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quarta-feira, outubro 10, 2012

O contra-PREC

No rescaldo do 25 de Novembro iniciou-se uma espécie de contra-prec, com o retomar de um assomo de dignidade política e económica. Aquela redundou no bloco central e esta na manutenção do status quo durante mais de uma década. E por causa disso nunca recuperamos a honra perdida do tempo em que crescíamos economicamente, com empresas e empresários dignos de emparelhar com os europeus.
Em 1975 o comunismo conseguiu um objectivo: capar o sistema capitalista e pôr eunucos a mandar no mesmo. Na sequência das nacionalizações a nossa economia ficou quase na totalidade nas mãos do Estado. Que os comunistas queriam controlar também, com a ajuda preciosa da maioria esmagadora dos jornalistas, alguns deles, hoje em dia, reciclados no "socialismo democrático" ou mesmo na dita "direita" que nunca o foi. Esta imagem da Vida Mundial de 1975, a seguir às nacionalizações dá uma imagem do que se passou.


Em seguida, vieram as consequências, em poucos meses. No início de 1976 a política e a ideologia ainda comandavam os assuntos na ordem do dia. Na sequência do 25 de Novembro, Otelo foi preso. Moreira Baptista, um ministro da Informação de Marcelo Caetano, um "fassista", por suposto, foi libertado porque nada lhe encontraram de criminoso para o acusar. O Jornal de Janeiro desse ano indignava-se.


Entretanto, a situação económica tornava-se dramática. Um artigo na Vida Mundial desse ano dá conta do problema: Portugal entre os pobres e sem saída à vista. Dois anos antes tínhamos uma situação económica difícil, mas desafogada. Tivéssemos continuado como fizeram outros povos, com uma descolonização diferente e talvez fôssemos agora um povo que poderia dar lições ao mundo. Assim, andamos de mão estendida à caridade alemã...


E tudo isso porquê? Por causa desta maldita ideologia igualitária e de propósitos funestos com desígnios elevados. O intelectual Eduardo Lourenço, o tal que nessa altura escreveu um livro ironicamente intitulado "O Fascismo nunca existiu", para assegurar que tinha existido, pensava assim sobre a nossa "direita". Triste e lamentável e o mínimo que se pode dizer, porque eram pessoas deste calibre que influenciavam os media e os bem-pensantes da Esquerda in totum. Esta gente fez tão mal ao país que deviam ser condenados ao exílio da palavra publicada, para sempre.


Em resultado prático destas belíssimas ideias teóricas, em 1976 já tínhamos este panorama económico- e a piorar cada vez mais...




Ainda assim, o brilhante pai da democracia ( se não se tivesse mexido a liderar a manifestação da Fonte Luminosa corria do risco de ser preso pelos comunistas porque a revolução costuma comer os seus filhos...) ainda achava, em 4.3.1977, que afinal não estávamos tão mal como isso...

Isso apesar de o seu ministro das Finanças, Medina Carreira, já então lúcido mas inconsequente, ter dito claramente ao O Jornal de 3.2.77 que estávamos como hoje...


Soares pouco se ralava com isso e então como agora, já pensava que "O dinheiro fabrica-se quando é preciso"...e por isso a nossa situação económica, para os anos vindouros estava traçada, como se escrevia no O Jornal de 6.5.77. 

Perante esta situação, as pessoas começaram a olhar noutras direcções e o PSD de Sá Carneiro também, tendo aí começado o actual regime- o bloco central que tem governado Portugal nas últimas décadas.


Para tal tornava-se imperioso desfazer o que o PREC tinha feito. Tarefa impossível como se pode ler por esta notícia de O Jornal de Julho de 1977. O PCP continuava a marcar a agenda político-ideológica e a "Lei Barreto" tornou-se lei celerada. A primeira de muitas que se seguiriam e que apesar disso nunca conseguiram repôr a situação anterior. É muito mais fácil destruir uma Economia do que pô-la a funcionar e isso sabem-no muito bem os adeptos do "quanto pior, melhor".


Quem continuava a mandar na situação político-económica do país era este senhor e o partido comunista através das leis e da Constituição que ordenava que tomássemos o caminho da sociedade sem classes que o mesmo queria.
Toda e qualquer mexida nessas leis eram atentados à democracia e faziam renascer o perigo do "fascismo".
E não havia volta a dar-lhe, como se pode ler por esta entrevista do final do ano de 1977.




Assim, o mesmo Mário Soares que tinha visto a luz ao fundo do túnel em Março, acabou por apertar um pouco mais o cinto em Agosto de 1977, conforme se lê. Sem qualquer vergonha, tal como agora não tem.

O mesmo Medina Carreira que tinha sido seu ministro das Finanças no primeiro governo Constitucional, em 3.2.1878 dava uma entrevista ao O Jornal em que traçava um panorama cada vez mais negro da nossa economia.
Assim, durante o ano de 1978 a situação piorou e o cenário no começo de 1979 ( O Jornal de 12.1.79) era este que até um certo Nuno Crato que militava na UDP, adivinhava: eleições.
Em 1979 começou a AD porque os portugueses estavam fartos daquele trampolineiro político que só se aguentou estes anos todos porque a alternativa comunista não era viável e os comunistas deram-lhe sempre a mão, porque afinal de contas são da mesma família e sempre que o mesmo precisa lembra-lhes tal facto. Foi e tem sido esse o nosso drama. Soares só concordou com a alteração constitucional já em finais dos anos oitenta...portanto se alguém tem culpa da nossa actual situação económica é bom lembrar quem nos lançou para este caminho da sociedade sem classes...em nome da igualdade e contra o capitalismo.



Ah! E já me esquecia da anedota: em Janeiro de 1977 ( O Jornal de 28.1.1977) deixou entrar a Coca-Cola em Portugal e pela primeira vez alguns puderam provar a "água suja do imperialismo". Em Espanha há muito que havia disso...

E já me esquecia de outra coisa, ainda: foi nessa altura, em Março de 1978 ( O Jornal de 14.3.1978) que António Arnaut e a Maçonaria criaram o SNS, uma das conquistas do pós-Abril que deveria ter funcionado melhor se os tais "exploradores da medicina" tivessem sido melhor controlados. Em vez disso puseram três administradores em cada hospital a ganhar ordenados de gestores de sucesso e deixaram os farmacêuticos a fazer o que queriam com os hospitais e os médicos a ganhar horas extras por trabalho em serviço. É o melhor exemplo do que uma boa medida pode tornar-se quando estes líricos se encarregam de a aplicar. 

 

4 comentários:

  1. boxexas a O Jornal de 6.5.77
    «austeridade terá elevados custos sociais».
    o actual parece ser um ersatz do outro
    ou como dizia o poeta
    «eu não sou eu nem sou o outro,
    sou qualquer coisa de intermédio».

    ninguém teve coragem de mostrar que o socialismo é um desastre social

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  2. Parece que vai acontecer o que o José previu.

    http://www.agenciafinanceira.iol.pt/media-e-tecnologia/sindicato-de-jornalistas-publico-sonaecom-sonae-despedimento/1382395-2974.html

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  3. O impressionante é haver milhares de gajos que atravessaram estas histórias todas e ainda por aí andam a mandar...

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  4. Nem de propósito: passei esta madrugada a emxotar a ensónia que os tempos difíceis causam a um português, a ler um parte da História de Portugal do Rui Ramos.
    Li os anos 60/74 e a evidência da época de ouro da nossa economia e sociedade dos últimos 200 anos. Crescimento económico estudo de caso, défice controlado, recors de exportação, aumento de produtividade, aumentos de salários, introdução do Estado Social...enfim tudo pelo Salazar e Caetano que resolveram por sábio conselho começar a redistribuir o que um país respeitado havia conseguido poupar depois da quase falência de 1926.
    Estatísticas que há décadas li e estudei, e vi desmentidas por estres grandes obreiros da democracia, que mais não passam do que netos bastardos da 1a República, essa rapariga de virtude infinita...

    Definitivamente sem paciência para Xuxas e para este cadáver a que ainda chamam regime democrático entre Relvas & Socrates SA

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