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quarta-feira, setembro 12, 2012

1974: a democratização então tomou o seu curso

Entretanto, escasso mês e meio depois do 25 de Abril de 1974 havia já sinais de uma democratização em curso à boa maneira de Álvaro Cunhal e associados no PCP.
Estas imagens retiradas da mesma revista Vida Mundial de 14.VI.74 dão conta disso mesmo.

Na primeira conta-se a história de um regresso da censura à tv a propósito de uma ignomínia que a companhia de teatro A Comuna então levou à cena em directo na RTP. O que então se passou, repetiu-se ao longo dos anos: interferências directas do poder político na estação pública de tv.

A segunda diz respeito a um acto de repressão política com prisão de uma pessoa por motivos políticos ( isto depois de a PIDE ter sido desmantelada...).
Saldanha Sanches, já falecido, era então um aguerrido militante do MRPP e sobre a "guerra colonial" resolveu publicar um comunicado de um alegado movimento de Resistência Popular Anticolonial em que se apelava "à deserção em massa e com armas".
Tanto bastou para que Saldanha Sanches que passou oito anos preso pela Pide/dgs, fosse de novo preso ( prisão a que "assistiu a estudante de Direito, Maria José Morgado, co-arguida de Saldanha Sanches num processo ainda recentemente instruído pela referida corporação polícial, hoje extinta, antes do 25 de Abril", escreve a revista).

A mesma Maria José Morgado, aliás, em Dezembro desse ano, já tinha sido presa também, "pelo COPCON".
A então "reclusa comunista" dizia assim as suas mágoas num comunicado publicado no Tempo e o Modo de Dezembro de 1974 em que anunciava uma greve de fome...


Entretanto ainda em 1974, durante o processo de "democratização", os revolucionários de todos os matizes entenderam que "a arte fascista faz mal à vista" e toca de apear estátuas colocadas em jardins interiores que os incomodavam sobremaneira.  Democratas...

Imagem da Flama.
Para além disso, em Setembro de 1974, os mesmos democratas entenderam que havia jornais e livros "fascistas" que não deviam ser lidos pelo povo, porque desinstruíam. E por isso toca de os queimar publicamente em autêntico auto-de-fé.
Democratas...


Imagem do jornal Sempre Fixe, um dos mais aguerridos jornais comunistas que então se publicavam. E eram muitos.

7 comentários:

  1. chamaram-lhe
    prec-urso em vez de prec-urss

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  2. Estas memórias são uma coisa maluca.

    Que outro país da Europa tem uma história recente com tanta anormalidade fora de prazo.



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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Este, caro José, é um autêntico serviço público. Era adolescente nessa altura e ainda me lembro do meu pai (emigrante e muito pobre) vir a Portugal com medo de lhe ocuparem o único valor que tinha: uma pequena casa que tinha construído com as poupanças para voltar e morrer na Pátria.

    Só dizia que nós não tínhamos a noção do que se passava no país.

    Não posso perdoar!

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  5. Fartaram-se de semear, agora colhem.Mas infelizmente fazendo pagar os inocentes.Eu já tenho escrito que a juventude actual ou parte como estes gajos partiram ou ainda um dia serão vendidos como escravos em África,Porque os do "tudo e do seu contrário" depois de acabarem com o império lá fora andam a subsidiá-lo cá dentro por nossa conta evidentemente.E sem critério!Um verdadeiro regabofe internacionalista.Nacionalizam assassinos e até ministros em outros países!!!Não admira face aos postos em que os aventureiros se conseguiram colar...

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  6. E persistem em "substituir" os nossos emigrantes por imigrantes...donde resulta um duplo custo para o erário público.Cuidar dos velhos deixados para trás e dos novos que chegam.Em suma descolonizaram e agora colonizam mas com "direitos".Agora vão ver onde esses inteligentes arranjaram reciprocidades.
    Os estudiosos das "demografias" que estudem mas que tenham cuidado com colonizações encapotadas.Um dia vão dar-se mal.Porque estamos já fartos de traidores...

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  7. Caro José,

    O nosso amigo Manuel Loff, suposto especialista em história do século 20 não deve ter estudado esta parte da nossa história recente. Que pena, para ele e principalmente para nós, que temos que aturar as suas crónicas ao estilo "camarada cassete".

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