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domingo, abril 03, 2011

É a Esquerda, seu palerma!

Estas imagens são do jornal Expresso de 1984 ( 10 e 24 de Novembro). Que nos dizem elas , semioticamente relevante, para os dias que correm? Quanto a mim, muito simplesmente que o sistema político que gerou os governos que temos tido, não resolve os nossos problemas estruturais, antigos e profundos. E que em 1974 não eram os mesmos. A Economia era diferente e funcionava de modo diverso. Tenho lido coisas, incluindo o pequeno livrito de Luciano Amaral, publicado pelas edições "Pingo Doce", aliás muito interessante e não consigo entender como não se discute o passado. Antes de 1974, quero dizer.

Temos uma classe política maioritariamente de Esquerda e com os defeitos que tal implica, sem que as qualidades esperadas por todos , dessa mesma Esquerda, se destaquem. É s+o desgraça económica em cima de desgraça económica. E os próceres dessa mesma Esquerda que engloba naturalmente o "socialismo democrático" que de Esquerda já muito pouco tem para além do rótulo, continuam a aposta nos mesmos cavalos perdedores.
Provavelmente, a análise deveria ser mais inefável e incluir outros factores e variáveis e estudos estatísticos à ilharga.
Porém, neste exercício de sociologia de bolso, empírica e desprezada pelos poderes que existem, serve. Para mim, serve porque não encontro quem a conteste nem sequer quem a desminta em modo convincente.
Hoje na última página do Público, podemos ler em posição "ascendente" um dos autores da nossa miséria, Mário S. que é sempre mostrado como figura de referência e relevo de sapiência. No caso , por se ter vangloriado de não ter medo do FMI porque lidou com a entidade duas vezes! E isso é apresentado como um feito!
É este parolismo de jornais como o Público que me derrotam a confiança que poderia ter nos eleitores portugueses. Os editorialistas do jornal vivem a fantasia da Esquerda, ainda. E muitos como eles, da classe média, pensam assim. É o nosso drama maior, quanto a mim. Não há substracto ideológico que se diferencie dessa mentalidade que já é ambiental. Uma tragédia, mais que um drama.

Que podemos ler nesses dois jornais de Novembro de 1984, altura em que atravessávamos uma crise política e social parecida com a que temos hoje? Que nos dizem as lições da História? Quem são os personagens?
Começando pelo fim, os personagens são quase os mesmos de hoje e se não são, as ideias são-no com certeza.
O Expresso era então dirigido por José António Saraiva que hoje dirige o Sol. Vicente Jorge Silva que vice-dirigia, dali a meia dúzia de anos estava a dirigir o Público. Quem é que eles colocaram na primeira página como motivo de notícia? O Bloco Central, em cheio.
Almeida Santos, que era ministro de Estado e falava da crise entre o PS e o PSD, onde se discutia então a oportunidade de mudar Mota Pinto por...Rui Machete. E porquê? Porque, segundo escreve o jornal na segunda página, "PS e PSD falam de coisas diferentes". Como hoje, aliás.

Quais eram as questões essenciais nessa altura? Segundo Almeida Santos, a discussão do Orçamento de Estado para 1985, a discussão com o FMI, a discussão da Lei das Rendas e...pedir mais sacrifícios aos portugueses. E aponta os sucessos do governo de bloco central: redução do défice da balança de transacções correntes; redução em 5% do ritmo do endividamento externo; elevação para 65% a cobertura das importações pelas exportações e a contenção da inflação. E á custa de quê,?- pergunta o jornal. À custa de sacrifícios, responde A. Santos, o epítome destes mais de 30 anos de democracia. Não é Mário S. esse epítome. É precisamente este Almeida Santos, o figurão que precisa de ser respescado para a ribalta do opróbrio. Um indivíduo que fez uma carreira com retórica, paleio, substância corrompida por ideias desfeitas.

Depois ao lado, na página, temos Mário S., sempre o mesmo e então com uma sondagem que o garantia como "o oposto do presidente ideal". Ditto. E viu-se depois como foi. Em dez anos, Mário S. tornou-se o modelo de presidente...mas seria interessante saber quem o colocou no pedestal. A minha opinião é simples: os media, adulados e objectivamente corrompidos pelo mesmo Mário S. Uma ligação espúria que nos falsificou o ambiente político e condicionou politicamente porque fez prevalecer a ideia de uma "Esquerda" associada ao PS como super cola democrática. AInda hoje persiste e ainda hoje ganha eleições.
E porquê? A resposta vem também na primeira página do jornal. José Manuel Tengarrinha, do então MDP, personagem histórico do 25 de Abril de 74, pouco falado actualmente, mas com um papel determinante nos meses a seguir, ideologicamente. Colocado perante a questão, durante um repasto no Pabe ( onde o Expresso entrevistava então personagens da nossa vida política), sobre o relacionamento com o PCP, com quem se aliara tacticamente nas eleições para o Parlamento, Tengarrinha tergiversava em explicações retóricas. A questão era a possibilidade de diálogo com o Governo. O MDP admitia; o PCP nem pensar.
E em sobremesa interrogava-se então Tengarrinha, antes da queda do muro de Berlim, sobre o que era o marxismo. Tengarrinha já não sabia porque citava nas suas dúvidas os pc´s da URSS, da Itália, da Finlândia. O que Tengarrinha sabia, no entanto é que era de Esquerda. Isso, sim. E nada mais. Desejava uma "democracia socialista". Como aliás estava na Constituição.

Esta discussão política, em Portugal durou ainda mais uns anos. Moldou sempre toda o nosso espectro eleitoral, os partidos eleitos, os governos escolhidos por esses partidos. E por consequência todas as políticas, incluindo naturalmente as económicas, nos anos vindouros.

No ano seguinte, por isso mesmo, o jornal pelas teclas de José Manuel Fernandes ( sim, esse mesmo)interrogava-se sobre o futuro, para 1985. E o futuro era negro. Depois das promessas daquele personagem sinistro da política portuguesa ( Almeida Santos é porventura o mais pernicioso de todos os políticos que já tivemos, na minha modesta opinião que explicarei se necessário for) tínhamos pela frente uma ano pior do que os dezoito meses anteriores. Os PEC na altura chamavam-se "Planos de Estabilização", em modo mais restrito. Conforme se lê, "os preços dispararam, o poder de compra baixou, restringiram-se as importações e lançaram-se impostos extraordinários para minorar o défice orçamental." A inflação estava nos 30%! É imaginar as fortunas que se fizeram em especulação, nesses anos e os desequilíbrios sociais que tal suscitou.

Por isso mesmo o título da reportagem: "A crise continua...sem luz no fundo do túnel".

Exactamente tal como hoje.

E quem aparece em citação de intervenção, no artigo? Vítor Constâncio, monsieur constant, nesta política à portuguesa e outro personagem repelente da mesma. E que diz monsieur Constant? Isto que é de chorar, sem rir:

" Talvez se tenha ido longe demais, talvez se verificasse uma situação de overdose".
E que dizem outros- "meios ligados à banca"- ? Isto:

" O que me preocupa já nem sequer é a situação das empresas que estava com a corda na garganta. O que é verdadeiramente dramático é que muitas outras, que eram excelentes unidades industriais, sólidas e saudáveis também começam a ficar aflitas porque o mercado interno quase desapareceu."

Estas questões eram prementes em 1984. Em 2011, repetem-se, apesar da "década prodigiosa" de 1995-2005 . O que aconteceu, entretanto para aqui chegarmos?

É o que veremos em seguida.

Portanto, "à suivre", como diziam os franceses da banda desenhada. "Continua" , escrevia o Tintin português.

PS: escrevi como título, "É a Esquerda, estúpido!" Mudei para o que está porque me soava a anglicismo. Não se diz em português, "estúpido", dessa forma. Diz-se antes, palerma. Que é o que temos sido.

61 comentários:

  1. "Almeida Santos é porventura o mais pernicioso de todos os políticos que já tivemos".

    Dou-lhe toda a razão.

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  2. Essa eminência parda do regime, tal como o seu comparsa e mentor Soares, é traidor, velhaco, vingativo, mau (aliás está-lhe escarrapachada na pinta a maldade de que é possuído). Sem este sistema e regime por demais putrefactos, que ambos, mais uns tantos traidores/idiotas/oportunistas por eles aliciados, introduziram no país, estes farsantes não existiriam. Por isso agarram-se ao sistema como lapas ao casco de um navio.
    Pode dizer-se que esta eminência parda - que se conserva na obscuridade para passar despercebido, como convém ao partido e ao sistema por eles controlado - e o seu mentor são uma e a mesma pessoa. Um não funciona sem o outro e isto desde a primeira hora da "democracia". Tudo o que a eminência parda decreta em reuniões secretas, o seu irmão de partido e de seita, manda executar à risca.
    Sob pena de perderem a pouca sanidade mental que ainda lhes resta, os portugueses só têm uma coisa a fazer: apearem do poder urgentemente esta politicagem ímpia que lhes inferniza o juízo, lhes retira a paz de espírito que tanto necessita para viver e trabalhar e os impede sistemàticamente de recuperar o país económica, social e moralmente. E finalmente e não menos importante, lhes permita acabar de vez com a criminalidade violenta e restabelecer a ordem pública.
    Isto, quando acontecer, será uma benção Divina.
    Maria

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  3. Até hoje nunca me aconteceu ter comentado algo só para mostrar agrado ou concordância com o exposto.
    Mas, será porque estou a ficar velho, ou porque, depois da leitura deste texto, apetece dizer: muito gostaria de ter sido capaz de escrever isto, aqui deixo o meu comentário:
    -Magnífico Post! Bem haja!

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  4. Leia-se acima: "... agarram-se ao poder (e não ao sistema) como lapas ao casco de um navio".
    Se bem que e em abono da verdade, eles também estejam 'agarrados' ao sistema vigente e não queiram ver a Constituição alterada no muito que no seu articulado tem de errado, porque sumamente anti-patriótico, nem à lei de Deus Padre Todo Poderoso. Pois pudera!
    Maria

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  5. Palermices!...

    Quando se pretente catalogar de esquerda, todos estes personagens e suas políticas, está tudo dito! E, a direita, a obscenidade/corrupção da nossa ecónomia, etc., etc.-não existem.

    Tudo é esquerda em Portugal. Nem que para isso, se tenha de falar de costas (para simular o lado esquerdo).

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  6. Carlos:

    São eles quem se classificam de esquerda sempre que lhes convém.

    Portanto, a palermice é sua.

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  7. Em Portugal não existe direita. O que se convenciona apelidar como tal é nada disso.

    P que existe são graduações da social-democracia. A qual, como toda a gente devia saber, era inicialmente marxista. Portanto, de esquerda.

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  8. O Carlos é de esquerda, coitado. O importante é que as políticas sejam de direita. Isso sim. Para usar a fórmula ganhadora e perpetuadora. Para o país, tem dado um resultadão.
    Mas além destes, e do inenarrável, para mim, o retratinho dessa esquerda pequeno burguesa, nova rica, e destruidora é o Pina "Ética Republicana" Moura ou o "deslumbradinho" e "mediocríssimo" Armando "São Robalos, Senhor" Vara. Acho chocante que na esquerda, não exista quem veja isso. Os 93,3% e outros com mais responsabilidades (os do post, mais uns quantos -- porque apesar de os detestar verdadeiramente, não sei porquê, a certa altura esperava que dissessem "alto à frente, frente para a retaguarda". Porque está a ser demais. Mas não. Ainda os detesto mais por isso). -- JRF

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  9. José, não nos conhecemos, mas com o Senhor, entendo que podemos ter as maiores divergências sem que nos violentemos na nossa condição de humanos.
    Quanto ao tema esquerda vs direita e para me poder enquadrar nos exemplos de sucesso de uma política á direita, diga-me lá alguns exemplos de países, ou épocas em que tal existiu?

    Quanto às variaveis da social-democracia, até estou de acordo consigo. Mas isso, em meu entender, é a tentativa da diluição das ideoligias pelos protagonista activos na politica. Mas, para esta gente - vale tudo.

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  10. Carlos:

    Economicamente, Portugal, na primeira metade dos anos setenta, era governado por alguém que não era de esquerda como as que se apontam e que apenas defino como elas se definem. Nada mais, porque para mim o PS já não é esquerda nem é nada. É um partido que quer o poder para governar e apenas isso. Se necessário com políticas que nada têm de esquerda.

    Quem inventou os contratos a prazo, em 1976? Mário S. Este tipo de contratos que tornam permanente a precariedade são de esquerda? Responda por favor, só a esta questão.

    O governo da primeira metade dos anos setenta, também não seria de direita se entendermos que foi o governo de Marcelo Caetano que fomentou as políticas e acção social.

    A social-democracia que é o que temos tido ao longo dos anos, com um pequeno e breve interregno de alguns meses de PREC e tentativas de alguns anos em repristiná-lo, ainda hoje, não é de direita. Mas também náo é a esquerda comunista.

    Por isso, sempre que lhes convém, confundem tudo para levar as pessoas ao voto.

    A direita, não sei o que seja. A esquerda sei muito bem: é o que temos tido ao longo destes anos todos.

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  11. Caro José:

    A primeira metade dos anos setenta, foram a sequência dos anteriores 43 anos (para nunca mais esquecer).
    Já aqui (em sua casa) defeni o que entendo por esquerda.
    Aquilo a que refere como política da esquerda praticada pós-Abril, eu digo que é, na sua práctica, de direita.E aqui, está a nossa diferença de análise.
    Quanto ao resto, subscrevo e digo mais: foi o PS que criou os recibos verdes. Foi um governo PS que acabou com o ensino técnico (S.Cardia). Foi em governação PS que assistimos início dos salários em atrazo (início anos 80). Foi num governo chefiado pelo PS que os portugueses tiveram que pagar um imposto extraordinário (H. Lopes), etc., etc.. Mas isto, quanto a mim, não quer dizer que os objectivos e fundamentos da esquerda estejam em causa. O que verdadeiramente está em causa, é a casta de traidores, que sobre uma rotulagem de esquerda, lá vão levando a vidinha.

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  12. Esta discussão que me interessa muitíssimo porque constitui a base dos nossos problemas actuais, deveria replicar-se nos media. No entanto, não leio ou ouço muito disso.


    Mas discordo num ponto essencial: o falhanço não se deve aos traidores mas à própria concepção ideológica.
    Desde já permita-me uma correcção: quem acabou com o ensino técnico não foi o Cardia que então ardia em contestação estudantil. Foi Rui Grácio do PCP e que em 1975 defendeu a extinção por causa das "classes". Foi exactamente por isso como poderá ler por aqui.

    Quanto à distinção entre esquerda e direita e as suas consequências práticas, teríamos que começar pelo princípio:

    Defende o capitalismo como modo de produção? Se defende, deverá aceitar o que se segue: a admissão que os capitalistas tenham mais valias. E se aceitar, há outra questão que se pode colocar: como regular o sistema capitalista que carece de instituições financeiras ( bancos e seguros) para funcionar?
    E que papel deve ter o Estado nesse sistema sem o desvirtuar?

    Porque tenho pensado nestas coisas cheguei à conclusão que o sistema económico de Caetano, com a ética que tinha, era o melhor. Mas posso estar enganado, porque nestas coisas não há receitas mágicas e as variáveis são tantas que não me acho suficientemente inteligente para as entender e dar palpites definitivos.

    Até aceito a social-democracia porque não suporto o neo liberalismo cruel para com as pessoas.

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  13. O problema José, é que não vai chegar a conclusões além da óbvia que é que a esquerda nos trouxe até aqui pela mão e está aí para durar.
    Porque há sempre uma superioridade moral da esquerda. Para eleições é esquerda, se aparecer uma mala cheia de dinheiro, é direita. E não saímos disto.
    Como o Carlos conheço às dezenas e de todas as idades. E os que conheço, ao fim de quatro anos voltaram a votar no desindivíduo, porque é de esquerda. E daqui a dois meses às tantas repetem o feito. -- JRF

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  14. Caro José, ufa!...continuemos.

    Quando refere o falhanço ideológico da esquerda, tem presente a práctica das criaturas já referidas, certo? e relativamente ao falhanço da direita, com a criação de estados desumanos e insensíveis, onde o lucro selvagem é doutrina para atropelar tudo e todos?

    Quanto às suas questões: "capitalismo sem admitir mais-valias!?"
    Contraponho:Enriquecimento sem regras e sem obrigações sociais?

    Chegados aqui, volto ao ínicio da minha aprendizagem politica (1969).

    Há 3 tipos de regimes (organização de estado):
    1. Capitalista;
    2. Socialista/Comunista;
    3. Social Democracia.
    Hoje, tenho para mim: os dois primeiros, são semelhantes na sua forma de apropriação das mais-valis geradas pelos povos. A sua distribuição e aplicação é que difere (individualmente, ou para um colectivo dirigente).
    Quanto à terceira: tem uma amplitude de concepção tão vasta, que nela cabe quase tudo.
    Mas, em resumo direi: prefiro a terceira. Pois é o tipo de regime, que permitie corrigir trajectórias, dependendo o seu sucesso da capacidade e qualidade do seu povo.
    E é neste campo que eu hoje me bato. Por um estado onde não seja pecado ganhar dinheiro, mas onde não seja possível também atropelar tudo e todos, tendo como único objectivo - o lucro. Por um estado onde os mais desprotegidos, não sejam abandonados pela indefença colectiva.

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  15. Carlos:

    Então estamos de acordo. Mas suspeito que não...e o ponto nevrálgico do desentendimento tem a ver com a perspectiva com que se olha para a tal esquerda e aqueles que se reclamam dela.

    E sobre a direita deixei de ter preconceitos porque não sei exactamente o que é.

    Salazar era de direita? È ouvir uma entrevista excelente com Fernando Dacosta na Antena 1 do passado Domingo ( ontem), cerca do meio-dia.

    Excepcional porque Dacosta, sendo e reclamando-se de esquerda consegue ser isento. E digo-o com todas as letras: isento.

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  16. E mais ainda: é o indivíduo que melhor conhece o regime de Salazar e a figura do mesmo.

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  17. O José diz, e bem: « cheguei à conclusão que o sistema económico de Caetano, com a ética que tinha, era o melhor»

    A minha pergunta é outra- entre a ética e o sistema, existe uma conjuntura histórica e até um sistema (não democrático) que o permite.

    Então, se o dito sistema (económico e também o político) for totalmente alterado, onde se vai buscar essa ética que tende a desaparecer?

    Porque não é só por cá que desaparece; acontece um pouco por toda a Europa, mantendo-se melhor onde a tradição do respeito pela "coisa pública" sempre existiu.

    Mas, como fazer regressar, cá, algo que é mais que um sistema que se perdeu e que já se tornou até, um defeito popular?
    A ética foi à vida. E não imagino como se restaure algo nacional, quando a Nação tende a desaparecer e a escala gigantesca a adulterar ainda mais, tudo.

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  18. Quanto à conversa do Carlos é a eterna mania que pode existir uma perfeição teórica, apesar da realidade só dar exemplos que essa perfeição é uma distopia.

    Diziam o mesmo com o comunismo, e agora com a palavra "esquerda".

    Vivem de palavras que não têm exemplo na realidade.

    Se assim não é, o Carlos que indique países de Esquerda para se entender onde essa palavra resulta.

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  19. Carlos: "social democracia" é tudo. Só não tem disso no Médio Oriente. De resto, o mundo é isso, o que quer que isso seja, porque por aí não tem resposta para nada e ela não anda a votos.

    V. não tem partidos a voto a dizerem que querem ser "anti-sociais democracias"; ou que querem ser "sociais democracias.

    Não- inventaram a aldrabice da palavra "esquerda"- para negarem tudo o que não entre na tribo deles, apelidando de "direita".

    Os outros, vão atrás e, para não parecerem iguais, dizem que não são de esquerda.

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  20. Porque, se alguém se atrever a sair desta patuscada, existe uma outra expressão que remete para o Index quem nela cair:

    "a direita não democrática". Só existe uma possibilidade de quem não é do PCP, BE ou PS, se apresentar ao eleitorado- sendo da esquerda- logo, por tradução- democrático; ou sendo da "direita democrática"- a tolerada- PSD.

    Tudo o resto é chamado nazismo; ou neo-nazismo.

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  21. Pergunta: onde está a "esquerda não democrática"?

    Alguma vez deu por ela? alguém se atreve a chamar esquerda fascista aos que sociais-fascistas?

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  22. Então, as famosas "frentes contra a reacção", como a que se avizinha, não são isso mesmo? alianças entre capitalistas xuxas, avatares pequeno-burgueses de causas de passerelle e sociais-fascistas?

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  23. Esqueci-me do CDS. Esse é tolerado a contra-gosto e é o exemplo da "Direita-Conservadora".

    Outra expressão que cataloga as "trevas-facistas" do tempo de "Deus; Pátria; Autoridade".

    Olhe, há ciclo no S. Jorge acerca disto. Para exemplo sociológico até é bem capaz de valer a pena.

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  24. Caro José:

    Interessante "conversa"

    Estamos de acordo,sim, José - até na divergência. E ainda bem!

    Não ouvi o programa que refere, mas tenho pena.

    Quanto á sua questão sobre Salazar, dou-lhe a minha opinião:

    Mais do que ser de direita , ou esquerda, era um ditador (já sei... existiram outros como Staline, Enver Ocha, Mao e Franco e Hitler, etc.,etc..).

    Um governante que impôem ao seu povo, uma ordem única, através da força - é um ditador.
    Um governante que priveligia uma ordem económica a favor de uma classe economicamente dominante - é de direita (para mim, claro!).

    P.S.: permita-me Zazie: não gosto da sua arrogância intelectual. Na opinião do JoséRui, deve ser da extrema-esquerda. Mas, tem razão em muito que diz. Outra nem tanto.

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  25. Quem é que deve ser de extrema-esquerda,seu patusco?

    Não sabe como responder, né?

    Qual o país de esquerda, depois das suas arrogantes declarações?

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  26. Esta do "arrogante" foi para responder à sua disparatada catalogação.

    Se gosta de diálogo, dialogue, não classifique os outros, que ninguém o classificou a si.

    Pelo menos eu não o fiz. Deixei-lhe perguntas, seguindo precisamente o que expôs.

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  27. A sua resposta é uma "não resposta".

    Se v. acha que existem ditadores à esquerda e à direita, e que mais nada existe para explicar um governante, devia saber dizer se Salazar foi ou não de Direita.

    Apenas disse o óbvio: que não fez parte de um regime eleitoral.
    Isso já sabemos. A pergunta não era essa.

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  28. Qual é a classe dominante privilegiada pelos exemplos socialistas- os de esquerda- que existem e existiram, ao longo da História.

    Consegue responder?

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  29. Até lhe perguntava de outra maneira: o que é "uma classe dominante".

    É capaz de responder sem citar a cartilha marxista- de forma clara e com exemplos actuais?

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  30. Qual foi e é a "classe dominante" privilegiada pelos governantes comunistas?

    Quer mais Esquerda que um regime que tem por fim a igualdade social e a partilha colectiva da produção?

    Como é que v. pode dizer que não quer uma classe superior a outras se defende o capitalismo?

    Que é isso de ser de esquerda? é um estado de espírito? os neotontos dizem o mesmo- que é um estado de espírito- um je ne sais quoi...

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  31. José,

    Penso que numa das respostas acima, se está a referir ao programa Cem Anos Portugueses da Antena 1 que passou ontem depois das 13 horas.

    Caso seja do interesse de algum dos clientes desta Loja aqui fica o link para audição do referido programa :

    Cem Anos Portugueses-03-04-2011

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  32. Hehe. Pois é Zazie, extrema-esquerda. É cada um.
    Bem esteve o Pedro Arroja (again) quando disse que aquela maltosa toda do Blasfémias é de esquerda. É o je ne sais quoi que os une.
    Adoro a conversa das "políticas de direita". As "políticas de direita" por cá, tornaram a virtualmente toda a população dependente do Estado. No Mundo, a revolução informática tornou redundantes 10 pessoas por cada computador. Cá, por cada computador, contrataram-se mais 10 "bicos" e compraram-se mais 9 "máquinas", a crédito. -- JRF

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  33. A diferença é que os comunas dizem sempre no plural. São "as políticas de direita".

    ehehhehehe

    ...................
    Colmeal: a treta do meu windows 7 não abre. Diz que preciso de pluguin e eu já tenho o media player 12.

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  34. Não me atrevo. Não tenho a certeza de ter windows verdadeiro e se não for estou tramada com a porcaria das mensagens a avisarem.

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  35. Zazie,

    Ainda bem que já conseguiu, estava aqui a tentar fazer download do programa para o converter em ficheiro de audio mas sendo assim ...

    Já agora, normalmente os plugins não costumam (pelo menos nenhum que eu tenha instalado) ter ligações ao facto de ser uma cópia original do windows, até porque na sua maioria são desenvolvidos por outras empresas que não a M$$$$$ft.

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  36. Estou a ouvir. É bem interessante.
    O Carlos devia ouvir também.

    ehehehe
    Obrigada. Era o link que tinha de abrir noutra janela.

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  37. De facto, aquela divisão em 4 poderes, entregando logo 2 a Duarte Pacheco e António Ferro, só podia ser excelência.

    E o Dacosta é bem preciso- o Salazar não queria nem comunismo, nem capitalismo- era o corporativismo que me parece mais baseado na tradição medieval do que no fascismo italiano.

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  38. E eram todos colonialistas; como é óbvio essa questão nem se colocava. Só agora é que a jacobinagem se reinventou anti-colonialista.

    ":O))))

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  39. Interessante é a história da foto de Mussolini em cima da mesa de Salazar, em 1940.

    A tal que o CAA colocou no Blasfémias para dizer mal do Botas e que apareceu há uns tempos nos arquivos americanos.

    Dacosta conta que António Ferro estava embasbacado pelo Duce e foi entrevistá-lo para o Diário de Notícias. Trouxe duas fotos autografadas e deu uma a Zalazar que a tece durante quinze dias na mesa...
    E Dacosta não tem qualquer problema em dizer que Salazar não era fascista nem tinha apreço por Mussolini, o que era verdade.

    E é isso que os comunistas nãp conseguem dizer.

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  40. Pois é. Mas do Ferro ninguém se atreve a dizer mal.

    E o Dacosta diz que o Salazar tinha era o Padre António Vieira na "mesa-de-cabeceira"

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  41. Ainda no outro dia o Dragão postou um texto do Fernando Pessoa que era um grande "facista".

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  42. Os comunistas nem conseguem dizer que o Malevich convidou o Marinetti, para lá ir fazer umas conferências a meias, no meio da Revolução
    eheheheh

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  43. É-na pá!...Boa noute. Assim mesmo - Boa noute.

    Acho interessante esta dialéctica entre Salazar e os comunistas. Assim mesmo - os comunistas. Era esta a forma simplificada de Salazar tratar qualquer oposição.

    Zazie, durma bem patusca.

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  44. Estamos mesmo a falar de comunistas. Ainda não percebeu?

    Os comunas de Moscavide, por exemplo- os alentejanos do PCP vindos para Lisboa- não eram nem são outra coisa.

    E qual era a "oposição" social-democrata que Salazar teve?

    O Humberto Delgado?
    ":OP

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  45. O patusco da esquerda-capitalista mas muito social democrática que só
    privilegia a classe dominante do saque.

    ":O)))))

    Isso da esquerda-capitalista que nada tem a ver com a direita-capitalista e só gosta de utopias com gente e em locais por inventar, também tem a sua piada.

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  46. Era chato perguntar-lhe, sendo todos capitalistas e burgueses, quem são agora os proletários.

    Eu sei mas não digo, para não estragar a patente a quem a inventou- os bloquistas.

    ":OP

    Os dos pacotes zapateros- têm agora um proletariado à altura dos ideais capitalistas e burgueses.

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  47. O Pfahlbürgerschaft barbie.

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  48. Oh Zazie: Confesso ter dificuldade em acompanhar o ritmo das suas considerações e citações. Sugiro até a sua compilação, para publicar um livro cor de rosa (rosa!? - arreda Santanás), para contrapôr ao do Mao-tsé-tung.

    Quanto à oposição a Salazar, para além dos comunistas, lembro-lhe só alguns: Norton de Matos, Magalhães Godinho, Seiça Neves, Cal Brandão, Palma Inácio (calma que o homem já morreu).

    Boa noute.

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  49. E que lhes aconteceu de tão terrível por isso?
    O Palma Inácio de bombista passou a xuxa, portanto, acho que é um exemplo de triunfo na vida. A ditadura deu-lhe o estímulo e a democracia o estatuto.

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  50. Oposição era tudo. Até eu era "oposição". E nunca andei a pedir casas à câmara, por isso.

    Veja lá como as coisas são.

    E nunca conseguiria ser essa coisa que chamam "esquerda" precisamente por ter vivido tudo isso.

    É mentira. Quem tenha vivido o PREC e venha agora falar em democracias aprendidas com a "Esquerda", ou é imbecil ou aldrabão.

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  51. É por isso que garanto- os que se dizem "anti-facistas"v, agora, em pleno século XXI e abrilistas, em simultâneo, ou são aparições do 25 de Abril, ou pura e simplesmente gente que nem conhece esse passado mas comprou uma cantiga.

    Por soar bem. E marcham ao som da toada, que é para isso que a propaganda existe.

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  52. Depois há os que assobiam para o lado, como se fossem estrangeiros e descobrissem agora Portugal por imitação das "sociais-democracias nórdicas.

    Coisa que nem sabem o que é nem as chibatadas darwinistas que historicamente levou, mas que também é outra cantiga que vende.

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  53. Zazie: bem me parecia. Com que então também era oposição, logo comunista. Ou, sempre havia excepções?

    Boa noute (hoje estou para isto e divertido)

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  54. V.s vivem de palavras e fizeram-lhes a cabeça com agit prop como nunca se fez nenhuma em ditadura.

    Esse é o aspecto que mais me incomoda. Nunca vi tanta gente tão situacionista como agora. Nem tanta propaganda de meter inveja a um SNI. Votam com ela e por ela.
    E depois dizem-se "de esquerda".

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  55. Imbecil: não era oposição nenhuma- andava à pedrada contra a censura e os gorilas, mais nada.

    Nunca seria situacionista. E mete-me nojo a quantidade de situacionistas que para aí andam, armados em "contra-poder".

    O tanas: a escardalhada tem o Poder; as armas e, sempre que for preciso, as leis- para impor o que lhe interessa ou escapar ao que não convem.

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  56. A escardalhada manda. Meta isto na cabeça. E é por isso que ser de esquerda é tão apelativo.

    Porque à esquerda os vícios não fazem mal- tem a superioridade moral que escuda tudo. Ficar mal só ao que apontam como sendo os resquícios da "Direita bolorenta, salazarenta e beata".

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  57. E "conservadora"- outro nome feio que é todo um programa para se instalarem e comerem à conta de serem muito "progressistas".

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  58. Oh José, não será melhor fechar a loja? o "negócio" hoje rende!...

    Oh, Zazie: na linguagem erudita do sr. inginheiro - "Imbecil é a sua tia"

    Não vá por aí, porque senão, não há Gil Vicente, Bocage, ou toda a cerâmica das Caldas que lhe valha - tábem!?...

    Um pouquinho de chá e Boa noute.

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  59. Mongo, tenho mais que fazer. V. não dá uma para caixa.

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