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terça-feira, janeiro 08, 2013

O PCP já não é um partido social-fascista? Aburguesou-se?

Económico:

O PCP alertou hoje para a "quebra brutal" no rendimento dos reformados e pensionistas, sublinhando que a austeridade está "a atirar muitos e muitos milhares" para a "pobreza extrema".

O PCP leva uma vida de luta contra as adversidades políticas para se manter à tona do espectro político e não lhe suceder o mesmo que aos congéneres europeus que desapareceram no éter das opções ideológicas eleitorais.
Em França, nas últimas legislativas, o PCF de Mélenchon apanhou um banho histórico ficando com pouco mais de 6% dos votos expressos apesar de muito barulho ideológico e parlapíé contra oa capitalismo e a favor dos pobrezinho. Lá como cá, com uma diferença: o PCF não é propriamente um partido do género do PCP, no que à ideologia prática respeita.

Por cá o PCP continua igual ao que sempre foi: um partido fossilizado no estalinismo e leninismo mais radical. A prova?
Em 1975, a revista Vida Mundial entrevistou Octávio Pato ( chegou a ser candidato presidencial...) na qual o comunista expõe em meia dúzia de páginas e mais uma o que é verdadeiramente o PCP. Escrevo o que é porque apesar de terem passado mais de três décadas, o Partido continua exactamente na mesma posição ideológica. O que mudou no Partido foi apenas a táctica eleitoraleira para captar votantes. Tal como as moscas não se apanham com vinagre, assim o PCP mascara o seu discurso essencialmente radical, leninista e estalinista., substituindo-o por expressões do uso corrente como "Basta!" "Roubalheira!" "pobreza extrema", "troika", "mercados", etc etc etc.
A escolha cuidadosa das palavras, pelo PCP sempre foi o seu melhor trunfo para ludibriar eleitores que lá vão no engodo do Partido que "defende os trabalhadores" e é pelos pobrezinhos.

Não obstante, a essência profunda do PCP é outra: um partido cuja ideologia, uma vez no poder, faria de nós um país desgraçado durante décadas. Mais pobre do que jamais fomos e mais atrasados do que jamais estivemos em relação à mítica Europa.
Os povos europeus, com destaque para os do Leste já há muito descobriram o embuste que represente o comunismo e trataram de ilegalizar os partidos qua tale, assimilando-os aos partidos fascistas. De resto não há um único país de Leste, onde efectivamente o comunismo puro e duro que o PCP queria implantar por cá, antes de depois do 25 de Abril,  tenha retomado a ideia comunista do colectivismo e da vanguarda do poder exercido pela classe operária ( seja lá isso o que for, nos tempos que correm) e tenha virado outra vez o mundo e as coisas de pernas para o ar, passando o poder para "os trabalhadores" apesar de serem representados por uma "vanguarda" que depois se acomoda e nunca mais de lá sai para renovar o ar bafiento.
Em Portugal, em 1975, os comunistas portugueses bem tentaram o golpe, com falinhas mansas como aqui Octávio Pato o demonstra, em 10.7.1975, em pleno Verão Quente do PREC.
Porém, lendo bem o que diz Pato e nem sequer precisa de ser lido nas entrelinhas, adivinhava-se a ressurgência de uma feroz ditadura que faria da de Salazar uma brincadeira de  crianças.
Ninguém quer saber disto e ninguém compara o "fassismo" que denunciam com o social.fascismo que praticariam. Toda a gente parece anestesiada ideologicamente e aceita o PCP como um partido democraticamente aburguesado, o que é um erro e um embuste outra vez.

É atentar às passagens em que Octávio Pato fala por exemplo da Imprensa: " Se a imprensa fosse por nós manipulada, como se diz, então faríamos desaparecer, como é evidente, todas as notícias de carácter reaccionário e contra-revolucionário".
Esta afirmação nem precisa de grande exegese: se o PCP tomasse então o poder político, depois das nacionalizações operadas,  teríamos a mais perfeita e hedionda ditadura. Sem margem de dúvida e só não acredita nisso quem acredita no pai natal. Basta pensar o que foi a ditadura comunista na RDA, com a STASI para perceber o horror social-fascista que dali viria. E no entanto, ninguém parece querer ligar a isto e confrontar claramente o PCP com esta realidade ideológica. Toda a gente faz de conta que o PCP é um partido democrático e pronto, a fazer de conta lá vai com dezenas de anos de "luta" e de sapos engolidos.

Há outras passagens da entrevista em que o mesmo, tentando sempre virar o bico ao prego acaba por explicar de modo claríssimo o projecto do PCP para Portugal.
E que não haja qualquer dúvida: o PCP continua exactamente assim, como aqui se explica na entrevista.
Aqui se mostra a natureza profundamente anti-democrática do PCP, quando Pato diz que "em boa verdade não é viável uma coexistência entre monopólios e sociedade democrática portuguesa. E deste modo ou os monopólios subsistem ou eles terão que ser eliminados e toda a estrutura capitalista se pretendermos caminhar para a sociedade socialista."
Este desiderato que atenta contra a democracia "burguesa" tal como a entendemos é eminentemente de cariz fascista, ou melhor dizendo e retomando o dito do MRPP, de cariz social-fascista.
O PCP continua a ser, por isso mesmo, um partido anti-democrático e social-fascista, numa acepção lata sobre o totalitarismo anti-democrático. A noção que o PCP tem de democracia quando fala na palavra nada tem a ver com a democracia "burguesa", mas com a popular ou pelo menos com uma democracia onde não existam condições de produção que facilitem a "exploração do homem pelo homem", no linguarejar comunista. Ninguém se atreve, porém, a desmistificar o PCP e a denunciar o embuste ideológico que representa esse partido na sociedade portuguesa.
 Ninguém vai à televisão dizer esta evidência...porque será?


8 comentários:

  1. este pato não o de João Gilberto e da Bossa Nova
    era o octávio pacto do mfa social-fascista.

    era um comuna primário que acreditava ser possível tomar conta do poder em 75.

    se o pcp tivesse ganho no 25.xi não estávamos agora aqui.

    se apertarem com eles vai haver muito esfincter anal em mau estado.

    alguém disse (Talvez o General De Gaule)
    «fazem tudo o que se lhes permite,
    permitem tudo o que se lhes faça»

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  2. Para um povo abúlico, desmemoriado e intelectualmente "desleixado" , o seu "blog" é um verdadeiro serviço público.

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  3. Seria bom que a Juventude que não viveu a década de 70 tomasse nota destes avisos

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  4. http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=aC_3TLmD2t0

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  5. Aqui prá juventude que não viveu a década de 70: é o quê, o social-fascismo?

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  6. De entre muitas coisas que me incomodam no PCP (em alguns casos mais do que o BE) contam-se duas que me deixaram de cara à banda.

    Há uns tempos li os dois volumes de uma colectânea que compilava discursos de figuras históricas e, entre elas, Álvaro Cunhal.
    Do discurso de Álvaro Cunhal, dado já não me lembro onde mas fora de Portugal, ele dizia, parafraseando, que a China, enquanto estado comunista, tinha de vingar e ser protegido a qualquer custo.
    Ora, só um psicopata poderia dizer tal coisa seriamente.

    Outra foi o desagrado, evidente e "revolucionário" do PCP quando um chinês é premiado com o Nóbel pela sua luta pelos direitos humanos.
    Ora, acreditando que todos os prémios deste tipo têm uma dimensão política, ainda assim, é ridículo contestar este em concreto.

    Parece um toque de tambores para o regresso da barbárie.

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  7. Acho que você devia tomar mais cuidado para evitar calinadas fascistas, como quando você fala em «virar outra vez o mundo e as coisas de pernas para o ar, passando o poder para "os trabalhadores"», porque se você acha que o normal é a autoridade e a obediência (e não a democracia), então estamos conversados...

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