Em 22 de Abril de 1989 a revista do Expresso, dirigida por Alexandre Pomar, Clara Ferreira Alves, Joaquim Vieira e Santos Pereira dedicaram um número especial aos 100 anos de Salazar, colando em tandem o assunto "25 de Abril-15 anos".
A abrir, a ementa não podia ser mais clara que aquela alves: meia dúzia de fotos, em fundo verde, comentadas por Vergílio Ferreira e com o título "Um Portugal imperial e campónio".
Custa-me sempre um pouco a entender como é que um Portugal assim campónio gerou tantos intelectuais cosmopolitas como era o tal Vergílio que escrevia bem. Lá depois do director ( José António Saraiva) fazer o seu papel aparece o inevitável Fernando Rosas, familiar de um ministro de Salazar e que achava este "um personagem mitológico por excelência". Também não se percebe onde quer chegar porque a suprema mitologia que lhe assaca é a de ter salvo as finanças do país, como se tal fenómeno relevasse de uma abstracção com que a Esquerda encara os assuntos da economia.
É também daqui, deste número, que saiu a crónica de António José Saraiva sobre o "Salazarismo" já aqui mostrada mais abaixo.
Depois de um artigozito de António Costa Pinto aparece uma secção de " como os líderes vêem Salazar". O primeiro "líder" a dizer coisas é Dias Loureiro. O qual repete as ideias feitas pela Esquerda: até 1945 Salazar andou bem. Depois disso foi um desastre, porque " recusou os valores da Liberdade, Democracia e Desenvolvimento", diz o actual "líder" de uma camarilha de personagens mitológicas que gravitaram à volta de um BPN , SLN e outros bancos insulares. Uma coisa é certa e este "líder" talvez então já o soubesse: se Salazar mandasse, esta espécie de líderes mandariam quando muito na casa ou escritório deles e se alguma vez pusessem pé nos corredores do poder, seriam prontamente enxotados pela Ética que então existia.
Quem não acredita em tal pode ler o texto que se segue, um apontamento de reportagem nessa revista, assinado por Joaquim Vieira e dedicado aos "sobreviventes ilustres" do salazarismo.
Um deles era Francisco Leite Pinto que foi ministro da Educação de um governo de Salazar e noutra ocasião presidente da Junta de Energia Nuclear ( era o tal país campónio de que falavam aqueles jornalistas esclarecidos tipo Clara Ferreira Alves...)
É ler ( clicando, abrindo a imagem noutra janela e clicando novamente) para se ver a ética do regime de Salazar por contraposição à ética dos dias loureiros e companhia que vem a seguir.
Um dos que também se pronunciou sobre Salazar, in illo tempore, foi Mário Soares. Numa revista do Público, de29 de Julho de 1990, Mário Soares escreveu algumas páginas desde a "casa de Monte Velho do Vau" ( Salazar nunca teve casa de férias no Algarve...ao contrário de alguns políticos da democracia que lhe chamam campónio ou com "experiência de vida ultra-limitada" como escreve Soares).
É ler o que Mário Soares pensava do estadista Salazar e poderá sempre comparar-se a ética republicana. socialista e laica com aquela salazarista que atendia à poupança de "ajudas de custo" de funcionários superiores da administração ou mesmo das empresas do Estado. É comparar essa ética da poupança e controlo de despesas públicas com o forrobodó que Mário Soares inaugurou com as "presidências abertas" e outras viagens a tudo quanto era sítio por esse mundo fora, sempre à custa do Zé pagante.
É ler como fala de quem "Nunca teve a ambição do dinheiro- há que o reconhecer- e que morreu pobre, nem nunca se interessou pelo fausto ou pelo brilho social" e que por seu turno e bel-prazer, inaugurou uma presidência em que "a partir de agora nada ficará como dantes". E não ficou. A começar por Macau, para onde exportou alguns personagens que eticamente emparelham bem com um Dias Loureiro. Para não dizer pior...
Em 1986 a eleição presidencial deu o "jackpot" a Soares. Se até li andava no "mini" da filha, e ainda não tinha fundações de espécie alguma, a partir dali passou a andar de carrão do Estado, com tudo pago. Ainda continua, aliás. A ética republicana é assim, de mãos largas e sempre à custa dos outros. A vitória foi tangencial mas decisiva para relançar o socialismo moribundo com o Sombra a fenecer nas urnas eleitorais.
O desaforo ético, republicano, socialista e laico começou logo no primeiro dia da presidência, como aqui se mostra:
E contudo, se Soares não tivesse ganho teríamos o outro candidato "à frente" de Portugal. A julgar pelo que desde então se passou e principalmente pela "entourage" do dito, nem sei bem se estaríamos melhor servidos na ética nacional. É ver...o que nos esperava. Foi por pouco, por meros cento e cinquenta mil votos, em 1986 ( e se se reparar no mapa verificar-se-á que foi o voto comunista do Alentejo e Sul do país que lhe deu a vitória. Um sapo vivo que os comunista engoliram).
Depois disso as bases de apoio de ambos fundiram-se numa central de interesses comuns. De tal modo que o candidato do loden, passou "p´rá frente de Portugal" num ministério dos Negócios Estrangeiros de um tal José Sócrates, afincado republicano, socialista, laico e o mais que aparecesse e lhe desse jeito.
Gostaria de pensar no que Salazar diria disso. Ou mesmo Marcelo Caetano...
Está fantástico aquele pequeno testemunho do antigo Ministro da Educação de Salazar no Expresso.
ResponderEliminarse fosse sebastianista apostava noutro Salazar
ResponderEliminarpor ora contento-me co a austeridade a que o 'sucia-lismo' me obrigou
variações sobre uma quadra
'antes de desaparecer
digo a todos os mortais:
BOXEXEM-SE UNS AOS OUTROS
QUE A MIM NÃO ME SARAMAGAM MAIS'
Tem razão JC, já do filho não se pode dizer nada, viveu sempre à conta do pai enfim...
ResponderEliminarPor aqui há passado real. A ficção, é ensinada nas escolas, se é que ensinam.
ResponderEliminarParabéns
A 'batalha eleitoral' entre Soares e Freitas, em que aquele 'venceu as eleições por uma unha negra' foi uma encenação a dois, do melhor com que esta 'democracia' nos presenteou nos demasiados anos que dela já levamos, a merecer um Oscar de Hollywood em representação, para cada um deles.
ResponderEliminarQuem puder leia o clarificador artigo que o prestigiado jornalista Alfredo Farinha - infelizmente já falecido, porque dizia verdades que nem punhais sobre esta pseudo-democracia e os seus falsos obreiros - publicou no jornal O Diabo, há cerca de talvez 10 anos (jornal que com pena minha não guardei), onde ele descreve minuciosamente as manipulações de votos nos bastidores e trafulhices monumentais que rodearam tal campanha. Segundo Farinha, que participou na companha de Freitas, este ganhava essas eleições por larguíssima margem de votos. Houve à última da hora (diz ele na entrevista "com toda a certeza") "negociações" secretas e ao mais nível entre os dois candidatos quando Soares se apercebeu que ia perder.
A partir d'então Freitas nunca mais deixou de ter altos cargos e nem se importou nada de 'perder'. Pudera! Este homem é um vendido, um cobarde e um traidor aos ideais do partido que o elevou ao estatuto que alcançou e aos portugueses que nele acreditaram e nele votaram enquanto 'presidente' do CDS. Agora, depois de todos os seus indignos ziguezagues políticos, já ninguém lhe dá a mínima importância. É simplesmente votado ao ostracismo por todos aqueles que nele acreditaram e nele votavam e os que sempre o odiaram (ou fingiam) pela sua 'suposta' ligação à direita(?) e que hoje continuam a odiá-lo ainda mais pelo seu sucessivo e indignante vira-casaquismo.
Quanto a Soares, é um oportunista de primeiríssima água e um traidor a soldo da maçonaria mundial. Nem poderia ser doutro modo como bom maçon que é e jamais deixará de ser. A esta criatura inconcebível só lhe interessou ter dinheiro a rodos e atingir o mais elevado estatuto político possível d'alcançar. Para ter sobraçado os mais altos cargos políticos no país, foi-lhe necessário praticar as maiores canalhices e traições de que um ser humano é capaz. Para tanto bastou-lhe vender a alma ao Diabo. Foi o que fez sem a mais leve hesitação.
Obs.: É bom não esquecer que por esta altura já a rede de pedofilia de estado estava em franca progressão e já haviam passado pelo menos 10 anos durante os quais centenas de crianças da Casa Pia vinham sendo abusadas sistemática e continuadamente. E, como se veio a verificar em 2002, ano em que supostamente foi estancado, este criminoso e repugnante carnaval não podia de modo algum ter sido interrompido.
"... Só Salazar - ó único homem de Estado que tivemos desde a independência do Brasil - conseguiu que fôssemos credores de antigos credores ..."
ResponderEliminarNesta entrevista do Leite Pinto, tira-se o que devia ser o facto número 1 da nossa actual vida cívica.
Muito obrigado José.