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sexta-feira, setembro 28, 2012

Havia pessoas que sabiam muito bem como isto estava...

José Manuel Fernandes escreve no Público de hoje uma crónica em que diz sobre a nossa crise actual que "embebedámo-nos como se embebedaram os gregos, espanhóis e italianos. Nos nossos países aconteceu com o euro o contrário do que devia ter acontecido. Em vez de nos tornarmos mais disciplinados, como os actores das economias do Norte da Europa, ficámos mais irresponsáveis."

Quer dizer, o uso do colectivo "nós" é capaz de ser um pouco retórico e exagerado. "Nós" que votamos não escolhemos políticas, mormente económicas,  que nos impõem dizendo que são as melhores para nós, na generalidade ignorantes dessas coisas.Basta ler o que alguns que se entendem um pouco mais esclarecidos e que "fazem" opinião, como José Vítor Malheiros, escrevem para perceber que a maioria das pessoas, a esmagadora maioria não percebe o suficiente de políticas económicas para escolher como deve ser um governo adequado aos interesses de todos "nós".
Quando Cavaco Silva, um economista e professor até, escolheu a equipa governativa de maioria absoluta que lhe foi dada em eleições em meados  dos anos oitenta, não ficou isento de responsabilidades passando-as para "nós". Quando Guterres ganhou outra maioria igual em 1995, idem aspas, com os famosos "100 nomes"  da nossa desgraça.
Um deles, Sousa Franco, aliás, já em 1978, por conta do PSD tinha dito publicamente coisas interessantes e que projectavam o futuro.
O professor Sousa Franco, um professor de direito Fiscal,  entretanto falecido, saiu do governo de Guterres vituperando o "António", no Gambrinus, dizendo que tinha o pior governo desde o tempo da D.Maria.
E no entanto, em 1978 o jornal do regime da nossa esquerda democrática- O Jornal que dizia pelo seu então director José Carlos Vasconcelos, agora na Visão que O Jornal também é um projecto cultural e cívico- fez umas conferências agregando vários responsáveis políticos.

Aqui ficam duas páginas sobre a comunicação do professor Sousa Franco e que demonstram que o mesmo sabia muito bem como estava Portugal nessa altura, depois da desgraça e tragédia comunista de 11.3.1975 e que o PS sustentava desde então, até pelo menos o final dos anos 80, com a revisão constitucional a que sempre se opõs até então.
Portanto, por favor, não venham , como o faz José Manuel Fernandes, com a treta de que os culpados disto somos "nós". Seremos alguns de nós, mas nem sequer a maioria e se elegemos alguém para nos governar são esses que nos (des)governaram que são em primeira linha responsáveis porque tanto quanto se sabe, a democracia directa ainda não foi experimentada entre nós e os governantes de há trinta anos andam por aí, alguns no Conselho de Estado... e até o dr. Sérvulo da firma de advogados do regime já andava nas andanças políticas há muito. Até aparece na fotografia.
E se alguém quiser sacudir a água do capote que o faça para cima destes indivíduos que aqui ficam em imagens do Expresso de 1990 e 1995.
As figuras de Estado estão aqui e o estadão em que nos puseram fala por si sem precisar de mais retórica.
Alguém se lembra de uma figura histórica chamada Egas Moniz ou lembram-se apenas de Miguel de Vasconcelos?

7 comentários:

  1. Caro josé

    Agora não tenho tempo para um comentário de maior conteúdo, mas tão ou mais revelador dos verdadeiros culpados, está expresso naquele anuncio de recrutamento de pessoal.
    .

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  2. É como diz, José.

    E eu posso dizê-lo à vontade, porque quando aqui comecei a vir, pensava também que muita da responsabilidade pertencia a "nós".

    Não tardei muito a mudar de opinião, à medida que ia lendo o que aqui se escreve. Quão perniciosa é semelhante opinião! Os figurões, porque lhes vai faltando a outra senhora - por estar velha e já poucos se lembrarem dela - para despejarem sobre ela toda a responsabilidade dos seus próprios desmandos; viram-se agora, os escroques, para o povo!


    Ainda assim, se não tem o povo a responsabilidade do que foi feito, alguma tem de arcar por se não ter oposto à direcção que vem levando o País. A classe média e nela, sobretudo, a média burguesia, tinha capacidade para adivinhar o que se aproximava. Como aqui se mostra, não foi por falta de aviso.

    Mas começo a ser da opinião que a burguesia é sempre o mais acomodado elemento da sociedade. Caminha alegremente para a perdição, bastando para isso que lhe acenem com um lucrito fácil a curto prazo. É naturalmente liberal e moderada (que é dizer, indolente, até cobarde). Não toma partidos e tudo lhe serve, contanto que veja oportunidade de lucrar uns cobres, de preferência sem trabalho. Opõem-se, no entanto, a qualquer medida que vise, por exemplo, melhorar as condições das pessoas que emprega, sobretudo se para isso tiver que abdicar de um poucochinho do lucro. É, sem dúvida, o elo mais fraco da sociedade.

    Estou convencido que nenhum partido ou movimento político deve, se quiser ser bem sucedido, ter como base militante a burguesia. Deve, antes pelo contrário, estar preparado para sofrer dela, traições, intrigas e maledicências...

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  3. conheci o António Luciano no tempo das 'opções inadiáveis'.
    ligou-se ao ps e a uma sobrinha do filho do visconde de Sousa.
    depois do pcp ter destruído a 'pesada herança' económica, o ps apanhou o que pôde. o bloco central encarregou-se do resto.
    até devoraram os 'robalinhos'

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  4. Não percebo a sua fixação continuada na alegada má herança de Cavaco.
    O homem esteve lá 10 anos e fez bem e mal. Mas, como diz JMF, quando de lá saiu Portugal tinha uma dívida externa muito baixa (praticamente inexistente) e uma balança com o exterior a zeros.
    Estamos a anos luz desta realidade e ela deve-se ao que se passou de então para cá. Ou não será? Por isso misturar Cavaco com quem lhe sucedeu é desonesto.
    Estou à vontade para o dizer porque não votei nele para o cargo que ocupa e acho que é um dos grandes responsáveis por ter deixado sócrates levar este país onde levou.

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  5. Não é desonesto para quem souber ler o que se escreve. E o que se escreve é que Cavaco governou em tempos de "vacas gordas" mas não soube administrar para o futuro. Hoje estamos mal por causa dos sucessores e tenho a certeza que foram os governos socialistas que criaram este buraco monumental nas contas públicas. No entanto, o sistema económico que temos herdamo-lo do tempo de Cavaco que foi quem iniciou as privatizações e permitiu a entrada na CEE nas condições em que entramos.
    De resto o devorismo típico dos anos oitenta e noventa começou com certos personagens da entourage de Cavaco Silva: Dias Loureiro, Oliveira e Costa, Proença de Carvalho e muitos outros.

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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