O autor da missiva, a que o DN teve acesso, pediu para Armando Vara avisar Sócrates de que este tinha o telefone sob escuta. O homem ainda facultou um número de telemóvel .
A carta que Armando Vara recebeu, no início de Junho do ano passado, e que revelava que o telemóvel de José Sócrates estava sob escuta não é anónima. Está assinada por um indivíduo que até facultou o seu número de telemóvel para o ex-administrador do BCP, se assim o entendesse, o contactar. O DN ligou para o número. Do outro lado, um homem, cujo nome bate certo com o que consta da carta, atendeu. P.N., porém, negou que alguma vez tivesse escrito tal documento.
A missiva tem no cabeçalho e no final o nome P.N. (o DN não o revela na íntegra, por expresso pedido do interlocutor). E, segundo informações recolhidas, já estará a ser investigada pelo DIAP de Coimbra, onde decorre um inquérito sobre eventuais fugas de informação para alguns arguidos do processo "Face Oculta".
O documento, que terá chegado às mãos de Armando Vara no início de Junho de 2009, foi apreendido pela Polícia Judiciária, em Novembro de 2009, na primeira série de buscas feitas no âmbito daquele processo. O autor é claro: "Avise ou mande avisar o amigo José Sócrates que o seu telefone encontra-se em escuta (não por email, nem por telemóvel ou telefone). Só soube ontem de fonte segura. Se for preciso contar-lhe-ei tudo em pormenor (sem ser por email ou telefone)." O autor da carta diz ainda que ao escrever a Vara se encontra "um pouco nervoso", pedindo ao ex-administrador do BCP que, "depois de a ler", destruísse o documento.
O caso ganha alguns contornos surreais, uma vez que ontem, contactado pelo DN, o tal P. N. que consta como autor da carta negou a autoria da mesma. "Não conheço o Armando Vara, não escrevi carta nenhuma", garantiu. O homem, que confirma viver em Coimbra, foi questionado sobre se já foi ouvido pelo DIAP local. "Não sei nada disso, nunca fui ouvido", garantiu (ver entrevista em baixo).
Este é o problema: a carta está assinada por um P. N. que indicou um número de telemóvel. O DN ligou para o número. Um P. N. atendeu, mas negou terminantemente a autoria da missiva. Outro problema é que este mesmo P. N. assegurou que tinha este número há apenas um mês. Mas este número está num nome igual ao seu, pelo menos há oito meses na carta de aviso que foi para Vara.
Infelizmente não temos nenhum Sherlock Holmes para desvendar este mistério. Nem sequer um Guilherme de Baskerville. Mas como a realidade é muitas vezes mais estranha que a ficção, sigamos o raciocínio: em 24 de Junho de 2009, os suspeitos do Face Oculta, incluindo o tal Vara, não sabiam que andavam a ser escutados.
No dia 25 de Junho já sabiam.
Portanto, sigamos o velho princípio de que as explicações simples são sempre as mais verosímeis: se não sabiam, a carta é apócrifa.
E há uma diligência que se impõe realizar para o confirmar: a notícia é de Fevereiro de 2010. A pessoa contactada referiu que tinha aquele número de telefone "há um mês". A carta foi apreendida em Novembro de 2009. Não é dífícel juntar as peças do puzzle...
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ResponderEliminarIsto é só areia para os olhos mas só se deixa cegar quem quer.
ResponderEliminarIsto da carta não tem pés nem cabeça: não é possível ele ter aquele número de telemóvel apenas a partir de Janeiro/2010 e esse número estar-lhe atribuído na carta já em Novembro do ano anterior. Portanto ou a carta não existe e foi fabricada pelas fontes do DN ou o fulano está a mentir.
Inclino-me para a primeira hipótese: foi tudo inventado para proteger a verdadeira toupeira.
Conhecem aquela do programa do Jô:
ResponderEliminar"...perceber eu já percebi, mas agora só queria entender!"
Ainda a procissão vai no adro ...
ResponderEliminarA coisa mais fácil de se saber é há quanto tempo tal número de telefone pertence ao tal PN.
ResponderEliminarO DN? Aquele jornal do regime que divulga emails de outras redacções sem esconder nomes dos autores? E não diz quem é o PN?
ResponderEliminarEstanho, não?
Coragem com mais fracos e cobardia com os mais fortes?
Episódio nº 52 da telenovela Cartas de Amor - qualquer semelhança com a telenovela " Os Estroinas de Aveiro" é pura ficção.
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ResponderEliminarFaltava o porco da bola. Estanho,não?
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