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quinta-feira, fevereiro 16, 2012

A crítica ao crítico da crónica

Manuel Loff, um dos novos colunistas arranjados pela actual direcção do Público para substituir Vital Moreira e outros, escreve hoje no jornal sobre o caso Garzón, o juiz espanhol condenado por prevaricação.

O que escreve repesca uma crónica de Pedro Lomba no mesmo jornal sobre o assunto. Pedro Lomba, em suma e se bem compreendi, entende a condenação do juiz porque o mesmo se pôs a jeito e esticou a corda do poder judicial que detinha.
Loff não entende nada disso e acha o Garzón o herói dos tempos modernos da Espanha e até do universo porque no seu entender, "se tornou um símbolo mundial da aplicação universal da justiça, ao decretar, em 1998, pena de prisão para o ditador chileno Augusto Pinochet. "


Loff , cientista social, como agora se diz, aparentemente não sabe distinguir uma pena de uma medida de coacção, e também confunde o papel de um juiz de instrução com o de um julgador de pleno direito, mas adiante porque tal desconhecimento se grita outra vez mais à frente.

Para Loff, a heroicidade de Garzón reside nesse facto e no de ter aberto um processo ao franquismo torcionário da Guerra Civil, ocorrida há mais de 60 anos. Para Loff, a legitimidade de tal processo judicial, para apuramento de crimes do franquismo ( e só do franquismo, repare-se) não encontra qualquer obstáculo processual ou substantivo, porque assim o exigiam as associações espanholas que se opuseram ao regime. A Esquerda activista, obviamente.
O paralelo torna-se evidente logo que Loff equaciona a tranquilidade relativa do juiz Garzón enquanto investigador de crimes de terrorismo da ETA ou de delito comum de narcotráfico ou mesmo do "pelotazo" económico-político espanhol e a inquietação surgida na direita que então aplaudira o juiz, logo que se meteu com Pinochet e os franquistas torcionários.
O campo está assim extremado e Loff já tem pano para mangas de defesa à outrance do juiz Garzón: mais um lutador antifascista caído nas garras da burguesia.
Dêem as voltas que derem é esta a idiossincrasia da esquerda portuguesa de que Loff é expoente no Público, a par da sua direcção actual.
Esta simplicidade de entendimento da realidade socio-política é a marca de água da Esquerda. Este simplismo de raciocínio maniqueísta é o timbre de todas as opções, na escrita e nas opiniões.

Para além disso, sobram os pormenores onde se esconde o diabo, quase sempre.

Loff escreve no fim, depois de zurzir a crónica de Lomba, que este escreveu "muitos Estados, para acabarem de vez com frenéticas querelas sociais e ideológicas, remeteram para o poder independente e irresponsável dos juízes a decisão sobre algumas batatas quentes da política." Loff concorda parcialmente com isto mas " não subscreve um único dos adjectivos".
Que adjectivos? Detecto apenas dois, para além da batata quente em figura de estilo: os que se referem ao poder judicial, "independente" e irresponsável".
Loff não subscreve estes adjectivos porque não os entende, como não entendeu a diferença entre uma pena e uma medida de coacção, mesmo em situação semântica.
"Independente" significa, quanto ao poder judicial, a garantia constitucional de que os juízes gozam e devem sempre gozar e que permitiu a um moleiro de Potsdam, no tempo quase do franquismo torcionário, dizer ao imperador da Alemanha que lhe queria ficar com as terras, que "ainda havia juízes em Berlim".
"Irresponsável" é outra garantia que reforça aquela e que significa que a decisão de um juiz não deve ser sindicada em termos de responsabilização civil e penal por dá cá aquela palha. Isso para garantia de todos os cidadãos, porque a partir do momento em que os juízes pudessem ser responsabilizados desse modo, deixariam de ser tão independentes e temeriam sempre pelo eventual castigo do poder que afrontam.
Tal como Garzón, afinal...mas isso, Loff, parece ter percebido por outros atalhos ideológicos. Para um "cientista social", não entender estes conceitos básicos da sociedade actual parece-me grave.

3 comentários:

  1. Se um juiz mandasse fazer escutas ilegais a um acusado de esquerda num processo de terrorismo (ETA por exemplo) também se indignavam?

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  2. o tal Loff sabe quase nada... mesmo nada. Projectado por lobby poderoso no nosso país, levando na mão a bandeira socialista avança a passos largos para ser um mentor nos media...pobre povo.

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  3. O Loff é comuna, de cartão e tudo e muito 'intelectual', como são os 'intelectuais' do PC, um funcionário do partido metido a 'docente' de fascismos. Mas se o vítor ramalho pode ter colunas nos jornais por que não há-de ter também o Loff, um queque comuna do Porto, espécie que fascinou a dona Sãozinha?

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