Há quem se interrogue sobre o modo como passamos de uma economia tipicamente capitalista, com mínima intervenção do Estado ( mas com empresas privadas "protegidas" pelo mesmo) antes de 25 de Abril de 1974, para uma economia mista com grande prevalência de um sector público, numa inversão completa de valores económicos e até sociais, logo nos primeiros meses de 1974 e que culminaram nas nacionalizações de 11.3.1975, a caminho do socialismo e da "sociedade sem classes" como ficou a constar na Constituição de 1976.
Há documentos de época que o mostram e são curiosos porque esquecidos. Não foi apenas o PCP e a esquerda extremada que fizeram a transição revolucionária do PREC. Há outros menos conhecidos e que ficam bem na fotografia.
Há documentos de época que o mostram e são curiosos porque esquecidos. Não foi apenas o PCP e a esquerda extremada que fizeram a transição revolucionária do PREC. Há outros menos conhecidos e que ficam bem na fotografia.
No início de 1975 havia um governo com ministros como Maria de Lurdes Pintassilgo, Rui Vilar ( actual administrador da Gulbenkian), Vítor Constâncio ( sempre na ribalta) e Silva Lopes, o actual reformado do Montepio que acumula reformas como quem junta cromos. E no centro de todos, o falecido Melo Antunes, do Conselho da Revolução, um dos órgãos de poder no Portugal de então. Um grande poder que só viria acabar anos mais tarde.
No artigo da revista que se estende por três páginas, titula-se muito claramente, ainda antes das nacionalizações e com o apoio sorridente daqueles ministros " Da Social democracia ao projecto de socialismo". O que aí se pode ler é apenas o plano antecipado das nacionalizações que viriam dali a um mês. Mas o plano estava já delineado. O que os comunistas fizeram, afinal, foi lançar as redes ideológicas que apanharam muito peixe graúdo, como os que figuram na foto.
O caso de Silva Lopes, então, é emblemático. Quem o ouve falar hoje em dia, sobre reduções de salários na função pública e não só, esquece que foi um dos obreiros técnicos da miséria a que chegamos. Mas nunca se deu por achado.
O que aconteceu em 11 de Março de 1975, na sequência do golpe da esquerda, foi apenas o corolário do ambiente ideológico criado ao longo do ano. As nacionalizações fizeram jus ao "programa económico" patrocinado por aqueles. "dinheiro do povo para o povo" titulava a V.M. de 20.3.1975. Vítor Constâncio e Silva Lopes não diziam menos que isso. Por isso mesmo foram sempre funcionários diligentes na gestão do "dinheiro do povo" e por isso mesmo é que acabaram ricos, enquanto funcionários públicos. Os demais que se amolem. Que não fossem parvos, ao votar neles e dando-lhes sempre o benefício da dúvida.
Para sustentar o ambiente deletério em que se vivia contra o capitalismo e o "fassismo", havia os media. Para comprovar que eram todos de esquerda, basta isto: um artigo de um tal Luís de Miranda Rocha, na Vida Mundial de 5.12.1974 a informar que " a direita" andava à procura da sua informação. Para bom entendedor...
Nota apócrifa: Luís de Miranda Rocha, segundo o google,já falecido prematuramente, era um poeta-jornalista. É exactamente o paradigma desse tempo: poesia no jornalismo. A realidade entre parêntesis.
Nota apócrifa: Luís de Miranda Rocha, segundo o google,já falecido prematuramente, era um poeta-jornalista. É exactamente o paradigma desse tempo: poesia no jornalismo. A realidade entre parêntesis.
um estalinista meu amigo desde 1950dizia em Julho de 1975
ResponderEliminar«no dia 25.IV rebentou o cano de esgoto. só veio merda ao de cima»