Agência Financeira:
A administração da Estradas de Portugal (EP) confirmou esta quarta-feira na comissão parlamentar de Economia e Obras Públicas que os dados usados pelo ex-secretário de Estado Paulo Campos, no passado dia 26 de Outubro, na mesma comissão parlamentar, constavam efectivamente do estudo da KPMG.
Os três administradores da EP foram confrontados com os documentos usados por Paulo Campos nas últimas comissões de Economia e Obras Públicas e confirmaram a veracidade dos mesmos. «Confirmo que este é o estudo que nós (EP) fornecemos (ao então secretário de Estado das Obras Públicas), encomendado à KPMG», disse Rui Dinis aos deputados. O mesmo administrador confirmou também que o estudo distribuído na sexta-feira passada aos deputados, da autoria da Estradas de Portugal, é autêntico.
No passado dia 26 de Outubro, Paulo Campos mostrou à comissão parlamentar gráficos, segundo os quais a KPMG previa, em 2005 (antes do novo modelo de gestão e financiamento do sector), receitas líquidas totais de 26.200 milhões de euros até 2050, e em 2011 (já com o novo modelo), receitas líquidas totais de 44.600 milhões de euros. Ao valor inicialmente estimado, Paulo Campos somou 3.450 milhões de euros de benefício da negociação do contrato com a Brisa, 141 milhões da negociação do contrato com a Lusoponte, 18.692 milhões das SCUT e 1.226 milhões de euros das outras concessões, além de um impacto negativo de 5.160 milhões de euros das novas subconcessões.
Estas novidades oficializadas permitem-nos entender algo que a maioria das pessoas não sabia: há uma empresa de consultadoria, toda modernaça, que tinha e tem um conúbio com a empresa Estadas de Portugal ( o empregado da E.P. Rui Dinis falou mesmo em "relação quase conjugal" da KPMG com a E.P.). Uma "relação quase conjugal" entre uns revisores oficiais de contas, em plena expansão comercial de há uns anos a esta parte e uma empresa em que o Estado gasta milhões e milhões por causa dos contratos com outras empresas privadas.
Portanto, temos o ersatz da antiga JAE em conúbio com uma empresa multinacional de consultadoria que emprega técnicos qualificados ligados a vários "partners" e que por sua vez estão ligados a...a quem? A quem?!
João Cravinho, o lutador contra a corrupção , tanto lutou que acabou por permitir o maior foco de corrupção potencial que pode haver: a simbiose entre os interesses privados mais vorazes e a vontade mais contumaz de um certo Estado, em lhes dar de comer, com toda a legalidade dos protocolos e contratos de direito público, gizados em gabinetes de firmas de advocacia.
João Cravinho bem pode limpar as mãos à parede por este resultado.
A KPMG é...um queijo suíço. Por cá, começou assim. Tem imensa graça esta passagem do texto que explica a origem da firma: "O escritório do Funchal é o mais recente, tendo sido criado em 1992 para satisfazer as necessidades dos inúmeros clientes que a KPMG possui na Ilha da Madeira, estando localizado no Edifício Marina Fórum".
Evidentemente, já se ocupa dos habituais buracos... A KPMG nem sequer se dá ao trabalho de traduzir o conteúdo do seu site em Portugal. Nem precisa: o importante é para inglês ver. Aqui se pode ler o que fizeram na Madeira, há uns anos, a propósito de um estudo sobre o regime fiscal...quanto terá custado este estudo? Precisamos mesmo desta gente? O Estado precisa desta gente?!
O Estado precisa da mesma gente que presta consultadoria ( em "finantial servces") ao BCP, ao BES e ao Montepio? O Estado não tem gente qualificada para fazer o trabalho de casa das 9 às 5? Não tem? Então para que serve este Estado? Para que alguns se sirvam dele?
Seria bom para todos os portugueses saberem quem são estes tabeliães da KPMG´s; quem os contratou em primeiro lugar ( já vem de 2001) ; por que razão específica; quanto lhes pagaram até hoje nos célebres " estudos e pareceres"; quem é que lá trabalha actualmente e trabalhou durante estes últimos dez anos e principalmente pensar um pouco naquilo que Marcello Caetano pensaria deste sistema em que o Estado é sempre o perdedor. Marcello Caetano, para quem não o considere um "fassista" é obviamente uma figura a recuperar pelo que escreveu e disse. Porque não temos modelos em Portugal, actualmente, de figuras de Estado. Temos apenas figurinhas que se servem do Estado.
E, claro, continua por isso mesmo válida a ideia de fazer o tal inquérito com uma equipa especial de magistrados. Por uma razão simples: esta gente vai acabar connosco e o espectro da Grécia não anda longe.
E começo a pensar que Paulo Campos, nisto, é apenas o que faz figura. Não é o figurão...
E à escala das autarquias a merda é a mesma: encomendam-se "estudos" e "projectos" obscenamente bem pagos por trabalho de qualidade inferior, ou mesmo ilegal que, caso neles haja efectivo interesse (sim porque muitos destes "estudos" estão destinados à partida à gaveta), quem os corrige - ou os faz efectivamente, é sempre a prata da casa.
ResponderEliminarY no pasa nada...
As autarquias são mini-estados socráticos ou "sistémicos". Fiscalização dura e penas - e execuções - severas.
Não sou engenheiro destas coisas! Pode ser palermice; mas, perguntar não ofende: A A25 não nos poderia restituir a IP5?!
ResponderEliminarhttp://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=32883
ResponderEliminarObrigado, Karocha, pela indicação.
ResponderEliminarNão tem de quê,José!
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