Pergunta a Pública de hoje a Judite de Sousa, repórter da TVI: "A ideia de fazer as quatro entrevistas foi uma espécie de xeque mate à chegada? Um modo de dizer que era capaz de mobilizar quatro dos homens mais poderosos do país e intervir na cena política portuguesa?"
Resposta da dona Judite: "Foi. Foi intencional. Naquela semana em que estava em casa, à espera que chegasse o dia 1 de Abril, pensei muito sobre o que estava a acontecer no país. O dinheiro estava a escassear, e quando o dinheiro escasseia pensa-se no ministro das Finanças e nos homens que têm dinheiro para sustentar a economia. Pus-me ao telefone. Falei com a assessora de imprensa do ministro Teixeira dos Santos e depois falei com os homens do BCP, do BES, do Totta Santander e do BPI. E fiquei à espera das respostas."
Antes tinha dito isto: " Muitas pessoas não perceberam por que é que andava a entrevistar banqueiros todos os dias. A verdade é que as entrevistas foram feitas numa segunda, numa terça, numa quarta e numa quinta: 48 horas depois, o primeiro ministro estava a pedir ajuda financeira. No dia 31 de Março, entrevistei, no Terreiro do Paço, e pus-lhe a questão do pedido de resgate. Respondeu que não. No dia 4 de Abril, a primeira entrevista é com Carlos Santos Ferreira, que diz, de uma forma explícita, que é preciso pedir ajuda externa. No dia seguinte, foi Ricardo Espírito Santo Salgado."
(...) "Só mais tarde vim a perceber que aproveitaram o meu convite para acertar uma posição conjunta de forma a fazer um ultimato a José Sócrates. Acabei por, com aquelas entrevistas, fazer parte de uma narrativa que foi meticulosamente preparada pelos banqueiros"
Esta entrevista a Judite de Sousa, na Pública de hoje, é de Anabela Mota Ribeiro que tem sido entrevistadora de várias personalidades, normalmente com boas perguntas mas longe de um ideal que a revista francesas L´Express, do antigamente, tinha: entrevistas que procuravam ir "plus loin avec..."
A repórter Judite conta a história da sua vida na profissão e como entrou, aos 18 anos, ( 1978-79), tendo sido sido da UEC, na RTP do Monte da Virgem , por concurso ( com outros 500 candidatos, entrou ela e Fernando Maia Cerqueira), apesar de ser a mais nova e ter as menores habilitações. Os testes consistiam em falar para a câmara, de improviso e sobre um tema à escolha; escrever um texto com base em notícias de jornal e "uma língua estrangeira". Diz a entrevistada que "os testes eram exigentes".
Depois de estar a ganhar "nove contos duzentos e cinquenta na RTP", onde apresentava o "País, País e o País Regiões", programas memoráveis da nossa televisão de finais da tarde ( quem não lembra outro portento televisivo, Dina Aguiar, vinda de Foz Côa?) foi para Macau ganhar 50 contos. Quando regressou de Macau achou " e bem, que para fazer bom jornalismo tinha que ter um bom enquadramento cultural". Diz que para obter tal "enquadramento" fez depois disso o curso de História no Porto. E assim ficou enquadrada culturalmente, com uma licenciatura.
Entretanto foi repórter no exterior e em 1991 "regressou a Lisboa". Em 2010 a Prisa e a Media Capital contrataram-na para a TVI e é assim que vemos o jornal das oito apresentado por Judite de Sousa, com as entrevistas da praxe, como as que fez a Ricardo Salgado, dos Espíritos Santos, em que lhe perguntou tudo menos o essencial: os portugueses guardam dinheiro nos bancos nacionais ou procuram fugir com o dinheiro do país?
As entrevistas de Judite de Sousa e outros entrevistadores do mesmo quilate primam sempre pelas perguntas óbvias sem necessariamente se ligarem a uma qualquer realidade tangível. Basta que sejam perguntas que todos entendem...
Para exemplo, um sobrinho meu, com quatro anos de idade em 2001 ( tinha escrito dois, mas como a história é verdadeira, convém ser rigoroso) ao ver as torres gémeas de Nova Iorque a arder e ao perguntarem-lhe o que era, respondeu simplesmente: são as torres gémeas! E eram...
As entrevistadoras de tv, culturalmente enquadradas como esta, são do mesmo quilate: apesar de não entenderem muitas vezes o que perguntam, vão perguntando. E os entrevistados respondem o que querem, como querem e quando querem. Tal e qual o fizeram aqueles banqueiros semanas antes do tal resgate. Serviram-se da entrevistadora para passarem uma mensagem e esta só deu conta disso muito tempo depois...
Por isso mesmo, a entrevistadora escolhe uma frase dum romance de Rosa Montero para se auto-definir: diz que é alguém "com muitas esquinas. "
Que se dobram com facilidade, poderia acrescentar.
Depois de estar a ganhar "nove contos duzentos e cinquenta na RTP", onde apresentava o "País, País e o País Regiões", programas memoráveis da nossa televisão de finais da tarde ( quem não lembra outro portento televisivo, Dina Aguiar, vinda de Foz Côa?) foi para Macau ganhar 50 contos. Quando regressou de Macau achou " e bem, que para fazer bom jornalismo tinha que ter um bom enquadramento cultural". Diz que para obter tal "enquadramento" fez depois disso o curso de História no Porto. E assim ficou enquadrada culturalmente, com uma licenciatura.
Entretanto foi repórter no exterior e em 1991 "regressou a Lisboa". Em 2010 a Prisa e a Media Capital contrataram-na para a TVI e é assim que vemos o jornal das oito apresentado por Judite de Sousa, com as entrevistas da praxe, como as que fez a Ricardo Salgado, dos Espíritos Santos, em que lhe perguntou tudo menos o essencial: os portugueses guardam dinheiro nos bancos nacionais ou procuram fugir com o dinheiro do país?
As entrevistas de Judite de Sousa e outros entrevistadores do mesmo quilate primam sempre pelas perguntas óbvias sem necessariamente se ligarem a uma qualquer realidade tangível. Basta que sejam perguntas que todos entendem...
Para exemplo, um sobrinho meu, com quatro anos de idade em 2001 ( tinha escrito dois, mas como a história é verdadeira, convém ser rigoroso) ao ver as torres gémeas de Nova Iorque a arder e ao perguntarem-lhe o que era, respondeu simplesmente: são as torres gémeas! E eram...
As entrevistadoras de tv, culturalmente enquadradas como esta, são do mesmo quilate: apesar de não entenderem muitas vezes o que perguntam, vão perguntando. E os entrevistados respondem o que querem, como querem e quando querem. Tal e qual o fizeram aqueles banqueiros semanas antes do tal resgate. Serviram-se da entrevistadora para passarem uma mensagem e esta só deu conta disso muito tempo depois...
Por isso mesmo, a entrevistadora escolhe uma frase dum romance de Rosa Montero para se auto-definir: diz que é alguém "com muitas esquinas. "
Que se dobram com facilidade, poderia acrescentar.
conversas avacalhadas
ResponderEliminarstakanovismo à peça
Muitas bordas...
ResponderEliminarDevia ficar linda de boininha preta e cabelinho louro a ondular aos ventos da revolução.
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarPor acaso pareceu-me uma história de vida impressionante. Grávida, filha de mãe solteira, e a tirar um curso de história como forma de melhorar profissionalmente. Fiquei com alguma admiração pela senhora.
ResponderEliminarQuanto às perguntas é verdade que poderá não fazer as perguntas mais incisivas, mas também se as fizesse provavelmente não teria o posto que tem. E pareceu-me ser séria dentro das suas limitações... que todos temos.
o próprio Mário Crespo, que tem toda aquela imagem de seriedade, ultimamente anda muito comprometido com o regime.
Quanto às perguntas incisivas, nós temos uma série de jornais somente sobre temas económicos, se alguém teria o dever de informar sobre esses temas em detalhe e fazer as perguntas incómodas sºão esses jornais.