TVI24:
A viúva de José Afonso (Zeca Afonso) mostrou-se indignada, numa nota enviada à agência Lusa, com o uso, por parte do PSD, de versos da autoria do cantor no congresso do partido, que decorreu este fim-de-semana.
«Quero protestar contra o uso, pelo PSD, no seu Congresso deste fim de semana, de versos de José Afonso», refere Zélia Afonso numa nota escrita enviada à Lusa.
A viúva do autor de temas como «O que faz falta» e «Grândola Vila Morena» refere que fica «satisfeita» quando vê «a obra musical do Zeca a ser estudada e até interpretada, por exemplo, por jovens que nem sequer o conheceram em vida» e considera que «isso significa que a sua mensagem artística e humana permanece viva e actual».
«Penso também que a sua obra ultrapassa fronteiras, por exemplo partidárias. Mas a vida e as suas canções não só nunca se cruzaram com o PPD, ou com PSD que se lhe seguiu, como estiveram, no tempo histórico em que coincidiram, em lados opostos da barreira», refere.
«Quero protestar contra o uso, pelo PSD, no seu Congresso deste fim de semana, de versos de José Afonso», refere Zélia Afonso numa nota escrita enviada à Lusa.
A viúva do autor de temas como «O que faz falta» e «Grândola Vila Morena» refere que fica «satisfeita» quando vê «a obra musical do Zeca a ser estudada e até interpretada, por exemplo, por jovens que nem sequer o conheceram em vida» e considera que «isso significa que a sua mensagem artística e humana permanece viva e actual».
«Penso também que a sua obra ultrapassa fronteiras, por exemplo partidárias. Mas a vida e as suas canções não só nunca se cruzaram com o PPD, ou com PSD que se lhe seguiu, como estiveram, no tempo histórico em que coincidiram, em lados opostos da barreira», refere.
O artista José Afonso, a par da sua genialidade criativa na música, foi um activista de extrema- esquerda que defendia abertamente o "poder popular", a revolução socialista com laivos libertários, ( mas nem tanto assim porque a sua vida pessoal parece ser um poço de desgraças contraditórias) e apodava abertamente de "fascistas" os que defendiam aquilo que designava de burguesia e a produção capitalista nos moldes da economia ocidental.
As suas letras, panfletárias e revolucionárias ( ler na imagem da esquerda, tirada da capa interior do disco Enquanto há força, de 1977), nos discos que publicou imediatamente após o 25 de Abril de 1974, chegam para comprovar essa opção política que passava pela revolução armada e a deposição da tal "burguesia".
A par de José Afonso havia uma mão cheia de outros artistas portugueses, igualmente com valor e que podem ser vistos na foto acima, à direita, tirada de uma Flama de 1974 ( num congresso da Luar do revolucionário Palma Inácio, antes de este se entregar de alma e coração à burguesia e à maçonaria de Mário Soares). Sérgio Godinho, Vitorino, José Mário Branco, Fausto e outros partilhavam o mesmo entendimento político e militância activa traduzida nos seus discos.
A par disso, a música de José Afonso é simplesmente genial. Tenho andado ultimamente a ouvir outra vez todos os discos de José Afonso, em lp ( formato melhor que o cd porque de maior qualidade) e reafirmo: José Afonso é um vulto enorme da nossa cultura artística e musical. Ler a sua biografia ( publicada com ilustrações por Joaquim Vieira, num livro da Bertrand, já com alguns anos) é recolher um manancial de informações sobre o que se deve "contar como foi" Portugal dos anos cinquenta e sessenta.
Esse aspecto artístico e musical de José Afonso ( e dos outros...) não pertence à família, seja ela política ou pessoal. Pertence ao património comum de todos nós, assim como os Beatles e John Lennon em particular ( "Power to the people") pertencem a toda a comunidade que os escuta e aprecia, independentemente das idiossincrasias políticas dos mesmos.
A viúva de José Afonso pode ter direitos autorais a receber e se assim for nada a dizer. Mas não tem o direito de proibir ou censurar a utilização da música do artista por quem não partilha as ideias políticas do mesmo.
Não entender isto releva de outra faceta: a democracia popular, para estas pessoas, era muito restrita...e portanto já se sabe o que aconteceria se tivesse sido implantada.
Concordo em absoluto consigo.
ResponderEliminarParece-me que a viúva apenas está a dar continuidade ao pensamento e acções do próprio José Afonso. Esta polémica, com nos recordou a Helena Matos, é antiga, e o primeiro a fazer esta queixa contra o então PPD foi o próprio autor.
ResponderEliminarDe resto, penso que a critica faz sentido. Repare-se que não é estar contra a utilização privada, ou em uma qualquer festa. É estar a utilização num congresso partidário. Tem, obviamente, significado politico.
Disclaimer: tal como o José (do blog), também eu acho magnifica a obra musical do José (o Afonso). Por outro lado, a minha simpatia politica (não de militância) vai toda ela para a área do PSD (sim, mesmo do actual, não me preciso de me demarcar do liberalismo)
É, está a ser cantado pelos "algozes".
ResponderEliminar"É estar a utilização num congresso partidário. Tem, obviamente, significado politico."
ResponderEliminarEntão e que significado será esse? Fazer passar a impressão de que o PSD está mais próximo "politicamente" de J. Afonso ou vice-versa? Ou outra coisa qualquer?
Como diz o José, se a senhora tem algo a haver que lhe paguem, de resto, que fale à vontade mas ninguém tem que a ouvir.
Inteiramente de acordo!!!
ResponderEliminarCompletamente de acordo José!
ResponderEliminarMas, afinal, que versos do Zeca Afonso foram usados no congresso do PSD? E de que forma e em que circunstâncias?
ResponderEliminarÉ que, mais que os direitos de autor ou legalidades da coisa, interessa-me saber que mundo estranho é este em que versos dum revolucionário como Zeca Afonso são entoados? no congresso dum partido como este PSD.
(cont)
ResponderEliminarAndo à procura no Google, mas nada amis encontro que a repetição por várias fontes da mesma notícia linkada pelo josé, e uma outra onde o PSD nega o facto.
Ou terá sido algo do genéro, Passos Coelho a referir-se aos delegados do PS, à hora de almoço: "Eles comem tudo, eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada!"
nos filhos da viúva do BA houve uma loja de artistas
ResponderEliminaralguns ainda vivos
Há um título da Fenda Editora que, há anos, me abriu os olhos e me levou a ver mais fundo, na senda do chamado estruturalismo, no que se refere à distinção entre obra e autor: Alguns dos nossos melhores poetas são fascistas. Mutatis mutandis, aplica-se aqui.
ResponderEliminarAcabou de passar na SIC a sentença do Serious Fraud Office a José Sócrates, pelo juiz Miguel Sousa Tavares, que decretou com sapiência que aquele tribunal chegou à conclusão que não havia nada. Que pena, este juiz não saber que o arquivo em londres ardeu parcialmente e algumas testemunhas já nem estão "disponíveis". Mas o mais extraordinário foi a abertura do programa de "informação" designado por Jornal da Noite, com o mesmo juiz, que, em apenas 5 segundos, a sentenciou também o caso da utilização de cartões de crédito: "como fazem todos os governos por esse mundo fora". Chegou a "sentencialização pela televisão". E não há ninguém que lhes meta uma rolha na boca, daquelas de pipa de vinho americano.
ResponderEliminarÉ verdade, AF, também procurei saber que versos foram utilizados e nada. A viúva está contra, do PSD dizem que não usaram nenhum verso.
ResponderEliminarSerá que apenas passaram a música sem os versos, "porque é bonita"? O mais estranho é que estiveram lá as tv's todas, 100% do tempo, e aparentemente nada está gravado.
Parece que só nós os 2 (mais a Helena Matos) achamos isto estranho.
Carlos,
ResponderEliminarA Helena Matos remete pra umas coisas que diz serem semelhantes, mas que se passaram em 75. Ora, isso de o PPD de 75 querer cantar Zeca Afonso, não é espanto nenhum. Todos "queriam e cantavam", nessa altura. Posso dizer-lhe que uma vez, por mero acaso, tive contacto com um documento de arquivo em video sobre a época, em que um grupo de monárquicos da altura perorava sobre as virtudes duma comuna monárquica, o que quer que isso seja. :D
Agora, o PSD de hoje querer cantar Zeca Afonso, é um bocadinho estranho. Que Aguiar Branco diga que gosta de ouvir Zeca Afonso, parece-me uma coisa perfeitamente normal e nada estranha, por exemplo.
Mas pronto, se calhar foram contaminados pelo cartaz "revolucinário" da JSD de título "Estamos em luta contra os direitos adquiridos!" Que é outra coisa no mínimo estranha! :D
Também me fartei de rir com essa de estarem em luta contra os direitos adquiridos.
ResponderEliminarNão falta muito para chegarem ao sketch dos 4 Yourkshiremen
Ora vejam lá que está lua dupla.
ResponderEliminarJosé: até este morcão neotonto repete a idiotice:
ResponderEliminarhttp://blasfemias.net/2012/03/27/la-se-vai-a-independencia-judicial-pelos-proprios/
O Gabriel escorrega sempre na primeira casca de banana que se lhe apresenta.
ResponderEliminarNem vou comentar porque incorre em asneiras, mas vou comentar mais logo quatro ou cinco artigos de notáveis da nossa praça que me merecem mais atenção.
...pois que sendo a ASJP a queixosa, certamente, a bem da independência de quem decide, apenas algum juiz que não seja membro da ASJP poderá ser escalonado para decidir de tal contenda.
ResponderEliminarMas esta gente pensará verdadeiramente quando escreve? Eu não sou jurista nem nada que se pareça mas, ignorando o facto de se atribuir a justeza da queixa ou denúncia a quem a faz, porque carga de água é que apenas um juíz não afiliado com a ASJP tem independência? Mas alguma consequência disto, seja ela qual for, traz alguma vantagem especial à ASJP para que se possa dizer que há conflito de interesses? E desde quando é que o conflito de interesses se sobrepõe à Lei? Coitado do Zé Maria Pincel...
Quem escreveu isso foi o Gabriel?
ResponderEliminarÉ um caso mais grave do que pensava. Pobre Gabriel.
Foi. Aquilo é uma anormalidade. Mas ele ainda lá vai insultar quem mostra os erros e diz que os outros é que sofrem de ignorância crassa.
ResponderEliminarÉ maluco. É mais outro que se deixou enganar com a treta do Sócrates a enfrentar o "corporativismo".
É mesmo tolo de todo...
ResponderEliminara associação, ao tornar-se parte interessada inviabiliza o exercicio do dever de isenção por parte dos seus membros, se chamados a pronunciarem-se sobre a questão nos tribunais.
Eu não percebo muito disto mas, num crime público, não serão todos os cidadãos parte interessada? E, assim sendo e pela lógica do tipo, não teriam que ser julgados por não-cidadãos?
Mas o que mais me espanta é ele dizer
Fosse tal denúncia e pedido de investigação feito por qualquer outra associação ou grupo de cidadãos e estaríamos perante um normal e muito saudável exercicio de cidadania e direito de escrutínio.
Ou seja, a denúncia ou pedido de investigação ou lá o que é, é perfeitamente legítima em si mesma, e tem fundamento; só que como é fulano tal que a despoleta, já não pode ser... Quer dizer, em vez de se preocupar com os crimes denunciados, preocupa-se com quem os denuncia?