Ontem, o antigo presidente da EP, Almerindo Marques, foi ao Parlamento explicar contratos, negócios e modo como se realizaram, relativamente a algumas PPP´s rodoviárias.
O jornal i de hoje explica mais ou menos o que se passou.
A TVI, numa reportagem de Carlos Enes explicou ainda outra coisa: o Tribunal de Contas esteve presente em algumas negociações, através do seu director-geral, em modo que Almerindo Marques classificou como sendo uma autêntica assessoria técnico-jurídica, para se ultrapassarem problemas com a eventual recusa de visto por aquele tribunal.
Tal procedimento parece que era usual, na instituição presidida por Oliveira Martins, que também teve outros a merecer atenção, como ocorreu aquando de um assunto já por aqui tratado em tempos e a que ninguém ligou. O assunto tem relação directa com as últimas eleições legislativas e parece muito grave.
Porém, o tribunal de Contas, mesmo sui generis, é mesmo um tribunal, ou seja, um órgão de soberania distinto do Governo ou da Administração pública. Num Estado de Direito, como o que supomos ter, deve existir uma separação de poderes para assegurar o bom funcionamento das instituições democráticas. Enviar um emissário, ainda por cima um funcionário do mesmo tribunal, às negociações dos contratos das PPP´s, relativamente às quais o tribunal teria que se pronunciar posteriormente é uma coisa extraordinária que só se compreende num Estado cujo Direito deixa muito a desejar.
O Tribunal de Oliveira Martins não é um couto. E uma instituição do Estado, separada do Governo ou de outros poderes e só essa separação garante a independência da instituição.
Se o governo ( de José Sócrates, claro está) carecia de assessores para o prevenir de eventuais chumbos em visto prévio ou posterior, deveria fazer de outro modo...mas parece que não e que o snr Oliveira Martins, presidente do dito tribunal vai ter que dar explicações detalhadas sobre o seu conceito de democracia. Poderiam aproveitar a oportunidade para o confrontarem com o outro problema, também grave e que passou sem alarido.
Aqui fica a notícia da TVI:
O Tribunal de Contas assegura que a presença do seu diretor-geral numa
reunião com membros do Governo não tinha como intuito ajudar a contornar
o chumbo do Tribunal, mas sim explicar «o alcance da decisão». Reação
às declarações do ex-presidente das Estradas de Portugal, Almerindo Marques, no Parlamento.
«O
diretor-geral foi solicitado a informar sobre o sentido e alcance das
decisões tomadas, tendo salientado as ilegalidades apontadas pelo
Tribunal e o caráter inequívoco das suas consequências», explica a
instituição liderada por Guilherme d'Oliveira Martins, num
esclarecimento enviado à TVI, sublinhando que, enquanto os juízes decidem os processos, o diretor-geral não conhece os processos nem participa nas decisões.
«O
diretor-geral e outros dirigentes do Tribunal de Contas (TC) colaboram
regularmente com as entidades públicas que o solicitem, prestando
informações sobre a jurisprudência do Tribunal relativa aos casos que
lhe são submetidos. O TC, enquanto tal, bem como os seus Juízes
Conselheiros, não participam nesta colaboração. Por seu turno o
diretor-geral não conhece os processos em causa, nem participa nas
decisões», assegura a entidade, que lembra que, no seguimento da atuação
e das recomendações do Tribunal em casos concretos, «a lei foi alterada
e já não é possível a execução de obras similares, antes do visto do
Tribunal de Contas».
1 – O Tribunal de Contas tem obrigação e poder para solicitar à Procuradoria Geral da República investigação sobre imcumprimentos da lei que detecte. Não vale a pena o seu Presidente denunciar esses casos publicamente se não solicitar essa investigação ( também é verdade que, com o anterior PGR, seria tempo perdido; a propósito, alguem sabe o que aconteceu sobre a investigação pedida pelos juizes que deram a sentença sobre o Freeport? ). É preciso não esquecer que o Oliveira Martins foi, pelo menos, duas vezes ministro de governos socialistas.
ResponderEliminar2 – Todos os portugueses deviam ler um livro de dois economistas, Raymond Fisman e Edward Miguel, “Gansters Económicos- corrupção, violência e a pobreza das nações”. Só para amostra transcrevo um paragrafo da pag.177, que vem mesmo a propósito:”Desde que há estradas –ou mesmo há mais tempo- que há politicos pouco honestos e empresas que retiram dinheiro de projectos de construção de estradas……descobriram que se pode ganhar muito dinheiro através da sobrefacturação desses contratos: duplicar os orçamentos, comprar cimento barato e dividir o que sobeja com os cúmplices no Ministério das obras Públicas.”
lembra-me um comentário ao livro
ResponderEliminar'auto-da-fé' do Judeu Búlgaro Elias Canetti
«retrato do artista quando tolo»
«as cadelas apressadas parem os filhos cegos»
Vamos la ver, o Tribunal de Contas é uma direcção-geral; quem julga as contas dos Estado, dos Serviços e os actos dos dirigentes são os Juízes nas respectivas secções;
ResponderEliminarPara além da função jurisdicional, o tribunal de contas faz auditorias e concede vistos prévios, mesmos as auditorias são validadas por um magistrado.
O TC faz também recomendações e dá instruções (participei na gestão de um serviço público, e muitas vezes solicitei e recebi instruções do TC, por exemplo, na forma de elaborar a conta de gerência ou de prestar contas de acordo com o POC-P.)
Não me choca pois que o TC colaborasse desta forma.
O que aqui se faz são apreciações à idoneidade do seu presidente. Tenho a minha opinião, por acaso contrária, mas não a vou expressar por não ser isso que me levou a comentar.
Quem é o director-geral?Não é do PS ou aparentado?
ResponderEliminarA actividade do Tcontas no caso, é essencialmente jurisdicional. Diz o direito.
ResponderEliminarO director-geral não é juiz e não se percebe o que esteve lá a fazer.
Sobre a idoneidade do dito presidente não aposto um tostão furado.
O que este episódio denota é a grande promiscuidade que se gerou nesses níveis.
ResponderEliminarPortugal é um couto de alguns que se julgam donos disto.
Não há respeito pelos princípio básicos da democracia e depois são os mesmos que vituperam o salazarismo/caetanismo que mostrava um muito maior respeito pelas instituições que esta gente que para mim é desprezível.
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