Em Portugal há mais de duas dezenas de milhar de advogados. Em Lisboa, alguns milhares. Os grandes escritórios das firmas mais importantes estão em Lisboa. Empregam algumas centenas de advogados recém-licenciados ou com alguma experiência...teórica. As firmas do costume pagam aos que lá trabalham salários de funcionários. Menores. Facturam milhões e como agora se vai sabendo, um dos clientes mais importantes é...o Estado.
É quase sempre um mistério a razão de ser o Estado o maior empregador destes profissionais liberais. Um segredo de polichinelo, no entanto: quem adjudica fá-lo porque...pode fazê-lo. As circunstâncias em que o podem fazer foram substancialmente melhoradas esta última dúzia de anos. A legislação à medida da voracidade destas firmas foi gizada por quem lá trabalhou ou esperou para trabalhar. Os juristas abundam na A.R. e nos governos. Os auditores jurídicos que dantes ( quando a administração pública tinha uma dignidade que entretanto perdeu, com o arrivismo político de alguns governos e mentalidades de primeiros-ministros) havia nos ministérios, geralmente magistrados, foram substituídos pela parecerística avulsa, paga a peso de ouro.Tudo na mais perfeita normalidade democrática. Um "crime perfeito".
Ora repare-se no resultado desta política deliberada de esvaziamento de funções do Estado e no preenchimento do "vazio" pelos do costume... e quem paga tudo isto?
Ao contrário do dito do frei Luís de Sousa, somos...Nós! Com apertos de cinto sucessivos.
Em complemento informativo, porque tal é relevante e para quem não saiba, a firma "Paz Ferreira" é liderada pelo tal advogado açoriano Eduardo Paz Ferreira que é casado com Francisca Van Dunen, procuradora- geral distrital de Lisboa.
Em complemento informativo, porque tal é relevante e para quem não saiba, a firma "Paz Ferreira" é liderada pelo tal advogado açoriano Eduardo Paz Ferreira que é casado com Francisca Van Dunen, procuradora- geral distrital de Lisboa.
Nos primeiros cinco meses do corrente
ano, os contratos por ajuste directo já renderam às sociedades de
advogados cerca de 3,7 milhões de euros. E ainda a procissão vai no
adro...
Os grandes escritórios de advogados
recebem o grosso da fatia, sobretudo os contratos mais importantes, mas
há sociedades de menor dimensão que também não se podem queixar do
"bodo" financeiro que representam estes acordos por ajuste directo. É
claro que, como em todas as actividades profissionais altamente
competitivas, a dimensão é um posto, não só porque é geradora de redes
mais oleadas de influência, mas porque os maiores escritórios têm
condições para recrutar os melhores parceiros.
O Banco de Portugal (BdP) pagou, em dois
anos, 1,2 milhões de euros a duas das principais firmas de advogados do
país, a Vieira de Almeida e a Sérvulo Correia.
O escritório de Vasco Vieira de Almeida –
o próprio já foi ministro e presidente de um banco – assinou em 2011 um
contrato de 650 mil euros com o banco central para prestar assessoria
jurídica e representação forense por três anos. Em 2009, a 'cereja'
coubera à Sérvulo, para prestar o mesmo serviço.
Entre 2009 e Maio último, a Vieira de
Almeida, onde trabalham mais de 150 advogados, facturou por ajuste
directo mais de 2,4 milhões de euros. A parcela de 2011 ultrapassa os
795 mil.
A lista de clientes do sector público
inclui, além do BdP, a Estradas de Portugal, a RTP, institutos
financeiros e câmaras municipais. Um contrato com a empresa de gestão
rodoviária rendeu, o ano passado, mais de 320 mil euros à sociedade do
antigo ministro que a par do recheado portefólio estatal tem uma
concorrida carteira de clientes do sector privado, representando bancos
e, ao mesmo tempo, sindicatos bancários, sociedades financeiras e
grandes empresas.
A Sérvulo e Associados, que curiosamente
teve participação activía na equipa que elaborou o código dos contratos
públicos em vigor, é outro porta-aviões da advocacia em Portugal e, por
essa via, campeã dos ajustes directos. Em 2010 e 2011 recebeu cerca de 4
milhões de euros. No ano anterior foram 3,9 milhões. Este ano, entre
Janeiro e Maio, só conseguiu 6 contratos que somam 352 mil euros. O
primeiro foi rubricado logo em Janeiro, com EP Estradas de Portugal, no
valor de 190 mil euros, para prestação de assessoria geral, um recurso
que a empresa pública que gere o parque rodoviário diz não possuir.
Em 2011, o contrato com a mesma entidade rendera 320 mil euros.
Melhor foram os quatro contratos em
2009, com a Administração da Região Hidrográfica do Norte, que
representaram um encaixe superior a 1,3 milhões de euros. Este instituto
público tutelado pelo Ministério do Ordenamento do Território e de
Desenvolvimento Regional, que tratava do planeamento hídrico, foi
entretanto extinto.
A Sérvulo e Associados reflecte o es
tirito empreendedor e influente de José Manuel Sérvulo Correia, 75 anos,
que ainda hoje é sócio principal. Especialista em direito
administrativo, advogado desde 62 e professor universitário jubilado,
foi secretário de Estado da Emigração no governo provisório de Pinheiro
de Azevedo e deputado. No final da década de 70 pertencia à equipa
jurídica do Banco de Portugal. Ironia do destino, em 2009 seria a sua
firma a tratar da assessoria jurídica ao banco.
José Manuel Júdice, ex-bastonário dos
advogados, Nuno Morais Sarmento, ex-ministro de Estado no governo de
Santana Lopes, Pais Antunes, ex-secretário de Estado do Trabalho, João
Medeiros, o advogado do Jorge Silva Carvalho, o espião caído em
desgraça. São quatro dos mais conhecidos rostos da PLMJ, a sociedade de
advogados que este ano já conseguiu três contratos por ajuste directo no
valor de 36 mil euros. Em 2009 facturou 610 mil, no ano seguinte 524 e
em 2011, 418 mil euros. Um dos contratos mais elevados foi celebrado em
2010 (ainda está em vigor) com o Município de Silves, que pagou 200 mil
euros à PLMJ por 3 anos de apoio jurídico. Já este ano, a firma foi
contratada em três ocasiões para representar o Instituto Superior de
Engenharia de Lisboa em outros tantos processos judiciais. O ajuste
directo ascende a 36 mil euros.
Nadar com 'tubarões'
A Paz Ferreira, liderada pelo advogado
açoriano Eduardo Paz Ferreira, embora seja um escritório de menor
dimensão, quando comparado com os anteriores, revela razoável
performance no que diz respeito à conquista de ajustes directos. Em 2011
foram 376 mil euros, ainda assim cerca de metade do que conseguira no
ano anterior. Este ano, o ritmo continuou a abrandar, mas a sociedade
conseguiu um contrato de 35 mil euros com a Câmara Municipal de Oeiras
para uma tarefa que durou 15 dias.
O ajuste é dos poucos que no portal Base
dos contratos públicos tem preenchido o campo da "fundamentação da
necessidade de recurso ao ajuste directo". Alega a autarquia num extenso
articulado que a contratação de uma firma externa de advocacia se
justificou dada a urgência de registar declarações de mais de 50 pessoas
(presidente da Assembleia Municipal, vereadores e deputados municipais
que votaram favoravelmente as deliberações relativas às PPP) em resposta
ao resultado de uma auditoria do Tribunal de Contas a três parcerias
público privadas (PPP) em que foram investidos 81 milhões de euros.
O Crime | 07-06-2012
Os partidos que por escala detêm o poder para fazerem o que fizeram a Portugal primeiro tiveram que desmantelar o Estado.Diziam que havia "forças de bloqueio"...a primeira delas foram os "Gabinetes de planeamento", depois os "juristas" que asseguravam a legalidade.A partir daí foi o saque geral...e a arbitrariedade pois então.Que os "eleitos" por direito divino "interpretam" tão bem que já são donos da coisa...
ResponderEliminara mim faz-me uma confusão enorme como é que as adjudicações directas de serviços juridos tem no CCP um valor máximo superior às adjudicaçoes directas de obras... ao que isto já chegou...
ResponderEliminarlema para os contribuinte ou alcunha de estado
ResponderEliminar'em mar de piranhas, jacaré nada de costas'