Vasco Pulido Valente na sua crónica de hoje no Público torna-se um dos melhores aliado de Pinto Monteiro, actual e ainda PGR e de Marinho e Pinto, para além de outros, quase todos da franja do PS que entendem que a justiça não se deve meter na política. Chamam a isso "judicialização da política", como se a submissão de políticos às regras do direito penal fosse um fenómeno espúrio à democracia e a Constituição que manda tratar todos por igual perante a lei e fosse por isso mesmo uma excrescência democrática e uma norma adormecida no sono dos justos dos nossos santos políticos, bem intencionados e sempre a trabalhar em prol do bem público.
O que leva VPV a entender que " a política não se ´limpa` assim" são diversos factos que têm epicentro numa figura, a de José Sócrates. O primeiro citado é o ter sabido "pelos jornais que a PGR se prepara para abrir um inquérito-crime a 14 ministros de Sócrates por peculato e abuso de confiança."
VPV leu mal e não sabe descodificar melhor. Não foi a PGR que abriu o inquérito, mas sim o DIAP. A diferença é de vulto porque ao DIAP cabe abrir inquérito sempre que lhe comunicam suspeitas fundadas da prática de crimes. É imperativo legal e VPV deveria sabê-lo já que nem sabe distinguir entidades distintas. Não é uma judicialização de políticos ou qualquer coisa que o pareça. É apenas a indagação em inquérito criminal de factos que podem ter relevância criminal e que são vastos e se estendem a todos os ministérios dos governos de José Sócrates. Será isso tão absurdo ou surrealista assim?
No Reino Unido que VPV tanto cita, ainda há poucos anos surgiu um escândalo relacionado com o mesmo tipo de coisas e ninguém se lembrou por lá de acusar o "judicial" de se intrometer na política. Há uns anos na A.R. uns tantos deputados usavam o dinheiro público para viajar de graça e com os seus. Tal foi escândalo e houve inquérito criminal porque tinha que haver, mas houve também o mesmo tipo de lamúria deletéria, aliás sintomática.
Para VPV o uso indiscriminado de cartões de crédito, assim e sem mais, não lhe oferece mal algum porque "é uma insignificância no mar de dívidas que Sócrates nos legou." É verdade: é essa a justificação para a reclamada omissão do poder judicial destes assuntos.
Por cá , no entanto não há alternativa: sempre que há suspeitas de crime e no caso há-as, é preciso abrir um inquérito e indagar. É a lei que o diz, não é o voluntarismo dos juízes ou do poder judicial e é a democracia a funcionar; não é a subversão das regras democráticas e muito menos uma "potencial alteração do equilíbrio constitucional" ( sic) como VPV alerta. Se antes não funcionou assim, tanto pior.
Não está em jogo qualquer perigo de instauração de repúblicas de juízes, conceito absurdo que nem na Itália do caso mani pulite fazia sentido, quanto mais aqui!
A gente quase entende porque é que esta gente assim pensa ou escreve: são incapazes de conceber um verdadeiro equilíbrio democrático em que o poder judicial se torna,por vias travessas, um agente político malgré lui. Mas se olharem para o caso DSK percebem melhor. O que ainda assim duvido que entendam. São anos e anos de promiscuidade com a coisa política e uma paridade de parceria intelectual com os agentes executivos da governação para concederem uma pequena parte de poder ao outro que tem por missão controlar e aplicar a justiça. Justiça é palavra estranha neste conceito porque a única que percebem é a decorrente de actos eleitorais. Justiça é dar a cada um aquilo que lhe pertence e no caso dos políticos não é apenas dar-lhes lugar na oposição ou no poleiro. É muito mais que isso.
Enquanto governantes, os agentes do executivo, para estas pessoas anomicamente desmoralizadas, podem portanto utilizar o orçamento de todos em proveito próprio, gastar balúrdios à conta da legitimidade eleitoral que se sabe como funciona e os tribunais ficam de fora desta contabilidade, mesmo que a lei diga que não devem ficar.
No fundo o que esta gente pensa é exactamente o que pensa um eleitor de Isaltino ou de Fátima Felgueiras ou Mesquita Machado: as suspeitas de malfeitorias não contam na hora de colocar o voto na urna e o que conta são as obras, o que o autarca fez ou promete fazer. Se p tribunal interfere, ai jesus! lá está o judicial a intrometer-se na política! No Brasil, um destes políticos chegou a anunciar em campanha eleitoral que "eu roubo, mas faço". Por aqui a desfaçatez não anda muito longe disto e com apoios deste tipo ainda irá mais longe.
A moralidade desta gente, mesmo sofisticada como VPV, não anda muito longe disto.
No caso da "famigerada licenciatura do homem", ou seja a de José Sócrates, também VPV não se incomoda muito com o assunto da eventual fraude e falsificação continuada de documento. É coisa do passado e como dizia um prócere do mesmo "isso agora não interessa nada". "O indivíduo está morto politicamente", diz VPV e portanto acabou o interesse no assunto. Para além de José Sócrates não estar morto politicamente, tem ainda interferido na política portuguesa dos últimos meses e vai continuar a fazê-lo. É só darem-lhe o espaço da condescendência que VPV defende...
Citando uma notícia de hoje em que Manuel Pinho aparece acusado de modo anónimo por causa do negócio das "rendas" da EDP, também VPV acha demais que se incomode tal figura de estilo em corninhos e sapatos italianos, cuja carreira universitária americana foi garantida por uma filantropia avulsa da própria EDP. VPV achará a coisa normalíssima e sem ponta de mistério a indagar criminalmente.
VPV acha isto tudo um sinal de ressentimento e "uma inconfundível vontade de retribuição".
Portanto, VPV tornou-se adepto da caridade cristã no espaço de uma crónica.
O mais grave porém, é a frase final sobre os motivos pelos quais o "poder judicial não se deve mexer": o arriscar-se a arruinar, sem um bom motivo, uma vida limpa ou só com alguns pecados veniais, cometidos por ignorância ou inadvertência."
Esta frase revela que VPV perdeu o pé na crónica política. Tornou-se um típico português. Um tuga. Ingénuo e manhoso ao mesmo tempo, desvalorizando as trafulhices sempre que convém a alguém ou a qualquer coisa.
Esta crónica é por isso uma vergonha para VPV. Não me lembro de ler uma coisa destas escrita por ele.
De meter dó. Tínhamos 2 cronistas que se podiam ler, resta o Lomba.
ResponderEliminarEste VPV enganou todos ou quase todos.Nunca me enganou a mim.É uma criatura do Don Mário inventado e adubado pelo Padrinho e controlado por este nos momentos críticos.O Don vive em pavor com as Mani Pulite há muitos anos e com o destino do seu amigo Bettino.O facto de escrever o que escreve só prova que para os lados da Cosa o momento é de facto crítico ,o medo está instalado e as armas de último recurso têm de sair dos paiois.
ResponderEliminarQue parvoeira, isso não tem pés nem cabeça.
ResponderEliminarO VPV é um tuga dos tempos do "respeitinho"v e continua a sê-lo. Não é totalmente novidade esta pancada do problema do "justicialismo" e a preopcupação com o "bom nome dos políticos".
Fez o mesmo aquando do caso dos hemofílicos para defender a Leonor Beleza. Os argumentos foram idênticos.
Muito bom post!! E este último comment da zazie vem oportunamente recordar um passado que não se pode apagar.
ResponderEliminarO excesso de gin dá-lhe para perdoar os "pecados veniais"...
ResponderEliminarrecordo duas canções italianas com 40 anos
ResponderEliminar'casa d'Irene'
Sérgio Endrigo
«Io sonno nato in um dolce paese,
dove chi sbaglia non paga le spese»
nacional-porreirismo
Wegie
ResponderEliminarÉ gin?
Acho que não é estupidez e muitas de Whisky!!!
AHAHAHAHAHAHAH!!! José
ResponderEliminarhttp://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=44837
Um Tuga dos tempos do MASP...A Beleza foi muito apoiada pelo Padrinho que lhe retribui com o amor eterno dos Belezas.
ResponderEliminarJá tomei conta do caso das viúvas...
ResponderEliminarLoooLLL José!
ResponderEliminarBrilhante!!!
ResponderEliminarEste VPV já deu o que tinha a dar. No fundo, no fundo, está chéché... Quanto ao post do José, brilhante, como sempre.
ResponderEliminarSempre disse que o vpv era um jornalista do sec. XIX perdido no sec. XX. Ou de outro modo: é um pacheco com menos livros e mais leituras. Um e outro precisam de ganhar a vida nos media. Ε ὲ difícil encontrar semprε ινσπιραχαο νο φυνδο δε υμα γαρραφα
ResponderEliminarSaiu em caracteres gregos sem segundas intenções...
ResponderEliminarahahhahahaha
ResponderEliminarJá agora, a Casa Pia também foi há muito tempo. Já deu! Vamos deixar em paz os pobrezinhos violadores, e meter na cadeia os que aldrabam a declaração de IRS, mas nunca aqueles que, como PM, se "esquecem" estratégicamente de apresentar ao Tribunal Constitucional o descritivo das contas bancárias que possuem. Isso é que não. A lei é para os não-políticos. Vindo de VPV, isto só prova que Portugal nunca vai mudar, senão para pior.
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