O critério para avaliar a qualidade de um jornal parece-me relativamente simples de aferir: um jornal é tanto melhor quanto melhor informar, porque é para isso que serve. Informar não é o mesmo que formar e muitos jornalistas confundem essas duas realidades uma vez que se inteiram do conteúdo informativo para passar uma mensagem subjectiva, sufragando as notícias com opinião.
Os jornais de hoje informam devidamente os leitores acerca do que se passa na sociedade em que se inserem e no mundo que os rodeia?
Não me parece que assim seja, tal e qual.
O Público, o Diário de Notícias, o Jornal de Notícias e o Correio da Manhã, e ainda o i, informam bem os seus leitores acerca do que acontece?
Se forem factos, ocorrências da vida, acontecimentos perceptíveis pelos sentido e susceptíveis de serem mostrados em imagens, talvez. Mas nem sempre. Se acontece uma catástrofe natural as notícias tendem a mostrar os factos ocorridos e o contexto dos mesmos. Se for um acontecimento político ou eleitoral já não será tanto assim, para além dos números secos e objectivos dos resultados.
Se for um acontecimento decorrente de uma medida governativa ainda menos tal acontece. Se essa medida implicar efeitos sociais determinados e direccionados, ainda será pior. Se o acontecimento for de cariz internacional a notícia vem sempre tinta de perspectiva e a escolha dos termos, frases, palavras e conceitos usados dá-nos a medida da qualidade informativa.
A escolha das notícias é outra das componentes da melhor ou pior qualidade do jornalismo que temos.
Numa edição de 31 de Dezembro de 1973 do jornal República, então dirigido por Raul Rego , o maçónico dirigente do PS, dava-se conta do panorama informativo em Portugal, durante esse ano. Em duas páginas centrais, o jornal publicava “um ano de vida nas colunas de República” e mês a mês elencava os acontecimentos noticiosos. Quem ler essas duas páginas fica informado do que se passou em Portugal nesse ano, politicamente. Mesmo com censura prévia e regime de ditadura soft.
Entre as notícias desse dia, relativas à sociedade, destaco duas:
“Capitalistas portugueses estão interessados em instalar na cidade espanhola de Salamanca uma fábrica ( de tapeçaria) com 600 novos empregos ( para estremenhos).”
E outra, na última página: “Carteira perdida. Quem achou a carteira do Manel tenha consciência porque tem os documentos dos Hospitais que lhe fazem muita falta. “ Este o apelo que um nosso leitor, o sr. Manuel Vitória, hoje trouxe à Redacção do República. Aqui deixamos o apelo à consideração de quem por acaso tenha encontrado a carteira, perdida, ao que parece, no Cacém.”
Revelador ainda do jornalismo de 1973 é esta página do Diário de Lisboa de 2.12.1973 ( dirigido por um A. Ruella Ramos que em breve, dali a uns meses e em pleno PREC seria uma dos mais sectários jornalistas de esquerda, com o Sempre Fixe), um Domingo com a capa do jornal que apresentava um Fidel Castro todo colorido, a justificar uma reportagem de Joaquim Letria sobre "contra-revolucionários" que diziam ao repórter: "vamos derrubar Fidel"...As notícias da página 6 eram sobre a esquerda no Uruguai; a esquerda no país basco; a esquerda na ONU que condenou Portugal e os dois anúncios, dos CTT e de uma empresa de construção civil ( sem referência ao nome) a pedir um arquitecto que perceba de "pormenores de acabamento e eventualmente de decoração" são um must.
os jornais quase não têm leitores.
ResponderEliminaro pior jornalismo está nas 'têbês'. aquela estrumeira mete aflição.
mereciam ser empalados num pau grosso de 3 metros