A jornalista do i, Inês Serra Lopes assinou ontem uma notícia em que dizia, na primeira página ( será da sua responsabilidade, o título? Se não for, como pode muito bem não ser, deveria dizê-lo e explicar) que "Offshore que vendeu casa a Vara é de Moniz da Maia". O visado, na edição de hoje do jornal, vem desmentir a notícia esclarecendo que a empresa Staywell nunca celebrou qualquer contrato com A. Vara e que não é uma "offshore" como se refere no título.
A direcção do jornal, em nota, assume o erro e pede desculpa ao visado.
Não obstante, no corpo da notícia escreve aquela jornalista que A. Vara pagou uma importância idêntica à que uma outra pessoa, administradora do BANIF, pagou " a uma empresa portuguesa cujas acções pertenceriam a uma sociedade offshore, também propriedade de Moniz da Maia, a única accionista da Staywell" .
Este tipo de jornalismo cujo rigor deixa quase sempre algo a desejar tem sido marca de alguns artigos de Inês Serra Lopes.
Hoje, mesmo no jornal, escreve sobre as "custas exorbitantes" que o Estado português terá que pagar a um particular por causa de uma decisão do tribunal europeu dos Direitos do Homem. A jornalista escreve sobre "custas judiciais" mas não especifica se são custas de parte ou custas judiciais tout court, incluindo as taxas de justiça.
Custas de parte, para um qualquer jurista, tem um sentido diverso e que inclui as despesas com as perícias, portanto os honorários dos peritos e ainda honorários dos mandatários da parte contrária, como parece ser o caso do tal processo em que o Estado português saiu condenado. É uma diferença significativa e que coloca em crise o nosso sistema de justiça em geral, quanto aos respectivos custos para as pessoas que a ele recorrem.
O problema das custas de parte é um assunto que mereceria maior desenvolvimento e daria motivo a uma notícia bem mais interessante do que aquela que a jornalista pretende: meter tudo no mesmo saco e escrever com erros factuais, sem depois pedir desculpa ou emendar-se.
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