Páginas

terça-feira, agosto 30, 2011

anti-comunismo primário

Em 14 de Junho de 1974 comprei este livro de divulgação política. Na altura em que saiu, logo a seguir ao 25 de Abril de 74 ( acabou de se imprimir em 15 de Maio de 74) era dos poucos que procuravam dar alguma (in)formação política de índole mais concreta sobre os ismos que apareciam a cavalgar a onde revolucionária. Lembro-me de ser um livro popular que se vendia em quiosques.
Obviamente, a tendência do autor, americano, era a democracia liberal dos regimes políticos ocidentais, com pendor social-democrata ou mesmo apenas liberal no sentido europeu do termo.

Com este pequeno texto de duas páginas se compreendem duas coisas: porque é que o PCP assumiu a condução dos destinos político-ideológicos e porque é que o PS lhe fez uma guerra também ideológica e de confrontação política que perdurou até 25 de Novembro de 1975. Mas percebe-se melhor ainda porque é que o PS não conseguiu impor-se completamente e subverter os conceitos marxistas que ficaram a perdurar na Constituição de 1976 e também nos media quase por inteiro ( com excepção do Expresso e de um ou outro jornal): os sindicatos. Na Inglaterra, conta-se no livro, o PC foi reduzido à expressão mínima porque o partido trabalhista conseguiu dominar os sindicatos e impor a sua ideologia que nada tinha de totalitário embora fosse de pendor socialista "democrático", como por aqui se reclamavam também os inquilinos do palacete do largo do Rato e que lutaram através da UGT para domarem a CGTP, o que aliás nunca conseguiram. "Assim se vê a força do PCP".
Estas ideias, claríssimas para quem sabia ler e escrever na altura e fosse capaz de entender, não foram seguidas na sua maior parte pela intelligentsia mediático-jornalística, sabe-se lá porquê...
E a génese do domínio da esquerda sobre os media reside aí, nesse período temporal de influência marcante e que nunca foi revertido.
No fim da página da direita escreve-se: " É compreensível que os comunistas trabalhem com um afinco tão desesperado pelo controlo do trabalho organizado: eles sabem que não há propaganda que consiga converter ao comunismo as classes médias e dos mais ricos."
Exactamente. E por isso, "quanto pior, melhor", para eles...

Em 1976, um americano, jornalista do New York Times e prémio Pulitzer, escreveu este livro publicado em 1978 pela Europa-América ( cujo director , Lyon de Castro se juntava ideologicamente ao PS e à Maçonaria). O que lá vem denunciado de atropelos gravíssimos e intoleráveis às "amplas liberdades", deveria chegar e sobrar para que os adeptos do PCP e compagons de route arrepiassem o caminho e ilegalizassem o PCP do mesmo modo que ilegalizaram as ideologias "fascistas". O totalitarismo era o mesmo ou ainda pior e no entanto a condescendência do "socialismo democrático" com este totalitarismo no ovo ( em Portugal hibernou depois de terem sido esmagadas em 25 de Novembro as veleidades para os amanhãs a cantar"), permitiu que se criassem e enraizassem os mitos que rodearam Cunhal e figuras adjacentes. Passaram décadas e ainda perduram, esses mitos.
Algumas delas, de modo serôdio e já depois da queda do muro, ou por alturas disso, apostataram o ideário partidário que não totalmente o ideológico.
E por isso chegamos aqui a um ponto em que o PCP e a esquerda em geral, mesmo sem votos e mesmo sem representação social, consegue impor uma ideologia mediática.
É um fenómeno tipicamente português que importaria analisar melhor como foi possível. Mas não será certamente o ISCTE ou o CES do professor Boaventura quem o fará...nem o Público actual.




4 comentários:

  1. Hoje em dia os partidos comunistas caseiros nas suas diferentes modalidades ocupam nichos de mercado ao estilo dos evangélicos e principalmente dos islâmicos.
    Muita doutrinação, doutrinação e doutrinação em ambiente quase fechado.Ninguém por lá se interessa pela lógica.São felizes na dicotomia esquerda/direita até morrerem.A não ser que sejam desviados para melhores horizontes como tem acontecido aos respectivos quadros.Que em partidos ditos de direita vão implementar aquilo que nunca sonhariam.Foi o caso do Costa com a Lei da Nacionalidade, a mais avançada da Europa.E como era mulato(monhé) ninguém se lhe opôs...e eis que conseguiu o tal desiderato:quanto pior melhor!

    ResponderEliminar
  2. Foi dos primeiros que eu vi, ainda era do PCP,ele e o mano, depois do 25 a armar barraca com os guerrilheiros das "colónias".Isso não o impediu de no PS de nos africanizar numa de "venham todos que estes gajos são burros"...

    ResponderEliminar
  3. Mas tratarem de "reciprocidades", defenderem os seus concidadãos nas antigas colónias está quieto.Só defendem o "dar", o "perdoar" e censuram tudo o que seja incorrecto informar.Uns traidores perfeitos!

    ResponderEliminar
  4. durante o prec disseram a um Prof Universitário Alentejano sem papas na língua
    '-você é um anti-comunista primário.
    -desculpe! universitário'

    na paródia tratávamo-nos por 'vocemecê'

    ResponderEliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.