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domingo, setembro 25, 2011

Os idos de 60

Nem de propósito, hoje na Antena Um num dos habituais programas sobre os cem anos de Portugal, Fernando Dacosta citava Miguel Torga que lhe disse pouco antes de morrer que ainda bem que morria sem ver o desaparecimento de Portugal que lhe parecia inevitável.

Citou ainda Franco Nogueira, o biógrafo de Salazar e do Estado Novo que dissera pouco tempo antes a mesma coisa, porque lhe parecia que Portugal sem o Ultramar não teria capacidade de se integrar harmoniosamente no concerto da Europa.

Assim, o primeiro marco de análise é este: Portugal sem o Ultramar teria hipóteses de se tornar um país europeu, como os mais desenvolvidos? A resposta a essa questão, dá-nos uma primeira pista e tendo a acreditar que sim, Portugal poderia ter tido outro percurso- por exemplo como o da Espanha.

Porque não o teve?

Deixando de lado as ideias de Sousa Tavares, que valem apenas o papel onde se embrulham, Vasco Pulido Valente retoma a velha teoria sobre os culpados do descalabro português, sacudindo a água do capote da sua geração, a dos sessenta anos e que em 25 de Abril andavam na casa dos trinta, portanto já estudados, formados e empregados.

VPV acha que a sua geração, afinal, logo que chegou a alvorada da liberdade de Abril de 74 “tentou tudo para a suprimir”, depois de a ter ansiado. Assistiu, calada, ou mesmo se juntou, à louca procissão do PREC, em nome de uma doutrina que não percebia e de uma sociedade em que nunca aceitaria viver.”

Mas diz ao mesmo tempo que “a ausência do que tinha sido o movimento estudantil entre 1960 e 1974 no Governo e nos partidos entregou o poder a uma série de arrivistas, que não o tornaram a largar.”

Ora é aqui que a porca torce o rabo. Então a “geração estudantil de 60 a 74” não teve nada a ver com os governos e partidos correlativos?

Ora vejam lá: em 1974 uma figura de proa na economia académica ( tinha sido catedrático e demitido do ISE pelo regime anterior) era Francisco Pereira de Moura que tinha 49 anos e fizera parte do grupo da “Capela do Rato”. Este grupo, por sua vez era o núcleo fundador do MES que aglutinava precisamente o grosso dos elementos do “movimento estudantil” com destaque para um certo Sampaio que sempre fez parte de partidos e foi presidente da República com um discurso relaxante. Nos vários governos provisórios que se lhe seguiram até ao primeiro constitucional, várias outras personalidades da "geração de sessenta" assentaram as pastas no Conselho de ministros e secretários de Estado.

Portanto, quem são os outros “estudantes”? São por exemplo, José Manuel Galvão Teles, um figurão da advocacia portuguesa de negócios; José Vera Jardim, um maçónico do PS que sempre foi politicamente moderado; Victor Wengorovius, um radical da esquerda socialista democrática; João Bénard da Costa um escriba e cinéfilo, Jorge Galamba e outros. Tirando Jorge e Vera Jardim, o MÊS foi feito por aqueles e o discurso inicial do Movimento é de fugir para Leste.

Mais nomes? Nuno Brederode, um intelectual de pacotilha; César de Oliveira um presidente de Câmara honesto e já falecido; Manuel Lucena, Medeiros Ferreira e Oliveira Marques, outro maçónico de alto coturno. Nuno Portas, Eurico Figueiredo, Alberto Vaz da Silva e Nuno Bragança; Jaime Gama e José Luís Nunes, Luís Salgado Matos, Luís Miguel Cintra, e Jorge Silva Melo. E Guterres, naturalmente. Alguns deles estavam numa revista chamada O Tempo e o Modo e alguns outros passavam pelo bar do Hotel Florida e chamavam-se naturalmente, Grupo do Florida, por onde aparecia também um tal Marcelo Rebelo de Sousa para alimentar coscuvilhices na Gente do Expresso de antanho.

Alguns destes indivíduos candidataram-se a eleições, pela CDE, núcleo da oposição democrática ao regime, antes do 25 de Abril de 1974.

Serão estes os estudantes do tal “Movimento Estudantil” que VPV acha que nada tiveram a ver com a democracia conforme a temos?

Pois se são- e não há muitos mais- está completamente enganado. Foram precisamente esses indivíduos que ocuparam a totalidade do espaço mediático- até hoje. São eles a intelligentsia bem-pensante de que o Público actual é o produto acabado.

São eles a Esquerda global, a que veio do marxismo, cheirou o comunismo que não lhe agradou e assentou arraiais intelectuais no PS e grupos adjacentes, ao longo dos anos. Votam sempre “esquerda”, seja lá isso o que for. Ideologicamente, a palavra "direita" é sarna política.

Se é a estes que VPV se refere, estamos bem arranjados…porque foram eles que desperdiçaram a oportunidade de mudar o país para melhor. Todos eles, quase sem excepção, passada a aventura irresponsável do PREC, em que alinharam e participaram activamente, aliaram-se depois ao poder político do momento, como verdadeiros situacionistas que sempre foram. Tiveram e têm cargos e prebendas, prendas e rendas. Alguns ensinam, veja-se lá!

Não lhes cometeu a eles participarem activamente nos Governos? Tirando o pormenor de alguns terem participado- e de que maneira!, como é o caso de João Cravinho- a verdade é que todos eles, por junto e atacado, valem pouco intelectualmente. E ainda por cima defenderam ideias erradas e perigosas num tempo em que Portugal precisava de clarividência e acção competente.

Depois disso, VPV tem a distinta lata de escrever que " O novo Portugal acabou por nascer e crescer à revelia da minha geração: no Estado, nos partidos, na sociedade." !

O grupo deles, no fim de contas, foi quem nos atirou por duas vezes para a quase-bancarrota e agora repetiram a façanha, trinta anos depois.

É obra!

7 comentários:

  1. conheci grande parte da escumalha.
    na maioria lixo humano e intelectual.
    tenho vergonha de os ter conhecido.

    Marques e Medeiros eram boa gente. convivi com eles na mesma loja. ao 1º faltou peso politico. o 2º foi importante na AD

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  2. Very well! Mas faltam muitos nomes. Das crise académicas de 1963 e de 1969.

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  3. Post para guardar, ad perpetuam rei memoriam, Josephus!

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  4. Parece q Vasco Pulido Valente tentou desculpabilizar a sua geração pela tripla bancarrota sucessiva do país, nos últimos 30 anos. Logo ele, que tanto ridicularizou os "indígenas" galaico-lusitanos!

    Se preferirmos, podemos substituir a expressão "bancarrota sucessiva" por declínio inexorável de uma democracia populista, incestuosa e corrupta até ao tutano. Na verdade, a guerra colonial insustentável (que durou de 1961 a 1974) conduziu ao desgaste inexorável das elites militares (nomeadamente do Quadro Permanente de Oficiais, sobretudo os oriundos da Academia Militar), que acabaram por conspirar e derrubar uma ditadura exangue que, nem o movimento estudantil, nem as Oposições verbais, tinham força, ou sequer estratégia inteligente, para derrubar. Quem derrubou a ditadura, apesar do apoio popular que obteve de imediato, acabaria por ceder o poder à fraca Oposição que apressadamente se foi metamorfoseando em partidos, sindicatos e numa crescente burocracia que não mais largaria o poder e o espaço público, até que o cancro da perda acelerada de soberania se revelou em toda a sua trágica dimensão: a bancarrota evidente de Portugal. Se a Eurolândia sobreviver, perderemos boa parte da nossa soberania (é o preço a pagar pelo calote cometido); se a Eurolândia não sobreviver, perderemos ainda mais depressa a nossa soberania, e neste caso, se vier a ocorrer, os credores entrarão pelo país dentro como a Índia, em Dezembro de 1961, entrou por Goa Damão e Dio — sem cerimónia, nem aviso!

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  5. Essa malta não estudou, não se preparou, não educou os filhos, não cuidou dos pais, não fez um caralho e julga-se 'a geração'. Ainda bem que sou da seguinte e o senhor meu pai da anterior; não precisamos de falhar de forma tão estrondosa. Mas esses homúnculos deram cabo de tudo, na política, na instrução, no moral social e, menos importante, na economia. E já me esquecia, na Igreja. Um praga peçonhenta esses frouxos de sessenta.

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  6. Excepção feita, claro está, aos gajos que foram do PCP antes, antes catano, do 25 A. Esses eram os únicos que tinham tomates, esses e os que foram para o Ultramar. os filhos dos paizinhos salazaristas por muito esquerdóides que se declarem são sempre uns valentes montes de trampa. E, como sinaliza o bom do José, o Púbico então é um monturo deles e delas.

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