceteriologicamente puros e muito menos podemos viver numa redoma em que as coisas do mundo e da vida não nos afectam e determinam a nossa maneira de pensar e até de agir.
    É precisamente aí que se coloca a questao da isenção porque é essencial que exista numa decisão judicial independentemente de quem a produz. Ora se quem a produz não é capaz de decidir mesmo contra as suas próprias convicções pessoais e políticas então é melhor que não se saiba muito sobre quem a produz.

    E estou em crer que o fenómeno clubista no desporto ( principalmente no FCP em que os adeptos são perfeitos fanáticos) dá o exemplo mais relevante do que pretendo dizer.

    Poderei dizer que muito poucos juizes seriam capazes de isenção num caso que envolvesse o FCP se fossem adeptos do clube.

    É esse o problema que equaciono.

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  8. Mas como é que se trata de "liberdade de expressão" já que nada pode impedir que se blogue ou escreva em jornais e revistas e se opine, mesmo facciosamente?

    Mesmo no caso de seita, o máximo seria saber-se que pertence ou então haver mesmo impedimento legal de se pertencer (o que duvido que se conseguisse numa democracia).

    Mas a parte que achei piada foi esta: "então é melhor que não se saiba muito sobre quem a produz".

    E isso serve para defender a profissão, nunca as consequências de um facciosismo que se desconhece.
    ehehhe

    Eu penso que o megafone (mesmo o virtual) pode agravar. Porque escrever é tornar claro o que de outra forma até podia nem ser muito pensado. Há uma audiência, seja ela qual for. E, se os escritos têm mesmo essa intenção de acirrar adversários, então é óbvio que o megafone potencia o que de outra forma poderia ser mais ténue.

    E, em potenciando, duvido que depois, profissionalmente, se possa ser muito isento. A menos que haja uma ética a dar forma às inclinações. Mas, nesse caso, não são nunca partidárias. Isso é clubismo.

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  9. E eu creio que nos entendemos nisto porque esse detalhe demasiado pequenino da tendência partidária não faz parte da minha maneira de ser e julgo que do José também não.

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  10. A isenção depende sempre de cada um e do seu carácter e formação pessoal.

    No fundo é sempre isso que conta. E há muito sacana por aí nos tribunais que não deviam lá estar e ninguém sabe nada sobre eles, porque não falam em público e mesmo em privado são mulas que se fartam.

    Por isso, é melhor um Maia Costa que sei lá, talvez um...( quase me descaía, ahahahah!).

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  11. Ultimamente quando falo em público sobre isto menciono sempre a característica que mais aprecio num magistrado: seriedade e honradez. Mais que o saber técnico que esse aprende-se com o tempo.

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  12. ehehehe

    Tem toda a razão.

    Eu tenho um problema parecido porque nunca quero doutrinar ninguém. E, para quem lida com questões de ideias manter a abertura de espírito é algo imprescindível.

    Ainda assim, este ano, pela primeira vez em toda a minha vida, manifestei desagrado por uma treta em relações de trabalho.

    Foi chato e aconteceu pelo facto de me enviarem uma daquelas petições imbecis contra a vinda do Papa.

    Nunca tal me tinha acontecido. Pensei no assunto e cheguei à conclusão que se não fosse o facto de ter vivido esses debates na blogo, não tinha reagido à porcaria do e.mail. Mas reagi e nem pensei que me estava a expor ou a colocar na berlinda questões que no meu trabalho estão absolutamente fora de questão.

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  13. No meu caso, a que mais aprecio é a transmissão do gosto e estímulo pelo pensamento sem a menor doutrinação.

    Por isso é que é sempre perigoso ter-se demasiadas certezas ou combates em trincheiras pequeninas.

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  14. Do que uma Isabel São Marcos. Bolas, descaí-me mesmo.Sem querer.

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