Daqui:
O ministro das Finanças está a esconder os salários dos gestores da nova Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública-IGCP, para a qual o Governo criou um regime remuneratório de excepção. Os salários de João Moreira Rato, presidente do IGCP - veio do Morgan Stanley -, e de Cristina Casalinho, vogal do IGCP, era economista-chefe do BPI são muito superiores ao do primeiro-ministro, segundo apurou o CM, mas o ministério de Vítor Gaspar não esclarece a situação.
Na última quinta-feira, um mês depois de terem sido enviadas as primeiras perguntas ao Ministério das Finanças, o CM voltou a confrontar o ministério com a remuneração anual de quase 300 mil euros que João Moreira Rato receberá como presidente do IGCP, mas a tutela não respondeu.
Os sinais de incómodo do Governo com os ordenados dos gestores do IGCP são visíveis na recusa de Passos Coelho em responder a um requerimento do PS sobre esse assunto.
Estas notícias evidenciam que Vítor Gaspar é avis rara no Governo e não consegue lidar com a contradição de pedir esforços "enormes" a uns milhões, atingindo-os gravemente nos seus rendimentos, porventura com justificação plausível perante as circunstâncias, mas evitou esse mesmo efeito junto daqueles que andam a estudar o assunto e influenciam as medidas económicas. Ou seja, assume uma moral deficitária. para retomar termo de economês. E é pena porque quando aparece ao lado do ministro das Finanças alemão ou declara que as manifestações contra a sua política revelam a categoria de um povo, torna-se um político de primeira água e capaz de convencer cépticos da sua bondade.
Vítor Gaspar agiu assim porquê? Importa especular um pouco.
Quem é Vítor Louçã Rabaça Gaspar? A Wiki diz e não me parece que o actual ministro não saiba o que diz:
Vítor Gaspar licenciou-se em Economia pela Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa em 1982, e obteve um Doutoramento em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa em 1988.
Foi membro suplente do Comité Monetário Europeu de 1989 e 1998 e representante pessoal do Ministro das Finanças na IGC que conduziu ao Tratado de Maastricht, foi chefe do comité entre 1994 e 1998 e membro do Gabinete de Consultores Políticos da Comissão Europeia de 2005 a 2006. Em Janeiro de 2007, passou a chefiar o departamento.
Em Portugal, foi conselheiro especial do Banco de Portugal e director-geral da área de investigação do Banco Central Europeu de Setembro de 1998 até Dezembro de 2004. Também foi Director de Investigação e Estatísticas do Departamento do Banco de Portugal e Director de Estudos Económicos do Ministério das Finanças.
Gaspar, como se pode ver é de uma elite de economistas políticos. Como tal ganhou em conformidade. E amealhou uns cobres como se pode ver pela declaração no Constitucional. E segundo informação recente tem duas casas. Segundo critérios que o mesmo aplica para impor tributos aos cidadãos deste pobre país, é um indivíduo rico ou mesmo muito rico, atendendo às estatísticas. É importante por isso reter esta informação para perceber como actua.
Diário Económico:
Vítor Gaspar, ministro das Finanças, tem 655 mil euros espalhados por três bancos e acções de duas empresas: 390 da EDP e 205 da Cimpor.
Pelo contrário, o primeiro-ministro sempre foi um dependente do salário privado, um proletário por assim dizer, encostado a empresários que fizeram do Estado uma espécie de couto ou reserva de caça, com direito de pernada.
Passos, ainda assim, parece ser pessoa séria quanto a dinheiros e evidentemente é de outra liga profissional no que se refere a actividades académicas ou empresariais.
Como escreve o mesmo Diário Económico:
Pedro Passos Coelho até pode ser o líder do XIX Governo nacional, mas não consegue chegar ao ‘top' dos mais poupados dos seus membros. Dois apartamentos em Massamá, um Opel Corsa e um crédito à habitação de 200 mil euros no BCP e 42 mil na CGD.
E Relvas, já agora? Relvas é um português como deve ser: poupado e desenrascado. Um Oliveira da Figueira da política. Mesmo com uma licenciatura honoris causa, Relvas conseguiu poupar durante estes anos, segundo o mesmo jornal "751 mil euros que Miguel Relvas, ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, tem no BCP."
O que é que Relvas terá pensado da negociata que envolveu a CGD, Berardo, Bandeira, Vara, Sócrates e o BCP?
Acho que nunca lhe perguntaram mas está na hora que se faz tarde...
Por outro lado e regressando a Gaspar, este tem no Governo um Carlos Moedas vindo de uma família pobre do Alentejo. Moedas é um pequeno génio da Economia transformada em engenharia ( Moedas é engenheiro civil) em tempos de instituições tipo Goldman Sachs e talvez por isso tem em reserva financeira volátil, segundo o mesmo jornal, 300 mil euros aplicados em carteiras de títulos, acções e fundos de investimento.
Carlos Moedas é indivíduo simpático e brilhante como se pode ver nas suas aparições televisivas. Mas quem é mesmo Carlos Manuel Félix Moedas? Voltemos à Wiki cujo perfil será também do conhecimento do dito:
Nasceu em Beja, mas estudou em Lisboa, tendo em 1993 obtido a licenciatura em Engenharia Civil pelo Instituto Superior Técnico. Tem um MBA feito na Harvard Business School.
Profissional- Trabalhou no banco de investimento Goldman Sachs, na área de fusões e aquisições, e foi gestor de projetos para o grupo Suez, em França, entre [1993] e [1998]. Depois esteve no Eurohypo Investment Bank. De regresso a Portugal, em Agosto de 2004, dirigiu a consultora imobiliária Aguirre Newman, foi administrador delegado até Novembro de 2008, altura em que cria a empresa de gestão de investimentos Crimson Investment Management.
Política- Foi coordenador do sector económico do Gabinete de Estudos do PSD. Carlos Moedas fez parte da equipa social-democrata que negociou com o PS a aprovação do Orçamento do Estado para 2011 juntamente com Eduardo Catroga. Candidato e cabeça de lista por Beja nas legislativas de 5 de junho de 2011, foi eleito deputado à Assembleia da República, passando o PSD a ter um deputado por aquele distrito pela primeira vez desde 1995.
Carlos Moedas é um golden boy da Goldman Sachs? Nem tanto, mas como Gaspar é um apaniguado de um sistema. O sistema dos "mercados", o que levou a economia mundial ao estado em que se encontra. O sistema em que a Goldman Sachs e a Morgan Stanley e outras J.P. Morgan ou Rothschilds ou similares, impõem regras ao mundo financeiro. Gaspar não aparece na lista desses agentes dos "mercados" mas dá-se muito bem com eles, como se comprova.
Essas regras são tecnocráticas e segundo os seus critérios de eficácia e rentabilidade assegurados. Moralmente são ausentes de estados de alma como aquele que agora se revela no Correio da Manhã: os economistas vindo desses areópagos ( tinha escrito aerópagos mas a confusão é geral...) são vistos como outras avis rarae que não se confundem com zé-povinho pagante.
E por isso mesmo merecem ser pagos em conformidade e à parte. Não fazem parte do povo sacrificado porque são os sacrificadores.
Moralmente isto significa o quê?
Ausência de moral é o que é. Ausência ainda de sentido da realidade nacional, porque não somos um país rico mas sim um país em bancarrota, com manifestações gigantes a pedir equidade ou pelo menos vergonha em não discriminar tanto. Ausência de senso comum e também de cultura. Se a tivessem conheceriam o ditado popular- haja moral ou comam todos!- Se a tivessem teriam igualmente alguma vergonha ou pudor que manifestamente não têm. Ou quando a têm é para esconder as poucas-vergonhas, como esta.
E isso é fatal para a credibilidade seja de quem for porque é por aí, por essa cabeça que o peixe governamental apodrece.
Por estas e por outras andam a brincar com o fogo...
Mill dizia « o que é bom é o que é útil ».
ResponderEliminarnum país falido e sem meios de subsistência o importante é ir comendo a crédito.
sou altamente prejudicado, mas verifico a falta de coragem para introduzir as reformas necessárias. um dia será a mal.
não pode continuar o regabofe dum estado socialista gordo
a independência nacional é coisa do passado
sobre as manifestações das várias burguesias diria
vão trabalhar malandros
escreveu Jorge de Sena
ResponderEliminarTorpe dejeto de romano império;
babugem de invasões; salsugem porca
de esgoto atlântico; irrisória face
de lama, de cobiça, e de vileza,
de mesquinhez, de fátua ignorância;
terra de escravos, cu pró ar ouvindo
ranger no nevoeiro a nau do Encoberto;
terra de funcionários e de prostitutas,
devotos todos do milagre, castos
nas horas vagas de doença oculta;
terra de heróis a peso de ouro e sangue,
e santos com balcão de secos e molhados
no fundo da virtude; terra triste
à luz do sol calada, arrebicada, pulha,
cheia de afáveis para os estrangeiros
que deixam moedas e transportam pulgas,
oh pulgas lusitanas, pela Europa;
Quer o Coelho quer o o sócio Relvas eu definiria não como "proletariado", mas como lúmpen. Estamos a falar de indigência moral, que tem como consequência atávica e fatal a indigência económica.
ResponderEliminarHá aqui um fio condutor, pelo menos em Moedas e Gaspar: trabalho, mérito, capacidade.
ResponderEliminarDepois, josé, mesmo sendo eles os sacrificadores e nós os sacrificados é possível que o sejam inevitavelmente, por ser essa a sua natureza de decisores frios. Pensa, no entanto, como será titânica a luta por que haja equidade: quantos Soares e outros vampiros não será necessário afrontar?!
ResponderEliminarSãos neotontos estrangeirados e bem relacionados. Claro que nem se julgam portugueses.
ResponderEliminarAliás, só alguém que se tem em muito má consideração podia achar que lá por terem estudos e trabalho feito estão dispensados de, em chegando ao Poder, se preocuparem com a moralidade das coisas.
ResponderEliminar"Há aqui um fio condutor, pelo menos em Moedas e Gaspar: trabalho, mérito, capacidade."
ResponderEliminarDe acordo. E que mais, afinal? Chega isso?
"Trabalho, mérito e capacidade" tenho visto em muitos e muitos sacrificados. Demais, até.
Vejo-o nas empregadas domésticas, nos trabalhadores das obras que observo para apreciar o que fazem de muito meritório quando estão a construir casas e que é um trabalho muito duro.
Fazer um muro em pedra bem feito carece de saber, trabalho e capacidade.
Isso faz de um pedreiro alguém superior aos demais cidadãos?
Não se trata aqui de demagogia mas apenas de moral.
A falta de moral advém na continuada proteção das elites.
ResponderEliminarSalazar foi diferente cortou o seu próprio ordenado quando chegou ao poder e:
"Verifiquei em tempos haver grande disparidade entre os salários de operários da mesma categoria em diferentes serviços do Estado – Casa da Moeda, Imprensa Nacional, Arsenal da Marinha, estabelecimentos do Ministério da guerra – e grande disparidade também entre os salários pagos pelo estado e os pagos pelas empresas privadas, o que me pareceu injustificável.
Promovi a constituição de uma comissão interministerial para estudar o caso e apresentar a solução; mas os representantes do Ministério em que precisamente as regalias e salários eram maiores defenderam a tese de que aqueles não só não podiam ser diminuídos mas tinham até de ser aumentados.
Se os deixo trabalhar mais, os resultados seriam contraproducentes: a comissão foi dissolvida. – Infelizmente há muita coisa que parece só eu posso fazer."
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarEste seu verberar é o máximo de equilíbrio e bom senso, nunca a língua doa a Vª Exª, abaixo os iluminados, por causa desta peste é que estamos como estamos!
ResponderEliminarum tiro à água, penso eu de que, que ninguém é perfeito mas enfim... Portugal também é assim.
ResponderEliminar--
factosconsumados.blogspot.com
No que escrevi há um ponto que equilibra o que penso sobre o assunto. Mas é preciso ler...porque o que escrevi não é o que leio no factos consumados.
ResponderEliminarNão se trata de afastar os que ganham 300 mil euros por ano para contratar abéculas a 30 mil. Trata-se de contratar pessoas que tenham outra lógica para além da que resulta de viverem em ambientes de bónus e operações financeiras lucrativas.
O Estado aliás não contrata essa gente para fazer um trabalho que mais ninguém sabe, porque se assim for, pobre Estado e pobres de nós.
E se assim for então ainda mais se justifica que se seja claro nessa contratação. Ou seja que não se esconda o que lhes pagam.
Se assim for deve o primeiro-ministro ir ao Parlamente e dizer que o Estado-Administração está tão desfalcado de quadros que tem estrita necessidade de contratar génios da finança que trabalham para a Morgan Stanley.
A lógica aliás parece-me exactamente a mesma que a da contratação de firmas de advogados para dar pareceres que outros juristas podem muito bem dar e sabem dar e estão nos ministérios a ganhar o pão de cada dia.
É isso e portanto o COrreio da Manhã apanhou bem a coisa.
nah, nah, nah ... a língua portuguesa não é assim tão traiçoeira ...
ResponderEliminara) A campanha do CM é essencialmente uma caça demagógica aos bem-pagos (como outrora foi aos 'RICOS'), e a todo o custo.
b) A PERGUNTA que realmente deve ser feita, e o CM não a faz, é por que raio é que o Estado tem que sistematicamente ir à pesca a outros lados (pescando bem, ou mal, não interessa agora) dado ser incapaz (em alguns casos, não todos) de suprir as suas próprias necessidades de topo. Esta é a questão central, que só se está a agravar. "O Estado aliás não contrata essa gente para fazer um trabalho que mais ninguém sabe, porque se assim for, pobre Estado e pobres de nós. E se assim for então ainda mais se justifica que se seja claro nessa contratação. Ou seja que não se esconda o que lhes pagam."(sic) Pois.
d) "Não se trata de afastar os que ganham 300 mil euros por ano para contratar abéculas a 30 mil. Trata-se de contratar pessoas que tenham outra lógica para além da que resulta de viverem em ambientes de bónus e operações financeiras lucrativas." O problema moral não é exclusivo nem particular de quem ganha 300k/ano - é geral. A lógica do 'whatever it takes'/'o mexilhão que se lixe, eu primeiro depois os outros' é ortogonal à questão dos vencimentos (se não fosse, talvez estivéssemos melhor ...) e vem de trás, muito de trás além de ser pervasiva qb infelizmente ... Além de que - lamento.
O tiro foi, desta vez, mesmo à água, penso eu de que - sorry...
Tenho outra perspectiva.
ResponderEliminarCaro JOsé,
ResponderEliminarNem parece um texto seu, tamanha é a demagogia bloquista. Se os salários dos gestores do IGCP são questionáveis, a referência ao património pessoal pre-governo do Gaspar e Moedas é fraquíssima.
Caro ADM:
ResponderEliminarQuem está habituado a ordenados europeus e também pagos pelos "mercados" não percebe que os nossos ordenados não são dessa liga. Nem devem ser.
Essa mentalidade também a tinha o antigo governador do Banco de Portugal, Constâncio. Ganhava mais que o governador da Federal Reserve americana, mas achava que estava muito bem assim.
Essa falta de sentido das proporções tem sido a nossa desgraça.
O património do Moedas ou do Gaspar não me interessam por aí além a não ser para fazer o paralelo com o que ganham as pessoas que trabalham por conta de empresas e não são empresários.
ResponderEliminarConhece alguém que seja assalariado e por conta de empresas mesmo bancárias ou financeiras privadas, portuguesas, consiga amealhar meio milhão de euros numa dúzia de anos, se tanto, mais casas e outros rendimentos?
Estes indivíduos têm esse património porque trabalham para "os mercados" e a mentalidade é essa.
Nada tenho contra isso a não ser o de eles não terem a noção exacta do país em que vivem.
Foi exactamente isso que provocou o BPN e outros fenómenos: uma espécie de devorismo desfasado da realidade do país que somos?
Acha que na Suécia há ministros assim?
Além disso estes indivíduos são funcionários, essencialmente. Funcionários dos tais "mercados".
ResponderEliminarUm funcionário neste sistema de mercados que vemos agora, é alguém que não admiro particularmente.
Repare no que disse o Gaspar: quer estar no Governo para recompensar o Estado das despesas que teve com a sua educação. Durante décadas, disse.
ResponderEliminarE disse-o a sério. Décadas são pelo menos trinta anos. Ou seja, o Gaspar andou a estudar desde os sete anos até aos quarenta. Numa dúzia de anos tornou-se assim um funcionário bem remunerado mas funcionário na mesma.
Esta mentalidade é fatal. O tipo não percebe o país. Daí que seja plausível que contrate um outro funcionário da Morgan Stanley a quem lhe paga ( pagamos nós) 300 mil por ano.
O que é que isto significa? Conhece a história do Lehman Brothers e dos seus funcionários que ganhavam balúrdios em bónus?
Finalmente: V. acha que este tipo de gente serve para governar um país?
ResponderEliminar