"Os soldados disseram ao soba Ngana Katende que ordenasse a retirada imediata dos garimpeiros, sob pena de morte. Mas Pereira, que já tinha recolhido cascalho, queria lavá-lo antes de interromper o trabalho. Os militares arrancaram os paus que reforçavam a cobertura do buraco escavado em forma de túnel. fizeram-no desabar e foram-se embora. Lá dentro estavam 45 garimpeiros. ´As pessoas não tinham coragem de retirar os cadáveres`, contou Linda Moisés da Rosa, mãe de Pereira, um dos soterrados. ´Fomos à polícia. Estes mandaram-nos ir ter com as FAA ( Forças Armadas angolanas). Os militares correram connosco, com as armas, na unidade ao lado do Hospital de Cafunfo."
Este relato de factos ocorridos em Angola, em 5 de Dezembro de 2009, foi publicado no Público de Sábado, 17 de Setembro último. As duas páginas de reportagem e entrevista com o autor do relato, Rafael Marques, autor de um livro que intitulou Diamantes de Sangue lançado na semana passada em Portugal, foram replicadas pelo jornal i, em 20.9.11, também com uma entrevista extensa com o autor.
O que Rafael Marques, jornalista, conta sobre Angola é de ficar arrepiado: " A corrupção em Angola é um acto transparente. E as empresas portuguesas dão o seu contributo. Todos os actos de corrupção são assinados pelo presidente. Ele é o grande distribuidor da grande corrupção".
Estas frases de um peso terrível foram publicadas na entrevista do i.
Pois bem, esta semana estava à espera de um artigo sobre o assunto , pequeno que fosse, no semanário Sol que agora perfaz cinco anos de existência. Estava à espera porque o semanário, depois da vergonha que foi a decisão judicial que lhe cortou as asas de alguma liberdade que ainda teria, entregou-se a capitais angolanos. E não publicou uma única linha sobre este assunto. Nem esta semana nem na edição da semana passada. Nem na anterior. Nada de nada.
Porquê?
É uma pergunta retórica porque a resposta é muito simples de dar e entender: o Sol não pode publicar estas coisas que contestam de forma grave o regime angolano. O Sol está amordaçado na sua liberdade e é isso tem que ser dito, porque é uma tragédia jornalística.
A decisão do tribunal português, sobre a providência cautelar que um tal Rui Pedro Soares ganhou e a acção que se lhe seguiu foram uma machadada fatal na viabilidade económica de um jornal que se afigurava promissor na relativa independência que os jornais podem gozar em Portugal. Para não soçobrar, entregaram-se aos angolanos. Ao regime de Angola.
Estamos por isso perante uma tragédia no jornalismo português e custa-me a aceitar que as pessoas que festejaram o quinto aniversário do jornal não o sintam como tal.
E digo mais embora com as reservas de poder escrever sem estar perante os dilemas que fatalmente se lhes apresentaram: o jornal deveria ter encerrado. Abria um processo de insolvência e acabava ali mesmo, com protestos contra a decisão judicial, das mais graves que alguma vez foram proferidas em Portugal contra o jornalismo. Tenho a certeza, que só não é absoluta porque o direito o não é, que o TEDH lhes daria razão num futuro mais ou menos longínquo. Mas ter razão num caso destes é preservar a dignidade pessoal e profissional e isso não tem preço que um angolano ligado ao regime possa alguma vez pagar.
O que Rafael Marques, jornalista, conta sobre Angola é de ficar arrepiado: " A corrupção em Angola é um acto transparente. E as empresas portuguesas dão o seu contributo. Todos os actos de corrupção são assinados pelo presidente. Ele é o grande distribuidor da grande corrupção".
Estas frases de um peso terrível foram publicadas na entrevista do i.
Pois bem, esta semana estava à espera de um artigo sobre o assunto , pequeno que fosse, no semanário Sol que agora perfaz cinco anos de existência. Estava à espera porque o semanário, depois da vergonha que foi a decisão judicial que lhe cortou as asas de alguma liberdade que ainda teria, entregou-se a capitais angolanos. E não publicou uma única linha sobre este assunto. Nem esta semana nem na edição da semana passada. Nem na anterior. Nada de nada.
Porquê?
É uma pergunta retórica porque a resposta é muito simples de dar e entender: o Sol não pode publicar estas coisas que contestam de forma grave o regime angolano. O Sol está amordaçado na sua liberdade e é isso tem que ser dito, porque é uma tragédia jornalística.
A decisão do tribunal português, sobre a providência cautelar que um tal Rui Pedro Soares ganhou e a acção que se lhe seguiu foram uma machadada fatal na viabilidade económica de um jornal que se afigurava promissor na relativa independência que os jornais podem gozar em Portugal. Para não soçobrar, entregaram-se aos angolanos. Ao regime de Angola.
Estamos por isso perante uma tragédia no jornalismo português e custa-me a aceitar que as pessoas que festejaram o quinto aniversário do jornal não o sintam como tal.
E digo mais embora com as reservas de poder escrever sem estar perante os dilemas que fatalmente se lhes apresentaram: o jornal deveria ter encerrado. Abria um processo de insolvência e acabava ali mesmo, com protestos contra a decisão judicial, das mais graves que alguma vez foram proferidas em Portugal contra o jornalismo. Tenho a certeza, que só não é absoluta porque o direito o não é, que o TEDH lhes daria razão num futuro mais ou menos longínquo. Mas ter razão num caso destes é preservar a dignidade pessoal e profissional e isso não tem preço que um angolano ligado ao regime possa alguma vez pagar.
O Rafael Marques acha que Angola continua colonizada pelos portugueses.Ele escreveu sobre esse massacre?E dos outros até aos milhões?Temos que respeitar a kultura local e mais nada.Como fazem os chineses.Para onde ele não se vai queixar.
ResponderEliminarEsse gajo para ter credibilidade primeiro tinha que fazer o "mea culpa" do que fizeram aos Portugueses, mesmo a traidores nossos...agora vir vender banha da cobra para cá?Que é que temos a ver com isso?
'o Sol quando sai não é para todos'
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