Ficam aqui duas imagens da revista Vida Mundial de 3.4.1975, (clicar para ler melhor a disputa entre o PS e o MES) sobre as primeiras eleições em regime democrático. Que preocupações políticas denotam estas páginas?
Todas de esquerda, socialista e comunista. Um dos principais concorrentes, o MES, movimento que agregava então muitas pessoas que depois integraram plenamente o PS actual ( como por exemplo Ferro Rodrigues) tinham nessa altura um discurso que começava assim: " A actual fase da luta do proletariado caracteriza-se fundamentalmente pela actualidade da luta pelo socialismo".
Pode dizer-se que esta retórica perdeu força de expressão, porque é verdade. Mas quem a defendia continua hoje com a convicção arreigada de que só a Esquerda, por muito mítica que possa ser, é a solução para os nossos problemas.
Todas de esquerda, socialista e comunista. Um dos principais concorrentes, o MES, movimento que agregava então muitas pessoas que depois integraram plenamente o PS actual ( como por exemplo Ferro Rodrigues) tinham nessa altura um discurso que começava assim: " A actual fase da luta do proletariado caracteriza-se fundamentalmente pela actualidade da luta pelo socialismo".
Pode dizer-se que esta retórica perdeu força de expressão, porque é verdade. Mas quem a defendia continua hoje com a convicção arreigada de que só a Esquerda, por muito mítica que possa ser, é a solução para os nossos problemas.
Tome-se por exemplo estoutra frase do programa: " A actual situação de crise económica do nosso país, manifestando claramente a desorganização e a anarquia da produção capitalista, impõe a tomada de conjunto de medidas concretas que limitem fortemente a margem de manobra dos capitalistas e vão ao encontro da luta dos trabalhadores."
Mas ainda: " Face à situação de crise económica que vivemos, só uma perspectiva serve os interesses dos explorados e oprimidos: obrigar a burguesia a pagar a sua própria crise".
Quer isto dizer que em menos de um ano de governo, estouraram com o país, economicamente falando, e não só. Delapidaram em poucos meses os recursos económicos que havia. Correram com a "burguesia" capitalista no 11 de Março 75 e provocaram uma das maiores crises económicas de que há memória, muito semelhante à que atravessamos mas porventura ainda mais aventureira. Tudo em nome da Esquerda!
Quer isto dizer que em menos de um ano de governo, estouraram com o país, economicamente falando, e não só. Delapidaram em poucos meses os recursos económicos que havia. Correram com a "burguesia" capitalista no 11 de Março 75 e provocaram uma das maiores crises económicas de que há memória, muito semelhante à que atravessamos mas porventura ainda mais aventureira. Tudo em nome da Esquerda!
Quem mantém, ainda hoje este discurso, sem interrupções ideológicas'? O PCP e o BE. Ambos comunistas. O MES, então, era o BE actual... e os seus militantes dessa época, mesmo reciclados em partidos de poder, nunca abandonaram o pensamento de Esquerda essencial: Utopia e luta de classes.
É por isso mesmo que vemos a facção de esquerda do PS apelar ao voto na Esquerda, que para eles ainda é essa que idealizaram. Alguns militantes desse MES estão hoje em organizações "burguesas" ( João Cravinho, por exemplo) e empresas capitalistas típicas ou bancos. Mas a contraição não os afecta nada de nada porque pessoal de Esquerda tem sempre solução retórica para qualquer problema que surja.
E por isso não importa. Os primeiros amores são sempre os mais acaparados...
PS. Na época, o MRPP e a AOC tinham sido suspensos enquanto partidos. Diziam muito mal do "social-fascismo" do PCP e uma militante ( Maria José Morgado, essa mesmo) até esteve presa...
É por isso mesmo que vemos a facção de esquerda do PS apelar ao voto na Esquerda, que para eles ainda é essa que idealizaram. Alguns militantes desse MES estão hoje em organizações "burguesas" ( João Cravinho, por exemplo) e empresas capitalistas típicas ou bancos. Mas a contraição não os afecta nada de nada porque pessoal de Esquerda tem sempre solução retórica para qualquer problema que surja.
E por isso não importa. Os primeiros amores são sempre os mais acaparados...
PS. Na época, o MRPP e a AOC tinham sido suspensos enquanto partidos. Diziam muito mal do "social-fascismo" do PCP e uma militante ( Maria José Morgado, essa mesmo) até esteve presa...
Pode incluir o Sampaio nas hostes.
ResponderEliminarParece-me que este cabeça de cartaz do antifássismo é um bom exemplo de vácuo disfarçado por uma retórica enfadonha e soporífera.
Até escreveu um livro para jovens,tentando que o legado passe para as futuras gerações.
todo o socialismo é fascista.
ResponderEliminarimpõe pela opressão-repressão.
empobrece os países que caem nas suas garras.
os dirigentes enriquecem.
na minha aldeia só trabalham os '(u)cranianos'
nos comicios do ps só aparecem paquitaneses e indianos do martim moniz. são as caravanas da fome.
José.
ResponderEliminarAposto que se encontrares na tua hemeroteca jornais de 1836 ainda consegues "esticar" mais a coisa e assacar culpas ao Setembrismo. Enfim estes argumentários envoltos em espessura histórica são mesmo assim.
Wegie:
ResponderEliminarCom isto apenas pretendo uma coisa: mostrar que temos uma "narrativa" de Esquerda, desde 1974.
Ainda agora estive a ver o tempo de propaganda na tv, e o Bloco de Esquerda afirma garbosamente que é a Esquerda que tem futuro.
O PS diz o mesmo. O PSD não diz,mas não ataca a ideia e o CDS esse, cala-se que nem um rato porque os submarinos e os sobreiros vão-no afundar não dura muito.
Por isso mesmo importa conhecer de onde vem a narrativa e quem a começou.
E foram estes que aponto. Em Portugal tem sido assim, nos últimos 37 anos.
37! Quase tanto como os 48 da "noite fassista"!
E sempre à sombra da esquerda que nos conduziu à bancarrota sucessivamente.
Mesmo assim, não há um único partido que assuma ser de direita. Ninguém diz em público que é de direita porque tem vergonha de o dizer e ainda mais de fazer o que a Esquerda indica como sendo de direita.
A palavra Direita é um termo proscrito. Pela Esquerda que aponto nestes postais, como nomes e imagens.
Eu compreendo esse teu ponto de vista relativo a tal narrativa dominante. Mas esta não já não corresponde às práticas há muito tempo.
ResponderEliminarPara ilustrar melhor esta minha asserção dou o exemplo de um outro pequeno país insular europeu, que tem chamado mais a minha atenção, o Chipre. O Chipre tem desde há três anos um chefe de governo proveniente de um partido comunista, o AKEL, caso único na história da União Europeia. Não se trata de ex-comunistas ou um PC aggiornato, é um partido marxista-leninista com o qual o PCP tem fortes relações.
Na actual situação de crise económica o Chipre decidiu aplicar a receita da austeridade, em detrimento de políticas expansionistas keynesianas. O IVA da alimentação e dos medicamentos já subiu no início do ano. O governo cedeu à descida do rating da dívida pública, avançando com planos para reduzir os funcionários públicos e congelar os salários dos restantes. Isto tudo enquanto o governo insiste em não aumentar o IRC, que é apenas de 10%, um dos mais baixos da Europa. É o país da UE que maís reduziu o défice público em 2010.
O meu interesse pelo Chipre advém da curiosidade em saber o que a esquerda que se diz não-social-democrata, teria feito se tivesse no governo de um dos PIIGS. O PCP teria feito o mesmo em Portugal? Nunca saberemos porque o PCP (e o BE), apenas discute o país que gostaria de ter, nunca aquele que temos. Mas uma coisa sabemos, o PCP está empenhado na reeleição do actual governo cipriota, ao ponto de Jerónimo de Sousa ter participado activamente há dias na campanha eleitoral para as legislativas locais.
Não percebo qual é a lógica.
ResponderEliminarSe o PCP apoia outro PCP no poder, isso significa que por cá seja defensor do capitalismo e até de medidas liberais como dizes que o de Chipre foi obrigado a fazer?
O que eu vejo nisso é mera tradição de irmandade.
E em nada altera o discurso de PS, PCP e BE por cá.
Até nesta cena da manif geral já andam de novo os slogans contra a burguesia.
Coisa de chorar a rir, caso não fosse mesmo o que pode acontecer- um novo comunismo internacional, criado pela globalização.
O Dragão, há vários anos, escreveu o texto mais genial sobre o assunto.
Ele previa isto- o liberalismo e o comunismo a renascerem como utopias a uma escala que nunca tinham conseguido antes.
Mas tens dúvidas do que faria o PCP e o BE se estivessem no poder?
ResponderEliminarBem, fariam mais merda que o PS mas na mesma direcção com que este vende a banha da cobra.
O PCP nunca desiste da Utopia. Nos tempos que correm o que significa ser comunista num país com 10 milhões de habitantes?
ResponderEliminarO caso mais singular, para mim é a Hungria. Foi um país comunista mas que Cunhal não via como modelo. Era o país mais avançado economicamente, no Leste antigo.
Há dois anos passei de comboio de Viena para Budapeste. A diferença entre os dois países, semelhantes na corografia que se avista do combóio é notória, ao passar a fronteira: as casas são mais degradadas, mais pobres, a paisagem mais pobre etc etc.
A Hungria, que está em profunda crise económica, teve um governo tipo xuxa, que aplicou políticas neo-liberais. Ficou pior e agora foi um partido abertamente de direita e com uma "narrativa" de Direita quem ganhou ( o presidente até tem a imagem de S. Estêvão no gabinete). Pois aplicam uma política económica mais intervencionista do que a Esquerda aplicaria.
Tentam combater a ideologia, proibindo e censurando coisas como certas correntes de filosofia ( li no La Repubblica) e são um paradoxo quanto a mim.
É um exemplo que me interessa seguir, para ver onde leva.
Eles até costumam vender o pacote a meias.
ResponderEliminarDesta vez separam-se apenas porque o BE e o PCP já perceberam que têm agora abertura para mais.
Pois não desistem.
ResponderEliminarSem utopia não são nada. E atrás deles vão os BE que são o mesmo apenas sem sindicatos.
A Esquerda não pode ter um discurso coerente porque o único que podem ter é a destruição da democracia como a conhecemos. E isso ninguém o aceitaria.
ResponderEliminarEntão como é que eles fazem engolir a pílula? Do mesmo modo que em 1975 queriam fazer: é por isso que publico estes jornais e revistas antigos que mostram bem o que era o discurso comunista que por cá seguiam.
É de fugir. E evidentemente teriam estrita necessidade de controlar os media imediatamente, o que daria lugar a uma censura mais rígida do que a do Salazar. E isso não querem dizer, mas sabem perfeitamente que é assim.
E arranjariam campos de "reeducação" de reaccionários, com o aplauso da populaça que veriam na televisao as malfeitorias desses reaccionários fassistas, sempre justificados pelos torquemadas que nao tardariam em aparecer,
Até o Vital Moreira voltava a vestir pano vermelho...
Vale a pena ir ao 5 Dias para se constatar o óbvio.
ResponderEliminarAté já conseguem ressuscitar o Saint-Just e a Revolução Francesa todinha.
E por lá o problema é apenas querela de quem vai liderar.
Uma cena macaca que parece um recuo ao PREC.
Eu estava com o exemplo de Chipre a confrontar o domínio da ideologia com o da praxis. porque vocês não me explicam como é que com esta narrativa dominante de esquerda os grupos económicos recompuseram-se à sombra do estado e floresceram. Existe uma distância de natureza estrutural entre esta praxis e a ideologia sendo que esta ultima já não é importante, é mesmo descartável. Daí que eu encare este esforço do José como quixotesco.
ResponderEliminarCompletamente certo, José.
ResponderEliminarQuem viveu isso sabe e lembra-se e não há a menor diferença passado estes anos todos.
Nenhuma. Até assusta porque parece que guardam cemitérios.
Mas isso é o mesmo que sucede com o PS! também dizem uma coisa e fazem o seu oposto.
ResponderEliminarAgora acreditar que se o PCP e o BE fossem para o governo, íamos ter o mesmo que com um PSD é loucura.
Nem sei a história do Chipre ou como aparece esse PCP no poder. Mas sei a de cá e seria de rir imaginar a CGTP-in a ser extinta para o PCP defender o capital.
Mas confrontar o quê?
ResponderEliminarEu não entendo. O PCP e o BE estão a mobilizar meio mundo para novo PREC. E tu olhas para o Chipre e dizes que entre o que dizem e o que podem fazer há um abismo e que a cartilha de esquerda por cá seria capitalista e liberal?
Claro que se aplica ao PS e a todos porque no fim existe um guião ao qual já não podem fugir. Nem o próprio PCP orfão desde 1989 tem para onde se virar. Daí que ache essa cena do Chipre curiosa. Mas no final não vemos isso numa muito maior escala na China?
ResponderEliminarNão digo isso taxativamente mas digo que hipotéticamente poderia vir a ser e talvez venha ser inevitávelmente.
ResponderEliminarWegie,o modo como eu entendo isso é assim explicável:
ResponderEliminarA ideologia permeou toda a "narrativa" histórica e socialmente transmitida nos media. Mas os media, eles próprios funcionam em sistema capitalista em que há empresas ( Balsemão e outros depois dele) que funcionam em modo completamente capitalista e portanto segundo uma lógica que contraria completamente a narrativa. Mas os jornalistas não assumem a coerencia dessa contradição e continuaram sempre a escrever e a contar a História segundo o que pretendiam e não segundo o que viviam no dia a dia.
Por outro lado, os sindicatos tomaram o papel de defensores dos direitos da Esquerda que se equivalem neste caso aos dos trabalhadores. São sindicatos a funcionar em sistema capitalista e portanto lutam pela melhoria dos contratos colectivos de trabalho e pelos trabalhadores inseridos na lógica capitalista.
A par disso existe o Estado e a função pública que essa não funciona de modo algum segundo o modelo capitalista. É aí que se recrutam muitos dos "esquerdistas" que já existiam antes e se prolongaram na ideologia que os liga umbilicalmente ao Estado, o símbolo máximo da Esquerda.
Desde há trinta anos a esta parte que vivemos nisto: uma luta entre a Esquerda que temos, ligada aos sindicatos e ao funcionalismo e os poucos empresários que tentam escapar a essa lógica da narrativa que temos nos media.
É uma contradição que se vai aguentando muito tempo porque ainda por cima os empresários que temos dependem em muito do Estado.
E é esse o ponto em que o paradoxo se desfaz: não temos um capitalismo verdadeiramente sólido como as economias mais fortes. Temos pequenas e médias empresas que exploram os trabalhadores segundo a lógica mais rasca e capitalista, mas a pobreza não se fica pelos empregados, estendendo-se aos patrões que são pequenos e vivem alguns deles, pior do que os funcionários públicos.
Chama-se a isso pragmatismo. O Salazar sabia muito bem como era. Ele gostava pouco de ideologias e de ideólogos veja-se a sorte do Rolão Preto e dos seus Camisas Azuis.
ResponderEliminarPenso que não.
ResponderEliminarPenso que por cá é bem pior que na China ou na Rússia.
Por outros motivos. A nossa história desde a República é a jacobina e nada tem a ver com nacionalismo.
Nos outros casos esses partidos fazem o papel de união por haver ameaça externa.
A nossa História tem um bloqueio de passado. Há uma vergonha de um passado e foi tornada vergonha colectiva.
É esse o discurso comum a PS, PCP e BE- é o jacobinismo.
Tem raízes totalitárias na Revolução Francesa. Até no léxico.
ResponderEliminar«E é esse o ponto em que o paradoxo se desfaz: não temos um capitalismo verdadeiramente sólido como as economias mais fortes. Temos pequenas e médias empresas que exploram os trabalhadores segundo a lógica mais rasca e capitalista, mas a pobreza não se fica pelos empregados, estendendo-se aos patrões que são pequenos e vivem alguns deles, pior do que os funcionários públicos.»
ResponderEliminarExacto, José. Excelente síntese.
Quem acabou com esse capitalismo sólido que de algum modo tínhamos por cá, mesmo protegido ( e em vez de se falar em condicionalismo industrial deveria falar-se em proteccionismo que muitos países praticam), foi o PCP no PREC.
ResponderEliminarTínhamos indústria, bancos, industriais e ideias capitalistas típicas como a Espanha aqui ao lado. Porventura éramos tão bons quanto os espanhóis e teríamos uma evolução tão boa nesse aspecto quanto a deles.
Pois bem, o PREC destruiu isso tudo e quando houve tempo de refazer já estávamos noutra: na CEE em 1986 e os industriais que havia já não quiseram investir por cá até porque nem lhes deram o que lhes tinham tirado. Mais uma vez, foi a Esquerda quem se opôs.
O Champallimaud tinha uma acção contra o Estado de biliões e fez um acordo por muito menos.
Nunca lhe deram importância depois disso e ele esteve-se nas tintas. Investiu lá fora e deixou uma fundação. E esse é apenas um exemplo do que nos fez a Esquerda.
José mas isso vejo eu em sistemas de democracia mais avançada. Como os EUA. Sem esse pecado original do PREC. Ou em Espanha que não teve PREC e onde o PC e a Esquerda mais radical quase desapareceram. Há sempre sindicatos a defender o status quo e empresários mais ou menos dependentes do Estado. A mim a ideologia de esquerda ou liberal como se chama nos EUA são ruido de fundo para enganar papalvos.
ResponderEliminarE é por isso que por cá é tudo de esquerda- até os banqueiros, por encosto, e os outros por necessidade.
ResponderEliminarejehje
E eu acho que o trágico está aqui- na inexistência de uma economia minimamente forte e autónoma.
E é por isso que o totalitarismo estatal é sempre o "mal menor" que escolhem- porque é o único que dá segurança- a curto prazo tem sido.
E há duas gerações inteirinhas que nunca se imaginaram a viver de outra maneira.
Que nem sabem sequer que já se viveu de outra maneira.
A esquerda opôs-se à reformulação do capitalismo que tínhamos antes de 25 de Abril de 74. A Esquerda que incluiu o PS. Durante vários anos, até à revisão Constitucional no final dos anos noventa opuseram-se às privatizações.
ResponderEliminarEm nome de quê? Do racionalismo económico? Não. Em nome da Utopia de sempre.
Por isso o PS continua a reclamar-se de Esquerda quando pretende assumir essa identidade sempre que lhe convém e que é agora em eleições.
O proteccionismo só foi util enquanto Portugal e as colonias eram um importante mercado interno agora é prejudicial.
ResponderEliminarPois é. Mas vamos ver agora o que chamam aos saldos para monopólios estrangeiros.
ResponderEliminarHá sempre sindicatos a defender o status quo que é o de manter os direitos laborais que existem. E está bem assim.
ResponderEliminarO que já se pode discutir é se esses sindicatos defendem o sistema comunista ou capitalista. É muito simples: pergunte-se ao Carvalho da Silva se defende os grandes bancos e indústrias e seguros como existem. Ou se preferia a economia orientada toda pelo Estado.
Portanto, o que temos é isto: um sistema capitalista manco e sem força de capital. Os bancos portugueses estão de tanga e quem tem mais dinheiro em Portugal parece que é o Américo Amorim.
Mas não investe como poderia e lá saberá porquê. O Belmiro é outro e ganhou o dinheiro na distribuição, não na produção. Ganhou o que nos emprestaram na U. Europeia porque gastámos nos supermercados muito do que recebemos. Mais do que devíamos.
Se tivéssemos um capitalismo como chegamos a ter, estaríamos muito melhor, acho eu.
E só nao temos por causa do PREC. Sò por isso.
Mesmo assim esse pecado original seja dos jacobinos (1820?1835?) ou do PREC deixa-me dúvidas. É isso ou são as fraquezas estruturais da economia e sociedade que atravessam os últimos 2 séculos?
ResponderEliminarPara além desse crime inominável, quanto a mim, ainda nos pregam a barrativa deles todos os dias. Ensinam-na na escola, na tv e escolhem os jornalistas que sabem contá-la melhor.
ResponderEliminarPor mim, o meu papel é desfazer essa narrativa. E sei que estou muito isolado e há poucos com essa consciência.
Se olhares para o Portugal de 1890 também vias bancos mancos e um sistema capitalista débil e sem capacidade de investimento. Sem esquerda. Foi durante esse periodo 1859-1890 ue Portugal se viu ultrapassadopor economias pobrezinhas como a Suécia e a Dinamarca por exemplo.
ResponderEliminarNão me parece que sejam essas fraquezas estruturais de séculos que nos afectam. Essa justificação faz parte da narrativa falsificada pelo jacobinismo~.
ResponderEliminarUma ideia falsa também é a que anda a fazer curso por quem diz que o nosso problema começou com a expulsão dos judeus por causa da Inquisição.
Não foi porque os espanhóis tiveram a verdadeira inquisição e isso não os afectou.
Para mim, em 1974 estávamos no caminho certo do desenvolvimento.
E para retomarmos esse desenvolvimento teremos que lá voltar e escorraçar o jacobinismo da narrativa.
Temo que isso não seja para os meus dias, mas vai ser assim. Aposto.
Não compares o sistema aristocrático e a pré-revoluçao industrial com o que tivemos nos anos sessenta em matéria de desenvolvimento e de forças produtivas e das chamadas forças vivas.
ResponderEliminarO Salazarismo em 48 anos fez muito mais do que a democracia em 37. E não é em dez anos que irá fazer o que falta. Antes pelo contrário.
Fez na arquitectura, nas infra-estruturas e no ambiente. Havia maior coerência nos princípios de desenvolvimento e maior inteligência, a meu ver.
Pois é José.
ResponderEliminarA ideia do atraso económico em perspectiva histórica, também eu o tive que gramar como explicação oficiosa.
E a dos judeus é a maior patranha que se fabricou.
Portugal em 1974 era um país em que se podia ter orgulho, tirando o facto de ser uma ditadura soft. Mas em muitos domínios éramos respeitados.
ResponderEliminarHoje riem-se de nós e até os espanhóis o fazem.
Tenho por aí um pedaço de jornal dos anos oitenta em que um espanhol diz de nós portugueses coisas tão amargas e tão verdadeiras que até me apetece publicar. Amanhã, se encontrar, publico.
Essa narrativa do tal atraso de séculos, que a Bonifácio até consegue dividir em esquerda e direita quase desde a pré-história, serve ainda de explicação oficial até de historiadores que se consideram liberais.
ResponderEliminarO Rui Ramos repete a asneira.
Há um hiato onde não tocam. Por isso, ou avançam para um futuro estrangeirado- de cartilha, ou precisam de recuar ao século XIX para inventarem uma continuidade até ao presente.
«O Salazarismo em 48 anos fez muito mais do que a democracia em 37. »
ResponderEliminarÉ impressionante de verdade. E não me imaginei a constatá-la assim, de modo tão óbvio.
Basta ler o livro do Pedro Feytor Pinto para perceber quem éramos em 74 e no que nos tornamos.
ResponderEliminarNão alinho na explicação dos judeus apesar de conter alguns pontos a favor. Mas alinho na do atraso em perspectiva histórica porque foi aí nesse período crucial de 1850-1914 que perdemos a corrida. Isto é indíscutivel. Quanto à situação económica no inicio dos anos setenta estou de acordo com o José: Foi precedida por um crescimento sem precedente. Mas estava baseada na inertligação com o mercado colonial. Sem este seria e foi inviável. Chamem-me jacobino se quiserem eu não me chateio.
ResponderEliminarHá aí um palerma- Santos Silva- que diz adorar malhar da Direita. Pois eu adora vergastar a Esquerda.
ResponderEliminarE não me considero de Direita.
A pergunta: em que curso de História se poderia dizer hoje em dia isto?
ResponderEliminarehehhe
Eu já desafiei um historiador do PSD e ele, ainda que a brincar, disse que eu estava cá uma "facista".
Não me refiro à versão da Bonifácio que é politiqueira bem como a do Rui Ramos mas à do Jaime Reis e do Pedro Lains.
ResponderEliminarEsse Santos Silva é mesmo um palerma jacobino daqueles que lavou a cabeça com muito shampoo ISCTE onde se doutorou.
ResponderEliminarEssa da explicação da interligaçao com o mercado ultramarino precisa de ser melhor entendida. Porque o que vinha de lá era investido onde? E quando é que se começou a explorar industrialmente aquilo?
ResponderEliminarNos anos cinquenta se tanto. E investiu-se lá também, e muito.
E logo nos sessenta houve o esforço de guerra que nos levava 40% do Orçamento. E por isso, o que de lá vinha para lá voltava.
E já agora outra coisa: não era o petróleo que vinha de Angola que nos safava de termos sofrido muito o choque petrolífero de 73. Portanto pode haver outras explicaçoes.
Eu nao me contento com essa. Tenho por aqui alguns textos da revista Observador de 1972 em que se explica como estávamos economicamente em 72. E não era por causa das províncias ultramarinas. Não era a nossa galinha de ovos de ouro.
Só nao entendo uma coisa: como é que em 1974 tínhamos um esforço de guerra que nos levava 40% do Orçamento e um ano depois já sem esse esforço precisamos logo do FMI?
Isto explica-se como? PREC. Só isso.
Acho que há muitas ideias feitas e falsas sobre o que foi o nosso capitalismo até 74.
ResponderEliminarA tal narrativa que nos contaram a seguir tem um guião e não o sigo de todo. Desconfio logo de quem narra.
José lê p. f. o Pedro Lains sobre o assunto do mercado ultramarino. Tem livro e artigos on-line no site do ICS. As trocas comerciais com Angola importações e exportações pq eram regiões que absorviam excedentes agrícolas e industriais desde o vinho ao cimento compensavam o gasto com o esforço de guerra. E não estou a falar de petróleo.
ResponderEliminarA maior parte dos jornalistas e próceres de Esquerda não entendem estas coisas.
ResponderEliminarHavia um - João Martins Pereira que o BE adora e que morreu há pouco- que contribuiu muito, sendo talvez o principal falsificador desta História, para a narrativa oficial que temos.
Vivemos de mitos e lêndias. Piolhos.
Pois é isso mesmo; a tal "compensação do gasto de guerra", desconfio muito dessas contas.
ResponderEliminarOs americanos também gastaram balúrdios com as guerras no Iraque e Afeganistão. E não as pagaram apenas com compensações do petróleo.
Dou-te um exemplo na minha terra existiu durante anos a maior fábrica de cordas do mundo. O sisal vinha barato de Angola e era tão lucrativa que deu origem a um dos grandes grupos económicos portugueses. Nunca foi nacionalizada nem teve problemas durante o PREC. Mas hoje já não existe. O Grupo dedicou-se a Cervejas e Casinos. O sisal deixou de ser lucrativo.
ResponderEliminarO João Martins Pereira era um radical confuso e verborreico.
ResponderEliminarO Pedro Lains, em contas, diz o mesmo que o José.
ResponderEliminarDepois lá faz o frete em palavras mas é para não parecer mal.
Em contas, o Lains já escreveu isto, há muito.
O sisal é um exemplo como há outros mas até esse serve para o que quero dizer: hoje haverá empresários para fazer a mesma coisa?
ResponderEliminarA Semapa dos Queiroz Pereira é talvez a única empresa de vulto que sobreviveu estes anos todos. Mas a que custo? E quantas haverá assim? E o que sofreram esses Queiroz Pereira por serem "facistas"?
O café por exemplo pode ser outro caso de aproveitamento do que tínhamons nas províncias. Mas quem ficou com essas empresas de produção? Não foram certamente os locais...
E o petróleo quem o explora? E as minas de diamantes e minérios?
O Pedro Lains diz o mesmo que o José.
ResponderEliminarÉ preciso ler os gráficos do Pedro Lains e não as palavras com que ele doura a pílula.
Ele não é ideológico e as contas traduzem-se no que o josé diz. Nunca no oposto.
Temos que reescrever a História recente e não é com Flunsers Pimentel que lá vamos.
ResponderEliminarE o Rui Ramos não tem estaleca. O Romero Magalhães escreve sobre quê?
Descobrimentos?
O que pretendo ler é estudos sérios e desprovidos de ideologia que se entretenha a narrar que o facismo foi uma desgraça e que a democracia é que é.
ResponderEliminarIsso não me interessa nada.
E por aqui fico. Boa noite que esta é das poucas discussões que aprecio.
ResponderEliminarRecomendo estes dois papers:
ResponderEliminarGROWTH IN A PROTECTED ENVIRONMENT: PORTUGAL, 1850– 1950 - Pedro Lains
The contribution of colonial revenues in financing Portugal's balance on foreign curtency coming from Angola»
E depois de 1950? Foi o deserto?
ResponderEliminarBoa noute!
Boa note, José
ResponderEliminar":O))))))))
Há mais não te preocupes amanhã mando. Boa noite: Sweet dreams para todos. Do vosso jacobino de estimação: Wegie
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