Páginas

sábado, janeiro 19, 2013

A RTP quanto gastou nesta estopada?

Acabei de ver o novo programa da RTP1,  "E depois do Adeus", uma espécie de "conta-me como foi" o PREC e a descolonização do ponto de vista dos retornados. A RTP aposta muito na nova série.
A banda sonora podia ser muito melhor escolhida porque as canções "revolucionárias"  e as baladas que ouvi e vi passarem no genérico eram apenas algumas das cantigas que o rádio passava na época. KC & the Sunshine band ou  Elton John  ou até Eric Carmen ( All by myself)  ou os Queen de Bohemian Rhapsody ( saído em Outubro de 75) não podem ser esquecidos neste tipo de banda sonora  se quisermos emoldurar bem o ambiente sonoro da época. Enxertar em 1975 o som de 1969, da balada Pedra Filosofal de Manuel Freire, nem no programa imaginário de um Luís Filipe Costa.
O guarda-roupa é o típico mas não ideal. As cores não eram tão garridas como aparecem. Assim até parece que são todos falâncios.
Os actores, na generalidade, são uma desgraça. São mesmo maus e estragam algumas partes interessantes do argumento.
Tecnicamente não me pronuncio embora ache que não deslumbra ninguém e em alguns casos parece-me indigente (algumas cenas exteriores muito mal encenadas). O episódio que vi estava minimamente estruturado e historicamente realista embora quem se lembre da época por a ter vivido tenha que fazer um esforço para contextualizar certas passagens. A luta encenada entre os mrpp e os comunistas, "social-fascistas", historicamente verídica deixa muito a desejar à imaginação realista.
Enfim, uma curiosidade que atento o "elenco" técnico apresentado ( dezenas de pessoas que colaboraram) poderia e deveria sair muito melhor.
Mas...é o que temos e resta uma magra consolação:  na altura, em 1975, os actores eram ainda piores, declamavam nos filmes como se estivessem no teatro de revista e não havia os meios técnicos que hoje existem.
Não haverá mesmo quem faça melhor?

9 comentários:

  1. José:

    Cinema português de qualidade tem - ou teve um único nome: António Lopes Ribeiro.

    Actores portugues, de cinema, dignos desse nome conheci dois: António Silva e Vasco Santana.

    O resto é treta.

    ResponderEliminar
  2. Não concordo. Há neste momento alguns bons actores em Portugal, de telenovela até. Sempre que vejo confirmo isso.

    Nesta série tiveram azar e escolheram os mais fracos.

    ResponderEliminar
  3. Até digo mais: aí está um campo em que fizemos muitos progressos depois do 25 de Abril. Muitos mesmo e não temos nada a desejar, em alguns casos, nada aos brasileiros, por exemplo. E não era assim, em 1975.

    ResponderEliminar
  4. bons actores de tragédia:
    boxexas
    pinóquio
    anacleto
    arménio
    actores secundários:
    inseguro
    relvas
    actores cómicos:
    zorrinho
    são payo

    ResponderEliminar
  5. Pois olhe: eu vim em 75 de Moçambique. Tinha oito anos. Com melhor ou pior representação, os factos estão lá.

    ResponderEliminar
  6. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar
  7. Os factos, alguns factos estão. Não escrevi o contrário. O problema é o modo como são contados e encenados. O discurso narrativo, como dantes se dizia.

    Vou elaborar um pouco mais com material de época.

    ResponderEliminar
  8. Factos que eram mesmo assim - exemplos: - por "lá", quando aparecia alguém, não se perguntava se queria comer, dizia-se, "ponha mais dois pratos na mesa"; já cá, o sentimento de refugiado era mesmo esse e não de retornado (não se volta onde nunca se esteve); os caixotes eram mesmo assim como retratados e, de facto, desaparecia tudo; o dinheiro, esse, desvalorizou de tal modo (cerca de 80%) que muitos houve que preferiram ficar com 100 contos de lá inutilizados e a passar sabe Deus que dificuldades, a ter 20 de cá. Menos relevante, temos o modo como a sr.ª segura o cigarro, que está muito bem caracterizado. Em suma: pode não ser uma série para Óscar, mas o argumento sustenta-se na realidade.

    ResponderEliminar
  9. O "Odisseia", acho que se chama assim, o novo programa do Bruno Nogueira.
    Vi e gostei e parece-me um dos motivos para que o serviço público exista, não há hipótese de um programa deste tipo na SIC ou na TVI.

    ...e sem ser o revisitado e revisitado e revisitado tipo de humor dos Gato Fedorento.
    Bruno Nogueira rules (só por causa do post do acordo ortográfico).

    ResponderEliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.